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Vonones I

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Para outros significados, veja Vonones.
Vonones I
Xainxá
Vonones I
Efígie de Vonones I no anverso de um tetradracma cunhado em Selêucia do Tigre
Xá do Império Arsácida
Reinado 8–12
Antecessor(a) Orodes III
Sucessor(a) Artabano II
Rei do Reino da Armênia
Reinado 12–18
Predecessor(a) Tigranes V e Erato
Sucessor(a) Artaxias III
Morte 19
  Cilícia
Descendência Meerdates
Dinastia arsácida
Pai Fraates IV
Mãe Princesa cita
Religião Zoroastrismo

Vonones I (em grego: Βονώνης; romaniz.: Bonṓnēs) ou Onones (ΟΝΩΝΗΣ, Onōnēs; m. 19) foi um príncipe arsácida que governou como xainxá do Império Parta de 8 a 12, e posteriormente como rei da Armênia de 12 a 18. Era o filho mais velho de Fraates IV (r. 37–2 a.C.) e foi enviado a Roma como refém em 10/9 a.C. para evitar conflitos sobre a sucessão do filho mais novo de Fraates IV, Fraataces.

Vonones é a latinização do parta Va(u)nã (Wah(u)nām)[1] ou Vo(u)nã (Woh(u)nām), que significa "aquele com a melhor reputação" (de beh / veh, "melhor", e nām, "reputação"). É possível que esse nome tenha se originado no iraniano antigo *vahu-nāman-.[2] Foi registrado em siríaco como Benã (Behnām),[3] em armênio como Vonom (Վոնոն, Vonon)[4] e em grego como Onones (ΟΝΩΝΗΣ, Onōnēs) em moedas,[1] Vonones (Βονώνης, Bonṓnēs), Uonones (Ουονώνης, Ouonónēs) em textos clássicos,[4] Goanã (Γοανναμ, Goannam) em fontes epigráficas.[2][5]

Antecedentes e primeiros anos =

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Vonones era o filho mais velho de Fraates IV.[6] De acordo com o historiador romano clássico Tácito, Vonones era parente do rei cita.[7] Fraates IV já havia sido auxiliado pelos citas em seu reinado para retomar seu trono do usurpador Tiridates II em c. 30 a.C., e assim Vonones poderia ser o resultado de uma aliança de casamento entre Fraates IV e um chefe tribal cita, que concordou em ajudá-lo em troca.[8] Vonones foi enviado a Roma junto com três de seus irmãos (Fraates, Seraspandes e Rodaspes) em 10/9 a.C., a fim de evitar conflitos sobre a sucessão do filho mais novo de Fraates IV, Fraataces.[9][10][11][12] O imperador Augusto (r. 27 a.C.–14 d.C.) usou isso como propaganda retratando a submissão da Pártia a Roma, listando-a como uma grande conquista em sua Res Gestae Divi Augusti.[13][14]

Após o assassinato de Orodes III por volta de 6, os partos solicitaram a Augusto um novo rei da casa de Ársaces. Augusto enviou-lhes Vonones, mas não conseguiu manter-se como rei; ele tinha sido educado como romano e era desprezado pela nobreza parta como um fantoche romano (Tácito, Anais, 2.2.) Outro membro da casa arsácida, Artabano II, que governava Atropatena, foi convidado ao trono. Numa guerra civil, ele derrotou e expulsou Vonones.[15]

Vonones fugiu à Armênia e se tornou rei lá em 12 (Tácito, Anais, 2.3.). Artabano II, agora o monarca do Império Parta, tentou depor Vonones do trono armênio e nomear seu próprio filho em seu lugar. Isso foi contestado pelos romanos, que consideraram isso um perigo para seus interesses. Como resultado, o imperador Tibério (r. 14–37) enviou seu enteado Germânico para impedir que isso acontecesse. No entanto, o general não encontrou resistência dos partos e chegou a um acordo com Artabano II para nomear Artaxias III o novo rei da Armênia e renunciar ao apoio a Vonones. Os romanos, portanto, reconheceram Artabano II como o governante parta legítimo.[16] Para ratificar o relacionamento amigável entre os dois impérios, Artabano e Germânico se encontraram numa ilha no Eufrates em 18.[17] Os romanos transferiram Vonones I à Síria, onde ele foi mantido sob custódia, embora em um estilo real (Tácito, Anais, 2.4.). Mais tarde, foi transferido à Cilícia (Tácito, Anais, 2.58.), e quando tentou escapar por volta de 19, foi morto por seus guardas (Tácito, Anais, 2.68.).[15]

Sua morte e o domínio agora incontestável de Artabano II dividiram a nobreza parta, já que nem todos apoiaram um novo ramo da família arsácida assumindo o império. O sátrapa do Sacastão, Drangiana e Aracósia, chamado Gondofares, declarou independência de Artabano II e fundou o Reino Indo-Parta, assumindo os títulos de "grande rei dos reis" e "autocrator".[18] No entanto, Artabano e Gondofares provavelmente chegaram a um acordo de que os indo-partas não interviriam nos assuntos dos arsácidas.[19] Vonones teve um filho chamado Meerdates, que tentou tomar o trono parta em 49-51.[20]

Referências
  1. a b Hopkins 2021.
  2. a b Weber 2024.
  3. Gignoux, Jullien & Jullien 2009, p. 54.
  4. a b Justi 1895, p. 376.
  5. Weber 2023.
  6. Strugnell 2008, p. 285.
  7. Bigwood 2008, p. 264.
  8. Bigwood 2008, p. 247, 264.
  9. Kia 2016, p. 198.
  10. Strugnell 2008, p. 284–285.
  11. Dąbrowa 2012, p. 173.
  12. Schippmann 1986, p. 525–536.
  13. Bivar 1983, p. 67.
  14. Brosius 2006, p. 96–99.
  15. a b Meyer 1911, p. 211.
  16. Olbrycht 2012, p. 215.
  17. Dąbrowa 2012, p. 174.
  18. Olbrycht 2016, p. 24.
  19. Olbrycht 2012, p. 216.
  20. Dąbrowa 2012, p. 175.
  • Bigwood, Joan M. (2008). «Some Parthian Queens in Greek and Babylonian Documents». Iranica Antiqua. 43: 235–274. doi:10.2143/IA.43.0.2024050 
  • Bivar, A. D. H. (1983). «The Political History of Iran under the Arsacids». In: Yarshater, Ehsan. The Cambridge History of Iran, Volume 3 (1): The Seleucid, Parthian and Sasanian Periods. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 21–99. ISBN 0-521-20092-X 
  • Dąbrowa, Edward (2012). «The Arsacid Empire». In: Daryaee, Touraj. The Oxford Handbook of Iranian History. Oxônia: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-987575-7 
  • Gignoux, Philippe; Jullien, Christelle; Jullien, Florence (2009). Iranische Namen in semitischen Nebenüberlieferungen Faszikel 5: Noms propres Syriaques d'Origines Iranienne. Viena: Academia Austríaca de Ciências 
  • Justi, Ferdinand (1895). «Wardān». Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung 
  • Kia, Mehrdad (2016). The Persian Empire: A Historical Encyclopedia [2 volumes]: A Historical Encyclopedia. Santa Bárbara, Califórnia; Denver, Colorado: ABC-CLIO 
  • Meyer, Eduard (1911). «Vonones». Enciclopédia Britânica. 28. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc. 
  • Schippmann, K. (1986). «Artabanus (arsacid kings)». Enciclopédia Irânica, Vol. II, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 646–647 
  • Olbrycht, Marek Jan (2012). «The Political-Military Strategy of Artabanos/Ardawān II in AD 34–371». Anabasis: Studia Classica et Orientalia. 3: 215–237 
  • Olbrycht, Marek Jan (2016). «Dynastic Connections in the Arsacid Empire and the Origins of the House of Sāsān». In: Curtis, Vesta Sarkhosh; Pendleton, Elizabeth J.; Alram, Michael; Daryaee, Touraj. The Parthian and Early Sasanian Empires: Adaptation and Expansion. Oxônia: Oxbow Books. ISBN 9781785702082