Parque Nacional do Monte Roraima
Parque Nacional do Monte Roraima | |
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Categoria II da IUCN (Parque Nacional) | |
Monte Roraima | |
Localização | Roraima, Brasil |
Dados | |
Área | 116 747,80 ha |
Criação | 28 de junho de 1989 |
Gestão | ICMBio |
Coordenadas | |
Parque Nacional do Monte Roraima foi criado em 28 de junho de 1989 pelo então presidente da república do Brasil José Sarney, através do Decreto nº 97.887. No parque encontram-se savanas, florestas de altitude e rios de correnteza forte. Também se localizam no parque algumas das mais antigas montanhas da terra, destacando-se o Monte Roraima, além da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.
Geografia
[editar | editar código-fonte]O Parque Nacional Monte Roraima fica no município de Uiramutã, no estado de Roraima.[1] Possui uma área de 116.747,80 hectares.[2]
O parque inclui parte da bacia do rio Cotingo, onde foram feitos planos para uma usina hidrelétrica. A área tem alto potencial para mineração, agricultura, pecuária e ecoturismo, o que resulta em tensão entre a população indígena e os fazendeiros e colonos.[3]
Topografia e hidrografia
[editar | editar código-fonte]O parque inclui parte da Serra de Pacaraima, que separam o Brasil da Venezuela e da Guiana. É nomeado por conta do Monte Roraima, o mais alto das montanhas tepui, com quase 3.000 metros de altitude, sendo um dos mais altos da cadeia Pacaraima. A montanha tem um topo plano que contém um monumento, o Marco da Triplice Fronteira, onde se encontram as fronteiras da Venezuela, Guiana e Brasil.[4]
As altitudes no parque variam de 920 a 2780 metros.[1] As montanhas geralmente são planas e orladas por penhascos íngremes e parcialmente desnudados, que são cercados por largos frontões cortados por ravinas que se fundem nos relevos dissecados mais baixos da cordilheira de Pacaraima. A Serra do Sol, ao sudeste, tem altitudes de até 2.400 metros.[1]
O parque contém as nascentes dos rios mais setentrionais que correm para o sul na bacia do rio Branco. Estes incluem o rio Cotingo, com suas nascentes no sopé do Monte Roraima, o rio Panari no extremo norte ao sul da serra Caburaí, o rio Maú, que forma a fronteira entre o Brasil e a Guiana, e o rio Uailan. perto das montanhas de Uailan.[1] Os rios Cotingo e Maú possuem trechos contínuos de corredeiras e cachoeiras, incluindo a cachoeira Garã Garã no Maú.[1]
Meio Ambiente
[editar | editar código-fonte]O Parque Nacional Monte Roraima está no bioma da Amazônia.[2] As temperaturas variam de 2 a 18°C com uma média de 10°C. A precipitação média anual é de 1.900 milímetros.[1] A região possui diversas paisagens ajudam a conservar a biodiversidade, embora careça de espaço.[5] Contém uma área de 9.900 hectares de savanas, 8,7% da área total. Esta área inclui florestas e pastagens.[6] A floresta inclui ecossistemas de planalto e montanhosos. O primeiro tem pequenas manchas de floresta densa com árvores emergentes, enquanto o segundo tem floresta densa com dossel fechado nas encostas, aberto nos cumes e áreas mais planas. Existem várias espécies endêmicas adaptadas ao clima severo da montanha, onde as temperaturas podem variar de 4 a 25°C em um período de 24 horas.[1]
História
[editar | editar código-fonte]O Parque Nacional Monte Roraima foi criado pelo decreto 97.887, de 28 de junho de 1989 e é administrado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[2] É classificado como categoria II da área protegida da IUCN (parque nacional). Os objetivos são a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, além de possibilitar pesquisas científicas, educação e interpretação ambiental, recreação em contato com a natureza e turismo ecológico.[1] Já em 1990, os países que participaram do Tratado de Cooperação Amazônica recomendaram a expansão ao sul do Parque Nacional Canaima, na Venezuela, para conectá-lo ao Parque Nacional de Monte Roraima, com uma gestão coordenada do turismo, pesquisa e conservação.[7]
O plano de manejo foi finalizado em maio de 2000.[1] Devido à falta de dinheiro, o parque ainda existia apenas no papel até 2001, quando as Nações Unidas forneceram dinheiro para implementar e administrar parques brasileiros. Os indígenas ficaram preocupados quando o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) começou a implementar o plano de manejo.[8] Isso incluiu a construção de um edifício sede e, potencialmente, a remoção dos povos indígenas ingarikó e macushi do parque. Esses povos usaram a área por muitos anos para caça, agricultura e práticas religiosas. O conflito era difícil de resolver, uma vez que o desocupamento do parque exigiria uma grande mudança legislativa, assim como permitiria que os povos indígenas usassem o parque.[9]
Devido a disputas de terras e o movimento para criar o território indígena de Raposa Serra do Sol, o plano de manejo não foi ratificado pelo ICMBio. A partir de 2002, técnicos do IBAMA trabalharam com os ingarikó na área. Em 15 de abril de 2005, a área foi totalmente destinada à Fundação Nacional do Índio (FUNAI) por meio do dispositivo legal de "dupla afetação" criado pelo governo federal com reconhecimento da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.[1] Nos termos do decreto de 15 de abril de 2005, os limites da Terra Indígena Raposa Serra do Sol foram ratificados e o Parque Nacional do Monte Roraima tornou-se propriedade pública da União com o papel de manter os direitos constitucionais dos índios e preservar o meio ambiente.[10]
- ↑ a b c d e f g h i j Unidade de Conservação ... MMA.
- ↑ a b c Parna do Monte Roraima – Chico Mendes.
- ↑ Furley 2002, p. 202.
- ↑ Victor 2014, p. 295.
- ↑ Kanamala 2011, p. 33.
- ↑ Kanamala 2011, p. 29.
- ↑ McNeely & Harrison 1994, p. 377.
- ↑ Hillstrom & Hillstrom 2004, p. 72.
- ↑ Hillstrom & Hillstrom 2004, p. 73.
- ↑ Ghai & Cottrell 2009, p. 80.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Furley, Peter A. (11 de setembro de 2002), The Forest Frontier: Settlement and Change in Brazilian Roraima, ISBN 978-1-134-95043-0, Routledge, consultado em 8 de junho de 2016
- Ghai, Yash; Cottrell, Jill (16 de dezembro de 2009), Marginalized Communities and Access to Justice, ISBN 978-1-135-23613-7, Routledge, consultado em 8 de junho de 2016
- Hillstrom, Kevin; Hillstrom, Laurie Collier (2004), Latin America and the Caribbean: A Continental Overview of Environmental Issues, ISBN 978-1-57607-690-3, ABC-CLIO, consultado em 8 de junho de 2016
- Kanamala, Nikhil (3 de maio de 2011), Roraima, Brazilian Amazon - Case Study, Nikhil Kanamala, GGKEY:8YS3NY6ENK8, consultado em 8 de junho de 2016
- McNeely, Jeffrey A.; Harrison, Jeremy (1994), Protecting Nature: Regional Reviews of Protected Areas, ISBN 978-2-8317-0119-6, IUCN, consultado em 8 de junho de 2016
- Parna do Monte Roraima, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, consultado em 7 de junho de 2016
- Unidade de Conservação: Parque Nacional do Monte Roraima, MMA: Ministério do Meio Ambiente, consultado em 7 de junho de 2016
- Victor, Italo (15 de setembro de 2014), The great Amazonia, ISBN 978-1-326-01651-7, Lulu.com, consultado em 8 de junho de 2016