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OGLE-TR-10

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
OGLE-TR-10
Dados observacionais (J2000)
Constelação Sagittarius
Asc. reta 17h 51m 28,25s[1]
Declinação -29° 52′ 34,9″[1]
Magnitude aparente 15,780[1]
Características
Tipo espectral G2V[1]
Variabilidade trânsito planetário[2]
Astrometria
Velocidade radial -6,250 ± 0,020 km/s[3]
Mov. próprio (AR) 0,499 ± 0,215 mas/a[4]
Mov. próprio (DEC) -5,161 ± 0,153 mas/a[4]
Paralaxe 0,7214 ± 0,0597 mas[4]
Distância 4500 ± 400 anos-luz
1390 ± 120 pc
Magnitude absoluta 4,34+0,33
−0,35
[5]
Detalhes[5]
Massa 1,14+0,10
−0,12
M
Raio 1,17+0,13
−0,11
R
Gravidade superficial log g = 4,358+0,064
−0,082
cgs
Luminosidade 1,54+0,52
−0,38
L
Temperatura 5950 ± 130 K
Metalicidade [Fe/H] = +0,15 ± 0,15
Rotação v sin i = 3 ± 1 km/s[6]
Idade 3,2+4,0
−3,1
bilhões de anos
Outras denominações
V5125 Sagittarii, OGLE-TR-10[1]
OGLE-TR-10

OGLE-TR-10 é uma estrela na constelação de Sagittarius, na direção do centro galáctico. É uma estrela do tipo solar pouco brilhante com uma magnitude aparente visual de 15,78.[1] Medições de paralaxe pelo satélite Gaia indicam que está a aproximadamente 1 390 parsecs (4 500 anos-luz) da Terra,[4] um valor próximo do estimado por métodos indiretos, de 1 326 parsecs.[7] A essa distância, sua magnitude é diminuída em 1,16 devido à extinção causada por gás e poeira no meio interestelar.[7]

OGLE-TR-10 é notável por possui um dos primeiros planetas extrassolares em trânsito descobertos, detectado em 2002 pelo projeto OGLE e confirmado em 2005. Esse objeto é um Júpiter quente em uma órbita de apenas 3,1 dias, com uma massa de cerca de 60% da massa de Júpiter e um raio inflado de 125% do raio de Júpiter.

História de observação

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Em 2002 esta estrela foi identificada como um candidato a ter um planeta extrassolar em trânsito pelo projeto Optical Gravitational Lensing Experiment (OGLE), em uma pesquisa fotométrica de cinco milhões de estrelas na direção do centro da Galáxia. De um total de 52 mil estrelas observadas com a precisão fotométrica suficiente, 46 apresentaram variação na sua curva de luz consistente com um objeto em trânsito, sendo OGLE-TR-10 um dos dois casos mais promissores de trânsitos planetários. Se confirmado como planeta, este seria um Júpiter quente com um período orbital de 3,1 dias e um raio estimado de 1,1 vezes o raio de Júpiter.[8]

Nos anos seguintes, observações espectroscópicas da estrela pelos espectrógrafos HIRES (no Telescópio Keck I), UVES e FLAMES (no Very Large Telescope) foram usadas para determinar o deslocamento Doppler da estrela causado por esse planeta, permitindo estimar uma massa para o objeto, mas ainda não conseguiram provar sua existência pois o sinal periódico na curva de luz da estrela poderia ser causado por uma binária eclipsante distante no mesmo campo visual.[9][10] Em 2005, um estudo mostrou que o sinal espectral esperado desse cenário é significativamente diferente do observado, e a existência do planeta foi confirmada. Esse foi o sétimo planeta extrassolar observado em trânsito, e o quinto descoberto pelo OGLE.[3]

Características

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Os parâmetros fundamentais de OGLE-TR-10 são difíceis de determinar devido ao brilho extremamente baixo da estrela (magnitude aparente visual 15,8) e à grande densidade de estrelas no seu campo visual, tornando observações espectroscópicas pouco precisas. Seu tipo espectral já foi estimado em G2V,[1] o mesmo que o do Sol, tornando a estrela uma anã amarela. A temperatura efetiva da estrela já foi estimada entre 5 800 e 6 200 K e a metalicidade entre [Fe/H] = 0,0 (mesma concentração de ferro que o Sol) e [Fe/H] = 0,3 (duas vezes a concentração de ferro do Sol), gerando estimativas diferentes para a massa e raio da estrela e consequentemente para o planeta. Um estudo de 2008, a partir de uma média de diferentes parâmetros espectroscópicos, estimou por modelos evolucionários uma massa de 1,14 vezes a massa solar, um raio de 1,17 vezes o raio solar e uma luminosidade de 1,54 vezes a solar, mas as incertezas são grandes.[5]

Durante uma observação de um trânsito da estrela, em junho de 2007, uma erupção (flare) foi observada, com liberação de energia estimada de 1032 erg/s. Junto com uma alta luminosidade de raios X de 2×1030 erg/s, isso sugere que OGLE-TR-10 é uma estrela cromosfericamente ativa.[11]

Estimativas dos parâmetros de OGLE-TR-10
Massa
(M)
Raio
(R)
Temperatura
efetiva (K)
Metalicidade
([Fe/H])
Ref.
1,22 ± 0,045 1,21 ± 0,066 6220 ± 140 0,39 ± 0,14 [10]
1,00 ± 0,05 1,00 ± 0,10 5800 ± 100 0,0 ± 0,2 [3]
1,17 ± 0,04 1,14 ± 0,05 6075 ± 86 0,28 ± 0,10 [12]
1,025+0,125
−0,120
1,095 ± 0,073 5800 ± 100 0,0 ± 0,2 [6]
1,10 ± 0,05 1,14+0,11
−0,06
5960 ± 100 0,15 ± 0,1 [13]
1,14+0,10
−0,12
1,17+0,13
−0,11
5950 ± 130 0,15 ± 0,15 [5]

Sistema planetário

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O planeta orbitando OGLE-TR-10, denominado OGLE-TR-10b, é um Júpiter quente típico situado a uma distância de apenas 0,04 UA da estrela. Sua órbita circular tem um período de 3,101 dias e está inclinada em 89° em relação ao plano do céu. Sua massa pode ser calculada a partir da variação na velocidade radial da estrela causada pela gravidade do planeta, sendo estimada em 0,62 vezes a massa de Júpiter. A partir da curva de luz de trânsito da estrela, com uma diminuição no brilho de 0,0152 magnitudes, o raio do planeta é estimado em 1,25 vezes o raio de Júpiter, correspondendo a uma baixa densidade de 0,40 g/cm3.[5] Esse fenômeno de inflação no raio planetário devido à alta irradiação estelar é observado em vários Júpiteres quentes e representa um desafio aos modelos planetários.

O sistema OGLE-TR-10 [3]
Planeta Massa
Semieixo maior
(UA)
Período orbital
(dias)
Excentricidade
Inclinação
b 0,57 ± 0,12 MJ
0,04162 ± 0,00069
3,101386 ± 0,000030
0
89,2 ± 2,0°
Estimativas de massa e raio para OGLE-TR-10b
Massa
(MJ)
Raio
(RJ)
Densidade
resultante (g/cm3)
Ref.
~1,1 [8]
0,7 ± 0,3 ~1,3 0,42 [9]
0,66 ± 0,21 1,54 ± 0,12 0,24 [10]
0,57 ± 0,12 1,24 ± 0,09 0,38 ± 0,10 [3]
0,63 ± 0,14 1,14 ± 0,09
1,43 ± 0,10
0,56
0,29
[12]
1,056 ± 0,083 [6]
0,61 ± 0,13 1,22+0,12
−0,07
0,45 [13]
0,62 ± 0,14 1,25+0,14
−0,12
0,40+0,18
−0,12
[5]
Referências
  1. a b c d e f g «V* V5125 Sgr -- Star showing eclipses by its planet». SIMBAD. Centre de Données astronomiques de Strasbourg. Consultado em 18 de fevereiro de 2018 
  2. Samus, N. N.; Durlevich, O. V.; et al. (janeiro de 2009). «VizieR Online Data Catalog: General Catalogue of Variable Stars (Samus+ 2007-2013)». VizieR On-line Data Catalog: B/gcvs. Bibcode:2009yCat....102025S 
  3. a b c d e Konacki, Maciej; Torres, Guillermo; Sasselov, Dimitar D.; Jha, Saurabh (maio de 2005). «A Transiting Extrasolar Giant Planet around the Star OGLE-TR-10». The Astrophysical Journal. 624 (1): 372-377. Bibcode:2005ApJ...624..372K. doi:10.1086/429127 
  4. a b c d Gaia Collaboration; Brown, A. G. A.; Vallenari, A.; Prusti, T.; de Bruijne, J. H. J.; et al. (2018). «Gaia Data Release 2. Summary of the contents and survey properties». Astronomy & Astrophysics. 616: A1, 22 pp. Bibcode:2018A&A...616A...1G. arXiv:1804.09365Acessível livremente. doi:10.1051/0004-6361/201833051  Catálogo Vizier
  5. a b c d e f Torres, Guillermo; Winn, Joshua N.; Holman, Matthew J. (abril de 2008). «Improved Parameters for Extrasolar Transiting Planets». The Astrophysical Journal. 677 (2): 1324-1342. Bibcode:2008ApJ...677.1324T. doi:10.1086/529429 
  6. a b c Holman, Matthew J.; et al. (fevereiro de 2007). «The Transit Light Curve Project. IV. Five Transits of the Exoplanet OGLE-TR-10b». The Astrophysical Journal. 655 (2): 1103-1109. Bibcode:2007ApJ...655.1103H. doi:10.1086/510342 
  7. a b Santos, N. C.; et al. (novembro de 2006). «Chemical abundances for the transiting planet host stars OGLE-TR-10, 56, 111, 113, 132, and TrES-1. Abundances in different galactic populations». Astronomy and Astrophysics. 458 (3): 997-1005. Bibcode:2006A&A...458..997S. doi:10.1051/0004-6361:20065683 
  8. a b Udalski, A.; et al. (março de 2002). «The Optical Gravitational Lensing Experiment. Search for Planetary and Low-Luminosity Object Transits in the Galactic Disk. Results of 2001 Campaign». Acta Astronomica. 52 (2): 1-37. Bibcode:2002AcA....52....1U 
  9. a b Konacki, Maciej; Torres, Guillermo; Sasselov, Dimitar D.; Jha, Saurabh (novembro de 2003). «High-Resolution Spectroscopic Follow-up of OGLE Planetary Transit Candidates in the Galactic Bulge: Two Possible Jupiter-Mass Planets and Two Blends». The Astrophysical Journal. 597 (2): 1076-1091. Bibcode:2003ApJ...597.1076K. doi:10.1086/378561 
  10. a b c Bouchy, F.; et al. (março de 2005). «Doppler follow-up of OGLE transiting companions in the Galactic bulge». Astronomy and Astrophysics. 431 (3): 1105-1121. Bibcode:2005A&A...431.1105B. doi:10.1051/0004-6361:20041723 
  11. Bentley, S. J.; et al. (outubro de 2009). «A stellar flare during the transit of the extrasolar planet OGLE-TR-10b». Astronomy and Astrophysics. 505 (2): 901-902. Bibcode:2009A&A...505..901B. doi:10.1051/0004-6361/200912257 
  12. a b Santos, N. C.; et al. (maio de 2006). «High resolution spectroscopy of stars with transiting planets. The cases of OGLE-TR-10, 56, 111, 113, and TrES-1». Astronomy and Astrophysics. 450 (2): 825-831. Bibcode:2006A&A...450..825S. doi:10.1051/0004-6361:20054583 
  13. a b Pont, F.; et al. (abril de 2007). «The "666" collaboration on OGLE transits. I. Accurate radius of the planets OGLE-TR-10b and OGLE-TR-56b with VLT deconvolution photometry». Astronomy and Astrophysics. 465 (3): 1069-1074. Bibcode:2007A&A...465.1069P. doi:10.1051/0004-6361:20066645 

Ligações externas

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