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Ansiolítico

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
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Ansiolíticos, ou ansionomilíticos, são drogas, sintéticas ou não, usadas para diminuir a ansiedade e a tensão, com um efeito calmante,[1] descobertos em 1950, e afetam áreas do cérebro que controlam a ansiedade e o estado de alerta relaxando os músculos. Em pequenas doses recomendadas por médicos, não causam danos físicos ou mentais. Tiveram um crescimento entre 1960 e 1980. Nesse período, mais de 10% da população no Brasil consumia ansiolíticos de maneira regular ou esporádica.[2]

O termo sedativo é sinônimo de calmante ou sedante. Um medicamento hipnótico ou sonífero deve produzir sonolência e estimular o início e a manutenção de um estado de sono que se assemelhe o mais possível ao estado do sono natural. Os efeitos hipnóticos envolvem uma depressão mais profunda do sistema nervoso central (SNC) do que a sedação, o que pode ser obtido com a maioria dos medicamentos sedativos, aumentando-se simplesmente a dose. A depressão gradativa dose-dependente da função do SNC constitui uma característica dos agentes sedativos-hipnóticos, na seguinte ordem: sedação, hipnose, anestesia, efeitos sobre a respiração/função cardiovascular e coma. Cada medicamento difere na relação entre a dose e o grau de depressão do SNC.

São exemplos de Ansiolíticos:

Os ansiolíticos podem ser consumidos oralmente e com seringas que só são usadas em hospitais para sedar um paciente.

Uma pessoa que usa ansiolíticos por um longo período pode adquirir dependência do medicamento. Os ansiolíticos prejudicam principalmente mulheres grávidas podendo causar má formação do feto.O efeito desta droga é aumentado se consumido juntamente com álcool, pelo que a ingestão conjunta das duas não é aconselhável.[3]

Mecanismos de ação

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A ligação do ácido y-aminobutírico (GABA) a seu receptor na membrana celular provoca abertura de um canal de cloreto, que culmina em aumento da condutância ao cloreto. O influxo de íons cloreto causa discreta hiperpolarização, a qual afasta o potencial de membrana pós-sináptico de seu limiar de excitabilidade e, assim, inibe a formação de potenciais de ação. Os benzodiazepínicos ligam-se a sítios específicos, de alta afinidade, localizados na membrana celular, que são distintos, porém adjacentes ao receptor de GABA. 

Plantas calmantes, emolientes, peitorais Larousse Medical Illustré[4]

Os receptores para benzodiazepínicos são encontrados somente no sistema nervoso central (SNC), e sua localização corresponde à dos neurônios GABA. A ligação de benzodiazepínicos aumenta a afinidade dos receptores de GABA com este neurotransmissor, ocasionando abertura mais frequente dos canais de cloreto adjacentes. Este fato, por sua vez, acarreta aumento da hiperpolarização e posterior inibição da despolarização do neurônio.

Plantas calmantes

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Algumas plantas possuem propriedades ansiolíticas ou calmantes, por mecanismos diversos.[5][6] Apesar do uso tradicional, os elementos ativos e a relação de sua estrutura-atividade ainda são objeto de pesquisa, e não foram completamente elucidados. Alguns resultados apontam, entre as substâncias presentes, para os alcalóides, flavonóides e ácidos fenólicos, lignanos, cinamatos, terpenos e saponinas que por sua vez possuem efeitos ansiolíticos em uma ampla variedade de modelos animais de ansiedade a exemplo dos mecanismos de interacção com os receptores de ácido γ-aminobutírico (GABA); receptores serotoninérgicos compatíveis com a 5-hidroxitriptamina (5-HT) 1A e 5-HT2A; sistemas noradrenérgicos e dopaminérgicos, receptores de glicina e glutamato; o receptor opióide-κ, e receptores canabinoides (CB) 1 e CB2.[7][8]

Entre as plantas mais estudadas estão as que produzem óleos essenciais como a Lavandula angustifolia, o Citrus aurantium;[9] a Melissa officinalis;[10] diversas espécies de mulungu (Erythrina)[11][12][13]; as reconhecidas: valeriana (Valeriana officinalis),[14][15] camomila (Matricaria chamomilla L.)[16] e passifloras,[17][18][19] além da tradicional planta indiana Rauwolfia serpentina (Sarpagandha) conhecida pela presença do alcalóide reserpina, um dos primeiros tranquilizantes utilizados para tratamento das psicoses.[20][21]

Referências
  1. INFARMED. Ansiolíticos, sedativos e hipnóticos http://www.infarmed.pt/prontuario/framenavegaarvore.php?id=49 Arquivado em 24 de setembro de 2015, no Wayback Machine. Aces. Fev. 2016
  2. AZEVEDO, Ângelo José Pimentel de, Araújo, AURIGENA, Antunes de; FERREIRA, Maria Ângela Fernandes. Consumo de ansiolíticos benzodiazepínicos: uma correlação entre dados do SNGPC e indicadores sociodemográficos nas capitais brasileiras. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2016, v. 21, n. 1 [Acessado 14 Agosto 2019] , pp. 83-90. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-81232015211.15532014>. Epub Jan 2016. ISSN 1678-4561. https://doi.org/10.1590/1413-81232015211.15532014.
  3. INFARMED. Lexotan / Bromazepam http://www.infarmed.pt/infomed/download_ficheiro.php?med_id=5012&tipo_doc=fi Aces. Fev. 2015
  4. Galtier-Boissière (org.). Plantas calmantes, emolientes, peitorais Larousse Medical Illustré, Paris, 1912. p.175
  5. SOUSA, Francisca C. F. et al . Plantas medicinais e seus constituintes bioativos: uma revisão da bioatividade e potenciais benefícios nos distúrbios da ansiedade em modelos animais. Rev. bras. farmacogn., João Pessoa , v. 18, n. 4, p. 642-654, Dec. 2008 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2008000400023&lng=en&nrm=iso>. access on 30 Aug. 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2008000400023
  6. SOUSA,Rodrigo Francisco de; OLIVEIRA,Ykaro Richard; CALOU,Iana Bantim Felício. Ansiedade: aspectos gerais e tratamento com enfoque nas plantas com potencial ansiolítico. Revinter, v. 11, n. 01, p. 33-54, fev. 2018.doi: http://dx.doi.org/10.22280/revintervol11ed1.327 PDF Acesso14 de agosto de 2019
  7. Farzaei MH, Bahramsoltani R, Rahimi R, Abbasabadi F, Abdollahi M. A systematic review of plant-derived natural compounds for anxiety disorders. Curr Top Med Chem. 2016 Feb 4 Abstract Aces. Fev. 2016
  8. PETENATTI, Marta E. et al . Evaluation of macro and microminerals in crude drugs and infusions of five herbs widely used as sedatives. Rev. bras. farmacogn., Curitiba , v. 21, n. 6, p. 1144-1149, dez. 2011 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2011000600027&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 24 fev. 2016. Epub 29-Jul-2011. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2011005000129.
  9. SOUSA, Damião Pergentino de; HOCAYEN, Palloma de Almeida Soares; ANDRADE, Luciana Nalone; Roberto ANDREATINI; A Systematic Review of the Anxiolytic-Like Effects of Essential Oils in Animal Models. Molecules 2015, 20(10), 18620-18660; doi:10.3390/molecules201018620 http://www.mdpi.com/1420-3049/20/10/18620
  10. Taiwo AE, Leite FB, Lucena GM, et al. Anxiolytic and antidepressant-like effects of Melissa officinalis (lemon balm) extract in rats: Influence of administration and gender. Indian Journal of Pharmacology. 2012;44(2):189-192. doi:10.4103/0253-7613.93846. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3326910/
  11. ALMEIDA, Emanuel Eustáquio. Caracterização farmacognóstica da espécie Erythrina falcata Benth., Fabaceae. Rev. bras. farmacogn., Curitiba , v. 20, n. 1, p. 100-105, Mar. 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2010000100020&lng=en&nrm=iso>. access on 24 Feb. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2010000100020.
  12. SERRANO, Maria Amélia Rodrigues et al . Anxiolytic-like effects of erythrinian alkaloids from erythrina suberosa. Quím. Nova, São Paulo , v. 34, n. 5, p. 808-811, 2011 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-40422011000500015&lng=en&nrm=iso>. access on 24 Feb. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0100-40422011000500015.
  13. PODEROSO, J.C.M. et al . Primeiro registro no Brasil de Erythrina velutina Willd. como hospedeira de Tetranychus neocaledonicus (Acari: Tetranychidae). Rev. bras. plantas med., Botucatu , v. 12, n. 3, p. 398-401, Sept. 2010 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-05722010000300017&lng=en&nrm=iso>. access on 24 Feb. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-05722010000300017.
  14. You J-S, Peng M, Shi J-L, et al. Evaluation of anxiolytic activity of compound Valeriana jatamansi Jones in mice. BMC Complementary and Alternative Medicine. 2012;12:223. doi:10.1186/1472-6882-12-223. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3526556/
  15. ALEXANDRE, Rodrigo F.; BAGATINI, Fabíola; SIMOES, Cláudia M. O.. Potenciais interações entre fármacos e produtos à base de valeriana ou alho. Rev. bras. farmacogn., João Pessoa , v. 18, n. 3, p. 455-463, set. 2008 . Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2008000300021&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 24 fev. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2008000300021.
  16. CE, Archana. An Investigation of Antianxiety Effect of Alcoholic Flower Extract of Matricaria Chamomilla l in Mice.. Asian Journal of Pharmacology and Toxicology, [S.l.], v. 1, n. 01, p. Page Numbers: 1-7, sep. 2013. ISSN 2347-3886. Available at: <http://www.literatipublishers.com/Journals/index.php?journal=AJP&page=article&op=view&path%5B%5D=12&path%5B%5D=10>. Date accessed: 24 Feb. 2016. doi:10.15272/ajpt.v1i01.12.
  17. SANTOS, Kely Cristina dos et al . Sedative and anxiolytic effects of methanolic extract from the leaves of Passiflora actinia. Braz. arch. biol. technol., Curitiba , v. 49, n. 4, p. 565-573, July 2006 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-89132006000500005&lng=en&nrm=iso>. access on 24 Feb. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S1516-89132006000500005.
  18. SANTOS Kely Cristina dos. Atividades sedativa e ansiolítica dos extratos de Passiflora actinia Hooker, PASSIFLORACEAE. Dissertação (Mestrado) apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas do Setor de Ciências da Saúde, da Universidade Federal do Paraná. Orientador: Prof. Dr. Cid Aimbiré de Moraes Santos; Maria M.Weffort de Oliveira. Curitiba, 2003 PDF Acesso. Fev. 2016
  19. PROVENSI, Gustavo. Investigação da atividade ansiolítica de passiflora alata curtis (passifloraceae). Dissertação de Mestrado. Orientador: Rates, Stela Maris Kuze, Co-orientador: Gosmann, Grace Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Faculdade de Farmácia. Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas. RGS, 2007 PDF Aces, Fev. 2016
  20. HIMWICH, Harold E. As novas drogas psiquiátricas. In Psicobiologia, as bases biológicas do comportamento, textos do Scientific American. SP Poligno, 1970
  21. MENDONCA NETTO, Sueli et al . Anxiolytic-like effect of Rauvolfia ligustrina Willd: ex Roem. & Schult., Apocynaceae, in the elevated plus-maze and hole-board tests. Rev. bras. farmacogn., João Pessoa , v. 19, n. 4, p. 888-892, Dec. 2009 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-695X2009000600017&lng=en&nrm=iso>. access on 24 Feb. 2016. http://dx.doi.org/10.1590/S0102-695X2009000600017.

Ligações externas

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  • «Ansiolíticos». Infodrogas. Instituto de Medicina Social e de Criminologia de São Paulo (IMESC); Portal do Governo do Estado de São Paulo. Consultado em 19 de janeiro de 2010. Arquivado do original em 19 de janeiro de 2010 
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