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Carabisianos

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Carabisianos (em grego: Καραβισιάνοι; romaniz.: Karabisianoi), foram o suporte principal da marinha bizantina a partir de meados do século VII até o início do século VIII. O nome deriva do grego cárabo ou cárabis (em grego: κάραβος, κάραβις - "navio") que significa literalmente "povo dos navios" ou "marinheiros". Os carabisianos foram a primeira unidade naval permanente do Império Bizantino, formada para enfrentar a expansão islâmica por mar. A unidade foi debandada e substituída por uma série de temas marítimos entre 718 e 730.

O chamado "Tema Carabisiano" - uma denominação incorreta - à esquerda, na costa sudeste da Anatólia (nº 11)

A unidade dos carabisianos foi fundada em algum momento na segunda metade do século VII como resposta às conquistas muçulmanas. Diferentes estudiosos já sugeriram que ela surgiu a partir dos restos do antigo Questorado do exército[1] ou do exército romano da Ilíria,[2] mas estas sugestões permanecem no campo das hipóteses.[3] A data de fundação da frota permanece incerta: alguns propõem que teria sido na década de 650 ou 660 pelo imperador bizantino Constante II (r. 641–668),[4] logo após a grande derrota naval na Batalha dos Mastros em 655,[5][6] enquanto que outros acreditam que teria sido após o primeiro cerco árabe de Constantinopla entre 672 e 678, onde o avanço árabe por mar parece não ter encontrado resistência.[7][8] A primeira referência inequívoca aos carabisianos foi durante o cerco de Tessalônica pelos eslavos por volta de 680 e, depois, numa carta do imperador Justiniano II (r. 685–695) ao Papa Cónon em 687.[8][9]

Acredita-se que os carabisianos tenham sido a primeira força naval permanente do império Bizantino.[9] Antes disso, como o Mediterrâneo era o "lago romano", apenas um limitado número de naus de guerra relativamente pequenas eram mantidas nos portos principais e ao longo das fronteiras fluviais do Império para fins de patrulha e escolta. As frotas maiores eram criadas de forma ad hoc para expedições específicas.[10][11] Os carabisianos eram organizados de forma similar que os exércitos dos temas: eram unidades militares batizadas em homenagem aos seus soldados e lideradas por estratego (stratēgos tōn karabōn/tōn plōimatōn). Embora eles tenham sido chamados de Tema Carabisiano, esta designação é incorreta, pois os carabisianos permaneceram como uma unidade puramente militar e não parecem ter abrangido qualquer divisão territorial como os tmemas terrestres.[8][12] A capital do estratego é desconhecida, com sugestões que vão desde Rodes[1] a Ceos[9] e Samos. Os carabisianos também são alternativamente vistos como sendo uma frota essencialmente provincial, encarregada de defender a costa sul da Ásia Menor, de Mileto até Selêucia na Cilícia, as ilhas do Egeu e as possessões imperiais na Grécia meridional, servindo juntamente com a frota imperial central de Constantinopla,[6][8][13] ou como um comando que abrangia virtualmente a todo o efetivo da marinha bizantina, ativo tanto na defesa quanto no ataque, do mar Negro até o Exarcado da África.[14]

Os carabisianos foram significativamente fortalecidos pelo imperador Justiniano II, que assentou alguns milhares de mardaítas para servirem de remadores e marinheiros ao longo da costa sul da Ásia Menor. Justiniano também criou um tema e uma frota separados para a Grécia meridional, chamado de Hélade.[15] Os carabisianos tiveram um papel preponderante na fracassada expedição para recuperar Cartago em 697-698 e lideraram a revolta que instalou o almirante Apsímaro (Tibério III) no trono.[16] A última menção ao estratego dos carabisianos ocorre em 710-711 e somente após 732 é que o principal sucessor da unidade, o Tema Cibirreota é mencionado,[9][17] o que levou a duas diferentes hipóteses para a data e razão da extinção da unidade. Uma defende que foi após o segundo cerco árabe de Constantinopla (717-718), seja por conta do fraco desempenho durante os anos anteriores ou por ela ter apoiado a revolta contra Leão III, o Isauro (r. 717–741),[18][19] enquanto que outros defendem que foi por volta de 727, após outra revolta fracassada contra Leão III.[20][21]

Os carabisianos foram substituídos principalmente pelo novo Tema Cibirreota, o primeiro tema naval (thema nautikon), que era um antigo comando subordinado liderado por um drungário e que cobria a costa meridional da Ásia Menor. Em outras províncias costeiras, diversas frotas e esquadrões menores, sob drungários ou outros oficiais, eram encarregados da defesa local.[22][23]

Referências
  1. a b Haldon 1999, p. 74.
  2. Treadgold 1997, p. 73.
  3. Ahrweiler 1966, p. 12.
  4. Treadgold 1997, p. 315, 382.
  5. Cosentino 2008, p. 602.
  6. a b Pryor 2006, p. 25.
  7. Ahrweiler 1966, p. 22–23.
  8. a b c d Nesbitt 1994, p. 150.
  9. a b c d Kazhdan 1991, p. 1105-1106.
  10. Ahrweiler 1966, p. 19–20, 22.
  11. Cosentino 2008, p. 578–583.
  12. Ahrweiler 1966, p. 24–25.
  13. Treadgold 1997, p. 315.
  14. Ahrweiler 1966, p. 23–25.
  15. Treadgold 1997, p. 332.
  16. Treadgold 1997, p. 337–338, 383.
  17. Ahrweiler 1966, p. 26.
  18. Ahrweiler 1966, p. 26–31.
  19. Pryor 2006, p. 32.
  20. Treadgold 1997, p. 352.
  21. Whittow 1996, p. 167.
  22. Ahrweiler 1966, p. 50–51.
  23. Nesbitt 1994, p. 151.
  • Ahrweiler, Hélène (1966). Byzance et la Mer: La Marine de Guerre, la Politique et les Institutiones Maritimes de Byzance aux VIIe–XVe Siècles (em francês). Paris: Presses universitaires de France 
  • Haldon, John (1999). Warfare, State and Society in the Byzantine World, 565-1204. Londres: University College London Press. ISBN 1-85728-495-X 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Nesbitt, John W.; Oikonomides, Nicolas (1994). Catalogue of Byzantine Seals at Dumbarton Oaks and in the Fogg Museum of Art, Volume 2: South of the Balkans, the Islands, South of Asia Minor (em inglês). Washington, Distrito de Colúmbia: Dumbarton Oaks Research Library and Collection. ISBN 0-88402-226-9 
  • Pryor, John H.; Jeffreys, Elizabeth M. (2006). The Age of the ΔΡΟΜΩΝ: The Byzantine Navy ca. 500–1204 (em inglês). Leida: Brill Academic Publishers. ISBN 978-90-04-15197-0 
  • Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2