[go: up one dir, main page]

Saltar para o conteúdo

Correio do Povo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Correio do Povo
Correio do Povo
Empresa Jornalística Caldas Júnior Ltda.
Periodicidade segunda a sábado
Formato Tabloide
Sede Porto Alegre, RS
País Brasil
Preço R$ 3,50 (segunda a sábado/+Domingo) (Grande POA)
R$ 4,00 (segunda a sábado/+Domingo) (Interior RS, SC e PR)
Slogan Pense Independente
Fundação 1 de outubro de 1895
31 de agosto de 1986 (relançamento)
Fundador(es) Caldas Júnior
Presidente Sidney Costa
Proprietário Edir Macedo
Pertence a Grupo Record
Diretor Telmo Flor
Idioma português (brasileiro)
Circulação Região Sul e Brasilia
Página oficial Correio do Povo

O Correio do Povo é um jornal diário brasileiro em formato tabloide pertencente ao Grupo Record,[1] com circulação no estado do Rio Grande do Sul. Foi fundado em 1 de outubro de 1895 pelo jornalista Caldas Júnior, então com 27 anos[2]. Circulou durante 89 anos de forma ininterrupta, entre 1895 e junho de 1984, reiniciando sua publicação em 31 de agosto de 1986.

Com apenas 26 anos, Caldas Júnior fundou um jornal que, segundo declarou no editorial de seu primeiro número, "vai ser feito para toda a massa, não para determinados indivíduos de uma facção."[3]

Como assinala o historiador Nestor Ericksen, na época a imprensa gaúcha caracterizava-se pelas fortes tendências políticas, influindo diretamente na opinião pública local, conforme os interesses partidários. Havia jornais pró-maragatos e pró-pica-paus, alcunhas pelas quais eram conhecidos os adeptos dos principais partidos políticos gaúchos ao final do século XIX.[4] Os maragatos identificavam-se pelo uso de um lenço vermelho em volta do pescoço e os chimangos pelo uso de lenço branco. Caldas Júnior, para mostrar que o Correio estava equidistante das duas correntes, imprimiu seu jornal num papel de tom rosado, daí ter sido conhecido, nos seus primeiros tempos, como o róseo.[5] Por um único dia, em 10 de setembro de 1924, o jornal circulou com um papel verde: a Revolta Paulista afetava o fornecimento do material que chegava pelo porto de Santos e foi preciso usar o único disponível naquele momento.[6]

A primeira edição do Correio do Povo saiu em uma terça-feira, com quatro páginas divididas em seis colunas e 2 mil exemplares. A redação ficava na Rua dos Andradas, 132.[7] Pouco mais de três anos depois, já eram impressos 4,5 mil exemplares.[5] Desde então, o Correio passou a ostentar no cabeçalho os seguintes dizeres: O jornal de maior circulação e tiragem do Rio Grande do Sul.[5]

O Correio foi inovador na profissionalização dos jornalistas, passando a contar com quadro próprio e não, como ocorria em outros jornais da época, com colaboradores que tinham outra fonte de renda. Também deu ênfase aos aspectos tecnológicos: por exemplo, teve quatro impressoras num período de quinze anos, também teve a primeira impressora rotativa do Rio Grande do Sul, em 1910, quando atingiu uma circulação de 10 mil exemplares.[5]

Correio do Povo: sucessão de manchetes sobre a Revolução de 1930

Com a morte prematura do fundador, em 1913, sua viúva Dolores Alcaraz Caldas assumiu o controle e o jornal passou por dificuldades econômicas, passando o comando para José Alexandre Alcaraz, seu irmão, em 1924. Três anos depois, é o filho do primeiro casamento do fundador do jornal, Fernando Caldas, que toma a frente da empresa, a convite de Dolores.[2]

Os problemas financeiros só cessaram em 1935, quando a direção da Companhia Jornalística Caldas Júnior foi assumida pelo filho de Dolores e Caldas Júnior, Breno Alcaraz Caldas, que nela permaneceu por mais de cinquenta anos.[5]

Em 1946, o jornal deixou as instalações alugadas que ocupava na Rua dos Andradas, instalando-se no então edifício Hudson, na atual rua Caldas Júnior. A via, que se chamava Paysandu, ganhara o nome do fundador do Correio, que ostenta até hoje, dois anos antes, por decreto do prefeito Antônio Brochado da Rocha. O antigo Hudson é o mesmo prédio que ainda hoje abriga as redações do Correio do Povo e da Rádio Guaíba.[5]

Em 20 de setembro de 1972, o Correio sentiu a repressão da censura imposta à imprensa pela ditadura militar. Ao publicar uma reportagem sobre pronunciamentos de parlamentares contra a censura, apesar de advertido a não o fazer, Breno Caldas viu toda a edição daquele dia ser apreendida pela Polícia Federal.[8] Quando o comandante da operação determinou que a edição apreendida fosse transportada nos caminhões do próprio jornal para a sede da Polícia Federal, Breno Caldas interveio pessoalmente proibindo que os caminhões fossem usados para essa finalidade, o que obrigou os policiais a requisitarem caçambas que trabalhavam no cais do porto, ali perto.[8]

Jornal literário

[editar | editar código-fonte]
Exemplares do Caderno de Sábado, na década de 70 (foto: Luiz Moraes)

Desde seu primeiro número, o Correio se apresenta não só como um órgão comercial, mas também literário. Na última página, um folhetim ao gosto da época, de autoria de Oliveira Bello. E em sua primeira página, os Rabiscos de Tenório, pseudônimo que ocultava o fundador, Caldas Júnior. Nos números seguintes, Emile Zola e Machado de Assis se faziam tão presentes como os literatos do estado.[5]

A partir de 1899, o jornal institui uma seção chamada Poetas do Sul, na qual colaboram os nomes mais importantes da literatura gaúcha do final do século XIX: Apolinário Porto Alegre, Damasceno Vieira, Mário Totta, Múcio Teixeira e Zeferino Brasil, entre outros.[5]

À seção "Poetas do Sul", seguiu-se Literatura e Páginas Literárias, desembocando no suplemento Caderno de Sábado, que começou a circular no dia 30 de setembro de 1967 e transformou-se em "Letras & Livros" em 8 de agosto de 1981.[5]

Zeferino Brasil, Sérgio de Gouvea, Paulo de Gouvea, Carlos Reverbel, Oswaldo Goidanich (Goida), P.F. Gastal e Sérgio Faraco se sucederam na direção das seções e suplementos literários do Correio.[5]

Em 4 de fevereiro de 1934, Mário Quintana estreia no Correio, com o poema Madrugada. Mas Quintana somente passou a ser colaborador constante do jornal ao lançar seu Caderno H na edição de 18 de junho de 1953, permanecendo como funcionário até 1977.[2] Com algumas interrupções, esteve presente em suas páginas até à sua morte, em 5 de maio de 1994.[5]

Uma nova fase

[editar | editar código-fonte]
Edifício Hudson, sede do Correio do Povo

A partir de 1979, a Companhia Jornalística Caldas Júnior começou a enfrentar dificuldades, por conta da elevada dívida assumida para a instalação da TV Guaíba. Foi um período em que as portas de novos financiamentos se fecharam no Brasil, devido à primeira crise internacional do petróleo, e a inflação recrudesceu.[5]

Em 16 de junho de 1984, o Correio deixou de circular, somente retornando em 31 de agosto de 1986, já sob o controle do empresário Renato Bastos Ribeiro.[5]

Em 26 de maio de 1987, passou a ser um tabloide e experimentou novas inovações tecnológicas.[5]

Em 1997, o Correio entrou na internet com o site CP.Net que replicava todo o conteúdo do jornal impresso para os assinantes.

Em março de 2007, o Correio do Povo passou a fazer parte do Grupo Record, juntamente com outras empresas do grupo, a TV Guaíba e as rádios Guaíba AM e FM, bem como o Edifício Hudson, no centro de Porto Alegre, onde funciona a redação do jornal.[9]

Em outubro de 2009, estreou o novo site do Correio substituindo o antigo e com ele passou a ter a atualização do noticiário em tempo real e a edição digital do mesmo com acesso livre e gratuito a todos os internautas. Já no ano seguinte, o Correio passou a ser impresso totalmente em cores com rotativas modernas vindas da Alemanha juntamente do novo projeto gráfico moderno. Em outubro de 2015, na ocasião dos 120 anos, o Correio modernizou e renovou seu projeto gráfico.

Em 4 de junho de 2016, o jornal passa a ter as edições de fim de semana sendo publicadas apenas aos sábados. A edição dominical (+Domingo) passou a ser disponibilizada primeiro para os assinantes do jornal impresso (vindo com o exemplar de sábado) e da versão digital (disponibilizada para leitura e download nos dispositivos digitais) sendo vendida no dia seguinte para o público em geral.

Referências
  1. «Record compra jornal Correio do Povo, de Porto Alegre - Economia - Estadão». Consultado em 1 de julho de 2015 
  2. a b c «Confira pontos importantes da história de 129 anos do Correio do Povo». Correio do Povo. 1 de outubro de 2024. Consultado em 2 de outubro de 2024 
  3. «Diversas». Correio do Povo. 1 de outubro de 1895 
  4. «Revista PJ:Br - Jornalismo Brasileiro». www2.eca.usp.br. Consultado em 1 de julho de 2015 
  5. a b c d e f g h i j k l m n Walter Galvani (1995). Um Século de Poder - Os bastidores da Caldas Júnior. [S.l.]: Mercado Aberto 
  6. Bruni, Juliano (10 de setembro de 2024). «A "edição verde" do Correio do Povo». Correio do Povo. Consultado em 10 de setembro de 2024 
  7. Da Silva, Juremir Machado (1 de outubro de 2021). «Revolução jornalística em 1895». Correio do Povo. Consultado em 1 de outubro de 2021 
  8. a b «Correio do Povo, o jornal influente do Estado em 1952 | Memória Famecos». projetos.eusoufamecos.net. Consultado em 1 de julho de 2015 
  9. «Folha de S.Paulo - Imprensa: Igreja Universal compra o jornal "Correio do Povo", do RS - 14/03/2007». www1.folha.uol.com.br. Consultado em 1 de julho de 2015 
  • FRANCO, Sérgio da Costa. Guia Histórico de Porto Alegre (4a. ed.). Porto Alegre: Editora da Universidade (UFRGS), 2006.

Ligações externas

[editar | editar código-fonte]