[go: up one dir, main page]

Saltar para o conteúdo

M-Health

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A M-Health (ou saúde móvel) é um campo emergente que se refere ao uso de dispositivos móveis, como smartphones, tablets e dispositivos vestíveis, para fornecer serviços de saúde e promover o bem-estar[1]. Esse conceito abrange uma ampla gama de aplicativos e tecnologias que têm o objetivo de melhorar a qualidade dos cuidados de saúde, aumentar o acesso aos serviços médicos e incentivar os indivíduos a cuidarem da própria saúde[2].

A M-Health aproveita a onipresença e a conectividade dos dispositivos móveis para facilitar a coleta de dados de saúde, o monitoramento remoto, o diagnóstico, o tratamento e a promoção da saúde[3].

  • Monitoramento de saúde;
  • Registros médicos eletrônicos;
  • Gerenciamento de doenças crônicas;
  • Promoção da saúde e prevenção de doenças;
  • Educação médica e treinamento;
  • Monitoramento de medicamentos e adesão ao tratamento;
  • Aconselhamento e suporte para mudanças de estilo de vida;
  • Monitoramento ambiental e de saúde pública;

Além disso, a M-Health tem o potencial de superar barreiras geográficas e financeiras, permitindo que pessoas em áreas remotas ou com recursos limitados acessem cuidados médicos de qualidade. Através da telemedicina e consultas remotas, os pacientes podem receber atendimento médico virtualmente, economizando tempo e custos de viagem[3].

Os serviços M-Health estão se tornando cada vez mais populares e enfrentam obstáculos no que diz respeito à garantia da segurança dos dados pessoais dos usuários[4], no entanto, apesar das atuais restrições legais em relação à regulamentação do processo de concepção, desenvolvimento, avaliação de risco-benefício e garantia da proteção das informações, é essencial superar essas barreiras para garantir a ampla adoção desses serviços[5] e, para isso, alguns países implementaram leis que regulamentam a proteção de dados e os direitos dos indivíduos.

No Brasil há as seguintes leis[6]:

  • Lei nº 13.709, de 14 de agosto de 2018: Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais;
  • Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014 - Marco Civil da Internet - Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil.
  • Resolução nº 1.643/2002 - Regulamentação da telemedicina no Brasil.

Nos Estados Unidos há a Lei Federal de Responsabilidade e Portabilidade de Seguros de Saúde (Health Insurance Portability and Accountability Act, HIPAA), de 1996, sendo o suporte legislativo da regulamentação dos dados digitais em saúde[4][7].

Além dos aspectos éticos envolvidos, existem obstáculos que dizem respeito à aceitação e o acesso à tecnologia. As tecnologias móveis têm um potencial maior de progresso quando sua implementação é feita em harmonia com os sistemas de saúde, levando em consideração tanto os desafios de locais regulatórios, questões legais, tecnológicas, financeiras, organizacionais e humanas[4][8]. As limitações sociais também devem ser consideradas, tendo em vista que, muitos pacientes não possuem os dispositivos, infraestrutura adequada para a conectividade e conhecimento técnico para utilizar a ferramenta[9].

M-Health na Saúde Auditiva

[editar | editar código-fonte]

A deficiência auditiva pode impactar significativamente na qualidade de vida do indivíduo, levando à dificuldades de comunicação, saúde mental e interação social, diante disso, o Relatório Mundial da Saúde, desenvolvido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), destaca que há uma necessidade de intensificar os esforços visando a prevenção e tratamento da perda auditiva, investindo e expandindo o acesso a serviços de saúde auditiva[2][10]. A tecnologia móvel tem desempenhado um papel cada vez mais importante na área da saúde, e na saúde auditiva não é exceção.

Triagem auditiva

[editar | editar código-fonte]

A identificação da deficiência auditiva envolve procedimentos de triagem ou rastreio auditivo que devem ser de fácil aplicação, rápidos e validados e uma das aplicações mais comuns da M-Health na saúde auditiva é a utilização de aplicativos móveis que realizam esses procedimentos[2]. Esses aplicativos podem realizar testes de audição simples, permitindo que os usuários avaliem seu próprio nível de audição e identifiquem possíveis dificuldades auditivas[11][12][13][14]. Além disso, trata-se de um recurso de fácil e rápida aplicação e baixo custo[15]. Importante ressaltar que os aplicativos que possuem a finalidade de realizar a triagem auditiva devem ser pautados em evidências científicas com critérios de aplicação e de acurácia[2].

A aplicação de triagens auditivas em dispositivos móveis pode ser viável, principalmente no contexto das Unidades Básicas de Saúde, com o objetivo de promover o cuidado em indivíduos com risco para perda auditiva, e aqueles que possuem acesso limitado a serviços especializados de saúde auditiva, mas ainda sim, é de extrema importância a realização da audiometria tonal, sendo o padrão ouro para o diagnóstico auditivo[16][17].

Reabilitação auditiva

[editar | editar código-fonte]

A M-Health na saúde auditiva também oferece soluções de reabilitação, através de aplicativos móveis que podem fornecer exercícios e treinamento das habilidades auditivas, como figura-fundo, fechamento, memória, discriminação, ordenação e resolução temporal, atenção, entre outras. A utilização dos recursos tecnológicos possibilitam a padronização dos estímulos utilizados, no entanto, cabe destacar que deve-se estabelecer um controle acústico e a variação de estímulos, além de levar em consideração as diferentes habilidades auditivas, para realizar adequadamente a reabilitação por meio de tecnologias[2].

Aparelhos de amplificação sonora (AASI)[2][18]

[editar | editar código-fonte]

A tecnologia móvel ainda está presente no uso de aparelhos de amplificação sonora (AASI), a integração de recursos móveis nos aparelhos auditivos amplia suas funcionalidades e oferece benefícios adicionais aos usuários.

  • Conectividade Bluetooth: A tecnologia Bluetooth permite que os aparelhos auditivos se conectem a smartphones, tablets e outros dispositivos compatíveis. Isso permite a transmissão direta de áudio, como chamadas telefônicas, música ou outros conteúdos multimídia, para os aparelhos auditivos. A conectividade Bluetooth também pode ser usada para controlar os ajustes dos aparelhos auditivos por meio de aplicativos móveis.
  • Aplicativos móveis: Os aplicativos móveis permitem que os usuários possam controlar e personalizar seus aparelhos auditivos usando seus smartphones. Esses aplicativos permitem ajustar o volume, trocar programas auditivos, modificar as configurações de equalização e. Além disso, eles podem fornecer informações sobre o status da bateria, o tempo de uso e outras estatísticas relevantes.
  • Localização: Alguns aplicativos móveis para aparelhos auditivos podem usar recursos de geolocalização para armazenar configurações personalizadas com base na localização do usuário. Por exemplo, as configurações do aparelho auditivo podem ser ajustadas automaticamente quando o usuário chega em casa, no trabalho ou em outros locais predefinidos.
  • Atualizações: Os usuários podem receber melhorias de desempenho, correções de bugs e novos recursos diretamente em seus aparelhos auditivos, sem a necessidade de visitar um centro de atendimento ou enviar seus dispositivos para atualização.

A M-Health ainda oferece opções de tratamento e gerenciamento do zumbido, como os aplicativos móveis de terapia sonora, cujo objetivo é oferecer uma variedade de sons, como ruído branco, sons da natureza ou melodias suaves que podem auxiliar da redução da percepção do zumbido, além disso, pode-se utilizar o método de mascaramento e exercícios relaxantes, no entanto, esses aplicativos ainda são poucos suportados por evidências científicas[19][20].

Promoção em Saúde Auditiva

[editar | editar código-fonte]

Através de aplicativos móveis, as pessoas podem acessar informações educacionais sobre saúde auditiva, aprender sobre práticas de proteção auditiva e obter orientações sobre como manter a saúde auditiva. Essas ferramentas podem aumentar a conscientização sobre a importância da audição e promover a adoção de medidas preventivas[21].

É importante ressaltar que a M-Health na saúde auditiva não substitui a consulta a profissionais qualificados. Os aplicativos e dispositivos móveis podem ser uma ferramenta complementar valiosa, mas é fundamental que um diagnóstico e tratamento adequados sejam realizados por profissionais de saúde auditiva treinados, como fonoaudiólogos e médicos otorrinolaringologistas.

Referências
  1. a b Medeiros, Rodrigo Azevedo de; Leite, Cicilia Raquel Maia; Guerreiro, Ana Maria Guimarães; Rosa, Suélia de Siqueira Rodrigues Fleury (2017). «M-Health : definição, interesses, desafios e futuro». Consultado em 9 de junho de 2023 
  2. a b c d e f Balen, Sheila Andreoli; Brazorotto, Joseli Soares (24 de junho de 2022). Tecnologias em audiologia: perspectivaspara a atuação fonoaudiológica. [S.l.]: SEDIS_UFRN 
  3. a b Naseer Qureshi, Kashif; Din, Sadia; Jeon, Gwanggil; Piccialli, Francesco (1 de outubro de 2020). «An accurate and dynamic predictive model for a smart M-Health system using machine learning». Information Sciences (em inglês): 486–502. ISSN 0020-0255. doi:10.1016/j.ins.2020.06.025. Consultado em 9 de junho de 2023 
  4. a b c Marengo, Lívia Luize; Kozyreff, Alan Martinez; Moraes, Fabio da Silva; Maricato, Laura Inês Gomes; Barberato-Filho, Silvio (24 de maio de 2022). «Tecnologias móveis em saúde: reflexões sobre desenvolvimento, aplicações, legislação e ética». Revista Panamericana de Salud Pública. 1 páginas. ISSN 1020-4989. PMC PMC9128660Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 35620177. doi:10.26633/RPSP.2022.37. Consultado em 14 de junho de 2023 
  5. Pool, Javad; Akhlaghpour, Saeed; Fatehi, Farhad (setembro de 2020). «Towards a contextual theory of Mobile Health Data Protection (MHDP): A realist perspective». International Journal of Medical Informatics (em inglês). 104229 páginas. doi:10.1016/j.ijmedinf.2020.104229. Consultado em 14 de junho de 2023 
  6. «Legislação». Governo Digital. Consultado em 14 de junho de 2023 
  7. Theodos, Kim; Sittig, Scott (2021). «Health Information Privacy Laws in the Digital Age: HIPAA Doesn't Apply». Perspectives in Health Information Management (Winter): 1l. ISSN 1559-4122. PMC 7883355Acessível livremente. PMID 33633522. Consultado em 14 de junho de 2023 
  8. LeRouge, Cynthia M.; Gupta, Manjul; Corpart, Guillaume; Arrieta, Alejandro (fevereiro de 2019). «Health System Approaches Are Needed To Expand Telemedicine Use Across Nine Latin American Nations». Health Affairs (em inglês) (2): 212–221. ISSN 0278-2715. doi:10.1377/hlthaff.2018.05274. Consultado em 14 de junho de 2023 
  9. Bommakanti, Krishna K.; Smith, Laramie L.; Liu, Lin; Do, Diana; Cuevas-Mota, Jazmine; Collins, Kelly; Munoz, Fatima; Rodwell, Timothy C.; Garfein, Richard S. (dezembro de 2020). «Requiring smartphone ownership for mHealth interventions: who could be left out?». BMC Public Health (em inglês) (1). ISSN 1471-2458. PMC PMC6971938Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 31959145. doi:10.1186/s12889-019-7892-9. Consultado em 14 de junho de 2023 
  10. «World report on hearing». www.who.int (em inglês). Consultado em 15 de junho de 2023 
  11. Potgieter, Jenni-Marí; Swanepoel, De Wet; Myburgh, Hermanus Carel; Hopper, Thomas Christopher; Smits, Cas (2 de julho de 2016). «Development and validation of a smartphone-based digits-in-noise hearing test in South African English». International Journal of Audiology (em inglês) (7): 405–411. ISSN 1499-2027. doi:10.3109/14992027.2016.1172269. Consultado em 15 de junho de 2023 
  12. Louw, Christine; Swanepoel, De Wet; Eikelboom, Robert H.; Myburgh, Hermanus C. (março de 2017). «Smartphone-Based Hearing Screening at Primary Health Care Clinics». Ear & Hearing (em inglês) (2): e93–e100. ISSN 0196-0202. doi:10.1097/AUD.0000000000000378. Consultado em 15 de junho de 2023 
  13. Corona, Ana Paula; Ferrite, Silvia; Bright, Tess; Polack, Sarah (1 de setembro de 2020). «Validity of hearing screening using hearTest smartphone-based audiometry: performance evaluation of different response modes». International Journal of Audiology (em inglês) (9): 666–673. ISSN 1499-2027. doi:10.1080/14992027.2020.1731767. Consultado em 15 de junho de 2023 
  14. Balen, Sheila Andreoli; Vital, Bianca Stephany Barbosa; Pereira, Rhadimylla Nágila; Lima, Taise Ferreira de; Barros, Daniele Montenegro da Silva; Lopez, Esteban Alejandro; Diniz Junior, Jose; Valentim, Ricardo Alexsandro de Medeiros; Ferrari, Deborah Viviane (2021). «Acurácia de instrumentos de custo acessível para triagem auditiva de adultos e idosos». CoDAS (5). ISSN 2317-1782. doi:10.1590/2317-1782/20202020100. Consultado em 15 de junho de 2023 
  15. Bright, Tess; Pallawela, Danuk (23 de dezembro de 2016). «Validated Smartphone-Based Apps for Ear and Hearing Assessments: A Review». JMIR Rehabilitation and Assistive Technologies (em inglês) (2): e13. ISSN 2369-2529. PMC PMC5454564Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 28582261. doi:10.2196/rehab.6074. Consultado em 11 de junho de 2023 
  16. Cunha, Marta Luiza Santana da; Lopes, Márcia da Silva; Meira, Tatiane Costa; Corona, Ana Paula (21 de abril de 2023). «Triagem auditiva com o aplicativo para dispositivos móveis uHear™: reprodutibilidade dos resultados utilizando dois diferentes modos de resposta». CoDAS: e20210143. ISSN 2317-1782. doi:10.1590/2317-1782/20232021143pt. Consultado em 11 de junho de 2023 
  17. Barczik, Jessica; Serpanos, Yula C. (6 de dezembro de 2018). «Accuracy of Smartphone Self-Hearing Test Applications Across Frequencies and Earphone Styles in Adults». American Journal of Audiology (em inglês) (4): 570–580. ISSN 1059-0889. doi:10.1044/2018_AJA-17-0070. Consultado em 11 de junho de 2023 
  18. Burrows, Dennis L. (junho de 2010). «Bluetooth Technology in Hearing Aids: A Clinician's Perspective». Perspectives on Audiology (em inglês) (1): 4–8. ISSN 1940-8587. doi:10.1044/poa6.1.4. Consultado em 15 de junho de 2023 
  19. Casale, Manuele; Costantino, Andrea; Rinaldi, Vittorio; Forte, Antonio; Grimaldi, Marta; Sabatino, Lorenzo; Oliveto, Giuseppe; Aloise, Fabio; Pontari, Domenico (dezembro de 2018). «Mobile applications in otolaryngology for patients: An update: Otolaryngology Apps for Patients». Laryngoscope Investigative Otolaryngology (em inglês) (6): 434–438. PMC PMC6302723Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 30599026. doi:10.1002/lio2.201. Consultado em 15 de junho de 2023 
  20. Mosa, Abu Saleh Mohammad; Yoo, Illhoi; Sheets, Lincoln (dezembro de 2012). «A Systematic Review of Healthcare Applications for Smartphones». BMC Medical Informatics and Decision Making (em inglês) (1). ISSN 1472-6947. PMC PMC3534499Acessível livremente Verifique |pmc= (ajuda). PMID 22781312. doi:10.1186/1472-6947-12-67. Consultado em 15 de junho de 2023 
  21. LACERDA, Adriana (2021). Fundamentos Científicos e Prática Clínica em Fonoaudiologia. [S.l.]: Atena. p. 90. 10 páginas. ISBN 978-65-5983-087-9