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Ebenezer Scrooge

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Scrooge extingue o Primeiro dos Três Espíritos

Ebenezer Scrooge é um personagem principal da história Um Conto de Natal (1843), de Charles Dickens. O personagem mais tarde serviria como inspiração para Carl Barks criar o Tio Patinhas. No início da história Scrooge apresenta uma frieza desmedida no coração, além de ser ganancioso e avarento. Indiferente com o natal e tudo o que condiciona felicidade, Ebenezer Scrooge é descrito por Charles Dickens como tendo lábios azuis e nariz pontiagudo, perfeitamente retratado em Os Fantasmas de Scrooge, filme concretizado em 2009, onde Jim Carrey interpreta a personagem.

Ebenezer Scrooge nasceu em uma cidade camponesa na Inglaterra, em 7 de fevereiro de 1786. Na infância, lidou com diversos problemas, como a morte da mãe e o abandono pelo pai em sua velha escola, formando sua personalidade egoísta e intolerante.

Numa véspera de Natal, é levado para casa por sua irmã, Fan, e seu pai, Silas, que diz que o jovem Ebenezer irá trabalhar na Fábrica de Fezziwig.

Na véspera do natal da época que trabalhava para o Sr. Fezziwig, durante uma grande comemoração natalina, Scrooge conhece uma jovem moça chamada Isabelle (ou Belle) e ambos se apaixonam.

Entretanto, conforme Ebenezer obtia mais lucro, ia cada vez menos se importando com sua amada, culminando na separação dele e de Belle. Nesta mesma época Jacob Marley, patrão de Scrooge, morre em 1836, deixando sozinho Ebenezer para cuidar dos negócios.

Scrooge, o heroi principal da novela, após a morte do seu sócio Jacob Marley, ainda trabalha na empresa “Scrooge & Marley” sem alterar o nome. Sete anos mais tarde, na noite da Véspera de Natal, Scrooge, enquanto trabalha no escritório, despacha o seu sobrinho, que veio convidar o tio para a ceia. Ebenezer é um homem muito opulento, mas não contribui para as doações dos voluntários que lhe solicitam dinheiro para os pobres e indigentes. Scrooge diz ao seu assistente que não fornece dinheiro para festejos públicos e como sempre não é gentil com ele.

Depois de ir para casa, o nosso herói observa algo insólito - o seu sócio falecido, Jacob Marley, surge no meio do quarto, aprisionado sob portentosas correntes. O fantasma fala-lhe sobre o castigo que agora o marginaliza pela sua avareza que apresentou em vida e adverte Scrooge de que lhe está reservado um destino terrível caso não altere o seu comportamento avarento e indigno. O defunto avisa Scrooge que naquela noite ele será visitado por mais três fantasmas - que tentarão modificar o espírito do velho forreta. Uma hora mais tarde surge o primeiro – um fantasma do passado que lhe fornece lembranças da cidade da sua infância, a Noite de Natal gloriosa com a sua irmã, bons tempos com amigos, e finalmente a separação da sua noiva, que o deixou por causa do seu amor ao dinheiro. O segundo proporciona-lhe uma visão da Noite de Natal do presente: pobres, mas felizes nas casa dos seus empregados. Lá Scrooge vislumbra Tim, o filho doente do seu trabalhador subjugado por ele. O fantasma informa-o de que em breve Tim morrerá. O último fantasma é o do futuro – visitam a casa do empregado depois do enterro do pequeno Tim. Por fim ele observa a sua própria morte, muito humilhante, sozinho e detestado. Ele desperta na manhã de Natal e decide não desperdiçar este Natal. Scrooge acaba por modificar toda a sua vida.

O sobrenome "Scrooge"

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O sobrenome da personagem é um sinônimo de avareza (característica evidente em Ebenézer).

Conto de Natal (resumo)

Várias teorias foram apresentadas sobre onde Dickens obteve inspiração para o personagem.

Ebenezer Lennox Scroggie (1792–1836) foi supostamente um comerciante de Edimburgo que ganhou um contrato de fornecimento de alimentos para a visita do rei George IV à Escócia. Ele foi enterrado em Canongate Kirkyard, com uma lápide que agora está perdida. A teoria é que Dickens notou a lápide que descrevia Scroggie como sendo um "homem da farinha (meal man)" (comerciante de grãos), mas a interpretou mal como "homem mau".[1][2] Esta teoria foi descrita como "uma provável farsa de Dickens" para a qual "ninguém conseguiu encontrar qualquer evidência que corrobore isso".[3] Não há registro de ninguém chamado Scroggie nos resultados do censo de Edimburgo do período.[4] Jemmy Wood, proprietário do Gloucester Old Bank e possivelmente o primeiro milionário da Grã-Bretanha, era conhecido nacionalmente por sua mesquinhez e pode ter sido outro modelo para Scrooge.[5] O homem que Dickens eventualmente menciona em suas cartas[6] e que se parece muito com o personagem retratado pelo ilustrador de Dickens, John Leech, era um notável excêntrico e avarento britânico chamado John Elwes (1714-1789). Outra inspiração sugerida para o personagem Scrooge é Daniel Dancer, que Dickens menciona, junto com Elwes, em Our Mutual Friend.

Foi sugerido que ele escolheu o nome Ebenezer ("pedra (de) ajuda") para refletir a ajuda dada a Scrooge para mudar sua vida.[7][8] Os comentaristas sugeriram que o sobrenome foi parcialmente inspirado na palavra "scrouge", que significa "multidão" ou "aperto".[8][9][10] A palavra estava em uso desde 1820.[11]

Kelly escreve que Scrooge pode ter sido influenciado pelos sentimentos conflitantes de Dickens por seu pai, a quem ele amava e demonizava. Esse conflito psicológico pode ser responsável pelos dois Scrooges radicalmente diferentes da história - um recluso frio e mesquinho, o outro, um homem benevolente e amoroso.[12] Robert Douglas-Fairhurst, professor de literatura inglesa, considera que na parte inicial do livro retratando a infância solitária e infeliz do jovem Scrooge, e sua aspiração de passar da pobreza à riqueza "é uma espécie de autoparódia dos medos de Dickens sobre si mesmo"; as partes pós-transformação do livro mostram como Dickens se vê com otimismo.[13]

Uma linha de pensamento sugere que Dickens baseou as visões de Scrooge sobre os pobres naquelas do economista político e demógrafo Thomas Malthus, como evidenciado pela sua atitude insensível com a "população excedentária".[14][15] "E os asilos do Sindicato?... A esteira e a Lei dos Pobres estão em pleno vigor, então?" são o reflexo de uma questão sarcástica levantada pelo filósofo reacionário Thomas Carlyle: "Não existem esteiras, forcas; até mesmo hospitais, taxas de pobreza, Nova Lei dos Pobres?"[16][nota 1]

Existem precursores literários de Scrooge nas próprias obras de Dickens. Peter Ackroyd, biógrafo de Dickens, vê semelhanças entre Scrooge e o personagem-título de Martin Chuzzlewit, embora o último seja "uma imagem mais fantástica" do que o primeiro; Ackroyd observa que a transformação de Chuzzlewit em um homem de caridade é paralela à de Scrooge.[18] Douglas-Fairhurst vê que o personagem secundário Gabriel Grub de The Pickwick Papers também foi uma influência na criação de Scrooge.[19][a]

O personagem de Scrooge, especialmente como ele muda ao longo de A Christmas Carol, tem sido objeto de diversas análises.[21][22] [23]

Em outras mídias

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  • O personagem Tio Patinhas, criado por Carl Barks, foi pelo menos parcialmente baseado em Ebenezer Scrooge: "Comecei a pensar na grande história de Natal de Dickens sobre Tio Patinhas... Eu era apenas ladrão o suficiente para roubar um pouco da ideia e ter um tio rico para Donald."[24]

Representações

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Notas
  1. A pergunta original de Carlyle foi escrita em sua obra de 1840, Chartism.[17]
  1. O nome Grub veio de um avarento holandês do século XIX, Gabriel de Graaf, um coveiro moroso.[20]
Referências
  1. «Revealed: the Scot who inspired Dickens' Scrooge». The Scotsman. 24 de dezembro de 2004. Consultado em 14 de janeiro de 2020 
  2. «BBC Arts – That Ebenezer geezer... who was the real Scrooge?». BBC. Consultado em 30 de abril de 2016 
  3. Pelling, Rowan (7 de fevereiro de 2014). «Mr Punch is still knocking them dead after 350 years». The Telegraph (em inglês). Consultado em 16 de junho de 2017. Arquivado do original em 11 de janeiro de 2022 
  4. Melvin, Eric (2014). A walk through Edinburgh's New Town. Scotland: [s.n.] ISBN 9781500122010 
  5. Silence, Rebecca (2015). Gloucester History Tour. [S.l.]: Amberley Publishing Limited 
  6. Dickens, Charles (1999). «Letter to George Holsworth, 18 de janeiro de 1865». In: House; Storey; Brown; Tillotson. The Letters of Charles Dickens. Oxford, England: Oxford University Press 
  7. Kincaid, Cheryl Anne (2009). Hearing the Gospel through Charles Dickens's "A Christmas Carol" 2 ed. Cambridge, England: Cambridge Scholars Publishing. pp. 7–8. ISBN 978-1443817981. Consultado em 24 de dezembro de 2014 
  8. a b Pearson, Richard (9 de dezembro de 2014). «Why did Charles Dickens invent Scrooge?». The Independent (em inglês). Consultado em 30 de novembro de 2020 
  9. Cereno, Benito (14 de dezembro de 2018). «The real man who inspired Ebenezer Scrooge». Grunge.com (em inglês). Consultado em 30 de novembro de 2020 
  10. «Definition of SCROUGE». www.merriam-webster.com (em inglês). Consultado em 30 de novembro de 2020 
  11. «Why did Charles Dickens choose the name Ebenezer Scrooge?». www.londonguidedwalks.co.uk. Consultado em 30 de novembro de 2020 
  12. Kelly 2003, p. 14.
  13. Douglas-Fairhurst 2006, p. xix.
  14. Elwell, Frank W. (2 de novembro de 2001). «Reclaiming Malthus». Rogers State University. Consultado em 13 de janeiro de 2017. Cópia arquivada em 24 de março de 2017 
  15. Nasar, Sylvia (2011). Grand pursuit : the story of economic geniusRegisto grátis requerido 1st Simon & Schuster hardcover ed. New York City: Simon & Schuster. pp. 3–10. ISBN 978-0-684-87298-8 
  16. Douglas-Fairhurst 2006, p. xiii.
  17. Carlyle 1840, p. 32.
  18. Ackroyd 1990, p. 409.
  19. Douglas-Fairhurst 2006, p. xviii; Alleyne 2007.
  20. Alleyne 2007.
  21. Clarke, Joseph (Jody) H. (dezembro de 2009). «The Metapsychology of Character Change: A Case Study of Ebenezer Scrooge». Journal of Spirituality in Mental Health (em inglês). 11 (4): 248–263. ISSN 1934-9637. doi:10.1080/19349630903310039 
  22. McReynolds, Joseph Clayton (2020). «From Humbug to Humility: Learning How to Know with Ebenezer Scrooge». Dickens Studies Annual: Essays on Victorian Fiction. 51 (1): 20–39. ISSN 2167-8510. doi:10.5325/dickstudannu.51.1.0020 
  23. Smith, Joanmarie (verão de 1983). «The Religious Conversion of Ebenezer Scrooge». Religious Education. 78 (3): 355–361. doi:10.1080/0034408300780307 
  24. «THE DREAM OF THREE LIFETIMES: TRANSLATION AND TRANSNATIONALITY IN DONALD DUCK COMICS». etda.libraries.psu.edu. Consultado em 9 de setembro de 2023 
  25. Boulware, Hugh (30 de novembro de 1987). «For These Lads, 'Carol' Seems Like Play». Chicago Tribune 
  26. Fleming, Michael. "Jim Carrey set for 'Christmas Carol': Zemeckis directing Dickens adaptation", Variety, 6 de julho de 2007. Retrieved on 11 de setembro de 2007.
  27. «Doctor Who Christmas Special – A Christmas Carol». Consultado em 22 de novembro de 2010 
  28. «Christmas Day». Radio Times. 347 (4520): 174. Dezembro de 2010 
  29. «BBC Radio 4 – Saturday Drama, A Christmas Carol». BBC 
  30. Heymont, George (29 de janeiro de 2016). «Rule Britannia!». Huffington Post. Consultado em 30 de setembro de 2016 
  31. «From Charles Dickens to Michael Caine, here are the five best Scrooges». The Independent. 19 de dezembro de 2018 
  32. Cremona, Patrick. Mark Gatiss's A Christmas Carol: A Ghost Story is coming to cinemas, Radio Times, October 2022