Abadia de Himmerod
Abadia de Himmerod | |
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Mosteiro da Ordem de Cister | |
Informações gerais | |
Religião | Católica |
Diocese | Diocese de Tréveris |
Website | http://www.kloster-himmerod.de/ |
Geografia | |
País | Alemanha |
Cidade | Bernkastel-Wittlich - Renânia-Palatinado |
Coordenadas | 50° 01′ 40″ N, 6° 45′ 24″ L |
Localização em mapa dinâmico |
A Abadia de Himmerod (lat. Abbatia Claustri BMV ) é um antigo mosteiro fundado em 1134 por São Bernardo de Claraval no Eifel, situando-se entre Eisenschmitt e Großlittgen (distrito de Bernkastel-Wittlich) no vale de Salm, na atual Alemanha, e restaurada por monges trapistas da Abadia bósnia de Marija Zvijezda e por monges cistercienses da Abadia alemã de Marienstatt, entre 1919 - 1922, após a mesma ter sido reduzida à ruínas pela Secularização Alemã de 1802.
Em 1936, alguns monges perseguidos pelo nazismo, oriundos de Himmerod, liderados por Atanásio Merkle, fundaram a Abadia de Nossa Senhora da Santa Cruz em Itaporanga, no sudoeste paulista, a qual recebeu uma grande quantidade de monges alemães a partir de 1939. Após a Segunda Guerra Mundial, a Abadia de Himmerod ganhou fama geral em 1950 por meio do Memorando de Himmerod, que foi a pedra angular do rearmamento da República Federal da Alemanha.
A Abadia de Himmerod fazia parte da Congregação Cisterciense de Mehrerau, que decidiu dissolvê-la em outubro de 2017.
História
[editar | editar código-fonte]Fundação
[editar | editar código-fonte]Em 1131, após Albero de Montreuil ter sido nomeado como arcebispo de Trier (atual Alemana) São Bernardo de Claraval interessa-se em fundar um mosteiro cisterciense na região, o que se sucedeu em 1134, quando o mesmo, juntamente com outros 12 monges, o edificam, estabelecendo-o primeiramente na região de Winterbach an der Kyll, no Eifel, nomeando o monge Randulfo como seu primeiro Abade. Porém, durante uma visita em 1135, São Bernardo escolheu uma propriedade denominada "Himmerod" no Salmtal como um novo local para a comunidade monástica, onde construíram um mosteiro improvisado, até a chegada posterior do cisterciense Achard, o qual construiu o complexo do mosteiro. A igreja do mosteiro, construída em estilo românico, foi consagrada pelo arcebispo Arnoldo de Trier somente em 1178, e, um ano depois, isto é, em 1179, o monge David de Himmerod, beatificado em 1699, foi o último dos monges fundadores a falecer.
Alguns monges de de Himmerod estabeleceram-se na Abadia de Châtillon na Diocese de Verdun, hoje município de Pillon no departamento de Meuse, entre 1153 e 1156 (uma fundação do Mosteiro de Trois-Fontaines) e, mais tarde, em 1189, fundaram autonomamente a Abadia de Heisterbach, cuja qual foi a única abadia fundada por Himmerod até a Secularização. Em 1224, o Abade de Claraval, abade da casa-mãe de Himmerod, estipulou que o número dos monges não poderia ultrapassar 60 e o de irmãos leigos não poderia ultrapassar 200. Nessa época, o Mosteiro de Himmerod possuía uma grande propriedade, parte da qual alugava.
As Reformas Estruturais
[editar | editar código-fonte]Durante a Guerra dos Trinta Anos a abadia sofreu muito com os soldados que a saqueavam, mas, mesmo assim, entre 1621 e 1630 a igreja do mosteiro passou por algumas reformas. Em 1641, o abade Matthias Glabus de Lieser chegou a lançar a pedra fundamental para um novo prédio, que, apesar da guerra em curso, foi concluído em 1688 sob o abade Robert Bootz. Mais tarde, em 1739, sob o abade Leopold Kamp, o arquiteto Christian Kretzschmar começou a construção de uma nova igreja para o mosteiro em estilo barroco e com características cistercienses, com apenas um campanário no centro do telhado, cuja qual foi concluída em 1751.
Secularização Pós Revolução Francesa
[editar | editar código-fonte]Em julho de 1802, o governo francês de Napoleão decretou o fechamento do Mosteiro de Himmerod, de modo que a comunidade monástica foi dissolvida. Após a secularização, o mosteiro e a igreja ficaram completamente em ruínas. Em 1803, o mosteiro foi leiloado a um proprietário de cabana que mandou remover o telhado de cobre da igreja, e, nos anos seguintes, o edifício passou a ser usado como pedreira para outras construções civis. Apenas o moinho e a portaria foram preservados, além de algumas partes laterais da Igreja, que chegaram a ser fotografadas no século XIX. O último proprietário da propriedade foi o Conde Ottokar von Kesselstatt.
Restauração e Fundação no Brasil
[editar | editar código-fonte]Em 1919, monges trapistas (Cistercienses da Estrita Observância) alemães da Abadia de Marija Zvijezda em Banja Luka, então parte do Reino da Iugoslávia (hoje na Bósnia e Herzegovina),[1] liderados por Atanasius (Anastasius) Plein, impedidos de voltar ao seu mosteiro devido às mudanças ocorridas após o fim da Primeira Guerra Mundial, compram as antigas ruínas de Himmerod do Conde Ottokar von Kesselstatt e iniciam o processo de sua restauração. Obrigados à assistência paroquial pedida pelo arcebispo de Trier, ingressam na Ordem Cisterciense com o auxílio dos monges cistercienses alemães da Abadia de Marienstatt no Westerwald, restabelecendo canonicamente o Mosteiro em 1922, e tendo a eleição abacial de Dom Carlos Münz em 1925, antigo celeireiro de Marienstatt.
Em 1933, com a ascensão do nazismo na Alemanha, os monges são obrigados a pagar tributos ao regime, fato que influencia a D. Carlos Münz, já opositor do nazismo a negar a sua contribuição. Diante de tal fato, a sua comunidade de Himmerod passa a ser alvo de ameaças do governo e é proibida de aceitar novas vocações. Temendo uma nova secularização, Dom Carlos Münz envia Pe. Atanásio Merkle, um dos trapistas restauradores, para a aquisição de uma nova propriedade no continente Americano, a fim de garantir a sobrevivência da comunidade monástica. Dessa forma, em 1936, a Abadia Cisterciense de Itaporanga é fundada no Brasil como um priorado dependente de Himmerod, cuja desanexação só ocorreu em 1948.
A igreja, que foi parcialmente destruída (excetuando alguns vestígios) após a secularização, foi reconstruída em 1952 sob o abaciado de Dom Vito Recke (abade em Himmerod de 1937 a 1959). Por causa dos altos custos e das circunstâncias da época, a reconstrução se arrastou, de modo que a igreja não foi concluída até 1962. Dois anos antes, em 15 de Outubro de 1960, ela foi consagrada ao Bispo Matthias Wehr.[2]
2ª Guerra Mundial
[editar | editar código-fonte]Até o início da 2ª Guerra Mundial, muitos monges (clérigos) e irmãos conversos (leigos) já tinham imigrado para o Brasil, incluindo o próprio Dom Carlos Münz, sobretudo porque a comunidade de Himmerod, na ocasião, chegou a comportar 90 religiosos. Em 1939, com o seu início, a Abadia de Himmerod serviu como hospital para centenas de soldados da Guerra, de modo que o próprio Mosteiro possui um cemitério militar perto de sua propriedade.
De 5 a 9 de outubro de 1950, ex-oficiais alemães da Wehrmacht se reuniram em Himmerod para se preparar para o rearmamento alemão em nome do governo federal em torno do chanceler Adenauer. O resultado da conferência foi o notável Memorando de Himmerod. Devido à importância histórica de Himmerod para a história da Alemanha e do Bundeswehr, 550 recrutas fizeram seus votos solenes no Mosteiro em 10 de setembro de 2008, quando então a comunidade estava sob o abaciado de Dom Bruno Fromme, um monge cisterciense que residiu no Brasil por duas décadas na Abadia de Itatinga no estado de São Paulo.
Dissolução
[editar | editar código-fonte]Em meados de 2017 a comunidade de Himmerod estava com apenas alguns monges, o que tornava difícil manter tanto a vida comunitária quanto a propriedade em ordem financeira, dessa forma, em outubro de 2017, a Congregação de Mehrerau decidiu dissolver o mosteiro. A propriedade passou à administração da diocese de Trier, a qual o mantém como um centro de espiritualidade para os fiéis católicos.
Abades de Himmerod
[editar | editar código-fonte]Da fundação até a Secularização
[editar | editar código-fonte]Abades[3] | Nomes (em alemão) | Período |
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1. | Randulf (Rannulfus) | 1134–1167/68 |
2. | Giselbert (Gilbert, Gillebert) | 1167/68–1185/86 |
3. | Eustachius I. | 1185/86–1187/88 |
4. | Hermann I. | 1188–ca. 1196 |
5. | Hermann II. von Marienstatt | 1196–ca. 1198 |
6. | Eustachius II. (Justatius) | 1198–1219 |
7. | Heinrich I. | 1220–1228(?) |
8. | Heinrich II. von Bruch | 1228(?)–1236 |
9. | Konrad | 1236–1256/57 |
10. | Theoderich I. | 1256/57–1270 |
11. | Paynus von Gelsdorf | 1270–1276/77 |
12. | Johannes I. | 1277–ca. 1280 |
13. | Richard von Manderscheid | 1280–1281/82 |
14. | Johannes II. | 1281/82–1284 |
15. | Hermann III. von Manderscheid | 1284–1290 |
16. | Johannes III. | 1290–1310 |
17. | Heinrich III. | 1311–1315 |
18. | Theoderich II. von Bruch | 1315–1317/18 |
19. | Heinrich IV. von Virneburg | 1317/18–1326 |
20. | Johannes IV. von Malberg | 1326 |
21. | Heinrich V. von Randeck[4] | 1326/27–1328 |
22. | Balduin | 1328–1338 |
23. | Heinrich VI. | 1338–1356/57 |
24. | Johannes V. | 1356/57–1366/67 |
25. | Walter | 1366/67–1371 |
26. | Matthias I. | 1371–1392/93 |
27. | Thilmann (Dietrich) | 1392/93–1412 |
28. | Gobelin | 1412–1420 |
29. | Petrus I. Damer | 1420–1422 |
30. | Arnold | 1422–1429 |
31. | Johannes VI. | 1429–1449 |
32. | Peter II. Hund | 1449–1468 |
33. | Johannes VII. Vasator | 1468–1498 |
34. | Jakob von Hillesheim | 1498–1510 |
35. | Wilhelm von Hillesheim | 1511–1542 |
36. | Matthias II. Morsch | 1542–1558 |
37. | Johann von Briedel[5] | 1558–1571 |
38. | Gregor Simonis | 1571–1581 |
39. | Johann IX. Roder | 1581–1696 |
40. | Ambrosius Schneidt | 1596–1612 |
41. | Matthias III. Nisaeus | 1613–1631 |
42. | Matthias III. Glabus | 1631–1647 |
43. | Friedrich Brandt | 1647–1654 |
44. | Johann X. Post | 1654–1685 |
45. | Robert Bootz | 1685–1730 |
46. | Ferdinand Pesgen | 1730–1731 |
47. | Leopold Camp | 1731–1750 |
48. | Anselm Raskop[6] | 1750–1751 |
49. | Robert II. von Himmerod | 1752–1782 |
50. | Anselm von Pidoll | 1782–1802 |
Da Restauração Até a Dissolução
[editar | editar código-fonte]Superiores | Função e Dignidade | Nome | Período |
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"Prior" do início da restauração trapista
de Himmerod |
Athanasius (Anasthasisu) Plein | 1919–1922 | |
Administrador | Dom Carlos Münz | 1922–1925 | |
51. | Abade de Himmerod | 1925–1936 | |
Subprior e Prior de Himmerod | Dom Vito Recke | 1919–1937 | |
52. | Abade de Himmerod | 1937–1959 | |
Pater Imediatus de Itaporanga | 1936–1948 | ||
53. | Abade de Himmerod | Dom Mauro Schmidt | 1959–1971 |
Administrador | Dom Abrósio Schneider | 1971 | |
54. | Abade de Himmerod | 1972–1991 | |
55. | Abade de Himmerod | Dom Bruno Fromme | 1991–2011 |
Prior Administrador | P. Stephan Reimund Senge | 2011 | |
Abade Administrador | D. Thomas Denter | 2011–2013 | |
Prior Administrador | P. Cyrill Greiter | 2013–2014 | |
Prior Administrador | Dom João G. Müller | 2014 | |
56. | Abade de Himmerod | 2014–2017[7] |
- ↑ So die offizielle Homepage von Kloster Himmerod. Hans Jakob Ollig nennt auf Die Geschichte der Abtei Himmerod abweichend schon Oktober 1891.
- ↑ Zisterzienserabtei Unsere Liebe Frau Himmerod. 10. Auflage, Verlag Schnell & Steiner, Regensburg 2009, ISBN 978-3-7954-4796-0, S. 16.
- ↑ Äbte der alten Abtei Himmerod; In: Zisterzienserlexikon
- ↑ Ambrosius Schneider: Die Cistercienserabtei Himmerod im Spätmittelalter, Selbstverlag der Abtei Himmerod, 1954, S. 9(Ausschnittscan)
- ↑ Johann von Briedel 37. Abt des Klosters Himmerod 1558–1571, In: Zisterzienserlexikon
- ↑ «Raskop, Anselm». zisterzienserlexikon.de. Consultado em 10 de abril de 2019
- ↑ Himmerod hat einen neuen Abt (Memento vom 6. outubro 2014 im Internet Archive), Wochenspiegel, 2. Oktober 2014