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Crise da meia-idade

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Crise da meia-idade é uma expressão criada em 1965 por Elliott Jaques para descrever uma forma de insegurança sofrida por alguns indivíduos que estão passando pela meia-idade, na qual percebem que o período de sua juventude está acabando e a idade avançada se aproxima. Essa crise pode ser desencadeada por vários fatores relacionados com essa época da vida, como a morte dos parentes, casos extraconjugais, andropausa, menopausa, sensação de envelhecimento, insatisfação com a carreira profissional e saída dos filhos de casa. Normalmente, quem passa por isso sente uma enorme vontade de mudar seus modos de vida fazendo gastos exagerados com aquisições fúteis, abandonando o emprego ou terminando o casamento.

Generalidades

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A análise de casos isolados revela que o detonador das crises consiste, via de regra, em um acúmulo de estresse e cobranças ao longo de anos, geralmente inseridos em um projeto pessoal de casamento, sucesso profissional ou mesmice, associados às expectativas e às atribuições efetivamente concentradas sobre uma única pessoa. Por essa razão, geralmente a crise de meia-idade é, com mais frequência, observada em homens e mulheres aos quais são atribuídos o papel de "arrimo", ou principal "responsável" pela família. Embora nem todos os indivíduos sofram crises abruptas (burn-out), é bastante comum que a recusa desses indivíduos em desempenhar o papel atribuído seja diagnosticado pelos familiares como doença, culminando em internações. Acostumados com a pronta resposta do arrimo ou responsável e querendo fazê-lo retornar ao papel anterior, acabam ensejando maior afastamento, físico ou psíquico, dos relacionamentos que vinha até então nutrindo, por parte do indivíduo em situação crítica.

Ao que tudo indica, contudo, a crise de meia-idade tende a produzir efeitos permanentes sobre a quantidade e intensidade de responsabilidades que o indivíduo passa a estar disposto a assumir, geralmente abrindo mão de um matrimônio, ou emprego, após avaliar sua real satisfação e seus reais benefícios auferidos, ao longo dos anos, em comparação com o esforço e energia empenhados.

No núcleo familiar próximo, a crise de meia-idade não parece alterar os vínculos filiais-maternos ou filiais-paternos, uma vez que a crise e as mudanças dela decorrentes são desencadeadas apenas após o arrimo ou responsável consultar ou estar certo do apoio e aprovação dos filhos, ou parte deles.

Estudos indicam que algumas culturas podem ser mais sensíveis a este fenômeno do que outros. Um deles revelou que há pouca evidência de que as pessoas sofrem crises de meia-idade nas culturas japonesa e indiana, levantando a questão se uma crise de meia-idade é somente uma concepção cultural das sociedades ocidentais.[1]

Aproximadamente 10% das pessoas passam por esse problema, sendo mais comum entre os 40-60 anos de idade (um estudo da década de 1990 aponta que normalmente quem passa por isso começa com cerca de 46 anos[2]) e tem vida altamente atribulada, ou com fardos familiares muito amplos e onerosos. Crises de meia-idade duram de 3-10 anos em homens e 2-5 em mulheres.

Características

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Pessoas com crise de meia-idade normalmente apresentam os seguintes sentimentos:

  • busca de um sonho ou objetivo de vida novo;
  • necessidade de superar um sentimento de remorso vago, por metas não cumpridas, por meio de novas miradas;
  • desejo de voltar a experimentar prazeres leves, geralmente preservados na memória, da época de juventude;
  • vontade de ficar mais tempo sozinho, sem ser perturbada(o), ou apenas com pessoas que não lhes façam cobranças excessivas;

E os seguintes comportamentos:

  • gozo solitário de hobbies e lazeres sociais (esportes, coleções, bichos de estimação, cursos de arte ou ofícios, álcool), geralmente criticados (talvez em excesso) pela família;
  • aquisição de itens voltados para o próprio gozo, considerados caros ou fúteis pelos familiares ou ex-familiares que eram o centro depositário de recursos, como: motocicletas, barcos, roupas, carros esportivos, joias, piercings, tatuagens etc.;
  • depressão/ansiedade, decorrente das críticas e isolamento produzidos com a mudança de atitude;
  • responsabilizar-se pelos seus fracassos pessoais, revisando profundamente suas atitudes, e tentando racionalizar os anos vindouros;
  • cuidado exagerado com a aparência e tentativa de parecer mais jovem, a fim de atrair novos parceiros e desenvolver novos relacionamentos;
  • procurar relacionamentos com quaisquer pessoas disponíveis, geralmente em busca de referência, que se impressionam com a experiência que inevitavelmente carregam.
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Referências
  1. Menon (2001), "Middle Adulthood in Cultural Perspective," in Lachman, "Handbook of Midlife Development", John Wiley
  2. «More On The Midlife Crisis You May Never Have». 10 de julho de 2006. Consultado em 15 de novembro de 2010. Arquivado do original em 19 de fevereiro de 2009 
  3. a b Rosana Zakabi (11 de março de 2020). «O que é a crise da meia-idade nos dias atuais?». Uma Conversa Franca. Consultado em 29 de janeiro de 2021. Cópia arquivada em 23 de setembro de 2020