Forças Armadas Zairenses
As Forças Armadas Zairenses (em francês: Forces armées zaïroises, FAZ) foram as forças armadas do Zaire de 1971 a 1997. Sob as ordens do Presidente e Marechal Mobutu Sese Seko, dedicaram-se à proteção do país e de seu regime. Frequentemente debilitadas pela corrupção, participaram de muitos conflitos até a queda de Mobutu após a Primeira Guerra do Congo.
História
[editar | editar código-fonte]As Forças Armadas Zairenses foram criadas em 1971, alterando o nome do exército nacional congolês. Esta mudança foi ligada à política de zairização da República do Congo (Léopoldville), um retorno à "authenticité" africana liderada pelo general Mobutu no poder desde 1965.
As forças armadas zairenses foram, ao longo de sua história, enfraquecidas por numerosos expurgos baseados em critérios étnicos. Entre 1975 e 1978, mais de 1.000 oficiais e suboficiais do Kasai ou Shaba foram excluídos após distúrbios em sua região.[1] Na década de 1980, as forças armadas eram cada vez mais compostas por Ngbandi, grupo étnico do presidente,[2] ou pelos Ngbaka.[3]
Os soldados zairenses eram, em sua maioria, muito mal pagos e, a partir da década de 1970, engajaram em tráfico de equipamentos militares para conseguir dinheiro, enquanto os oficiais desviavam os salários e recursos destinados a seus subordinados.[4]
Organização
[editar | editar código-fonte]1975
[editar | editar código-fonte]No início de 1973, as Forças Armadas Zairenses reuniam 49.000 soldados, repartidos entre a divisão das tropas de choque aerotransportadas (DITRAC), um regimento blindado, um batalhão de infantaria mecanizada, 14 batalhões de infantaria e 4 outros batalhões. O DITRAC, treinado por instrutores israelenses até 1972, era composto por 7 batalhões de comandos paraquedistas.[5]
1990
[editar | editar código-fonte]Por volta de 1990, as Forças Armadas Zairenses consistiam nas seguintes unidades:[6]
- a Divisão Especial Presidencial (Division spéciale présidentielle, DSP), comandada pelo general Nzimbi Ngbale, em Quinxassa;
- a 1.ª Brigada Blindada em Mbanza-Ngungu;
- as 11.ª, 12.ª e 14.ª brigadas da Divisão Kamanyola na província de Shaba;
- a 13ª Brigada de Infantaria em Kalemie (Tanganyika);
- a 21.ª Brigada de Infantaria, conhecida como Léopards em Lubumbashi (Shaba);
- a 31.ª brigada de paraquedistas em Quinxassa e Camina;[7]
- a 32.ª brigada de paraquedistas em Kitona;
- a 41.ª Brigada de Comando em Kisangani.
Entre essas unidades, as 21.ª, 31.ª e 42.ª Brigadas, bem como a Divisão Especial Presidencial, são as únicas relativamente preparadas para combater. A brigada blindada, igualmente bem treinada para os padrões zairenses, possuía apenas 30 blindados e 500 homens e era sobretudo uma unidade de instrução.[7] Após motins em 1991, os instrutores estrangeiros (chineses, belgas, franceses e israelenses) deixaram o país e apenas a Divisão Especial Presidencial manteve capacidades militares satisfatórias.[8]
Marinha zairense
[editar | editar código-fonte]A marinha zairense estava baseada principalmente no porto de Banana, na costa atlântica. Estava equipada com navios de patrulha das classes Shanghai e Huchwan, bem como navios ligeiros.[9] O maior navio, batizado de Zaïre, era um navio de 70 toneladas ancorado no porto de Matadi.[10] Outras unidades da marinha operavam no rio Zaire, desde Boma e Quinxassa, e no lago Tanganica, desde Kalemie e Moba.[11]
A frota tornou-se quase totalmente inoperante na década de 1990.[9]
- ↑ Kennes 1998, p. 9.
- ↑ Kennes 1998, p. 10.
- ↑ Reyntjens 2009, p. 108.
- ↑ Langellier 2018, pp. 255-256.
- ↑ Abbott 2014, p. 21.
- ↑ Cooper 2013, p. 16.
- ↑ a b Abbott 2014, p. 24.
- ↑ Abbott 2014, p. 33.
- ↑ a b Cooper 2013, p. 15.
- ↑ Kisangani & Bobb 2010, p. 348.
- ↑ Kisangani & Bobb 2010, p. 349.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Abbott, Peter (2014). «The Congo 1960–2002». Modern African Wars (4) (em inglês). [S.l.]: Osprey. 48 páginas. ISBN 978-1-78200-076-1.
- Tom Cooper (setembro de 2013). Great Lakes Holocaust : First Congo War, 1996-1997. Col: Africa@War (em inglês) 13 ed. [S.l.]: Helion & Company. 72 páginas. ISBN 978-1-909384-65-1.
- Erik Kennes (março de 1998). La guerre du Congo (PDF). [S.l.: s.n.] 28 páginas.
- Kisangani, Emizet François; Bobb, F. Scott (2010). Historical Dictionary of the Democratic Republic of the Congo. Col: Historical Dictionaries of Africa (em inglês) 112 ed. Lanham (Md.): The Scarecrow Press. 624 páginas. ISBN 978-0-8108-5761-2.
- Filip Reyntjens (Novembro de 2009). «The fall of the Mobutist state». The Great African War Congo and Regional Geopolitics, 1996–2006 (PDF) (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. 340 páginas. ISBN 978-0-521-11128-7.
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Forces armées zaïroises».