Libertação masculina
O movimento de libertação masculina é um movimento social que questiona privilégios masculinos, estereótipos e expectativas impostas aos homens, considerados prejudiciais tanto para eles quanto para outros. O movimento entende essas construções sociais como restrições que afetam negativamente não só os homens, mas a sociedade como um todo.[1]
Crítico das restrições socialmente impostas aos homens, o movimento foca em medidas investigativas, educacionais e práticas destinadas a ajudar os homens, como indivíduos ou como um grupo, a reestruturar positivamente seu comportamento emocional e social. O movimento também defende reformas legais e políticas para lidar com pressões sistêmicas indevidas que afetam os homens.[1]
Os ativistas do movimento em geral simpatizam com pontos de vista feministas, e os dois movimentos frequentemente abordam questões de forma sinérgica e complementar.[2]
Origens
[editar | editar código-fonte]O movimento de libertação masculina surge em 1970, a procura de entender como uma sociedade patriarcal também poderia afetar os homens.[3] O movimento surge como uma resposta ao crescimento do feminismo, a contracultura da época, e a revolução sexual da época. Jack Sawyer publica On Male Liberation (Sobre a Liberação Masculina em português), onde discutia as implicações negativas do estereótipo do homem ideal[4]
Apesar da tendência inicial do movimento em investigar e combater os problemas do sexismo para ambos os gêneros, parte dos integrantes tinha interesse maior ou exclusivo nos custos que o mesmo trazia aos homens. Eventualmente esta diveregência se agravou levando a uma divisão no movimento entre pró-feministas e os antifeministas ou indiferentes ao feminismo. Os pró-feministas continuaram no movimento ou se juntaram a outros grupos feministas. Já os outros formaram um novo movimento chamado de Movimento dos Direitos do Homem.[1]
Movimento Homens, Libertem-se
[editar | editar código-fonte]Em 2014, o coletivo brasileiro Mo[vi]mento-MG/RJ e o grupo de teatro estadunidense The Living Theatre, de Nova Iorque, lançaram o movimento artístico e social "Homens, Libertem-se/Men Get Free" para a libertação dos homens. Essa libertação seria de forma não opressora às mulheres, pois valores patriarcais e machistas prejudicam e oprimem também os homens, não só as mulheres. No fim do ano de 2014, o movimento lançou uma campanha em referência à queima de sutiãs pela mulheres para a libertação feminina e chamada de "Homem, o que você queimaria?". Dentre as bandeiras pautadas pelo movimento estão questionamentos relacionados sobre:[5][6][7]
- Serviço militar obrigatório comum para homens
- Comportamentos e características sexuais esperados envolvendo tamanho do pênis humano, disfunção erétil e quantidade de parceiras(os)
- Papéis de gênero esperados como provimento financeiro da casa, posturas de insensibilidade emocional e infalibilidade, cuidados de aparência e saúde (exame da próstata)
- Drogadição e violência geral e contra mulheres
- Gosto por esportes
- Profissões "não aceitáveis" (cabeleireiro, decorador, bailarino)
- Vestuários "não permitidos" (saia) e com conotação de respeito (gravata)
- Paternidade desde o início, com filhas e filhos
- Relação carinhosa entre homens, sem ligação com a sexualidade necessariamente
- Modelo fechado de masculinidade
- Papel na luta pela igualdade buscada pelo feminismo
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Masculinidade tóxica
- A Dominação Masculina
- História dos grandes homens
- Homem feito
- Homem-forte
- Homens que fazem sexo com homens
- Homem bom
- Mutilação sexual masculina
- Circuncisão
- Submissão masculina
- Concursos de beleza masculinos
- Infertilidade masculina
- Nu masculino na história da fotografia
- Metrossexualismo
- Contraceptivo masculino
- Prostituição masculina
- Anorgasmia masculina
- Aumento peniano
- Estupro masculino
- Violência contra homens
- Violência doméstica contra homens
- Ginástica rítmica masculina
- Natação artística
- Privilégio masculino
- Heterossexualidade obrigatória
- Androcentrismo
- Cis-heteropatriarcado
- ↑ a b c Messner, M. A. (1998). «The limits of "The Male Sex Role": An analysis of the men's liberation and men's rights movements' discourse». Consultado em 08 de setembro de 2024 Verifique data em:
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(ajuda) - ↑ «IDENTIDADE DE GÊNERO MASCULINA: POSSIBILIDADES DE VIOLÊNCIA». Revista Pandora. Março de 2009. Consultado em 11 de julho de 2012.
[...]a teoria da libertação masculina, que compreende escapar da ‘violência social’ a qual os homens são expostos na sociedade patriarcal, violência que os obrigam a empreenderem o ‘poder’, a mostrarem-se viris, oprimindo, agredindo e dominando as mulheres.
- ↑ Aronowitz, Nona Willis; Dries, Kate (18 de março de 2019). «The 'Men's Liberation' Movement Time Forgot». Vice (em inglês). Consultado em 31 de maio de 2019
- ↑ Sawyer, Jack. «On Male Liberation» (em inglês)
- ↑ «Pelo direito de broxar, falir e ser sensível, campanha pede que homens libertem-se do machismo». Catraca Livre. 8 de julho de 2014. Consultado em 29 de maio de 2019
- ↑ «Homens, Libertem-se: depois das mulheres queimarem sutiãs, agora é a vez dos moços decidirem o que querem queimar». Catraca Livre. 16 de outubro de 2014. Consultado em 29 de maio de 2019
- ↑ «Pelo direito de broxar, falir e ser sensível, campanha pede que homens libertem-se do machismo». Geledés. 12 de julho de 2014. Consultado em 29 de maio de 2019
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Maltez, Madalena; Aronowitz, Nona Willis; Dries, Kate; Felizardo, Sérgio (25 de março de 2019). «O movimento de "libertação dos homens" que o tempo apagou». Vice. Vice. Consultado em 29 de maio de 2019
- Sawyer, Jack. «On Male Liberation» (em inglês)
- Giffin, Karen (2005). «A inserção dos homens nos estudos de gênero: contribuições de um sujeito histórico». Ciência & Saúde Coletiva. 10: 47–57. ISSN 1413-8123. doi:10.1590/S1413-81232005000100011