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Enawenê-nawê

David J. Phillips

Autodenominação: Enawenê-nawê, descoberta pelos missionários jesuítas somente em 1983 (Equipe 2005).

Outros Nomes: Eram conhecidos como Salumã até 1987, mas o povo não gostam deste nome (Hemming 2003.802).

População: 445 (DAI/AMTB 2010), 641 (SIASI/SESAI 2012). Em 1974 acerca de 130, em 1992 – 216, em1996 – 260, em 2006 – 435 indivíduos (Márcio Silva 2006-Equipe 2005).

Localização: Terra indígena Enawenê-nawê, MT, de 742.088 ha, homologada e registrada no CRI e SPU, com 347 pessoas do povo (Seplan-MT/FUNAI 2006). Localizada nos municípios de Juína, Comodoro e Sapezal.

Língua: Anawenê, Nawê (DAI/AMTB 2010), Enawené-Nawé, Eneune-Mare, Salumã (SIL), parecida à Paresí, da família linguística Aruak. Distinta da Salumá no Pará (SIL).

História: Os jesuítas da Missão Anchieta ou Operação Anchieta (OPAN), Tomáz de Aquino Lisbôa e Vincente Cañas, em 1974 participaram da expedição do primeiro contato oficial dos Enawenê-nawê. Entraram uma aldeia que tinha seis casas de índios desconhecidos ao lado de uma lagoa no rio Juína, afluente do rio Juruena. Uma criança os viu e as mulheres fugiram para a mata. Um velho aleijado ficou, deitado tremendo com medo. Mas os padres o convenceu que vieram em paz e aceitou o presentes de machados e ele chamou os fugidos para voltar. Os contatos continuaram e em 1977 Vincente Cañas começou a residir entre eles, participando em todos os aspectos da sua vida e aprendeu a língua. Eles o deu o nome Kiwxi e os índios foram chamados primeiramente Salumã. Bartolemé Melia fez um estudo antropólogo, observando seu sistema envolvido de rituais e os chamou os ‘Beneditinos do Mato’! Padre Vincente foi morto a facada na terra dos Enawenê-nawê em abril 1987, a crime nunca foi resolvida. Os jesuítas da OPAN lutaram para a terra do povo ser reconhecida. Dois agrimensores forma mortos pelo povo por medir a terra errada (Hemming 2003.801-802).

A T. I. Enawenê Nawê foi demarcada em 1996, feita pela FUNAI deixando de fora áreas de suma importância sociocultural, como a do Rio Preto e suas cabeceiras. A segurança da sua Terra Indígena é ainda ameaçada pelo projeto de construir onze pequenas centrais hidrelétricas nos arredores. Alem disso são a invasões e a poluição dos rios pela atividades das fazendas, o cultivo de soja e empresas de mineração (Equipe 2005). Uma revisão de limites da T. I. está em processo (Ana Paula Lima Rodgers 2010 – Equipe 2005).

Os Enawenê-nawê e os povos da região, como os Munduruku, Xamboiá, Xerente, Karajá e outros, são impactados pelo projeto Hidrovia Tocantins-Araguaia para facilitar a exportação de soja do Mato Grosso a Oceano Atlântico. O avanço das fazendas de soja invade o território do povo (Hemming 2003.642). Recebendo assistencia médica sua populaçào cresceu até acerca 320 em 2000. Sabe escrever sua língua, e pediram uma escola para aprender artimética e portugues, com ajuda da antropóliga Virginnia Valadão (Hemming 2003.802).

Estilo da Vida: O povo vivem em uma única grande aldeia, próxima ao rio Iquê, afluente do Juruena, formador do rio Tapajós em construída em 1979. A aldeia é de forma circular e as casas são retangulares e com uma casa circular no patio no meio chamada Yãkwa, onde ficam guardadas as flautas. Os Enawenê-nawê jogam futebol de cabeça, com uma bola de borracha. As casas são malocas divididas no meio por um corredor, e onde moram diversas famílias ligadas por parentesco (Equipe 2005).

As roças são especializadas para o milho ou a mandioca. As da mandioca estão em redor da aldeia e as do milho distantes nos solos mais férteis na terra firme. As roças pertencem às famílias, há outra de mandioca que é da comunidade para o abastamento das cerimonias nos rituais. É dividida em parcelas e cada adulto é responsável por sua parcela. O plantio desta roça começa o calendário do ano, e só depois são cultivadas as roças familiares. A mandioca brava é preferida sobre a mansa.

A coleta de frutos e recursos silvestres é feita no começo da chuvas e os melhores lugares são em redor da aldeia e dos acampamentos nas roças de milho e de pesca. O sal vegetal é consumido de forma de alimento simbólico como invocativo dos espíritos subterrâneos. A pesca é praticada todo o ano e não somente para os rituais. O peixe como a mandioca é o alimento predileto dos espíritos. Pescam com anzóis, arco e flecha, timbó, e cacuris e barragens. O peixe é moqueado.

Sociedade: O povo é dividido em clãs patrilineares (yãkwa), mas também incluem multidões de espíritos celestes e subterrâneos, que são descendentes das populações míticas que foram extintas por catástrofes. Dois em dois anos os clãs revezem na preparação do sal vegetal e da roça comunal de mandioca.

Artesanato: Os Enawenê-nawê fabricam redes, saias e pulseiras de algodão que cultivam.

Religião: O povo realizam um longo ritual cada ano a favor dos seres subterrâneos e celestiais, com cânticos, danças e oferta de comida em um sistema complexo de trocar sal, mel, peixe e mandioca e outros alimentos. Dessa forma, pretendem garantir sucesso em subsistir e manter só rituais (Equipe 2005). Os Enawenê-nawê constroem quatro barragens de madeira no rio Iquê, colocando armadilhas de cesteira, feitas da casca das arvores para prender os peixes. Isso leva dois meses. Um grupo do povo, chamado os Hankares, permanece na aldeia para preparar a festa dos seres celestiais e subterrâneos. Somente homens formam o grupo, os Yaokwas, que pegar os peixes da barragem para saciar a fome dos seres. Nos últimos anos a construção das centrais hidroelétricas está diminuindo o peixe (Globo-reporter 06/2012).

O pajé tem a capacidade de se deslocar até o nível celeste do cosmo pelos sonhos. Ele pode avistar os seres do mundo subterrâneo, que fogem dele. As mulheres podem ser pajés. Também há sobradores que têm o poder de agir contra o ataque dos espíritos. O feiticeiro atua exclusivamente pela vingança, usando as forças do mal. Há também especialista de conhecimento da plantas usadas como remédios.

Cosmovisão: As populações originais viviam dentro de uma rocha, porém um pica pau fez um buraco e todas se espalharam na terra mas todas tinham cultura incompletas. Diversos catástrofes quase as dizimou totalmente. Os sobreviventes formaram clãs e guiados pelos espíritos se dirigiram para uma só aldeia, deixando suas flautas na casa no centro.

O cosmo têm quatro níveis: em baixo da camada terrestre é um universo sinistro, ehatekoyoare, uma cópia da terra mas em desordem, que é dominado pelos iakayreti, seres deformados e incapazes de atividade normal ou produtiva, e responsáveis pela doença e pela morte. São donos dos peixes que trocam por o sal vegetal. Por isso os Enawenê-nawê realizam festas para oferecer comida aos iakayreti. Diariamente estes visitam a aldeia a procura de comida e ficam irados se contrariados.

Na camada terrestre vivem os dakoti e os atahare-wayate com os homens. Os dakoti são seres imateriais, que são prenúncio de doença e morte. Os últimos são donos de certas plantas na floresta, que acordam pelos cheiro de sangue e que podem engolir pessoas inteiras.

A camada celeste, o eno, é antítipo ou modelo original da terra, onde vivem as almas dos animais, a flora sempre verde e fértil, e uma única aldeia dos deuses. Durante a noite terrestre o sol travessa o eno. Os deuses são bondosos e são os ancestrais dos Enawenê-nawê com fisionomia perfeita, e usam ornamentos semelhantes dos homens durante as cerimonias. Sua vida é uma copia perfeita da vida dos homens.

Em cima do eno é o quarto nível que é o espaço infinito e sem vida.

Comentário: O ensino do céu cristão e do inferno é ponto de contato com a cosmovisão, a autoridade de Cristo a solução para os seres maus.

Bibliografia:

  • DAI/AMTB 2010, ‘Relatório 2010 – Etnias Indígenas do Brasil’, Organizador: Ronaldo Lidório, Instituto Antropos –instituto.antropos.com.br.
  • EQUIPE de edição da Enciclopédia, 2009, ‘Enawenê-nawê’, Povos Indígenas do Brasil, Instituto Socioambiental, São Paulo. pib.socioambiental.org/pt/povo/enawene-nawe.
  • HEMMING, John, 2003, Die If You Must – Brazilian Indians in the Twentieth Century, London; Pan Macmillan.
  • SIL 2014, Lewis, M. Paul, Gary F. Simons, and Charles D. Fennig (eds.). 2014. Ethnologue: Languages of the World, Seventeenth edition. Dallas, Texas: SIL International. Online version: www.ethnologue.com.