Em matemática , o teste da condensação de Cauchy é um teste padrão de convergência para séries infinitas. Seja uma seqüência não-negativa e monotonicamente decrescente
f
(
n
)
{\displaystyle f(n)}
de números reais , então a série
∑
n
=
1
∞
f
(
n
)
{\displaystyle \textstyle \sum _{n=1}^{\infty }f(n)}
converge se e somente se a "série condensada"
∑
n
=
0
∞
2
n
f
(
2
n
)
{\displaystyle \textstyle \sum _{n=0}^{\infty }2^{n}f(2^{n})}
converge. Ademais, se essas séries convergem, a soma da série condensada não é maior do que
2
∑
n
=
1
∞
f
(
n
)
{\displaystyle 2\textstyle \sum _{n=1}^{\infty }f(n)}
.
Este teste é bastante técnico, assim como o teste de convergência de Abel , e seu principal objetivo é mostrar a convergência das p-séries quando
p
>
1
{\displaystyle p>1}
.
O teste da condensação de Cauchy segue das seguintes estimativas:
0
≤
∑
n
=
1
∞
f
(
n
)
≤
∑
n
=
0
∞
2
n
f
(
2
n
)
≤
2
∑
n
=
1
∞
f
(
n
)
≤
+
∞
{\displaystyle 0\ \leq \ \sum _{n=1}^{\infty }f(n)\ \leq \ \sum _{n=0}^{\infty }2^{n}f(2^{n})\ \leq \ 2\sum _{n=1}^{\infty }f(n)\ \leq \ +\infty }
as quais devem ser entendidas como desigualdades nos números reais estendidos .
Para se chegar a primeira desigualdade os termos são reassociados em grupos com número de elementos sendo potências de dois, e depois, em cada grupo, substitui-se seus termos pelo primeiro - que é o maior deles -, já que eles formam uma seqüência não-crescente.
∑
n
=
1
∞
f
(
n
)
=
f
(
1
)
+
f
(
2
)
+
f
(
3
)
+
f
(
4
)
+
f
(
5
)
+
f
(
6
)
+
f
(
7
)
+
⋯
=
f
(
1
)
+
(
f
(
2
)
+
f
(
3
)
)
+
(
f
(
4
)
+
f
(
5
)
+
f
(
6
)
+
f
(
7
)
)
+
⋯
≤
f
(
1
)
+
(
f
(
2
)
+
f
(
2
)
)
+
(
f
(
4
)
+
f
(
4
)
+
f
(
4
)
+
f
(
4
)
)
+
⋯
=
f
(
1
)
+
2
f
(
2
)
+
4
f
(
4
)
+
⋯
=
∑
n
=
0
∞
2
n
f
(
2
n
)
{\displaystyle {\begin{array}{rcccccccl}\sum _{n=1}^{\infty }f(n)&=&f(1)&+&f(2)+f(3)&+&f(4)+f(5)+f(6)+f(7)&+&\cdots \\&=&f(1)&+&{\Big (}f(2)+f(3){\Big )}&+&{\Big (}f(4)+f(5)+f(6)+f(7){\Big )}&+&\cdots \\&\leq &f(1)&+&{\Big (}f(2)+f(2){\Big )}&+&{\Big (}f(4)+f(4)+f(4)+f(4){\Big )}&+&\cdots \\&=&f(1)&+&2f(2)&+&4f(4)&+&\cdots =\sum _{n=0}^{\infty }2^{n}f(2^{n})\end{array}}}
Para se chegar a segunda desigualdade, os termos da série são novamente reassociadas em grupos com número de elementos sendo potências de dois, onde em cada grupo é tomada, novamente, uma substituição por um termo maior na série não-crescente
f
(
n
)
{\displaystyle f(n)}
.
∑
n
=
0
∞
2
n
f
(
2
n
)
=
f
(
1
)
+
(
f
(
2
)
+
f
(
2
)
)
+
(
f
(
4
)
+
f
(
4
)
+
f
(
4
)
+
f
(
4
)
)
+
⋯
=
(
f
(
1
)
+
f
(
2
)
)
+
(
f
(
2
)
+
f
(
4
)
+
f
(
4
)
+
f
(
4
)
)
+
⋯
≤
(
f
(
1
)
+
f
(
1
)
)
+
(
f
(
2
)
+
f
(
2
)
+
f
(
3
)
+
f
(
3
)
)
+
⋯
=
2
∑
n
=
1
∞
f
(
n
)
{\displaystyle {\begin{array}{rcl}\sum _{n=0}^{\infty }2^{n}f(2^{n})&=&f(1)+{\Big (}f(2)+f(2){\Big )}+{\Big (}f(4)+f(4)+f(4)+f(4){\Big )}+\cdots \\&=&{\Big (}f(1)+f(2){\Big )}+{\Big (}f(2)+f(4)+f(4)+f(4){\Big )}+\cdots \\&\leq &{\Big (}f(1)+f(1){\Big )}+{\Big (}f(2)+f(2)+f(3)+f(3){\Big )}+\cdots =2\sum _{n=1}^{\infty }f(n)\end{array}}}
Visualização do argumento: somas parciais das séries
∑
f
(
n
)
{\displaystyle \textstyle \sum f(n)}
,
∑
2
n
f
(
2
n
)
{\displaystyle \sum 2^{n}f(2^{n})}
e
2
∑
f
(
n
)
{\displaystyle 2\sum f(n)}
.
A série
∑
1
n
p
{\displaystyle \sum {\frac {1}{n^{p}}}}
converge se
p
>
1
{\displaystyle p>1}
e diverge se
p
≤
1
{\displaystyle p\leq 1}
.
Se
p
≤
0
{\displaystyle p\leq 0}
a série claramente diverge, já que
lim
n
→
∞
1
n
p
≠
0
{\displaystyle \lim _{n\rightarrow \infty }{\frac {1}{n^{p}}}\neq 0}
. Se
p
>
0
{\displaystyle p>0}
, aplicando o teste da condensação, temos:
∑
n
=
0
∞
2
n
1
2
n
p
=
∑
n
=
0
∞
2
(
1
−
p
)
n
{\displaystyle \sum _{n=0}^{\infty }2^{n}{\frac {1}{2^{np}}}=\sum _{n=0}^{\infty }2^{(1-p)n}}
.
Temos
2
1
−
p
<
1
{\displaystyle 2^{1-p}<1}
se e somente se
1
−
p
<
0
{\displaystyle 1-p<0}
, ou seja,
p
>
1
{\displaystyle p>1}
. O resultado segue da convergência da série série geométrica , fazendo
r
=
2
1
−
p
{\displaystyle r=2^{1-p}}
.[ 1]
Se
p
>
1
{\displaystyle p>1}
então a série
∑
n
=
2
∞
1
n
(
log
n
)
p
{\displaystyle \sum _{n=2}^{\infty }{\frac {1}{n(\log {n})^{p}}}}
converge. Se
p
≤
1
{\displaystyle p\leq 1}
então a série diverge.
A monotonocidade da função logarítmica implica que
log
n
{\displaystyle \log {n}}
é crescente. Sendo assim,
1
/
n
log
n
{\displaystyle 1/n\log {n}}
é decrescente, e o teste da condensação pode ser aplicado.
∑
n
=
1
∞
2
n
1
2
n
(
log
2
n
)
p
=
∑
n
=
1
∞
1
(
n
log
2
)
p
=
1
(
log
2
)
p
∑
n
=
1
∞
1
n
p
{\displaystyle \sum _{n=1}^{\infty }2^{n}{\frac {1}{2^{n}(\log {2^{n}})^{p}}}=\sum _{n=1}^{\infty }{\frac {1}{(n\log {2})^{p}}}={\frac {1}{(\log {2})^{p}}}\sum _{n=1}^{\infty }{\frac {1}{n^{p}}}}
e o resultado segue do teorema anterior.[ 2]
Referências
↑ Rudin, Walter (1976). Principles of Mathematical Analysis Terceira ed. [S.l.]: McGraw-Hill. p. 62. ISBN 978-0-07-054235-8
↑ Rudin, Walter (1976). Principles of Mathematical Analysis Terceira ed. [S.l.]: McGraw-Hill. p. 63. ISBN 978-0-07-054235-8