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Islamismo na África

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

O islamismo é a religião que possui o maior número de adeptos na África, seguido do Cristianismo, de acordo com a World Book Encyclopedia. Apesar disso, o número exato de pessoas que praticam esta religião é desconhecido, pois as pesquisas demográficas no continente são incompletas. Segundo a Encyclopædia Britannica, a África é constituída por 45% de muçulmanos, 40% de cristãos e menos de 15% de ateus, ou que seguem cultos africanos.

O Islã foi introduzido no continente africano pouco depois de seu surgimento, e diversos reinos islâmicos se estabeleceram no continente durante os períodos seguintes, continuando seu rápido crescimento através do século XX e no século XXI, com uma taxa de crescimento, por algumas estimativas, que é duas vezes mais rápido do Cristianismo na África[1] O islamismo na África está aumentando paralelamente aos falantes das línguas bantu, que costumam seguir o islã na África central e na oriental.[carece de fontes?] As divergências entre as religiões islâmica e cristã têm sido a causa de diversos conflitos, sobretudo em países onde não há maioria absoluta por parte de nenhuma das religiões, como na Tanzânia, Nigéria e Costa do Marfim.[carece de fontes?].

Expansão Demográfica do Islamismo (História)

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Norte da África

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A expansão muçulmana no norte da África pode ser datada do século VII, quando chegaram ao Egito muçulmanos da Península Arábica, a partir da expansão do Califado Omíada.[2] Estes árabes muçulmanos tiveram que enfrentar resistência dos exércitos bizantinos, bem como dos povos berberes. No século X, a busca por ouro levou o avanço egípcio à região da Líbia, estendendo a influência islâmica e a cultura árabe para aquelas partes. A expansão da influência muçulmana teve como consequência o surgimento de novos califados. Em algumas regiões, simultaneamente à adoção da religião islâmica, a presença árabe se tornou mais marcante, pois foram adotados igualmente outros aspectos da cultura árabe, como o idioma. Com o passar do tempo, estas regiões adquiriram exércitos de escravos e fortaleceram seus poderes. Assim, foram se tornando áreas autônomas.

Comércio de escravos feito por árabes na África durante o período medieval

Por volta do século VII, o Egito invadiu a Núbia - um reino cristão - e, três séculos depois exigiu a conversão do reino ao Islã. O processo de conversão do reino da Núbia foi marcado por enfrentamento militar e diversos conflitos.

Entretanto, ao mesmo tempo que o Islamismo foi se expandindo por conta das conquistas árabes, sabe-se que esta religião não permaneceu a mesma. O Islã sofreu diferentes modificações durante a conversão das diversas populações africanas. Este processo é conhecido como a "africanização" do Islã, em que, ao mesmo tempo em que os africanos se convertiam, levavam para o Islã traços de suas culturas originais .[3]

África ocidental

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A islamização da África ocidental não se deu a partir de conquistas territoriais. O fator principal da expansão muçulmana nesta região foi o comércio transaariano, que envolvia a África ocidental e o norte do continente. O processo ocorreu após a consolidação da conquista árabe ao norte, iniciando-se a partir do século IX. Esse comércio envolvia a captura de escravos que eram levados ao norte do continente. Esse tráfico de escravos teve inicio com as guerras santas, incluídas no processo de expansão do islamismo para o Norte da África e para a Europa mediterrânica.[3]

Séculos XVIII e XIX

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Começa no século XVIII uma nova fase da islamização africana.[4] A demanda por escravos gerada pelo comércio transatlântico de escravos resultou no surgimento de novos Estados no litoral africano e de elites comerciantes muçulmanas. Parte dos escravos vendidos eram também muçulmanos, que podiam ser considerados como "impuros" devido à coexistência de rituais politeístas com práticas islâmicas. Nesta época, havia uma forte relação entre o comércio e a religião, o que propiciou a expansão desta.

No século XIX, o colonialismo principalmente francês e britânico concorreu com os Estados islâmicos independentes. Estes Estados não reagiram de maneira uniforme, havendo variações de região para região. Na luta contra a influência europeia, havia a presença de muçulmanos e de elites ocidentalizadas em consequência da própria colonização.[5]

Costa oriental

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A Costa oriental por muito tempo foi parte de rotas comerciais que ligavam o Oriente Médio e o norte da África até o Extremo Oriente. As trocas comerciais favoreciam o contato com diferentes ideias e a circulação de pessoas trouxe o islamismo para esta região da África. O avanço da islamização teve como consequência o surgimento de algumas populações muçulmanas na costa oriental. No século XI fundou-se uma dinastia islâmica em Quíloa, na costa da atual Tanzânia.[6]

Mesquita de Abuja, na Nigéria

A lei Charia influencia fortemente o código legal na maioria dos países islâmicos, mas a extensão do seu impacto varia muito. Na África, a maioria dos países limitam o uso de Charia às leis que regem o estado civil do indivíduo para questões como casamento, divórcio, herança e custódia dos filhos. Com as exceções de Nigéria e da Somália e da recente separação do Sudão, o secularismo não parece enfrentar qualquer ameaça grave na África, apesar de que o novo renascimento islâmico tem tido um grande impacto sobre segmentos muçulmanos da população, como é o caso dos países africanos da primavera árabe, o Egito, a Tunísia e a Líbia. A coabitação ou convivência entre muçulmanos e não-muçulmanos continua a ser, em sua maior parte, pacífica.[7]

A Nigéria é o lar da maior população muçulmana da África Subsariana. Em 1999, no norte da Nigéria estados adotaram a Charia para o código penal, mas as punições têm sido raras. Na verdade, dezenas de mulheres condenadas por adultério e condenadas ao apedrejamento até a morte foram posteriormente libertadas. O Egito, um dos maiores países muçulmanos na África, afirma a Charia como principal fonte de sua legislação, mas seus códigos penal e civil são baseados em grande parte no direito francês.[8]

Ramos do islamismo na África

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Os muçulmanos na África em geral pertencem à denominação sunita, embora haja também um número significativo de seguidores xiitas e Ahmadiyya. Além disso, o Sufismo, a dimensão mística do Islã, também tem uma presença. A maddhab Malik é a escola dominante de jurisprudência entre a maioria das comunidades sunitas do continente, enquanto a maddhab Shafi'i é prevalente no Chifre da África, Egito oriental, e da CostaSuaíli. O fiqh Hanafi também é seguido no oeste do Egito.

Sufismo, que incide sobre os elementos místicos do Islã, tem muitas divergências, bem como seguidores na África Ocidental e no Sudão, e, como outras ordens, se esforça para conhecer a Deus através da meditação e da emoção. Os sufis podem ser sunitas ou xiitas, e suas cerimônias podem envolver cânticos, música, dança e meditação.

Muitos sufis na África são sincréticos, praticando crenças folclóricas tradicionais. Salafistas criticam os folcloristas sufis, pois alegam ter incorporado crenças "não-islâmicas" em suas práticas, tais como a celebração dos vários eventos, visitando os santuários de "santos islâmicos", dançando durante a oração (dançarinos dervixes ou "dervixes rodopiantes").

A África Ocidental e o Sudão têm várias ordens sufis, considerados com ceticismo pelos mais estritos ramos do Islã no Oriente Médio. A maioria dos ordens sufis na África Ocidental enfatizam o papel de um guia espiritual (marabu) ou a posse de poderes sobrenaturais, considerada como uma africanização do Islã. No Senegal e Gâmbia, o ramo do mouridismo afirma possuir vários milhões de adeptos e tem atraído críticas por sua veneração ao fundador - Amadou Bamba. O Tijani é a ordem Sufi mais popular na África Ocidental, com um grande número de seguidores na Mauritânia, Mali, Níger, Senegal e Gâmbia[8]

Há relativamente pouco tempo, o salafismo começou a se espalhar na África, como resultado da presença de muitas Organizações Não-Governamentais (ONGs) muçulmanas, como a muçulmana Liga Mundial, a Assembléia Mundial da Juventude Islâmica, a Federação de Mab e escolas islâmicas. Estas organizações salafistas, muitas vezes com base na Arábia Saudita, promovem o conservadorismo, e consideram o Islã sufi como "heterodoxo" e contrário ao Islã tradicional.[9][10] Essas ONGs construíram mesquitas e centros islâmicos na África, e muitos são formadas por muçulmanos africanos puritanos, muitas vezes treinados no Oriente Médio. Bolsas de estudo também são oferecidos para ampliar o salafismo.[8]

População Muçulmana

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Islão na África
Região População total Muçulmanos % Muçulmanos % do Total de Muçulmanos na África
África Central 83.121.055 12.6 milhões 15.1% 3.1%
Leste da África 193.741.900 66.4 milhões 34.3% 16.5%
Norte da África 202.151.323 180 milhões 89.1% 44.8%
Sul da África 137.092.019 8.9 milhões 6.5% 2.2%
África Oriental 268.997.245 134.0 milhões 49.8% 33.3%
Total 885.103.542 402.0 milhões 44.86%

População por país[11]

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País População
Somália 100%
Mauritânia 100%
Saara Ocidental 100%
Djibouti 99%
Tunísia 98%
Marrocos 98.7%
Argélia 97%
Líbia 97%
Sudão 97% [12]
Níger 96%
Senegal 95%
Mali 94%
Guiné 92%
Gâmbia 90%
Egito 85%
Chade 54%
Serra Leoa 65%
Burkina Faso 65%
Nigéria 50%
Eritreia 50%
Etiópia 55%
Guiné-Bissau 50%
Costa do Marfim 40%
Tanzânia 35%
Benim 24%
Camarões 22%
Libéria 20%
Togo 20%
Malawi 20%
Moçambique 18%
Sudão do Sul 18% [nota 1]
Gana 16%
Ruanda 10%
Uganda 16%
República Centro-Africana 22%
Gabão 12%
República Democrática do Congo 10%
Namíbia 3%
Lesoto 1%
África do Sul 2%
Zâmbia 5%
Angola 2%
Quênia 10%
Botsuana 3%
República do Congo 2%
Essuatíni 1%
Zimbábue 1%
Notas
  1. dados obtidos a partir de censo realizado no ano de 1956[13]
Referências
  1. Islam making in-roads in Zambia
  2. Who Built Africa?
  3. a b MARZANO, Andrea "A presença muçulmana na África" In. CAMPOS, Adriana Pereira; SILVA, Gilvan Ventura da. Os Reinos africanos na Antiguidade e Idade Média. Vitória: GM Editora, 2011.
  4. DEMANT, Peter "O mundo muçulmano" São Paulo: Contexto, 2008 p.141.
  5. DEMANT, Peter O mundo muçulmano São Paulo: Contexto, 2008, p.145.
  6. MARZANO, Andrea "A presença muçulmana na África" In. CAMPOS, Adriana Pereira; SILVA, Gilvan Ventura da. "Os Reinos africanos na Antiguidade e Idade Média" Vitória: GM Editora, 2011.
  7. Encyclopædia Britannica. Britannica Book of the Year 2003. Enncyclopedia Britannica, (2003) ISBN 978-0-85229-956-2 p.306
  8. a b c Encyclopædia Britannica. Britannica Book of the Year 2003. Enncyclopedia Britannica, (2003) ISBN 978-0-85229-956-2p.306
  9. [1] Islam And Africa
  10. Encyclopædia Britannica. Britannica Book of the Year 2003. Enncyclopedia Britannica, (2003)ISBN 978-0-85229-956-2 p.306
  11. Bulliet, Richard, Pamela Crossley, Daniel Headrick, Steven Hirsch, Lyman Johnson, and David Northrup. The Earth and Its Peoples. 3. Boston: Houghton Mifflin, 2005. ISBN 0-618-42770-8
  12. «Africa :: Sudan — The World Factbook - Central Intelligence Agency». www.cia.gov. Consultado em 3 de janeiro de 2020 
  13. Agence France-Presse. http://www.thedailystar.net/newDesign/news-details.php?nid=169306. Consultado em 1 de março de 2020  Parâmetro desconhecido |título em Inglês= ignorado (ajuda); Em falta ou vazio |título= (ajuda)
  • CAMPOS, Adriana Pereira; SILVA, Gilvan Ventura da. "Os Reinos africanos na Antiguidade e Idade Média" Vitória: GM Editora, 2011.
  • DEMANT, Peter. "O mundo muçulmano" São Paulo: Contexto, 2008.
  • HISKETT, Mervyn. "The course of Islam in Africa" Edinburgh: Edinburgh University, 1994.
  • HOURANI, Albert. "Uma história dos povos árabes" São Paulo: Companhia das Letras, 2001.
  • MACAGNO, Lorenzo. "Outro muçulmanos: Islão e narrativas coloniais" Lisboa: Imprensa de Ciências Sociais, 2006.
  • MARZANO, Andrea. "A presença muçulmana na África" In. CAMPOS, Adriana Pereira; SILVA, Gilvan Ventura da. "Os Reinos africanos na Antiguidade e Idade Média" Vitória: GM Editora, 2011.
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Islam in Africa».