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Eugénio Manuvakola

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Eugénio Antonino Ngolo "Manuvakola" (Bocoio, 7 de junho de 1947) é um militar e diplomata angolano. É deputado pela União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) na Assembleia Nacional.

Nascido em Bocoio, na província de Benguela, Eugénio Manuvakola é filho do professor de escolas protestantes António Kavita Ngolo e da trabalhadora doméstica Albertina Essenje Chivala Ngolo.[1] Mudou-se para o Huambo onde estudou no Liceu Nacional Norton de Matos (actualmente denomina-se Escola Secundária Comandante Bula Matadi).[1] Nesta cidade, alistou-se no Exército Português em 1969.[1] Mudou-se para Luanda em 1972 para estudar medicina na Universidade Agostinho Neto, tendo permanecido na vida acadêmica até 1975.[1]

Preferiu abandonar a faculdade para filiar-se à UNITA[1] em janeiro de 1975 na cidade do Huambo.[2] É enviado para Luanda para trabalhar no escritório da UNITA na cidade.[2] Em março foi como delegado para a conferência nacional da ala jovem do partido, a Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), ocorrida no Huambo.[2] Nesta conferência, foi eleito secretário-geral da JURA, funções que ocupou até 1977.[2]

Em junho de 1975 foi membro da delegação da UNITA na 25ª Conferência do Comité de Libertação da Organização da Unidade Africana (OUA), realizada em Rabate, nos Marrocos.[2]

Foi enviado para as zonas de combate de Lumbala Guimbo,[2] no leste de Angola, servindo nas Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), rapidamente alcançando posição no Bureau Político do partido.[1] Com a derrota militar, juntou-se ao grupo de Jonas Savimbi na "Longa Marcha" até a base partidária de Sandona (Moxico).[2] No "Manifesto do Rio Cuanza", Savimbi o promoveu a major das FALA e comandante da Região Militar do Cuanza.[2] Em janeiro de 1977 é promovido a tenente-coronel e comandante da Região Militar do Huambo.[2]

Foi designado para comandar as bases secretas de artilharia antiaérea[2] da UNITA no Cuando-Cubango[2] e na Faixa de Caprivi, na Namíbia Sul-Africana,[1] chegando em 1980 a ser nomeado administrador-geral civil (equivalente a ministro do interior) da autodenominada República Popular Democrática de Angola.[1]

Em 1981 foi nomeado para chefiar o Secretariado-Geral do Comité Central do partido, sendo confirmado para mesma função no 5º congresso da organização em 1982, acumulando também a função de secretário de organização do Comité Central da UNITA.[2]

Nos episódios conhecidos como "Setembro Vermelho", entre 1981 e 1982, sua então esposa, Florbela Malaquias, divergiu de Savimbi e foi presa, mas conseguiu fugir.[3] Porém, Manuvakola acabou por ser implicado pelas posições da esposa e continuou sob custódia do partido.[3]

Foi readimitido por Savimbi nas estruturas do partido em 1986 como secretário de informação da UNITA,[2] em 1988 novamente como secretário de organização,[2] bem como membro do Bureau Político,[2] e em 1989 como general de divisão das FALA.[2]

Com a morte de Alicerces Mango em 1992, tornou-se secretário-geral do partido, participando como diplomata nas negociações de paz com o Estado angolano.[1] Foi o responsável por assinar o Protocolo de Lusaca na capital da Zâmbia, Lusaca, no dia 20 de novembro de 1994, com o então Ministro das Relações Exteriores do Estado angolano, Venâncio da Silva Moura. O documento tinha como base a desmobilização das FALA e a fusão destas nas recém-criadas Forças Armadas Angolanas (FAA).[4][5]

Rompeu com a UNITA, por considerar a posição do partido não-pragmática e intransigente, e liderou a formação da tendência UNITA Renovada, que tomou o estatuto partidário da UNITA em 1999, e passou a fazer oposição política no parlamento angolano, abandonando o embate militar.[6] Disputou e venceu as eleições internas da presidência da UNITA Renovada com Jorge Valentim.[7] Manuvakola renunciou à liderança da UNITA Renovada em julho de 2002, e promoveu a reintegração e fusão com a UNITA.[8]

No ínterim, passou a integrar, como general, as Forças Armadas Angolanas (FAA), bem como assumir posições no Governo de Unidade e Reconciliação Nacional (GURN).[5]

Foi casado com a jornalista, advogada e política Florbela Malaquias, com quem teve cinco filhos.[9] Sua filha Navita Ngolo também seguiu carreira política.[10]

Referências
  1. a b c d e f g h i "O dr. Savimbi já não tem UNITA". Público. 15 de julho de 1999.
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p UNITA (1990). The UNITA Leadership. Jamba: União Nacional para a Independência Total de Angola. p. 23-24 
  3. a b Carta enviada a Paulo Lukamba 'Gato' por Bela Malaquias, esposa de Eugénio Manuvakola em 2003. Lil Pasta News. 10 de agosto de 2022.
  4. «História - A dura luta pela paz». Angola Press. Consultado em 1 de maio de 2013 
  5. a b Eugénio Manuvakola: Guardo a imagem de um Presidente que sabia escutar os conselheiros. Jornal de Angola. 13 de julho de 2022.
  6. «IRIN Interview with Eugenio Manuvakola, UNITA-Renovada leader». IRIN (em inglês). Johannesburg. 14 de março de 2002. Consultado em 3 de junho de 2017 
  7. Demissão forçada de um ministro da UNITA. Público. 15 de janeiro de 1999.
  8. «UNITA-Renovada leader steps down». IRIN (em inglês). Johannesburg. 31 de julho de 2002. Consultado em 3 de junho de 2017 
  9. Bela Malaquias: uma concorrente solteira. Jornal de Angola. 29 de junho de 2022.
  10. ÚlTIMA HORA: Navita Ngolo é a nova Secretária Províncial da UNITA no Huambo em substituição de Jonas dos Santos. CAMUNDA News. 13 de janeiro de 2021.