Eugénia Lima
Eugénia Lima | |
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Informação geral | |
Nome completo | Eugénia de Jesus Lima |
Nascimento | 29 de março de 1926 |
Local de nascimento | Castelo Branco |
Morte | 04 de abril de 2014 (88 anos) |
Local de morte | Rio Maior |
Nacionalidade | portuguesa |
Género(s) | Folclore, fado, corridinho |
Ocupação(ões) | Acordeonista, compositora |
Instrumento(s) | Acordeão |
Período em atividade | 1935-2014 |
Editora(s) | Rádio Triunfo, Discossete, Movieplay |
Eugénia Lima (Castelo Branco, 29 de março de 1926 — Rio Maior, 4 de abril de 2014), foi uma acordeonista prodígio e compositora portuguesa, autora de mais de duas centenas de temas e com uma discografia que excede as 50 gravações.
“As músicas que fiz, foram feitas por amor à arte e refletem o meu estado de espírito naquela altura. Mais de oitenta por cento das minhas músicas nasceram no palco, de improviso. ”
— Eugénia Lima, Castro Marim (2011).[1]
Biografia
[editar | editar código-fonte]Eugénia de Jesus Lima nasceu a 29 de março de 1926 em Castelo Branco, filha de Mário António de Lima, afinador de acordeões, e de Maria do Rosário Martins de Lima.[1]
Estreou-se a tocar acordeão aos quatro anos, no Cinema-Teatro Vaz Preto em Castelo Branco.[2]
Eugénia Lima teve como professores de música José Piló Rodrigues Cambaio e Mário de Nascimento Ribeiro, ambos músicos da Banda Militar de Castelo Branco.[1]
Em 1935, ainda não tinha atingido os 10 anos e Eugénia Lima estreava-se no Teatro Variedades, na revista Peixe Espada,[2] tendo feito a sua primeira aparição na Rádio em 21 de Novembro de 1935 num programa sobre o folclore da Beira Baixa da Emissora Nacional.[1]
No entanto, partir de 1936 a legislação não permitia que artistas menores de idade actuassem em casas de espectáculos, uma barreira só ultrapassada com autorização especial da Presidência da República.[1]
Aos 13 anos, o pai tentou inscrevê-la no Conservatório de Lisboa, mas os responsáveis disseram-lhe que o acordeão não tinha entrada naquela instituição.[3]
Eugénia Lima começou a gravar discos em 1943.[1][2]
Com convite da franco-italiana fábrica de acordeões Fratelli Crossio, Eugénia Lima faz a sua primeira digressão internacional, em 1947, com vários recitais em França.[1]
Foi fundadora da Orquestra Típica Albicastrense em 1956.[2] Em 1962 recebeu o "Óscar da Imprensa".[2]
Em Agosto de 1980 foi feita Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, sob a presidência de Ramalho Eanes.[4]
Em 1984 participa como artista convidada em Dar & Receber, um dos álbuns emblemáticos do cantor António Variações.[5]
Eugénia Lima o Diploma Honorífico da União Nacional dos Acordeonistas de França, Setembro de 1984, na primeira vez que este reconhecimento foi entregue a uma pessoa de um país estrangeiro.[1]
Recebe o diploma do Curso Superior de Acordeão na categoria de Professora pelo Conservatório de Acordeão de Paris.[2]
Em 1 de Outubro de 1986 foi-lhe atribuída, pelo Ministério da Cultura, a Medalha de Mérito Cultural.[6]
Em Outubro de 1995 foi feita Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, sob a presidência de Mário Soares.[4]
Aos 85 anos regressou ao Algarve, concretamente a Castro Marim, para uma festa homenagem que reuniu fãs de vários pontos da região e onde Eugénia Lima revelou que sofria da doença de Parkinson.[2][3]
Com mais de meia centena de discos gravados, Eugénia Lima compôs para cima de 200 melodias e fez vários arranjos de músicas famosas. Da sua obra lembram-se temas como "Minha Vida", "Picadinho da Beira" ou "Fadinho de Silvares".[1][2]
O acordeão que Eugénia considerava como mais importante, afinado pelo pai da artista, foi oferecido ao Santuário de Fátima, a 25 de março, dias antes da sua morte.[7]
Aos 88 anos, Eugénia Lima morreu a 4 de abril de 2014 em Rio Maior, distrito de Santarém.[2]
O nome de Eugénia Lima está incluído no Dicionário Mundial de Mulheres Notáveis.[1]
Eugénia Lima e o Algarve
[editar | editar código-fonte]Nascida na Beira Baixa, Eugénia Lima teve uma forte ligação à região do Algarve que começou quando apenas tinha seis anos.[1] Como Eugénia contou numa reportagem, após uma actuação em Castelo Branco dos acordeonistas José Ferreiro (Pai e Filho), de Loulé, estes deram-lhe a conhecer o acordeão cromático.[1] De resto, o pai de Eugénia comprar-lhe-ia o seu primeiro instrumento deste tipo a José Ferreiro (Pai),[1] e mais tarde José Ferreiro Júnior viria a ser, durante a década de 1940, empresário musical dela.[8]
Seguiram-se múltiplas actuações ao longo dos anos, incluindo várias participações nas Galas do Acordeão do Algarve, promovidas por Francisco Sabóia, e até composições como "Picadinho do Algarve" ou o corridinho "Coração Algarvio".[1]
Eugénia Lima foi ainda a grande impulsionadora da criação, em Fevereiro de 2012, da Mito Algarvio – Associação de Acordeonistas do Algarve.[1]
Discografia
[editar | editar código-fonte]Álbuns de estúdio
[editar | editar código-fonte]- 1973 Eugénia Lima, acordeão (LP, Rádio Triunfo)[9]
- 1991 Eugénia Lima (CD, Discossete)[10]
- 1995 O Acordeon Canta o Fado (CD, Discossete)[11]
Compilações
[editar | editar código-fonte]- 1994 O Melhor dos Melhores n.º 47 (CD, Movieplay)[12]
Participações
[editar | editar código-fonte]- 1989 Dar & Receber de António Variações (artista convidada) [5]
- 1995 Vira da Minha Terra de José Ferreiro. Um dos seus grandes sucessos.[carece de fontes]
Prémios e condecorações
[editar | editar código-fonte]- 1947 - 1.º Lugar no Concurso de Acordeonistas (Emissora Nacional)[1]
- 1962 - "Óscar da Imprensa" (melhor solista de música ligeira)[1][2]
- 1980 - Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (5 de Agosto)[4]
- 1984 - Diploma Honorífico atribuído pela União Nacional dos Acordeonistas de França[1]
- 1984 - Medalha de Mérito Cultural (1 de Outubro)[6]
- 1995 - Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (16 de Outubro).[4]
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r Jorge Matos Dias (8 de abril de 2014). «Eugénia Lima : Da mais pequena à maior». "Pesquisa" que não cita fontes consultadas. PlanetAlgarve. Consultado em 30 de junho de 2014
- ↑ a b c d e f g h i j Agência Lusa (4 de abril de 2014). «Morreu Eugénia Lima, a notável acordeonista portuguesa». Público. Consultado em 15 de março de 2016
- ↑ a b Domingos Viegas (29 de dezembro de 2011). «Lotação esgotada na homenagem a Eugénia Lima». Expresso, Blogues. Consultado em 15 de março de 2016
- ↑ a b c d «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Eugénia de Jesus Lima". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 13 de março de 2016
- ↑ a b «Catálogo - Detalhes do registo de "Dar & receber"». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 15 de março de 2016
- ↑ a b «Medalhas de Mérito Cultural» (PDF). Ministério da Cultura. Outubro de 2008. Consultado em 6 de julho de 2010. Arquivado do original (PDF) em 3 de agosto de 2010
- ↑ CCS, RSF (6 de abril de 2014). «Eugénia Lima oferece ao Santuário de Fátima o acordeão que a acompanhou na sua carreira». Jornal Tinta Fresca. Consultado em 15 de março de 2016
- ↑ Inácio, Nuno Campos (2016). O Acordeão no Algarve – Um Século de Histórias e Memórias. Albufeira: Arandis, D. L. p. 111. ISBN 978-989-8769-80-0
- ↑ «"Eugénia Lima, acordeão"». OCLC WorldCat. OCLC 254268008. Consultado em 26 de junho de 2016
- ↑ «Catálogo - Detalhes do registo de "Eugénia Lima"». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 15 de março de 2016
- ↑ «Catálogo - Detalhes do registo de "O acordeon canta o fado"». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 30 de junho de 2016
- ↑ «Catálogo - Detalhes do registo de "Eugénia Lima; O melhor dos melhores; 47"». Fonoteca Municipal de Lisboa. Consultado em 15 de março de 2016
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Entrevistas: Eugénia Lima». na edição n.º 5 (2011) da Revista Municipal de Torres Vedras
- «Discografia de Eugénia Lima» (em inglês). no Discogs