Papa-piri
Papa-piri | |||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Estado de conservação | |||||||||||||||
Espécie pouco preocupante Pouco preocupante (IUCN3.1) [1] | |||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||
| |||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||
O papa-piri (Tachuris rubrigastra), é uma espécie de ave passeriforme da família Tachurisidae. É o único membro do gênero Tachuris e suas relações com outras espécies são incertas. É nativo do centro sul e da região andina do centro-oeste da América do Sul.
Etimologia
[editar | editar código-fonte]O nome gênero “Tachuris” deriva do guarani “tachurí, tarichú”: que designa várias pequenas aves comedoras de insetos;[5] e o nome da espécie “rubrigastra”, vem do latim “ruber, rubra”: vermelho e “gaster, gasteris”: ventre; significando «de ventre vermelho».[6]
Distribuição e hábitat
[editar | editar código-fonte]Se encontra nos seguintes países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Paraguai e Peru.[7]
Habita zonas úmidas e inundáveis próximos a rios e lagos. Está associado às plantas herbáceas aquáticas do gênero Scirpus. Ocorre desde o nível do mar até os 4100 m de altitude nos Andes.[8][9]
Descrição
[editar | editar código-fonte]Mede entre 10 e 11,5 cm e é muito colorido. A coroa é preta com uma faixa central vermelha (quase sempre oculta) e uma listra superciliar dourada dos dois lados. A lateral do rosto tem um triângulo azul-escuro desde o bico até os auriculares. As costas são verdes; a barriga é de um amarelo brilhante; o pescoço é branco; exibe uma banda preta ao redor do peito; o crisso é avermelhado. A cauda é curta com retrizes centrais pretas, as seguintes pretas com ponta branca e as retrizes exteriores brancas (mais evidentes em voo); as asas são pequenas e arredondadas, as coberteiras são cinza, as primárias cinza-pardo, as secundárias com borda branca formando uma larga linha transversal branca. Patas pretas, bico preto fino, olhos azul-celeste. A fêmea exibe cores mais suaves e os jovens são menos coloridos que os adultos. As aves que vivem em altitudes maiores (Andes) são ligeiramente maiores e com as listras superciliares mais largas, enquanto as aves da costa peruana podem ser mais esbranquiçadas por baixo e com as listras superciliares mais esverdeadas.[8][9]
Comportamento
[editar | editar código-fonte]Se move incansavelmente dentro da cobertura de juncos e taboas e muitas vezes é difícil de ser visto. Ocasionalmente aparece à beira da água para alimentar-se e no início da manhã se acomoda em lugares mais abertos.[8]
Alimentação
[editar | editar código-fonte]Sua dieta consiste de insetos e pequenos invertebrados que encontra em seu hábitat, que caça movendo-se de taboa em taboa em voos curtos e dando pequenos saltos.[9]
Reprodução
[editar | editar código-fonte]Nidifica entre setembro e dezembro. Constrói um ninho feito de tiras de juncos secos, formando uma taça amarrada a um ramo de taboa, a uns 50 cm da água. Põe 2 ovos amarelados que medem 16x13 mm.[9]
Taxonomia
[editar | editar código-fonte]A espécie T. rubrigastra foi descrita pela primeira vez pelo naturalista francês Louis Jean Pierre Vieillot em 1817 sob o nome científico Sylvia rubrigastra.[10]
O gênero monotípico Tachuris foi descrito pelo naturalista francês Frédéric de Lafresnaye em 1836.[3]
As relações deste gênero com o resto da família Tyrannidae sempre foram incertas. Os amplos estudos genético-moleculares realizados por Tello et al. (2009) descobriram uma grande quantidade de relações inovadoras dentro da família Tyrannidae que todavia não estam refletidos na maioria das classificações.[11] O diagnóstico para Tachuris foi que os estudos moleculares demostraram consistentemente que o gênero pertence a uma linhagem antiga e isolada com relação a Rhynchocyclidae e Tyrannidae, porém não associado a nenhum deles nem ambiguamente. A idade estimada, mesmo que inconclusiva devido à baixa resolução dos dados, aponta para uma idade entre 25 e 28 milhões de anos. Tanto em morfologia como em comportamento, Tachuris é um dos membros mais diferenciados da parvordem Tyrannida. Seguindo esses estudos, Ohlson et al. (2013) propuseram dividir Tyrannidae em cinco famílias, entre as quais Tachurididae Ohlson, Irestedt, Ericson & Fjeldså, 2013 exclusiva para o presente gênero.[2] O Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO) e Avibase adotam a dita família,[12][13] enquanto a American Ornithologists' Union aguarda propostas para analisar as alterações.[14]
Foi proposto que o nome Tachurididae estaria errado por não obedecer à raiz do mesmo: Tachuris, e foi sugerido sua alteração para Tachurisidae, de acordo com Franz (2015).[15] O CBRO já adota o novo nome.[13]
Cladograma proposto para a família Tachurisidae
[editar | editar código-fonte]De acordo com Ohlson et al. 2013, a posição da família fica assim:[2]
Parvorden Tyrannida |
| |||||||||||||||||||||||||||||||||
Subespécies
[editar | editar código-fonte]Segundo a classificação do Congresso Ornitológico Internacional (IOC)[16] e a Lista de Clements v.2017,[17] se reconhecem quatro subespécies, com sua correspondente distribuição geográfica:[10]
- Tachuris rubrigastra libertatis Hellmayr, 1920 - oeste do Peru (Liberdade para o sul até Lima e norte de Ica).
- Tachuris rubrigastra alticola (Berlepsch & Stolzmann, 1896) - centro e sudeste do Peru (Junín para o sul até Puno), oeste da Bolívia (La Paz, Oruro) e noroeste da Argentina (Jujuy a Tucumán).
- Tachuris rubrigastra loaensis Philippi Bañados & Johnson, AW, 1946 - norte do Chile (Antofagasta na confluência dos rios Loa e [San Salvador).
- Tachuris rubrigastra rubrigastra (Vieillot, 1817) - Paraguai, sudeste do Brasil (sul de São Paulo até o Rio Grande do Sul), Uruguai, Argentina (Misiones, e desde Santa Fe a Buenos Aires e para o sul até Santa Cruz); centro e oeste do Chile (Atacama para o sul até Chiloé e Aysén).
- ↑ «IUCN red list Tachuris rubrigastra». Lista vermelha da IUCN. Consultado em 13 de maio de 2022
- ↑ a b c Predefinição:Ohlson et al., 2013
- ↑ a b Zoonomen Nomenclatural data (2013) Alan P. Peterson. Ver Tachuris en Tyrannidae. Consultado em 12 de janeiro de 2018.
- ↑ Predefinição:Vieillot, 1817-11
- ↑ Jobling, J. A. (2017). Tachuris Key to Scientific Names in Ornithology (em inglês). Em: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona. Consultado em 11 de janeiro de 2018.
- ↑ Jobling, J. A. (2017) rubrigastra Key to Scientific Names in Ornithology (em inglês). Em: del Hoyo, J., Elliott, A., Sargatal, J., Christie, D.A. & de Juana, E. (eds.). Handbook of the Birds of the World Alive. Lynx Edicions, Barcelona. Consultado em 11 de janeiro de 2018.
- ↑ «Papa-piri». Lista Vermelha da IUCN de espécies ameaçadas da UICN 2024 (em inglês). ISSN 2307-8235
- ↑ a b c Ridgely, Robert & Tudor, Guy. 2009. Tachuris rubrigastra, p. 413, prancha 43(10), em Field guide to the songbirds of South America: the passerines – 1a. edição – (Mildred Wyatt-World series in ornithology). University of Texas Press, Austin. ISBN 978-0-292-71748-0
- ↑ a b c d Tachuris rubrigastra em Aves de Chile. Consultado em 14 de setembro de 2015.
- ↑ a b Many-coloured Rush-tyrant (Tachuris rubrigastra) em Handbook of the Birds of the World - Alive (em inglês). Consultado em 12 de janeiro de 2018.
- ↑ Predefinição:Tello et al., 2009
- ↑ Sietecolores Tachuris rubrigastra (Vieillot, 1817) em Avibase. Consultado em 13 de setembro de 2015.
- ↑ a b «CBRO 2015» (PDF). Consultado em 5 de novembro de 2020
- ↑ Part 8. Suboscine Passeriformes, C (Tyrannidae to Tityridae) Ver Nota 1 em Tyrannidae em A Classification of the Bird Species of South America - South American Classification Committee - American Ornithologists' Union (em inglês) Consultado em 23 de setembro de 2015.
- ↑ Franz, Ismael 2015. «A family-group name correction in Aves: Tachurisidae instead of Tachurididae Ohlson, Irestedt, Ericson & Fjeldså, 2013» Zootaxa 3941 (4): 593–594
- ↑ Predefinição:IOC2017 Tyrannidae
- ↑ Predefinição:Clements v2017