Afrika Korps
O Afrika Korps[nota 1] ou Corpo da África Alemão (em alemão: Deutsches Afrikakorps, DAK ⓘ) foi a força expedicionária da Alemanha durante a Campanha do Norte da África na Segunda Guerra Mundial. Foi formado a 19 de fevereiro de 1941, após o OKW (Comando das Forças Armadas) ter decidido enviar primeiro como uma força de sustentação para reforçar a defesa italiana de suas colônias africanas, que tinha sido alvo da contraofensiva britânica, a Operação Compasso, a formação lutou na África, sob várias denominações, de março de 1941 até sua rendição em maio de 1943. A força expedicionária alemã, comandada pelo Marechal Erwin Rommel, no início consistia no 5º Regimento Panzer e de várias outras pequenas unidades.
Afrika Korps | |
---|---|
Deutsches Afrikakorps | |
Militares do exército alemão na África. | |
País | Alemanha |
Subordinação | Heer |
Missão | Força expedicionária |
Criação | 14 de fevereiro de 1941 |
Extinção | 12 de maio de 1943 |
História | |
Guerras/batalhas | Segunda Guerra Mundial |
Logística | |
Efetivo | Corpo de exército |
Insígnias | |
Emblema da Deutsches Afrikakorps | |
Comando | |
Comandantes notáveis |
Erwin Rommel |
História
editarA filosofia central de Rommel era atacar primeiro, com rapidez, mobilidade, surpreendendo e desorientando o inimigo. Devido as características da guerra no deserto, o avanço de grandes distâncias, empurrando o inimigo para trás de suas linhas, era possível, utilizando-se da surpresa e do poder de fogo concentrado. O calcanhar de Aquiles era a logística de suprimentos, extremamente dificultada, já que os italianos, responsáveis pelo abastecimento das tropas, tinham que atravessar o mediterrâneo com seus navios para abastecer as tropas do Afrikakorps, e para dificultar ainda mais a operação logística, os desembarques de suprimentos e combustíveis ocorriam em Benghazi ou Trípoli, tendo que percorrer longas distâncias em caminhões até a frente de batalha, mesmo tendo sido conquistados Tobruk e Mersa Matruh, posições mais avançadas. Algum reabastecimento de combustível via aérea foi feito pela Luftwaffe, mas em geral inexpressivo, pois esta também não vivia seus melhores momentos. Também a frente africana não era a prioridade do alto comando alemão, portanto não foram realizados os maiores esforços no sentido de atender as necessidades dessa frente.
Algumas unidades se tornaram notáveis em combate, incluindo a 15 ª Divisão, 21 ª Divisão Panzer, divisão inicialmente criada como uma divisão de infantaria e, lentamente, atualizada para uma divisão totalmente motorizada. A seguir foi redefinida como 90ª Divisão Ligeira Afrika. Outras como 164ª Divisão Ligeira Afrika, a 999ª Divisão Ligeira Afrika, e também a 334ª Divisão de Infantaria, e da Brigada Luftwaffenjäger-1 ou Fallschirmjäger-Ramcke Ramcke Parachute Brigade (Brigada de Paraquedistas Ramcke, em homenagem a seu comandante Hermann-Bernhard Ramcke). Havia também oito divisões italianas (das dez divisões italianas no norte da África), sob o comando de Rommel no Exército Panzer Afrika, incluindo duas divisões blindadas, duas divisões motorizadas, três divisões de infantaria, e a Divisão de Paraquedistas Folgore.[nota 2]
Partindo de Trípoli, o Afrikakorps correu a costa do norte da Africa, derrotando os ingleses, passando pela Cirenaica, Gazala, Tobruk, indo em direção ao Egito, onde pretendia tomar posse de fontes combustíveis que ajudariam o Afrikakorps a manter seus tanques rodando. A essa altura, os ingleses vinham reestruturando suas forças no Egito, visando um contra-ataque. Essa reestruturação deveu-se principalmente ao plano de arrendamento fechado com os Estados Unidos, conseguido com muito tato por Winston Churchill, onde o general Bernard Montgomery começa a receber muitos Sherman´s e todo tipo de material bélico e suprimentos. Passamos já da metade de 1942. A virada Britânica deu-se em El Alamein, onde os combustíveis do Afrikakorps praticamente acabam, e a ofensiva passa a ser dos ingleses. Começa então o caminho de volta para o Afrikakorps, sem que este tivesse tido autorização de Adolf Hitler para reorganizar atrás das linhas (a famosa ordem do Führer - Vitória ou morte) até a rendição do que sobrou do exército de Rommel em Medjez el Bab, em maio de 1943. Rommel encontrava-se já evacuado do teatro africano, em fevereiro de 1943, internado em um hospital na Alemanha.
Em 7 de abril de 1943, ao final dos combates, o destino e a história registrariam um fato que tentaria mudar o destino da Segunda Guerra Mundial. Um caça-bombardeiro inglês, mergulha e atinge carro do tenente-coronel Claus Schenk Graf von Stauffenberg, que comandava uma retirada. O mesmo tomba gravemente ferido, sendo socorrido imediatamente por um carro-hospital que acompanhava a retirada. Os homens da Blindada 90 (Regimento de Artilharia Blindada 90), o acompanharam sem saber que aquele homem posteriormente uniria-se à resistência alemã e entraria para a história.[1]
Capitulação
editarNa tarde de 12 de maio o general von Arnim, Comandante-chefe do Afrika Korps ofereceu ao inimigo a capitulação do Grupo de Exércitos e do Afrika Korps. O general Cramer enviou sua última mensagem:
- Ao Comando Superior da Wehrmacht. Munições atiradas até ao fim, armas e equipamentos destruídos. o Afrika Korps, de acordo com as ordens lutou até ao final. O Afrika Korps deverá renascer. Assinado Cramer.
Em 12 de maio às 18h00 a 90ª Ligeira capitulou. Em 13 de maio às 11h00 a 164ª Divisão Ligeira Afrika depôs as armas. Ao final, 130 000 soldados alemães foram aprisionados, 18 594 ficaram para trás enterrados no Egito, na Líbia e na Tunísia, mais de 3 400 desaparecidos. O número de alemães que findaram seus dias, quer durante voos sobre o Mediterrâneo, quer no fundo do mar ainda é desconhecido. As autoridades italianas indicam uma cifra de 13 748 mortos, destes somam-se 8 821 desaparecidos
Rendeu-se aos aliados em 12 de maio de 1943, nos arredores de Túnis, na atual Tunísia, 773 dias após o início da ofensiva que colocou a forças aliadas no Norte da África de joelhos, capitulava o lendário Afrika Corps.
Guerra no deserto
editarAs batalhas do Afrika Corps ocorreram em sua maioria no deserto rochoso de Cyrenaica, onde atualmente está localizada a Líbia.[2] Percorrida normalmente por beduínos nômades, a região é pouco povoada e possui um solo bastante duro e plano, o que dificultava a construção de trincheiras pela infantaria.
O clima do deserto castigava as tropas de ambos os lados. Durante o dia o calor era insuportável e durante a noite as temperaturas despencavam. Apesar do calor, os alemães frequentemente utilizavam seus casacos durante o dia como proteção extra durante as tempestades de areia.[3] Essas tempestades inviabilizavam incursões aéreas e tornavam as viagens por terra difíceis. "Ghibli" é o nome beduíno do Siroco, o vento quente que sopra no deserto da Líbia e causa as tempestades de areia. Por causa da desorientação causada todo soldado precisava carregar uma bússola.[4] Os oficiais precisavam carregar suas bússolas até mesmo para uma rápida ida até a latrina, pois era muito fácil se perder no meio da tempestade. Os ventos podiam durar de algumas horas até vários dias e um soldado perdido teria muita dificuldade para encontrar as tropas.[5] A areia costumava se infiltrar em tudo, o que tornava a adaptação e a disponibilidade de peças de reposição essenciais para todos os equipamentos. Os caminhões eram equipados com filtros de ar e óleo especiais e as aeronaves tinham entradas de ar modificadas. Nesse sentido os britânicos e americanos levavam vantagem em relação aos alemães e italianos, pois seus veículos eram em geral melhores adaptados para as condições. Além disso, os carros alemães tinham peças de reposição mais caras e difíceis de encontrar.[6]
Para sustentar as batalhas de blindados em pleno deserto dois suprimentos eram essenciais: água e combustível. Como somente os beduínos sabiam onde cavar para encontrar água e o combustível não estava prontamente disponível, a prudência e economia eram mandatórias.[7] Além dessas dificuldades, a quantidade gigantesca de moscas incomodava os soldados.[7] Além de uma insuportável distração, as moscas pousavam na comida e causavam doenças. Esse problema foi mais sentido pelos alemães, pois os britânicos recebiam comida enlatada, sendo mais fácil escapar das moscas. No que diz respeito à comida, os britânicos tinham uma dieta mais variada e abundante, enquanto os alemães sofriam com a escassez e a distribuição desigual. Por esse motivo os alemães davam uma considerável importância para o confisco de latas de comida dos britânicos durante os confrontos. Com o tempo, a proliferação de doenças, a dieta pobre e a tensão do combate começaram a abalar psicologicamente os soldados do lado do Eixo.
Comandantes
editar- Generalfeldmarschall Erwin Rommel (14 de fevereiro de 1941 - 15 de agosto de 1941)
- Generalleutnant Ferdinand Schaal (15 de agosto de 1941 - 1 de setembro de 1941)
- General der Panzertruppen Philipp Müller-Gebhard (1 de setembro de 1941 - 15 de setembro de 1941)
- General der Panzertruppen Ludwig Crüwell (15 setembro 1941 - 9 de março de 1942)
- General der Panzertruppen Walther Nehring (9 de março de 1942 - 19 de março de 1942)
- General der Panzertruppen Ludwig Crüwell (19 de março de 1942 - 29 de maio de 1942)
- General der Panzertruppen Walther Nehring (29 de maio de 1942 - 31 de agosto de 1942)
- Generalleutnant Fritz Bayerlein (31 de agosto de 1942 - 1 de setembro de 1942)
- General der Panzertruppen Gustav von Värst (1 de setembro de 1942 - 2 de setembro de 1942)
- General der Panzertruppen Wilhelm Ritter von Thoma (2 de setembro de 1942 - 13 de novembro de 1942)
- General der Panzertruppen Gustav Fehn (13 de novembro de 1942 - 15 de janeiro de 1943)
- General der Panzertruppen Hans Cramer (28 de fevereiro de 1943 - 16 de maio de 1943)
Ver também
editar- ↑ Afrika Korps é derivado do nome original em alemão escrito corretamente em uma palavra. Estritamente falando, o termo se refere à formação inicial que, embora não difundido, tornou-se parte da pronúncia intermediária entre o alemão e italiano, no Norte de África. No entanto, muitas vezes é utilizada pela mídia e veteranos soldados aliados como um definição para todas as unidades alemãs no norte da África
- ↑ Esta divisão paraquedista (185ª Divisione Paracadutisti Folgore), pertencia ao Exército Italiano, operando de 1941 a 1943, tendo seu grande destaque na Batalha de El Alamein, no Egito. O contingente havia sido criado para a operação da invasão de Malta, no entanto foi deslocada para a África do Norte, para apoiar o Exército Alemão. Na Batalha de El Alamein, foi sacrificada para permitir a retiradas das Divisões Panzer, estes resistiriam até o final da batalha, sendo inclusive elogiados por Churchill na Câmara dos Comuns em 21 de novembro de 1942: "Devemos todos nos curvar frente àqueles últimos, que foram os leões da Divisão Folgore" África Korps; Carrel, Paul; Editora Flamboyant, 1964.
- ↑ África Korps; Carrel, Paul; Editora Flamboyant, 1964, pag 422
- ↑ Von Luck 1989, p. 92.
- ↑ Von Luck 1989, p. 93.
- ↑ Von Luck 1989, p. 95.
- ↑ Von Luck 1989, p. 96.
- ↑ Lewin 1968, p. 149.
- ↑ a b Von Luck 1989, p. 97.
Bibliografia
editar- Lewin, Ronald (1998) [1968]. Rommel As Military Commander (em inglês). New York: B&N Books. ISBN 978-0-7607-0861-3
- Von Luck, Hans (1989). Panzer Commander: The Memoirs of Colonel Hans von Luck (em inglês). New York: Dell (Random House). ISBN 0-440-20802-5
- África Korps; Carrel, Paul; Editora Flamboyant, 1964.
- Memórias de Rommel, 4° edição; Rommel, Erwin; Editora Aster Lisboa.
- Coleção 70º Aniversário da Segunda Guerra Mundial - Fascículo 18, Abril Coleções 2009