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As Origens do Totalitarismo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
The Origins of Totalitarianism
As Origens do Totalitarismo
Autor(es) Hannah Arendt
Idioma inglês
Assunto Nazismo, stalinismo, totalitarismo, antissemitismo
Gênero Não ficção
Editora Schocken Books
Páginas 704
ISBN [[Special:Booksources/ISBN 0-8052-4225-2,
ISBN 978-0-8052-4225-6|ISBN 0-8052-4225-2,
ISBN 978-0-8052-4225-6]]
Edição portuguesa
Tradução Roberto Raposo
Editora Publicações Dom Quixote
Lançamento 2006
ISBN 9789722029094
Edição brasileira
Tradução Roberto Raposo
Editora Companhia das Letras
Lançamento 1989
ISBN 85-7154-065-3 1

As Origens do Totalitarismo (em inglês: The Origins of Totalitarianism; em alemão: Elemente und Ursprünge totaler Herrschaft [1]) é um livro da teórica política teuto-americana Hannah Arendt que examina as origens históricas e as características políticas comuns dos principais regimes totalitários do século XX - o nazismo e o stalinismo. Seu título original era O Fardo de Nossos Tempos, e chegou a ser publicado como O Fardo de Nosso Tempo (The Burden of Our Time [sic]) na Grã-Bretanha em 1951.[2]

Desde a sua publicação, o livro foi reconhecido como uma das primeiras obras de referência sobre o tema e um clássico da filosofia política. É frequentemente referido como a principal obra de Arendt e continua a ser, até hoje, uma das análises filosóficas definitivas sobre o totalitarismo, ao menos na forma que assumiu durante o século XX.

Arendt dedicou o livro a seu marido, o poeta e filósofo alemão Heinrich Blücher.

Estrutura e conteúdo da obra

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Como vários outros livros de Arendt, As Origens do Totalitarismo compõe-se de ensaios - cada um deles correspondendo a uma parte da obra:

Inicialmente, são descritas as várias precondições e a subsequente ascensão do antissemitismo na Europa Central, Oriental e Ocidental, desde início até meados do século XIX. Em seguida, Arendt examina o neoimperialismo, de 1884 até o início da Primeira Guerra Mundial (1914-18), traçando a emergência do racismo como ideologia e a sua moderna aplicação como "arma ideológica do imperialismo", pelos boers durante o Grande Trek (1830-c. 1943). Finalmente, Arendt analisa o totalitarismo como uma "nova forma de governo", que "difere essencialmente de outras formas de opressão política que conhecemos, como despotismo, tirania e ditadura",[3] na medida em que aplica o terror para subjugar grandes massas populacionais e não apenas adversários políticos.[4][5] Segundo Arendt, a perseguição dos judeus teria sido um pretexto para ganhar as massas, ou seja, um interessante recurso de demagogia, como uma espécie de proxy conveniente. Aquele totalitarismo na Alemanha tinha, afinal, a ver com terror e coerência - não com a erradicação dos judeus apenas.[6][5] Um conceito-chave que surgiu do livro foi a aplicação da expressão de Kant "mal radical",[7] que ela aplicou aos homens que criaram e executaram tal tirania e à representação das suas vítimas como "povos supérfluos".[8][9]

Recepção da obra

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O jornal francês Le Monde incluiu As Origens do Totalitarismo entre os 100 melhores livros do século XX, enquanto a National Review classificou-o como o 15º de sua lista dos 100 melhores livros de não ficção do século.[10] O Intercollegiate Studies Institute listou a obra entre os 50 melhores livros de não ficção do século.[11]

Norman Podhoretz comparou o prazer da leitura de As Origens do Totalitarismo à satisfação de ler um grande romance ou poema.[12]

O estoque do livro esgotou-se no site da Amazon, em janeiro de 2017, em consequência de um súbito aumento do interesse em obras sobre o totalitarismo na época em que Donald Trump assumiu a presidência dos Estados Unidos.[13]

Mas o livro também atraiu críticas negativas. A mais ampla pode ter sido a do professor Bernard Wasserstein, da Universidade de Chicago, publicada no Times Literary Supplement, em 2009.[14] Segundo Wasserstein, Arendt teria internalizado sistematicamente as várias fontes e livros antissemitas e nazistas que lhe eram familiares, usando muitas delas como autoridades no assunto.[15]

Referências
  1. O título em alemão, Elemente und Ursprünge totaler Herrschaft, pode ser traduzido como 'Elementos e origens da dominação totalitária'.
  2. British Library ID BLL01000107370.
  3. The Origins of Totalitarianism
  4. — (1953). «Ideology and Terror: A Novel Form of Government». The Review of Politics. 15 (3): 303–327. JSTOR 1405171 
  5. a b Szécsényi, Endre (30 de março de 2005). The Hungarian Revolution in the "Reflections" by Hannah Arendt. Europe or the Globe? Eastern European Trajectories in Times of Integration and Globalization. Viena: IWM * «Hannah Arendt». Contemporary Thinkers. The Foundation for Constitutional Government. 2018 
  6. Riesman, David (1º de abril de 1951). «The Origins of Totalitarianism, by Hannah Arendt». Commentary 
  7. Copjec, Joan, ed. (1996). Radical Evil. [S.l.]: Verso Books. ISBN 978-1-85984-911-8 
  8. Hattem, Cornelis Van; Hattem, Kees van (2005). Superfluous people: a reflection on Hannah Arendt and evil. [S.l.]: University Press of America. ISBN 978-0-7618-3304-8 
  9. Heller, Anne Conover (2015). Hannah Arendt: A Life in Dark Times. [S.l.]: Houghton Mifflin Harcourt. ISBN 978-0-544-45619-8  excerpt
  10. The 100 Best Non-fiction Books of the Century, National Review.
  11. Intercollegiate Studies Institute's "50 Best Books of the 20th Century" (Non-fiction) Arquivado em 2006-06-20 no Wayback Machine
  12. Podhoretz, Norman (1999). Ex-Friends: Falling out with Allen Ginsberg, Lionel and Diana Trilling, Lillian Helman, Hannah Arendt, and Norman Mailer. New York: The Free Press. p. 143. ISBN 0-684-85594-1 
  13. Williams, Zoe (1 de fevereiro de 2017). «Totalitarianism in the age of Trump: lessons from Hannah Arendt». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 7 de fevereiro de 2017 
  14. Horowitz, Irving Louis (janeiro de 2010). «Assaulting Arendt». First Things 
  15. Wasserstein, Bernard (outubro de 2009). «Blame the Victim—Hannah Arendt Among the Nazis: the Historian and Her Sources». Times Literary Supplement 

Ligações externas

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