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Alberto Youssef

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Alberto Youssef
Alberto Youssef
Youssef depõe durante CPI Mista da Petrobras no Senado do Brasil, 2014 (Geraldo Magela/Agência Senado)
Nome completo Alberto Youssef
Nascimento 6 de outubro de 1967 (57 anos)
Londrina, Paraná
Brasil
Nacionalidade brasileiro
Ocupação empresário, doleiro
Alberto Youssef
Crime(s) lavagem de dinheiro[1]
Pena 3 anos em regime fechado (em razão da delação premiada)[1]
Situação cumprindo pena em regime aberto[2]

Alberto Youssef (Londrina, 6 de outubro de 1967)[3] é um doleiro e empresário brasileiro, que ficou conhecido após o escândalo do Banestado.[4] Em 2014, teve seu nome ligado ao eventos investigados pela Operação Lava Jato, escândalo que está sendo investigado e que envolve a multinacional brasileira Petrobras.[5][6] Foi preso em março de 2014 por crimes de lavagem de dinheiro, relacionados aos casos do Banestado e da Operação Lava Jato, iniciando o cumprimento de pena de três anos em regime fechado,[7] passando, em março de 2017, para o regime de prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica.[8]

Em 2016 teve o nome também envolvido no escândalo da Transposição do rio São Francisco, investigado a partir de um desdobramento da Lava Jato, pela Operação Vidas Secas.[9]

Em 2017, no filme brasileiro Polícia Federal: A Lei É para Todos foi interpretado pelo ator Roberto Birindelli, e em 2018, na série da Netflix O Mecanismo, foi interpretado pelo ator Enrique Díaz. A série retrata a corrupção sistêmica brasileira, baseada em fatos da Operação Lava Jato.[10]

Sua pena chegou ao total de 122 anos de prisão, sendo reduzida a três anos,[11] em razão da colaboração com a Justiça em sua delação premiada, considerada uma das mais importantes na operação.[12]

Em 6 de agosto de 2024, a Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) autorizou Alberto Youssef a retirar a tornozeleira eletrônica.[13]

Alberto Youssef é filho de Kalim Youssef, imigrante libanês, e de Antonieta Youssef, brasileira.[14][15] Quando pequeno, vendia salgados nas ruas de Londrina. Quando ainda adolescente, virou sacoleiro, trazendo mercadoria do Paraguai para revender no Brasil, tendo sido detido cinco vezes com muamba.[5] Foi acusado de comprar em Ciudad del Este produtos encomendados e enviava-os pelos correios aos clientes. Na década de 90 Youssef teve ainda uma casa de câmbio na rua Pará, em Londrina.[3]

Youssef é casado com Joana D'Arc Fernandes da Silva Youssef. Durante o matrimônio, manteve relacionamentos extraconjugais com a doleira Nelma Kodama, condenada a 18 anos de prisão por diversos crimes de corrupção,[16] por nove anos até 2009, e com a modelo Taiana Camargo -que realizou ensaio para a revista masculina Playboy em janeiro de 2015 - entre 2010 e 2014,[17] relações pelas quais enfrenta processo de separação e divórcio por parte de sua esposa.[18]

Escândalos de corrupção

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Youssef era considerado pelos investigadores a engrenagem da corrupção sistêmica no Brasil; fazia as ligações, entregava as maletas de dinheiro, ordenava as transferências, organizava a criação de empresas de fachada, negociava com as empresas contratantes, "cuidava" dos agentes públicos, resolvia problemas entre as diferentes partes do negócio e, se era necessário, pegava um avião privado para transportar uma soma elevada para o outro lado do país. Seus tentáculos chegaram até a obras da Copa do Mundo. Calcula-se que Alberto Youssef chegou a movimentar 2,08 bilhões de reais no caso Banestado e de 10,4 bilhões de reais, no caso Petrobras.[19]

Ver artigo principal: Escândalo do Banestado

Em 2002 veio à tona o caso do Banestado, quando o banco foi privatizado, sendo comprado pelo Itaú. O Banestado serviu para enviar irregularmente para o exterior 30 bilhões de dólares. Era Youssef que administrava as contas CC5 (de não residentes) que eram utilizadas para essas remessas. Youssef foi condenado e admitiu ter movimentado 5 milhões de dólares ilegalmente.[20] Ainda em 2002, Youssef foi flagrado acompanhando um pagamento total de 39,6 milhões de reais da Companhia Paranaense de Energia (Copel) numa agência do Banco do Brasil em Curitiba. Segundo o Ministério Público (MP) do estado do Paraná e da Procuradoria Geral do Estado, os recursos se referiam à compra de créditos de ICMS de uma empresa falida, a Óleos e Vegetais Paraná S/A (Olvepar). A transação teve autorização de Ingo Henrique Hubert, então secretário da Fazenda. Youssef e outros envolvidos foram denunciados pelo MP por formação de quadrilha.[20]

Ver artigo principal: Operação Lava Jato

Em 2014 foi divulgado que várias empresas receberam pagamentos de Youssef em nome da Petrobras, investigadas pela Operação Lava Jato. Empresas receberam dinheiro desviado da Refinaria Abreu e Lima, e a Polícia Federal afirmou que parte do dinheiro era destinado ao pagamento de propinas para políticos do PP, PMDB, PT e políticos de outros partidos, e agentes públicos.[21]

Em outubro de 2014, Youssef foi internado em um hospital após sentir-se mal[22][23] e no dia 26 de outubro de 2014, segundo turno das eleições, surgiram boatos que Youssef estaria morto,[24] entretanto os boatos horas depois foram desmentidos.[25]

Delação premiada

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Durante a delação premiada que o doleiro fez, segundo o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, o advogado de Youssef vazou informações de que o réu declarou que Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva sabiam do esquema de corrupção, fato relatado posteriormente também por outro delator.[26] De acordo com o procurador-geral, o vazamento foi para influenciar as eleições realizadas em outubro.[27] O Partido dos Trabalhadores pediu acesso à delação premiada do doleiro, mas foi negado por Teori Zavascki, ministro relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), em razão do segredo de justiça.[28]

Os depoimentos e provas colhidas em decorrência das colaborações, bem como a análise de materiais apreendidos, documentos, dados bancários e interceptações telefônicas, permitiram ao final de 2014 o avanço das apurações em direção às grandes empresas que corromperam os agentes públicos.[29]

Entre os políticos que podem estar envolvidos no recebimento de dinheiro está Gleisi Hoffmann, a quem o doleiro diz ter dado um milhão de reais para a campanha ao senado em 2010. Gleisi e o marido, Paulo Bernardo, negam.[3]

Em dezembro de 2014, o ministro do STF, Teori Zavascki homologou a delação de Youssef. Segundo a Agência Brasil, a homologação da delação de Youssef abre caminho para que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, proponha denúncia contra políticos citados nos depoimentos e acusados de envolvimento no escândalo.[30]

Em agosto de 2015, o STF confirmou a validade dos depoimentos dados pelo doleiro. O plenário do STF reconheceu por unanimidade a validade dos depoimentos e das provas produzidas com a delação de Youssef.[31]

Em novembro de 2015, o ministro Luís Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), autorizou o doleiro Youssef a depor no inquérito que investiga o suposto envolvimento do governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, e do ex-governador fluminense Sérgio Cabral, no esquema de corrupção que atuava na Petrobras.[32]

A delação de Yousseff levou a uma série de novas investigações, e desdobramentos da Operação Lava Jato. Em dezembro de 2015, a Polícia Federal deflagrou a Operação Vidas Secas; em entrevista coletiva na sede da PF em Pernambuco, os investigadores confirmaram que as empreiteiras utilizaram as empresas do doleiro Youssef e do operador Adir Assad para maquiar os desvios. O doleiro relatou os pagamentos pela OAS em seu acordo de delação.[33]

Em 2016, em entrevista ao Uol, o advogado Antônio Figueiredo Basto afirmou que se não fosse o acordo de delação premiada de Youssef a Operação Lava Jato não teria avançado. "Nossa missão foi concluída com êxito. Foi o acordo que estruturou a Operação Lava Jato. Então nós estamos muito satisfeitos com o trabalho que foi feito", declarou o advogado. "Ele fez uma contribuição excepcional para a Lava Jato. Proporcionalmente, para a acusação, foi muito bom ter um colaborador como ele", afirmou. "Sem a contribuição dele não teria a Lava Jato, é muito mais importante a contribuição que ele deu do que a pena que ele recebeu. Para a acusação foi muito bom ter um colaborador como ele", concluiu Antônio Fiqueiredo.[34]

Um dos desdobramentos a partir da delação de Youssef é a Operação Descarte, uma operação da Polícia Federal realizada em 1 de março de 2018. A operação objetivou desarticular um esquema de lavagem de dinheiro, teve origem na fiscalização de duas empresas que teriam feito transações com os doleiros Alberto Youssef e Leonardo Meirelles, investigados na Operação Lava Jato.[35][36][37]

Transposição do rio São Francisco

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Ver artigo principal: Operação Vidas Secas

Condenações

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Youssef foi condenado por corrupção passiva na ação penal dos desvios da Petrobras. A pena de Alberto Youssef nesta ação seria de 8 anos e 4 meses de reclusão. Entretanto, devido ao acordo de delação premiada, ele cumprirá 3 anos em regime fechado, ainda que sobrevenham condenações em outros processos e unificações, salvo em quebra de acordo. A pena do doleiro já é descontada desde quando foi preso, no dia 17 de março de 2014.[1]

Em junho de 2017 foi condenado pelo juiz Fernando Fischer, da 2ª Vara Criminal de Curitiba, no caso conhecido como "Copel/Olvepar".[38]

Em outubro de 2017 foi condenado pelo juiz Joaquim Pereira Alves, da 3.ª Vara Criminal de Maringá, por envolvimento em desvios na Prefeitura da cidade do interior do Paraná. A pena é de 5 anos, 1 mês e 20 dias por "apropriar-se de bens ou rendas públicas, ou desviá-los em proveito próprio ou alheio", segundo a denúncia.[39]

Referências
  1. a b c Fernando Castro, Adriana Justi, Thais Kaniak e Bibiana Dionísio (20 de julho de 2015). «Justiça Federal condena réus ligados à empreiteira Camargo Corrêa». G1. Consultado em 2 de setembro de 2015 
  2. «Alberto Youssef passa para o regime aberto no aniversário da Lava Jato». Paraná. 17 de março de 2017 
  3. a b c «Alberto Youssef, de sacoleiro a "doleiro bomba"». Gazeta do Povo. 9 de novembro de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  4. Amaury Ribeiro Jr (12 de fevereiro de 2003). «Envolvimento de Alberto Youssef no caso Banestado». IstoÉ. Consultado em 13 de fevereiro de 2015 
  5. a b «Quem é Alberto Youssef, o doleiro suspeito no governo e na Petrobras». clicrbs. 26 de abril de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  6. «Justiça afasta policial federal envolvido com Alberto Youssef». O Tempo. 19 de novembro de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  7. «Youssef ficará preso por três anos em regime fechado». Gazeta do Povo. Consultado em 11 de janeiro de 2016 
  8. «Peça-chave da Lava Jato, Youssef ganha liberdade após cumprir pena negociada». Último Segundo. iG. 17 de março de 2017. Consultado em 22 de maio de 2018 
  9. «PF investiga desvio de R$ 200 mi da transposição do São Francisco». G1. Globo. 11 de dezembro de 2015. Consultado em 9 de julho de 2016 
  10. «Selton Mello, Caroline Abras e Lee Taylor farão nova série da Netflix». Noticiasdetv.com. 9 de maio de 2017. Consultado em 21 de abril de 2018 
  11. Kelli Kadanus (17 de novembro de 2014). «Com delação, Youssef troca 122 anos de prisão por menos de três e deixa a cadeia na semana que vem». Gazeta do Povo. Consultado em 21 de abril de 2018 
  12. Robson Bonin (1 de agosto de 2017). «'Eu disse que derrubaria a República. E derrubei'publicado=Abril». Veja. Consultado em 21 de abril de 2018 
  13. Márcio Falcão (6 de agosto de 2024). «STJ autoriza Alberto Youssef a retirar tornozeleira eletrônica». G1. Consultado em 6 de agosto de 2024 
  14. José Casado. «Youssef enviou R$ 1 bilhão para o exterior». O Globo. O Globo. Consultado em 11 de janeiro de 2016 
  15. Juiz Federal Segio Fernando Moro (17 de setembro de 2014). «Sentença da 13ª Vara Criminal de Curitiba» (PDF). Conjur. Consultado em 11 de janeiro de 2016 
  16. «Na CPI, doleira canta Roberto Carlos para explicar relação amorosa com Youssef». Fausto Macedo. Consultado em 11 de janeiro de 2016 
  17. «"Youssef criou o meu filho", afirma ex-amante do doleiro». Último Segundo. iG. Consultado em 11 de janeiro de 2016 
  18. Jornal O Tempo (17 de novembro de 2014). «Ex-diretor deu roteiro de prisões». Jornal O Tempo. Consultado em 11 de janeiro de 2016 
  19. Cifuentes, Pedro (29 de julho de 2017). «Youssef diz que Lava Jato não vai mudar o Brasil e reclama do frio na prisão». Gazrta do Povo. Consultado em 23 de maio de 2018 
  20. a b «Do Banestado ao mensalão, a longa ficha corrida de Youssef». O Globo. 8 de abril de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  21. «Youssef pagou dívida em nome de estatal, diz empresário». A Tarde. 29 de outubro de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  22. «Doleiro Alberto Youssef tem quadro cardiológico estável, diz hospital». G1. 27 de outubro de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  23. «Doleiro Alberto Youssef deixa hospital em Curitiba». UOL. Folha da manhã. 29 de outubro de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  24. «'Meu pai está bem', diz filha do doleiro Alberto Youssef, internado no PR». Folha de S. Paulo. Folha da manhã. 26 de outubro de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  25. Alves, Alessandra (26 de outubro de 2014). «Boato nas redes sociais diz que Youssef está morto; Polícia Federal desmente». Estado de Minas. Diários associados. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  26. «'Veja': doleiro diz que Dilma e Lula sabiam de tudo». O Globo. Globo. 23 de outubro de 2014. Consultado em 20 de novembro de 2014 
  27. Laura Beal Bordin (17 de novembro de 2014). «Advogado de Youssef vazou delação, diz procurador-geral». Gazeta do Povo. Consultado em 21 de abril de 2018 
  28. «STF nega ao PT o acesso à delação premiada do doleiro Alberto Youssef». Correio Braziliense. 31 de outubro de 2014. Consultado em 19 de novembro de 2014 
  29. «Por onde começou». Ministério Público Federal. Consultado em 22 de maio de 2018 
  30. «STF homologa delação premiada de Alberto Youssef na Lava Jato». Terra. 19 de dezembro de 2014. Consultado em 22 de maio de 2018 
  31. «STF confirma validade de delação de Youssef na Lava Jato». Exame. Abril. 27 de agosto de 2015. Consultado em 22 de maio de 2018 
  32. Renan Ramalho. «STJ autoriza depoimento de Youssef em inquérito sobre Pezão e Cabral». G1. Globo.com 
  33. «PF prende presidente da construtora OAS na Operação Vidas Secas». Valor Econômico. 11 de dezembro de 2015. Consultado em 22 de maio de 2018 
  34. Fernando Garcel e Andreza Rossini (17 de novembro de 2016). «Colaboração de Youssef estruturou a Operação Lava Jato, diz advogado». Uol. Consultado em 22 de maio de 2018 
  35. «Operação Descarte combate fraude e lavagem de dinheiro em São Paulo e Minas». Polícia Federal. 1 de março de 2018. Consultado em 22 de maio de 2018 [ligação inativa]
  36. Vieira, André Guilherme (1 de março de 2018). «Operação Descarte da PF mira lavagem de dinheiro na limpeza urbana». Valor Econômico. Globo. Consultado em 22 de maio de 2018 
  37. Affonso, Júlia; Macedo, Fausto (1 de março de 2018). «Operação Descarte ataca fraude e lavagem de dinheiro em SP e Minas». Estadão. O Estado de São Paulo. Consultado em 22 de maio de 2018 
  38. «Youssef, ex-presidente da Copel e outros cinco são condenados no caso 'Copel/Olvepar'». G1. Globo.com. 6 de junho de 2017. Consultado em 22 de maio de 2018 
  39. «Alberto Youssef é condenado por desvios na Prefeitura de Maringá». IstoÉ. 7 de outubro de 2017. Consultado em 22 de maio de 2018 

Ligações externas

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