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Serra de Carnaxide

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Serra de Carnaxide
Serra de Carnaxide
Ruínas de um moinho de vento no topo da serra.
Relevo da serra de Carnaxide.
Relevo da serra de Carnaxide.
Serra de Carnaxide está localizado em: Portugal Continental
Serra de Carnaxide
Localização em Portugal Continental
Coordenadas 38° 44' 12" N 9° 14' 42" O
Altitude 211 m
País Portugal Portugal
Região Área Metropolitana de Lisboa
Distrito Lisboa
Concelho Amadora, Oeiras, Sintra
Localidades mais próximas Queluz, Borel, Reboleira, Alfragide, Outurela-Portela, Carnaxide, Gandarela, Valejas, Queluz de Baixo
Cordilheira Montejunto-Estrela

A serra de Carnaxide é um espaço natural dominado por uma colina com uma elevação máxima de 211 metros.[1] Consiste num conjunto de pequenas colinas pertencentes ao Complexo Vulcânico de Lisboa, desenvolvido entre as localidades de Queluz, Alfragide e Carnaxide.[2] Os seus limites são definidos pelo IC19 (a norte), pela ribeira de Algés (a leste) e pelo rio Jamor (a oeste).[1] O espaço principal da serra é dominado por uma colina elíptica orientada de leste a oeste, com três quilómetros de comprimento por dois de largura e uma área de cerca de 6 km2.[1]

A sua linha de festo serve de limite entre os concelhos de Oeiras e Amadora, e é onde se encontra ponto mais alto de ambos os concelhos.[1][3] Apesar da sua baixa altitude, é um dos elementos paisagísticos e morfológicos mais marcantes destes concelhos.[1][4]

A serra de Carnaxide é uma área de grandes valores naturais pela fertilidade dos seus solos, abundância de recursos hídricos e pela diversidade da sua fauna e flora.[5] Este facto contribuiu desde cedo para a fixação da população nestas zonas[3][4][6][7], contando-se inúmeros sítios de interesse arqueológico em seu redor. Por isto, foi também designada como uma área vital[8] de conservação da natureza, e juntamente com a serra da Carregueira forma um corredor ecológico de grande relevância a nível regional.[2] É um dos poucos espaços livres de grande dimensão existentes entre as serras de Monsanto e de Sintra, permitindo também a definição de um corredor entre essas serras.[5]

Caracterização

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Geologicamente, a serra é dominada por Formações do Complexo Vulcânico de Lisboa, intercaladas por Formações do Complexo de Benfica e algumas áreas de aluviões.[1] Mais próximo do rio Jamor os calcários do Cretácico subjacentes ao Complexo Basáltico, sobrelevados por ações tectónicas, foram postos a descoberto pela ação hídrica.[3]

Os solos dominantes são sobretudo vertissolos, básicos e siliciosos[2], de natureza argilosa e uma cor escura castanho-avermelhada[3] originados por rochas ígneas extrusivas.[2] São solos de grande porosidade[9], com graus de infiltração de água no solo geralmente mais elevados do que nas zonas adjacentes.[1] Existem várias nascentes na serra, que formam linhas de água que vão desaguar ao Jamor e às ribeiras de Carenque, Algés e Alcântara. Algumas serviram para a captação e abastecimento de água a várias povoações e quintas, de que são testemunho a Mãe de Água, Aqueduto e Chafariz de Carnaxide e outros aquedutos como o das Francesas[10], um dos maiores subsidiários do Aqueduto Geral das Águas Livres.[6] De igual modo, os terrenos serranos foram, até tempos recentes, intensamente aproveitados para usos agrícolas (especialmente culturas cerealíferas) e constituíram em tempos o principal motor económico das zonas periféricas à cidade de Lisboa.[3] Viriam a sofrer um abandono gradual, embora ainda persistam algumas zonas deste tipo na atualidade[1] e várias ruínas de moinhos de vento por toda a serra.[6]

O uso do solo é variado, dominado por áreas naturais com vegetação arbustiva e herbácea. Estão igualmente presentes áreas urbanas, industriais e terciárias, pastagens, áreas de construção ou deposição de resíduos e de equipamentos públicos.[1] Destaca-se a implantação, no quadrante noroeste, da Matinha e Cemitério de Queluz, enquanto que a noroeste se encontra o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, o Cemitério da Amadora e a Zona Industrial do Casal do Canas. A zona central acolheu outrora a Estação Transmissora da Companhia Portuguesa de Rádio Marconi.

Inicialmente, o relevo tornou lenta e complexa a expansão da mancha urbana para estas zonas, atuando de facto como uma barreira natural para o crescimento dos aglomerados limítrofes. As evoluções nos campos da construção e dos transportes e nos modos de deslocação vieram minorar este problema.[6] Hoje, esta é uma das principais ameaças ao espaço, tendo sido definida nos anos de 1994 e 1998 com os planos de urbanização aprovados pelas câmaras municipais de Oeiras e Amadora, respetivamente.

Flora e fauna

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Solos e vegetação típicos da serra

A flora que se encontra no local consiste maioritariamente de vegetação espontânea arbustiva e herbácea, representativa de zonas de pós-abandono das atividades agrícolas e específica deste tipo de solos.[2] Deste modo, existem áreas de carrascais, zambujais[11], tojais e urzais, com a ocorrência de algumas matas nas zonas orientais e de clareiras com relvados de Jonopsidium acaule. No topo da serra, verificam-se afloramentos rochosos com comunidades de Armeria pseudoarmeria, com potencial para desenvolvimento de prados de Alysso-Sedion albi.[2] A encosta sul possui também comunidades de sobreiro, pinheiro-manso e freixo. Foi levada a cabo uma ação de reflorestação no local na década de 1980.[9]

É um local de alimentação para as aves de rapina da região de Lisboa, como o falcão-peregrino.

Referências
  1. a b c d e f g h i Lopes Crucho, Emanuel Augusto (2013). Caracterização física do concelho da Amadora e susceptibilidade às inundações (PDF). [S.l.]: Instituto de Geografia e Ordenamento do Território. Universidade de Lisboa 
  2. a b c d e f «10. Estrutura Metropolitana de Protecção e Valorização Ambiental». Plano Regional de Ordenamento do Território da Área Metropolitana de Lisboa (PDF). IV.. Lisboa: Comissão de Coordenação da Região de Lisboa e Vale do Tejo. 2002 
  3. a b c d e Cardoso, João Luís; Cardoso, Guilherme (1993). «Carta Arqueológica do Concelho de Oeiras» (PDF). Centro de Estudos Arqueológicos do Concelho de Oeiras. Estudos Arqueológicos de Oeiras. 4 
  4. a b Oeiras: Guia Turístico (PDF) 4.ª ed. Oeiras: Câmara Municipal de Oeiras. ISBN 978-989-608-201-7 
  5. a b Pincha, João Pedro. «Carnaxide tem um pequeno pulmão que pode ser grande para todos». PÚBLICO. Consultado em 26 de janeiro de 2021 
  6. a b c d Plano Diretor Municipal: Estudos de Caracterização e Diagnóstico. B.5 - Estrutura Urbana. Amadora: Câmara Municipal da Amadora. 2018. pp. 28, 55–57, 61 
  7. «Serra de Carnaxide». www.arqa.pt. Consultado em 26 de janeiro de 2021 
  8. Beja, Pedro; Rosa, Susana (2010). Diagnóstico Sectorial Conservação da Natureza e Biodiversidade (PDF). [S.l.]: Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo. p. 14 
  9. a b «Os Segredos da Terra Vermelha». www.lpn.pt. Consultado em 26 de janeiro de 2021 
  10. Marat-Mendes, T. (2009). Do aqueduto de Lisboa aos novos Vazios. [S.l.]: Associação Portuguesa para a Promoção da Qualidade Habitacional. O conhecimento e as técnicas para a gestão e a obtenção do recurso água que tornou possível a construção do Aqueduto das Águas Livres tornou também possível a proliferação de novos aquedutos para abastecimento de outras Quintas, Palácios e núcleos urbanos, ao longo do Termo de Lisboa. São exemplos o Aqueduto de Carnaxide para abastecimento da povoação de Caxias, o Aqueduto de Queijas – Caxias para abastecimento da Quinta Real de Caxias [...] A água que abastecia a Quinta Real de Caxias não provinha apenas das duas minas de águas situadas nas imediações da Quinta, localizadas a nascente, mas também de outras minas localizadas em Queijas, na serra de Carnaxide, localizada a 2 km a Norte de Caxias. 
  11. Nuno, David (junho de 2018). «A paisagem nos Planos Diretores Municipais: uma proposta metodológica para a identificação e caracterização de unidades de paisagem no município de Oeiras». GOT, Revista de Geografia e Ordenamento do Território (13): 125–146. ISSN 2182-1267. doi:10.17127/got/2018.13.006. Consultado em 26 de janeiro de 2021 


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