Regência (linguística)
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Na gramática e na Linguística, regência se refere à relação entre a palavra e seus dependentes. Alguém pode discernir entre pelo menos três conceitos de regência: a noção tradicional de caso de regência, a definição altamente especializada de regência em alguns modelos de geração de sintaxe e uma noção mais ampla em dependências gramaticais.[carece de fontes]
Quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio), ocorre a regência nominal. Quando o termo regente é um verbo, ocorre a regência verbal. Na regência verbal, o termo regido pode ser ou não preposicionado. Na regência nominal, ele é obrigatoriamente preposicionado. Os termos, quando exigem a presença de outro chamam-se regentes ou subordinantes; os que completam a significação dos anteriores chamam-se regidos ou subordinados. No geral, tanto a regência de nomes quanto a regência de verbos (regência verbal) são desprezadas no padrão de normas da linguagem escrita.[1] Na linguagem culta passam despercebidas em meio a outros assuntos[2] podendo ser até mesmo desconsiderada por alguns gramáticos.
Regências nominal e verbal
[editar | editar código-fonte]A regência verbal é a relação sintática de dependência que se estabelece entre o verbo — termo regente — e o seu complemento — termo regido. A regência determina se uma preposição é necessária para ligar o verbo a seu complemento.
Regência nominal é o campo da gramática que estuda a relação de sentido que se dá entre os nomes e os respectivos termos regidos por esse nome. Em português, alguns nomes (substantivos, adjetivos e advérbios) exigem mais de um complemento precedido por preposição.[3] Tal complemento exerce a função de integrar o sentido da palavra completada, enriquecendo assim a semântica da oração em questão.[4] O conjunto de complemento regido pela preposição é denominado "complemento nominal", no qual a preposição é definida pela "regência nominal". O complemento nominal pode estar representado por: substantivo, pronome, numeral, palavra ou expressão substantivada, ou oração subordinada substantiva completiva nominal[4]
A estrutura da oração pode ser percebida no seguinte modelo de frase:
- [sujeito] [verbo] [objeto] [preposição]+[complemento nominal].
Exemplos de construções na norma-padrão:
- O pior é a demora "do vapor". → complemento nominal de substantivo).[5]
- Tinha nojo de si mesma. → complemento nominal de pronome.[6]
- "Esse problema só pode ser resolvido em nível de diretoria. → complemento nominal de substantivo.[7]
Construções frasais com erro de regência:
- "A decisão do julgamento provocou um clima adverso com a Justiça." ( errado)
- "A decisão do julgamento provocou um clima adverso à Justiça." ( certo)[8]
Caso tradicional de regência
[editar | editar código-fonte]Em latim e grego (ou outra) gramáticas tradicionais, regência se refere a seleção de características gramaticais dada por verbos e preposições. Mais comumente, o verbo ou preposição pode "reger" um caso gramatical específico se o complemento precisa ter esse caso em uma estrutura gramaticalmente correta (veja caso de regência). Por exemplo, em Latim, a maioria dos verbos transitivos requer que seus objetos diretos apareçam em um caso acusativo (ativo), enquanto o caso dativo (passivo) é reservado para objetos indiretos. O verbo favere (ajudar), entretanto, é uma exceção a esse modelo padrão de regência: o seu objeto direto precisa ser dativo. Assim, a frase eu vejo você pode ser traduzida como Te video no Latim, usando a forma acusativa te como pronome da segunda pessoa, enquanto eu ajudo você seria traduzido para Tibi faveo, usando a forma dativa tibi. Preposições (além de posposição e circumposição, ex.: adposições) são como verbos em sua habilidade de reger o caso de seus complementos, e como vários verbos, varias adposições podem reger mais de um caso, com distintas interpretações.[carece de fontes]
Regência em Teorias da regência e da ligação
[editar | editar código-fonte]- A é um regente (um elemento léxico principal),
- A m-comanda B, e
- Não há barreiras de intervenção entre A e B.
Essa definição é explicada em mais detalhes na seção de regência do artigo teorias da regência e da ligação.
Regência amplamente construída
[editar | editar código-fonte]Alguém as vezes encontra definições de regência que são muito mais amplas do que este alguém tinha produzido. Regência é entendida como a obtenção de uma palavra e as constituintes que esta palavra precisa ou torna possível que apareçam.[11] Esse entendimento mais abrangente de regência é o que se encontra em varias gramáticas de dependência. uma dada palavra rege todas essas palavras as quais requerem ou permitem que apareça. A noção é de que varias palavras individuais em uma sentença dada podem aparecer apenas em virtude do fato de que outras palavras apareçam nessa sentença. Regência é definido como o seguinte:[carece de fontes]
A regência é obtida quando um elemento dominante (principal) A abre um espaço para um elemento dependente B.— [12]
De acordo com esta definição, a regência é obtida entre quaisquer duas palavras conectadas por uma dependência, a palavra dominante abre espaço para a palavra subordinada. A palavra dominante é o regente, e a subordinada é o regido. A arvore de dependências a seguir demonstra os regentes e os regidos: A palavra has rege Fred e ordered; em outras palavras, has é regente sobre seus regidos Fred e ordered. Similarmente, ordered rege dish e for, isso é, ordered é regente sobre seus regidos dish e for; Etc. Esse entendimento de regência é espalhado entre as dependências gramaticais.[13]
Regentes vs. elementos principais
[editar | editar código-fonte]A distinção entre os termos regente e elemento principal é uma fonte de confusão, dada as definições de regência produzidas acima. De fato, regente e elementos principais são conceitos que se sobrepõem. O regente e o elemento principal de uma palavra dada pode ser, muitas vezes, serem uma e a mesma outra palavra. O entendimento deses conceitos se torna difícil, entretanto, quando uma descontinuidade (linguística) é envolvida. O exemplo a seguir de uma descontinuidade w-fronting do alemão ilustra a dificuldade:
Wem denkst du haben sie geholfen? who-DAT think you have they helped? 'Who do you think they helped?'
Dois dos critérios mencionados acima para identificação de regentes (e regidos) são aplicaveis para o pronome interrogativo wem "whom". Este pronome recebe casos dativos do verbo geholfen "helped" (=caso de regência) e isto pode aparecer por virtude do fato de que geholfen aparece (=habilitando). Dadas estas observações, alguém pode fazer um argumento contundente de que geholfen é o regente de wem, embora as duas palavras sejam separadas entre si pelo resto da sentença. Devido a tais problemas, alguém às vezes distingue entre "elemento principal" e "regente".[14] Então enquanto o regente de wem é geholfen, o elemento principal de wem é considerado como sendo o verbo finito denkst "think". Em outras palavras, quando uma descontinuidade é obtida, alguém assume que o regente e o elemento principal (da palavra relevante) são distintos, entretanto eles são a mesma palavra. Exatamente como os termos "principais" e "regentes" são usados pode depender da teoria em particular ou da sintaxe que é empregada.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Dicionário prático de regência nominal
- Concordância gramatical
- Colocação
- Gramática de estrutura frasal
- Regência no Wikilivros
- Regência nominal no Wikilivros
- Regência verbal no Wikilivros
- ↑ Preti, Dino (2005). Discurso oral culto. Col: Projetos Paralelos. 2. Núcleo USP 3ª ed. São Paulo: Humanitas. p. 108. 224 páginas. ISBN 978-85-9829264-9. Consultado em 19 de junho de 2013
- ↑ Vecchi, Cristine; Izildinha Gleria, Maria (2007). Português para concursos públicos. São Paulo: Universo dos Livros. p. 80. 128 páginas. ISBN 978-85-6048054-8. Consultado em 19 de junho de 2013
- ↑ Aquino, Renato (2012). Gramática Objetiva Da Língua Portuguesa (recurso eletrônico) ed. [S.l.]: Elsevier Brasil. p. 257. 619 páginas. ISBN 978-85-3526327-5. Consultado em 19 de junho de 2013
- ↑ a b Cunha & Cintra 2010, p. 153
- ↑ Nemésio, Mau Tempo no Canal, (s.d.), p. 361 (citado por Cunha & Cintra, Nova Gramática, 2010, p. 153).
- ↑ Assis, Obra Completa, vol. I, 1959, p. 487 (citado por Cunha & Cintra, Nova Gramática, 2010, p. 153).
- ↑ Nogueira, Sérgio (3 de outubro de 2012). «"A nível de" ou "em nível de"? Saiba qual é o correto e quando usar». Dicas de Português. G1. Consultado em 20 de junho de 2013. Arquivado do original em 19 de outubro de 2013
- ↑ Paiva 2013
- ↑ Reinhart (1976), Aoun and Sportiche (1983), and Chomsky (1986) are three prominent sources that established important concepts in generative grammar such as c-command, m-command, and government.
- ↑ For definitions of government along the lines given here, see for instance van Riemsdijk and Williams (1987:231, 291) and Ouhalla (1994:169).
- ↑ For examples of government construed in this broad sense, see for instance Burton-Roberts (1986:41) and Wardbaugh (2003:84).
- ↑ The definition is taken from Jung (1995: 88) and translated from German.
- ↑ See for instance Tesnière (1959), Starosta (1988:21), Engel (1994), Groß and Osborne (2009), among many others.
- ↑ Concerning the distinction between heads and governors, see Groß and Osborne (2009: 51-56).
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Cunha, C; Cintra, L (2010). «7». Nova Gramática. do Português Contemporâneo 5ª ed. Rio de Janeiro: Lexikon. 762 páginas. ISBN 9788586368486
- Paiva, Marcelo (2013). Português Jurídico. [S.l.]: Leya. ISBN 978-85-6529524-6. Consultado em 19 de junho de 2013
- Luft, Celso P (2009). Dicionário Prático de Regência Nominal 5ª ed. [S.l.]: Ática. ISBN 978-85-0812764-1
- Allerton, D. 1979. Essentials of grammatical theory. London: Routledge & Kegan Paul.
- Aoun, J. and D. Sportiche 1983. On the formal theory of government. Linguistic Review 2, 211–236.
- Burton-Roberts, N. 1986. Analysing sentences: An introduction to English syntax. London: Longman.
- Chomsky, N. 1986. Barriers. Cambridge, MA: MIT Press.
- Engel, U. 1994. Syntax der deutschen Gegenwartssprache, 3rd revised edition. Berlin: Erich Schmidt.
- Groß, T. and T. Osborne 2009. Toward a practical dependency grammar theory of discontinuities. SKY Journal of Linguistics 22, 43-90.
- Harris, C. L. and Bates, E. A. 2002. Clausal backgrounding and pronominal reference: A functionalist approach to c-command. Language and Cognitive Processes 17, 3, 237-269.
- Jung, W.-Y. 1995. Syntaktische Relationen im Rahmen der Dependenzgrammatik. Hamburg: Buske.
- Lockwood, D. 2002. Syntactic analysis and description: A constructional approach. London: continuum.
- Ouhalla, J. 1994. Transformational grammar: From rules to principles and parameters. London: Edward Arnold.
- Reinhart, T. 1976. The syntactic domain of anaphora. Doctoral dissertation, MIT. (Available online at http://dspace.mit.edu/handle/1721.1/16400).
- Starosta, S. 1988. The case for Lexicase: An outline of Lexicase grammatical theory. New York: Pinter Publishers.
- Tesnière, L. 1959. Élément de syntaxe structural. Paris: Klincksieck.
- van Riemsdijk, H. and E. Williams. 1986. Introduction to the theory of grammar. Cambridge, MA: The MIT Press.
- Wardbaugh, R. 2003. Understanding English grammar, second edition. Malden, MA: Blackwell Publishing.