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Harland and Wolff

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Harland and Wolff
Harland and Wolff
Razão social Harland & Wolff Heavy Industries Limited
Sociedade por ações
Atividade Construção naval,
Engenharia civil
Fundação 1861 (163 anos)
Fundador(es) Edward James Harland
Gustav Wolff[1]
Sede Belfast, Condado de Antrim
Irlanda do Norte
Proprietário(s) InfraStrata
Empregados 130 (2019)
Posição no Alexa 3 737 841 ()
Website oficial www.harland-wolff.com

Harland and Wolff Heavy Industries é uma empresa industrial pesada, especializada em reparação, conversão e construção naval, localizada em Belfast, Condado de Antrim, Irlanda do Norte. A empresa já construiu mais de 1700 navios em seus 158 anos de existência.[2]

O estaleiro é famoso por ter produzido a maioria dos navios destinados à White Star Line, sendo os mais conhecidos o trio da Classe Olympic: RMS Olympic, RMS Titanic e HMHS Britannic.[3]

Desde 2011, a expansão da indústria de energia eólica offshore tem sido o foco principal. Atualmente, 75% dos trabalhos da empresa são baseados em energia renovável.[4]

Trabalhadores deixando o estaleiro no início de 1911. O Titanic pode ser visto ao fundo.
Estátua de Edward James Harland nos arredores da Câmara Municipal de Belfast.

A Harland and Wolff foi formada em 1861, por Edward James Harland e Gustav Wilhelm Wolff. Em 1858, Harland adquiriu o pequeno estaleiro de seu empregador Robert Hickson.[3]

Após a compra, Harland contratou seu assistente Wolff como sócio. Wolff era o sobrinho de Gustav Schwabe, um financista de Hamburgo que tinha interesses comerciais na empresa Bibby Line. Sendo assim, os três primeiros navios encomendados ao estaleiro foram construídos para a companhia.[3] Harland obteve sucesso por meio de várias inovações, como substituir os conveses superiores de madeira por chapas de ferro, o que aumentava a força dos navios e deixava um corte mais plano e quadrado aos cascos, ampliando sua capacidade. Em 1874, Walter Henry Wilson tornou-se sócio da empresa.[5]

Com a morte de Harland, em 1895, William James Pirrie se tornou o presidente da empresa até sua morte, em 1924. Em 1907, o engenheiro naval Thomas Andrews se tornou gerente geral e chefe do departamento de desenho. Foi neste período que a empresa construiu o Olympic e os outros dois navios de sua classe, Titanic e Britannic, entre 1909 e 1914. Para realizar o projeto, o estaleiro contratou a empresa Sir William Arrol & Co. a fim de construir uma gigantesca estrutura de pórtico duplo e rampa de lançamento.

Em 1912, devido principalmente ao aumento da instabilidade política na Irlanda, a empresa adquiriu outro estaleiro em Govan, na cidade de Glasgow, Escócia. Em Govan, a Harland and Wolff se especializou na construção de navios-tanques e navios cargueiros.[6] Um estaleiro próximo também foi adquirido pela Harland and Wolff em 1919, juntamente com uma participação no principal fornecedor de aço da empresa, David Colville & Sons. A Harland and Wolff também estabeleceu estaleiros em Bootle, Liverpool,[7] Londres[8] e Southampton,[9] no entanto, todos foram encerrados a partir do início dos anos 1960, quando a empresa optou por consolidar suas operações em Belfast.

Anos de guerra

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O escritório de desenho da Harland and Wolff no início do século XX.

Durante a Primeira Guerra Mundial, a Harland and Wolff focou na construção de monitores e cruzadores, incluindo o HMS Glorious. Em 1918, a empresa abriu um novo estaleiro chamado East Yard. Este novo estaleiro especializou-se na produção em massa de navios padrões desenvolvidos na Primeira Guerra Mundial.

Na década de 1920, os trabalhadores católicos foram rotineiramente expulsos do estaleiro.[10]

Em 1936, a empresa abriu uma subsidiária fabricante de aviões com a Short Brothers, chamada Short & Harland Limited. Na Segunda Guerra Mundial, esta fábrica construiu bombardeiros Short Stirling, após a retirada do Handley Page Hampden.

O estaleiro manteve-se ocupado na Segunda Guerra Mundial construindo seis porta-aviões, dois cruzadores (incluindo o HMS Belfast) e outros 131 navios de guerra, além de reparar mais de 22 000 embarcações. Também fabricou tanques e componentes de artilharia. Foi neste período que o efetivo da empresa atingiu um pico de 35 000 trabalhadores. O estaleiro foi fortemente bombardeado pela Luftwaffe em abril e maio de 1941, causando danos consideráveis às instalações de construção naval e destruindo a fábrica de aviões.

Período pós-guerra

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Um serralheiro trabalhando à noite no convés de um navio no pátio da Harland and Wolff, 27 de outubro de 1944.

Com o surgimento do avião a jato no final dos anos 50, a demanda por transatlânticos diminuiu. Isto, juntamente com a concorrência do Japão, trouxe dificuldades para a indústria britânica de construção naval. O último transatlântico que a empresa lançou foi o MV Arlanza para a Royal Mail Line em 1960, enquanto o último transatlântico a ser concluído foi o SS Canberra para a P&O em 1961.

Na década de 1960, o estaleiro realizou alguns feitos notáveis, como o petroleiro Myrina, que foi o primeiro superpetroleiro a ser construído no Reino Unido e o maior navio já lançado em uma rampa até então. No mesmo período, o estaleiro também construiu a sonda semissubmersível Sea Quest, que, devido ao seu projeto de três pernas, foi lançada em três rampas paralelas.

Em meados da década de 1960, o governo britânico passou a conceder empréstimos e subsídios aos estaleiros britânicos a fim de preservar empregos. Parte deste dinheiro foi usado para financiar a modernização do parque fabril, permitindo a construção de embarcações mercantes muito maiores, incluindo uma de 333 000 toneladas.

A empresa já tinha a reputação de ser uma fábrica protestante e, durante o conflito em 1970, 500 trabalhadores católicos foram demitidos.[11]

Problemas contínuos levaram à estatização da empresa. Em 1971, o complexo Arrol Gantry, local onde muitos navios foram construídos até o início dos anos 60, foi demolido. A privatização ocorreu em 1989, em parceria com o magnata Fred Olsen, levando a criação de uma nova empresa chamada Harland & Wolff Holdings Plc.[12] A esta altura, o número de funcionários havia caído para cerca de 3 000 pessoas.

Nos anos seguintes especializou-se na construção de petroleiros Suezmax e passou a concentrar-se em embarcações para a indústria offshore de petróleo e gás, entretanto, fez ocasionalmente algumas incursões fora deste mercado. A empresa não obteve sucesso na licitação para a construção do novo transatlântico da Cunard, o Queen Mary 2, que teve o contrato assinado pela Chantiers de l'Atlantique.[13]

Reestruturação e operações atuais

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Os guindastes de pórtico tornaram-se marcos da cidade.

Diante das pressões competitivas (especialmente no que se diz respeito à construção naval), a Harland and Wolff buscou mudar e ampliar seu portfólio, concentrando-se mais em engenharia estrutural, bem como reparo de navios, construções offshore e competições por outros projetos. Isto levou a Harland and Wolff construir uma série de pontes na Grã-Bretanha e também na República da Irlanda, como a Ponte James Joyce e a restauração da Ponte Ha'penny, em Dublin, aproveitando o sucesso de sua primeira incursão no setor de engenharia civil com a construção da Ponte Foyle na década de 80.

O último projeto de construção naval da Harland and Wolff foi com o MV Anvil Point, uma das seis embarcações da Classe Point construídas para uso do Ministério da Defesa.[14] A embarcação, construída sob licença dos construtores navais alemães Flensburger Schiffbau-Gesellschaft, foi lançada em 2003.

A Harland and Wolff quase assinou o contrato para construir o RMS Queen Mary 2 em 2003, mas não recebeu a garantia necessária do governo. Como resultado, o contrato foi adjudicado à Chantiers de l'Atlantique. O navio entrou em serviço em 2004.[15]

Nos últimos anos, a empresa viu sua carga de trabalho relacionada aos navios aumentar ligeiramente. Embora a Harland and Wolff não tenha envolvimento em nenhum projeto de construção naval no futuro, está cada vez mais envolvida na revisão, readequação e reparo de navios, bem como na construção e reparo de equipamentos offshore, como as plataformas petrolíferas. Em 1 de fevereiro de 2011, foi anunciado que a Harland and Wolff havia assinado o contrato para reformar o SS Nomadic, retomando efetivamente sua associação de quase 150 anos com a White Star Line. As obras estruturais na embarcação começaram em 10 de fevereiro de 2011 e foram concluídas a tempo para o Belfast Titanic Festival em 2012.

O horizonte de Belfast ainda é dominado pelos famosos guindastes de pórtico da Harland and Wolff, Samson e Goliath, construídos em 1969 e 1974, respectivamente. Há também especulações sobre o ressurgimento da prosperidade do estaleiro, graças à diversificação da empresa em tecnologias emergentes, em particular no desenvolvimento de energias renováveis, como turbinas eólicas offshore e energia maremotriz.

Em 2018, a Fred. Olsen Energy passou por uma reestruturação e decidiu colocar a Harland and Wolff à venda.[16] Sem nenhum interessado, foi divulgado que a empresa deixaria de operar em 5 de agosto de 2019.[17] Posteriormente, em 1 de outubro de 2019, a empresa foi adquirida por 6 milhões de libras pelo grupo britânico de infraestruturas energéticas InfraStrata.[18]

Referências
  1. «Edward James Harland» (em inglês). Grace’s Guide. Consultado em 31 de janeiro de 2015 
  2. «Harland and Wolff» (em inglês). Grace’s Guide. Consultado em 31 de janeiro de 2015 
  3. a b c «Belfast's golden age of shipbuilding» (em inglês). BBC. Consultado em 31 de janeiro de 2015. Arquivado do original em 26 de março de 2018 
  4. (em inglês) «Britain could lead world in offshore wind power». The Daily Telegraph. Londres. 14 de fevereiro de 2011 
  5. (em inglês) «Walter Henry Wilson». www.gracesguide.co.uk 
  6. (em inglês) «Harland and Wolff - Shipbuilding and Engineering Works». www.theyard.info 
  7. (em inglês) Weston, Alan (18 de fevereiro de 2013). «Former Liverpool head office of Titanic builders Harland & Wolff to be demolished». liverpoolecho 
  8. (em inglês) «Britain From Above». britainfromabove.org.uk 
  9. (em inglês) «Britain From Above». britainfromabove.org.uk 
  10. (em inglês) «Sectarianism and the shipyard». Irish Times 
  11. (em inglês) Pat Coogan, Tim (2015). The Troubles: Ireland's Ordeal 1966–1995 and the Search for Peace. [S.l.]: Head of Zeus Ltd. 607 páginas 
  12. (em inglês) «Harland and Wolff - Shipbuilding and Engineering Works». www.theyard.info 
  13. (em inglês) Mullin, John (11 de março de 2000). «Harland & Wolff locks horns with DTI». The Guardian. Londres 
  14. (em inglês) «List of Ships». theyard.info. Consultado em 12 de março de 2018 
  15. (em inglês) The Genesis of a Queen: Queen Mary 2. YouTube (2012-01-18). Retrieved on 2013-07-23.
  16. «Harland and Wolff's Belfast shipyard up for sale». BBC News (em inglês). Belfast Telegraph. 28 de dezembro de 2018. Consultado em 15 de setembro de 2019 
  17. (em inglês) «Titanic shipbuilder Harland and Wolff set to enter administration». Evening Standard (em inglês). 5 de agosto de 2019. Consultado em 5 de agosto de 2019 
  18. «Harland and Wolff:BBC News - Belfast ship yard bought by UK firm» (em inglês) 

Ligações externas

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O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Harland and Wolff