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Fynbos

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Fynbos de montanha na Península do Cabo.
Uma fotografia em 360 graus do fynbos na região de Groot Winterhoek das montanhas de Cape Fold aproximadamente 18 meses após um incêndio. A nova vegetação pode ser vista em vários estágios de crescimento após o fogo. O solo infértil no qual o fynbos tende a se desenvolver também pode ser visto.

Fynbos (em inglês): ˈfeɪnbɒs; (em africâner): ˈfɛi̯nbos, significando "plantas de folhas finas") é um pequeno bioma de vegetação arbustiva nas províncias sul-africanas do Cabo Ocidental e do Cabo Oriental. A região apresenta predominantemente chuvas de inverno, situa-se na costa e nas montanhas próximas e possui clima mediterrâneo. A ecorregião do fynbos está classificada como o bioma de Floresta mediterrânea de bosques e arbustos. Em campos relacionados à biogeografia, o fynbos é conhecido por seu alto grau de biodiversidade[1] and endemismo,[2] consistindo em 80% (8500) espécies, com quase 6000 delas endêmicas.[3] Esta região enfrentou e ainda enfrenta numerosas ameaças, mas também estão em progresso esforços de preservação e restauração.

Sumário e história

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A palavra fynbos é frequentemente considerada como significando "arbusto fino" em africâner, em função de "bos" significar "bush". A folhagem típica do fynbos é ericoide (ramifica-se por extensões) em vez de fina. O termo, no uso holandês, pré-africâner, fynbosch, foi registrado por John Noble como casual no final do século.[4] No início do século XX, John Bews referia-se a "região sudoeste (do Cabo) de Macchia ou Fynbosch". Ele disse: "nesta bem-conhecida região onde a chuva ocorre no inverno e os verões são mais ou menos secos, a vegetação dominante é esclerófila e há pouca ou nenhuma vegetação campestre, embora haja muitas gramíneas..."[5] Ele também se refer a um alto grau de endemismo nessa região. Em outros pontos ele se refere ao termo como "...aplicado pelos habitantes do Cabo a todo tipo de mata de pequeno porte que não inclua árvores lenhosas"; no vernacular corrente, este ainda é o sentido efetivo da palavra.[1] Entretanto, no sentido técnico utilizado pelos ecólogos, as restrições são mais exigentes. Na metade final do século XX, "fynbos" passou a se distinguir como o termo para a "a vegetação característica do sudoeste do Cabo".[1]

Áreas protegidas da região floral do Cabo

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As Áreas protegidas da região floral do Cabo (Capensis) é uma das seis reinos florais do mundo, sendo também a menor e a mais rica por unidade de área.

O fynbos – que cresce numa região costeira com 100 a 200km de largura que vai de Clanwilliam, no Cabo Ocidental a Port Elizabeth no Cabo Oriental forma parte do reino floral do Cabo, onde contabiliza metade da área e 80% das espécies. O fynbos das regiões a oeste é mais rico e variado que nas regiões a leste da África do Sul. A diversidade do fynbos é extremamente alta, com mais de 9000 espécies de plantas ocorrendo na área, sendo 6200 endêmicas, i.e., não crescem em nenhum outro lugar do mundo. A região do fynbos no Cabo Ocidental da África do Sul possui um nível de diversidade botânica que excede o da mais rica floresta úmida na América do Sul, a Amazônia inclusa.[3] No gênero botânico Erica, mais de 600 espécies ocorrem no reino fynbos, enquanto apenas duas a três dúzias foram descritas pelos estudiosos em outras partes do mundo. Isto numa área de apenas 46000 km2 – em comparação, os Países Baixos, com área de 33000 km2, possui 1400 espécies, nenhuma delas endêmica. A Montanha da Mesa na Cidade do Cabo possui 2200 espécies, mais que todo o Reino Unido. Desta forma, embora o fynbos cubra apenas 6% da área do sul da África, possui metade das espécies do subcontinente – e de fato possui quase uma em cinco espécies de plantas descritas na África até o momento.

Vegetação do fynbos na Cidade do Cabo.
Flores da espécie Gladiolus alatus.

As componentes mais compíscuas da flora no fynbos são as plantas esclerófilas de folhas persistentes com folhas ericoides e de caules não lenhosos, em oposição às florestas. Mais de 1400 espécies bulbosas ocorrem no fynbos.[1]

A área do fynbos foi dividida em duas ecorregiões muito similares: o fynbos das terras baixas (até 300 m acima do nível do mar) no solo arenoso da costa oeste e o fynbos de montanha.

O fynbos de terras baixas, em Hangklip Sand Fynbos, Península do Cabo
Fynbos de montanha, em Peninsula Sandstone Fynbos, também na Península do Cabo
Renosterveld, em Swartland Shale Renosterveld

O tipo de fynbos de terras baixas experimenta chuvas regulares no inverno, especialmente a oeste do Cabo das Agulhas. A flora das terras baixas contém alta quantidade de espécies endêmicas e tende a favorecer plantas maiores que as que se desenvolvem nas regiões mais altas.[6] O fynbos de montanha é a área acima de 300 m, numa área total de 45000 km2 das montanhas de Cape Fold. O mesmo nível de variedade de flora, inclusas as três famílias características do bioma é encontrado ali, mas as do gênero Erica predominam. Em função de as regiões mais altas e úmidas serem mais protegidas e conterem importantes fontes hídricas, a flora original está mais intacta que nas terras baixas; não obstante, a agricultura e o aquecimento global ainda representam ameaças.

Muitos diferentes microclimas ocorrem, de modo que a vegetação muda de oeste para leste, também variando conforme a altitude e a posição em relação à bússola. As regiões mais baixas estão cobertas com Protea, com a Erica tomando conta mais acima. Outros gêneros comuns são (Leucospermum). A vida silvestre inclui abelhas endêmicas, besouros, mutucas, formigas e pássaros como Cape sugarbird e o orange-breasted sunbird. Muitos desses pássaros e insetos são importantes ao realizarem a polinização do fynbos, tais como a borboleta Aeropetes tulbaghia que só visita flores vermelhas, tais como a Disa uniflora e poliniza 15 espécies diferentes. Animais de maior porte, incluem antílopes, especialmente os das espécies Raphicerus melanotis, Sylvicapra grimmia e Oreotragus oreotragus). O extinto antílope azul e o quaga também eram nativos do fynbos.

Usos econômicos

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Rooibos (Aspalathus linearis) e "honeybush" (Cyclopia intermedia) têm importância econômica, sendo criadas e colhidas em grandes quantidades na região de Cederberg, também representando conteúdo de exportação. Restios continuam a ser usados para coberturas de palha, tal como têm sido usados há milênios. Proteas e outras espécies florais são criadas em muitas áreas e colhidas para exportação. Em muitas áreas com clima mediterrâneo, as espécies do fynbos tornaram-se populares para fins paisagísticos na jardinagem, em especial os aloes e gerânios e em climas mais frios, como plantas de vasos junto às janelas. Um grande número de plantas do fynbos tem uso na medicina tradicional e ainda que poucas delas tenham sido sujeitas a testes científicos, muitas já tiveram suas propriedades medicinais identificadas.[7][8][9]

Ameaças e conservação

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A rebrotação de espécies do fynbos, em volta do tronco de um pinheiro invasor caído. Cidade do Cabo.

Na África do Sul, o fynbos é a região mais afetada espécies invasoras que coletivamente cobrem mais de 10% de todo o país.[10][11] As espécies invasoras mais comuns são certas integrantes do gênero Acacia e hakeas, nativas da Austrália e pinheiros nativos da Europe e da costa californiana dos Estados Unidos.[10][12] Os pinheiros foram introduzidos na África do Sul no século XIX e as acácias foram importadas na década de 1870 para estabilizar as dunas.[12] Em 1997 foi estimado que a invasão causou um declínio de valor na região do fynbos na ordem de 750 milhões de dólares por ano.[10]

O programa Working for Water (WfW) iniciou-se em 1995 pelo Departamento de Questões Hídricas e Silvicultura para controlar essas espécies invasoras que se descobriu que sequestram 9,95% do eflúvio hídrico de superfície.[10][12] Desde então mais de um milhão de hectares de terra foram limpos de espécies invasoras, ao mesmo tempo que se gerou empregos para 20000 pessoas anualmente, a maioria das quais mulheres e trabalhadores sem qualificações.[11] Não há monitoramento sistemático do progresso do programa WfW mas há relatos de que uma espécie endêmica teria retornado à Montanha da Mesa após ter sido julgada extinta.[12]

Referências
  1. a b c d Manning, John (2008). Field Guide to Fynbos. Cape Town: Struik Publishers. ISBN 9781770072657 
  2. «Lowland fynbos and renosterveld». Terrestrial Ecoregions. World Wildlife Fund. Consultado em 26 de janeiro de 2010 
  3. a b «Fynbos, South Africa». panda.org. Consultado em 15 de janeiro de 2017 
  4. Noble, John (1875). Descriptive handbook of the Cape Colony: its condition and resources. www.archive.org. [S.l.]: Juta 
  5. Bews, John William (1918). The grasses and grasslands of South Africa. www.archive.org. [S.l.]: Pietermaritzburg, P. David & Sons, Ltd., Printers 
  6. «Lowland fynbos and renosterveld». Terrestrial Ecoregions. World Wildlife Fund 
  7. «Working with fynbos - Fynbos Hub». fynboshub.co.za. Consultado em 15 de janeiro de 2017 
  8. «Pig's ears and buchu brandy: medicinal plants of the fynbos – Table Mountain Aerial Cableway - Official Website». tablemountain.net. Consultado em 15 de janeiro de 2017 
  9. «Commercialization of South African Indigenous Crops: Aspects of Research and Cultivation of Products». purdue.edu. Consultado em 15 de janeiro de 2017 
  10. a b c d «STATUS OF INVASIVE TREE SPECIES IN SOUTHERN AFRICA». Food and Agriculture Organization of the United Nations. Consultado em 27 de janeiro de 2016 
  11. a b «Working for Water Programme». Department of Environmental Affairs. Consultado em 27 de janeiro de 2016 
  12. a b c d Balmford, Andrew (2012). Wild Hope: On the Front Lines of Conservation Success. Chicago: The University of Chicago Press. pp. 67–87. ISBN 978-0-226-03601-4 

Ligações externas (em inglês)

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