Ilhas Banda
Ilhas Banda Kepulauan Banda | |
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Mapa das Ilhas Molucas, onde se situam as Banda | |
Geografia física | |
Área | 180 km² |
Geografia humana | |
População | 15 000 |
Densidade | 83,3 hab./km² |
Ilha de Banda Besar vista de Fort Belgica |
As Ilhas Banda (em indonésio: Kepulauan Banda) são um grupo de dez pequenas ilhas vulcânicas no Mar de Banda, cerca de 140 km a sul de Ceram e 2000 km a este da Ilha de Java. Fazem parte da província Indonésia das Ilhas Molucas. A principal cidade e centro administrativo é Bandanaira, localizada na ilha com o mesmo nome. Elevam-se num oceano com 4–6 km de profundidade e têm uma área total de cerca de 180 km², com uma população de cerca de 15 mil habitantes. Até meados do século XIX as ilhas Banda foram a única fonte mundial de noz-moscada uma das mais valorizadas especiarias. As ilhas são hoje um destino para a atividade de mergulho.
História
[editar | editar código-fonte]Até à chegada dos europeus, Banda tinha um governo oligárquico liderado por orang kaya ('homens poderosos') com os bandaneses a terem um papel activo e independente no comércio em todo o arquipélago.[1] Banda era a única fonte em todo o mundo a produzir noz-moscada, uma importante especiaria utilizada como tempero e conservante em culinária e em medicina, ao tempo extremamente valorizada nos mercados europeus, vendida por mercadores árabes à República de Veneza a preços exorbitantes. Mercadores e negociantes nunca divulgavam a localização exacta da origem, pelo que nenhum europeu conseguia deduzir a sua origem.
Os primeiros relatos escritos de Banda são da Suma Oriental, um livro escrito pelo boticário (farmacêutico) português Tomé Pires estabelecido em Malaca entre 1512 e 1515 mas que visitou Banda várias vezes. Na primeira visita contactou os portugueses e principalmente os marinheiros malaios em Malaca, calculando então a população entre 2500-3000. Reportou os bandaneses como parte de uma rede de comércio abrangendo toda a Indonésia e os únicos comerciantes de longo curso nativos das Molucas a transportar produtos para Malaca, embora alguns carregamentos de Banda também fossem feitos por mercadores javaneses.
Além da noz-moscada e mace, Banda mantinha também um significativo entreposto de comércio. Entre os produtos que passavam por banda estavam o cravinho de Ternate e Tidore, a norte, penas de aves-do-paraíso das ilhas Aru e da Nova Guiné, entre outros.
Chegada dos portugueses
[editar | editar código-fonte]Em Agosto de 1511 em nome do rei de Portugal, Afonso de Albuquerque conquistou Malaca, que era ao tempo o centro do comércio asiático. Em Novembro desse ano, após assegurar Malaca e ficando a saber a localização das ilhas Banda, enviou uma expedição de três navios comandados pelo seu amigo de confiança António de Abreu para as encontrar. Pilotos malaios foram recrutados e obrigados, guiando-os via Java, as Pequenas Ilhas de Sunda e da ilha de Ambão até Banda, onde chegaram no início de 1512.[2] Aí permaneceram, como primeiros europeus a chegar às ilhas, durante cerca de um mês, comprando e enchendo os seus navios com noz-moscada e cravinho.[3] Abreu partiu então velejando por Ambão enquanto o seu vice-comandante Francisco Serrão se adiantou para as ilhas Molucas mas naufragou terminando em Ternate. Ocupados com hostilidades noutros pontos do arquipélago, como Ambão e Ternate, só regressariam em 1529.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Ricklefs, M.C. (1991). A History of Modern Indonesia Since c.1300, 2nd Edition. London: MacMillan. 24 páginas. ISBN 0-333-57689-6
- ↑ Hannard (1991), page 7; Milton, Giles (1999). Nathaniel's Nutmeg. London: Sceptre. pp. 5 and 7. ISBN 978-0-340-69676-7
- ↑ Hannard (1991), p. 7
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Braudel, Fernand. 1984. The Perspective of the World. In: Civilization and Capitalism, vol. III.
- Hanna, Willard A. (1991). Indonesian Banda: Colonialism and its Aftermath in the Nutmeg Islands. Bandanaira: Yayasan Warisan dan Budaya Banda Naira
- Lape, Peter. 2000. Political dynamics and religious change in the late pre-colonial Banda Islands, Eastern Indonesia. World Archaeology 32(1):138-155.
- Loth, Vincent C. 1995. Pioneers and perkerniers:the Banda Islands in the seventeenth century. Cakalele 6: 13-35.
- Muller, Karl; Pickell, David (ed) (1997). Maluku: Indonesian Spice Islands. Singapore: Periplus Editions. ISBN 962-593-176-7
- Villiers, John. 1981. Trade and society in the Banda Islands in the sixteenth century. Modern Asian Studies 15(4):723-750.
- Winn, Phillip. 1998. Banda is the Blessed Land: sacred practice and identity in the Banda Islands, Maluku. Antropologi Indonesia 57:71-80.
- Winn, Phillip. 2001. Graves, groves and gardens: place and identity in central Maluku, Indonesia. The Asia Pacific Journal of Anthropology 2 (1):24-44.
- Winn, Phillip. 2002. Everyone searches, everyone finds: moral discourse and resource use in an Indonesian Muslim community. Oceania 72(4):275-292.
- Giles Milton, Nathaniel's Nutmeg: How One Man's Courage Changed the Course of History, Sceptre books, Hodder and Stoughton, London