Antifascismo
Antifascismo é toda a filosofia, teoria ou prática ativista, cívica ou política que se oponha ao fascismo, incluindo muitas vezes o combate ao nazismo, neonazismo e a qualquer ideologia supremacista, xenófoba e de extrema-direita. Historicamente, o antifascismo é associado a vários movimentos políticos, como a social-democracia, nacionalismo[1], liberalismo[2][3], comunismo, marxismo, anarquismo, republicanismo e centrismo.[4][5][6][7][8][9]
Em contexto histórico, é um termo originado da década de 1920 e relacionado com um movimento político que se opôs ao fascismo de Benito Mussolini, político italiano que governou com poderes ditatoriais a Itália fascista entre 1922 a 1943.
Definição do termo
[editar | editar código-fonte]A palavra "antifascista" é composta pelo termo fascista mais o prefixo anti, que significa "estar contra". O termo relacionado Antifa abrevia e carrega o mesmo significado da palavra da língua alemã Antifaschismus. Refere-se a indivíduos e grupos dedicados a combater o fascismo. A maioria dos principais movimentos de resistência durante a Segunda Guerra Mundial foram antifascistas.
Hoje o termo é utilizado para referir alguém que se opõe ao fascismo em geral, tanto sob a forma de militância ativa de um partido político ou movimento cuja ideologia é oposta ao fascismo, como por exemplo o Anarquismo, ou a Social Democracia, ou de forma passiva, simplesmente tendo opiniões políticas que consideram que o fascismo é um regime errado. O movimento tem perdido combatividade desde a Segunda Guerra Mundial quando ele faz um pacto social conciliativo com os governos instituídos desde então.[10]
Antifascismo pelo mundo
[editar | editar código-fonte]Américas
[editar | editar código-fonte]Brasil
[editar | editar código-fonte]Imigrantes de origem alemã[12] e italiana,[13] mobilizaram-se para enfrentar o nazifascismo no Brasil ao longo do período entreguerras. O movimento, ativo porém de curta existência, criado no país, Frei Deutschland Bewegung (Movimento dos Alemães Livres) foi extinto em 1943.[14]
Estados Unidos
[editar | editar código-fonte]Existiram entidades e indivíduos fascistas nos Estados Unidos na década de 1930, como o Friends of New Germany, o German American Bund, a Ku Klux Klan e Charles Coughlin.[15][16][17] Expatriados italianos antifascistas nos Estados Unidos fundaram a Mazzini Society em Northampton (Massachusetts), em Setembro de 1939, para trabalhar no sentido de acabar com o domínio fascista na Itália. Refugiados políticos do regime de Mussolini, discordavam entre si se deveriam aliar-se a comunistas e anarquistas ou excluí-los. A Mazzini Society se uniu a outros expatriados italianos antifascistas nas Américas numa conferência em Montevidéu, Uruguai, em 1942. Promoveram sem sucesso que um de seus membros, Carlo Sforza, se tornasse o líder pós-fascista de uma Itália republicana. A Mazzini Society se dispersou após a queda de Mussolini, quando a maioria de seus membros retornou à Itália.[18][19]
Europa
[editar | editar código-fonte]Alemanha
[editar | editar código-fonte]Havia diversos grupos militantes e paramilitares antinazistas. Estes incluíam o Reichsbanner Schwarz-Rot-Gold, dominado pelos social-democratas (formado em Fevereiro de 1924), a organização paramilitar comunista RFB (Roter Frontkämpferbund, formado no verão de 1924) e o comunista Kampfbund gegen den Faschismus ("aliança da luta contra o fascismo", formado em 1930).[20] A Roter Front foi uma organização paramilitar afiliada ao Partido Comunista da Alemanha que se envolvia em brigas de rua com a milícia nazista SA (Sturmabteilung). Seu primeiro líder foi Ernst Thälmann, que mais tarde morreria num campo de concentração nazista e seria grandemente homenageado na Alemanha Oriental como um antifascista e socialista. Em 1932, durante o período da Frente única, a Antifaschistische Aktion foi formada como uma aliança geral na qual social-democratas, comunistas e outros poderiam combater a repressão legal e se autodefender contra paramilitares nazistas.[21] Seu logotipo de duas bandeiras, projetado por Max Keilson e Max Gebhard, ainda é amplamente usado como um símbolo de militantes antifascistas em todo o mundo.[22]
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Logotipo da Antifaschistische Aktion.
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Memorial em homenagem ao movimento não-violento antinazista Weiße Rose (Rosa Branca) (jardim de Hofgarten, Munique).
Itália
[editar | editar código-fonte]Na Itália, o regime usou o termo "antifascista" para descrever seus adversários. A polícia secreta fascista era oficialmente conhecida como OVRA (Organizzazione per la Vigilanza e la Repressione dell'Antifascismo).
Na década de 1920, muitos movimentos operários antifascistas lutaram contra os violentos Camisas negras e contra a ascensão do Duce (líder fascista) Benito Mussolini. Depois que o Partido Socialista Italiano (PSI) e o Partido Nacional Fascista (PNF) firmaram um pacto, em 3 de Agosto de 1921, os sindicatos adotaram uma estratégia legalista e de não-violência. Os membros do movimento dos trabalhadores que não concordaram com esta estratégia formaram o Arditi del Popolo. O Partido Comunista Italiano (PCI) organizou alguns grupos militantes, mas suas ações foram relativamente pequenas, e o partido manteve uma estratégia legalista não-violenta. O anarquista italiano Severino Di Giovanni, que se exilou na Argentina após a Marcha sobre Roma em 1922, organizou vários atentados contra a comunidade fascista italiana.[23]
O liberal antifascista italiano, Benedetto Croce, escreveu o Manifesto degli intellettuali antifascisti, publicado em 1925.[24] Outro notável liberal antifascista italiano na época foi Piero Gobetti.[25] As forças antifascistas mais relevantes eram associadas ao Exército Vermelho.[26]
Portugal
[editar | editar código-fonte]África
[editar | editar código-fonte]O antifascismo se manifestou mais nas zonas francesa e italiana na luta contra o (neo)colonialismo.[27][28]
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Anarcocomunismo
- Anarcopunk
- Antiautoritarismo
- Anticapitalismo
- Comunismo
- Colaboracionismo
- Declaração de Praga sobre Consciência Europeia e Comunismo (documento que cita o nazifascismo)
- Desobediência civil
- Dissidência
- Edmund Charaszkiewicz
- Ahmad Hasan al-Zayyat
- Movimento de resistência
- Oposição à ditadura portuguesa
- Partisan
- Partisans Iugoslavos
- Piratas de Edelweiss
- Redskin
- Resistência francesa
- Revolta Nacional Eslovaca
- Revolução dos Cravos
- Subversão
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- PRESTES, Anita Leocadia. Luis Carlos Prestes e a Aliança Nacional Libertadora: os caminhos da luta antifascista no Brasil (1934/35). Petropolis: Vozes, 1997. 149p. ISBN 8532618979
- A RESISTENCIA antifascista na Alemanha, (1933-1939). Lisboa: Avante, 1977. 28 p.
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- Os impasses da estratégia – os comunistas, o antifascismo e a revolução burguesa no Brasil. 1936-1948
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