João Bonança
João Bonança | |
---|---|
João Bonança, n'O Occidente (1 de Junho de 1889). | |
Nascimento | 1836 Lagos |
Morte | 13 de Abril de 1924 Lisboa |
Nacionalidade | português |
Ocupação | Sacerdote, jornalista, escritor e político |
Movimento estético | Geração de 70 |
João Bonança (Lagos, 1836 - Lisboa, 13 de Abril de 1924), foi um jornalista, escritor e político português. Em 1907 foi o segundo português a ser nomeado para o Prémio Nobel da Literatura, depois de João da Câmara em 1901.[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascimento e formação
[editar | editar código-fonte]João Bonança nasceu na cidade de Lagos, em 1836.[2] A sua família forçou-o a estudar numa instituição eclesiástica, tendo concluído o curso com distinção.[2]
Carreira eclesiástica e profissional
[editar | editar código-fonte]Durante o início da sua carreira como padre, começou a escrever artigos em defesa da liberdade e do progresso, especialmente pela erradicação da pena de morte.[2] Neste período, ainda apresentava uma atitude de moderação e conciliação com a Monarquia e a igreja católica, embora já começasse a revelar uma atitude de descrença para com a religião, o que se reflectiu em alguns artigos mordazes que publicou na imprensa.[2] Em 1862, desloca-se para Lisboa, tendo escrito artigos no periódico Algarviense, onde atacou a pena de morte.[2] Colaborou igualmente no Arquivo Comercial, onde publicou estudos sobre a planeada obra História da Civilização em Portugal, que foi no entanto interrompida devido ao fim daquele periódico.[2] Também colaborou nos jornais Diário de Notícias, onde editou um romance em folhetins, Independência Nacional, e Revolução de Setembro, onde publicou o estudo Fisiologia dos Ladrões.[2] Escreveu igualmente sobre a defesa do Código Civil, junto a Alexandre Herculano, quando este documento esteve a ser discutido nas Câmaras Legislativas, em 1866.[2]
No entanto, a partir de 1868 entrou numa fase de crítica mais acesa contra o estado e a igreja, acusando-as de serem apáticas em relação à pobreza das classes populares, tendo defendido uma nova organização social, com os ideais do socialismo e da república.[2] Nesse mesmo ano, publicou a obra As Questões da Actualidade, onde acusou os asilos de serem focos de pobreza em vez de ajudarem na sua erradicação, tendo aconselhado a instalação de colónias agrícolas.[2] Atacou igualmente a tentativa de vender a província de Moçambique, em artigos no periódico Nacional.[2] Esteve em contacto com vários nomes da Geração de 70, especialmente Antero de Quental e Teófilo de Braga.[3]
Em 1870, deixou a carreira eclesiástica, passando a criticar implacavelmente a igreja, que considerava estar sujeita a uma corrupção interna e estagnação moral.[2] Esta mudança nos seus ideais reflectiu-se principalmente na obra O Século e o Clero, de 1872.[2] Posteriormente, publicou o livro Religião e a Política, obra que foi reeditada, pela primeira vez, em 1871.[2] Enquanto trabalhava noutras reedições, também fundou o periódico O Trabalho, e colaborou na República Federal, os primeiros dois primeiros jornais de índole republicana em Portugal.[2] No ano de 1875, publicou a obra Reorganização Social em Coimbra.[2]
No âmbito do Ultimato Britânico de 1890, atacou violentamente a Grã-Bretanha na terceira parte do seu livro Lutas e Progressos das Ciências, acusando-a de atacar a nação portuguesa desde a Restauração da Independência, e sugerindo a instituição de uma federação das nações latinas.[2] Em 1899, editou o livro A História da Lusitânia e da Ibéria, cujo lançamento foi bem recebido pela imprensa.[2]
Integrou-se no directório do Partido Republicano, e após a Implantação da República, formou o partido Integridade Republicana.[2] Em 1911, candidatou-se à presidência da república, mas não obteve um resultado notável.[2] Nos finais da sua vida, afastou-se da política, tendo publicado a obra Enciclopédia de Aplicações Usuais.[2]
Falecimento
[editar | editar código-fonte]João Bonança faleceu em Lisboa, no dia 13 de Abril de 1924.[2]
Homenagens
[editar | editar código-fonte]A autarquia de Lagos colocou o seu nome numa rua do concelho.[2][4]
Obras publicadas
[editar | editar código-fonte]- Questões da Actualidade (1868)
- Religião e Política
- O Século e o Clero (1872)
- Reorganização Social (1875)
- Historia da Lusitânia e da Ibéria (1899)
- Lutas e Progressos das Ciências (1890)
- Enciclopédia das Aplicações Usuais (1903)[5]
- ↑ «Nomination Database - Literature (1901-1950) (Search "Country")» (em inglês). Base de dados de 1901 a 1950. Nobelprize.org. Nobel Media AB. Consultado em 2 de Maio de 2014
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w FERRO, 2002:60-62
- ↑ «João Bonança na Cultura do seu Tempo». Edições Colibri. 2010. Consultado em 7 de Janeiro de 2012
- ↑ «Freguesia de Santa Maria» (PDF). Câmara Municipal de Lagos. Consultado em 22 de Dezembro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 22 de Fevereiro de 2014
- ↑ VASQUES, José Carlos. «A Grande Casa do Catalão». Centro de Estudos Marítimos e Arqueológicos de Lagos. Consultado em 7 de Janeiro de 2012. Arquivado do original em 24 de setembro de 2015
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- FERRO, Silvestre Marchão (2002). Vultos na Toponímia de Lagos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 358 páginas. ISBN 972-8773-00-5