Carção
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Freguesia | ||||
Localização | ||||
Localização de Carção em Portugal | ||||
Coordenadas | 41° 35′ 33″ N, 6° 35′ 20″ O | |||
Região | Norte | |||
Sub-região | Terras de Trás-os-Montes | |||
Município | Vimioso | |||
Código | 041107 | |||
Administração | ||||
Tipo | Junta de freguesia | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 27,60 km² | |||
População total (2021) | 388 hab. | |||
Densidade | 14,1 hab./km² | |||
Outras informações | ||||
Orago | Nossa Senhora das Graças |
Carção é uma povoação portuguesa sede da Freguesia de Carção do Município de Vimioso, freguesia com 27,60 km² de área[1] e 388 habitantes (censo de 2021)[2], tendo, por isso, uma densidade populacional de 14,1 hab./km².
Descrição
[editar | editar código-fonte]Situa-se no nó de convergência entre as aldeias de Argozelo e Santulhão, e é passagem obrigatória para quem se dirige à sede do município, da qual dista dez quilómetros. Tem por limites as freguesias de Argozelo, Pinelo, Vimioso, Santulhão e terras do Município de Bragança. A freguesia não compreende outras aldeiras, mas outrora compreendia cinco casais no rio Maçãs e onze moradores na Quinta da Veiga.
Pertenceu ao antigo concelho de Outeiro, extinto em 1855, tendo passado a integrar o concelho (atual município) do Vimioso.[3]
Os habitantes de Carção estão ligados ao comércio desde tempos muito antigos. Um grande número dos seus habitantes são descendentes de judeus que se refugiaram no século XV nas aldeias raianas. A importância do legado judaico revela-se no símbolo da junta de freguesia de Carção que tem no brasão uma mezuzá e uma menorá, o candelabro de sete braços, um dos mais antigos símbolos judaicos.
Demografia
[editar | editar código-fonte]A população registada nos censos foi:[2]
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Distribuição da População por Grupos Etários[5] | |||||||||
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Ano | 0-14 Anos | 15-24 Anos | 25-64 Anos | > 65 Anos | |||||
2001 | 56 | 55 | 238 | 176 | |||||
2011 | 32 | 32 | 164 | 191 | |||||
2021 | 22 | 28 | 174 | 164 |
História
[editar | editar código-fonte]Pré e Proto-História
[editar | editar código-fonte]O seu povoamento remonta a épocas ancestrais, como atestam os diversos vestígios arqueológicos que apareceram nas proximidades da povoação. De facto, no sítio conhecido por Castro, a cerca de dois quilómetros de Carção, foram encontrados restos de cerâmica e telhas apontados como marcas do seu passado mais recuado, como o “Castelo dos Mouros” e o “Poço dos Mouros”. Este encontra-se talhado na rocha e parece ter bastante profundidade, cerca de vinte metros.
Os Romanos também aqui deixaram marcas da sua presença, com destaque para a Ponte Romana sobre o rio Maças, que fazia ligação a Vimioso, e onde ainda hoje se podem ver pormenores bem traçados de uma Via Romana.
A “Fraga do Muro” e o “Forno da Batuqueira” constituem mais uma prova do passado da freguesia. Apesar da sua datação ser pouco clara, o povo diz que foram esconderijo dos Cristãos no tempo dos Mouros.
Idade Média
[editar | editar código-fonte]A primeira referência escrita a esta freguesia data de 1187, quando os monges do Convento de Castro de Avelãs deram a el-Rei D. Sancho I a herdade de benquerença, local no que é hoje Bragança, recebendo, em troca, a povoação de Carção. Durante o reinado de D. Sancho I, a freguesia foi dada a um fidalgo, D. Fagundo. Assim nos referem as Inquirições de D. Afonso III de 1285: “tanto Carção como a Igreja pertenciam ao rei D. Afonso Henriques e que o pároco era eleito pelo povo, mas o rei D. Sancho I doou-a a D. Fagundo, fidalgo de Leão”. A Ordem do Hospital (Ordem de Malta) também tinha aqui alguns bens.
Por carta de 23 de Fevereiro de 1418, D. João I concedeu ao “Castelo Douteiro de Miranda” as aldeias de Pinelo, Algoso, Santulhão e “Garçam”, ou seja, Garção. Foi um curato de apresentação do cabido de Miranda e tinha um rendimento anual se seis mil réis de côngrua e o pé de altar. Pertenceu ao concelho de Outeiro até 1853, anos em que, pela reforma administrativa, foi extinto e Carção passou a integrar o de Vimioso.
A partir do século XV e XVI iniciou-se o seu maior povoamento. Este facto ficou a dever-se à expulsão dos judeus de Espanha pelos Reis Católicos Isabel I de Castela e Fernando II de Aragão (Decreto de Alhambra de 1492). Assim, entraram em Portugal milhares de pessoas e, pelo lado de Miranda do Douro, calcula-se que tenham entrado cerca de 3000 pessoas. Inicialmente, fixaram-se num local chamado Prado das Cabanas, quatro quilómetros a leste de Vimioso, dispersando-se depois, pouco a pouco. Uma vez que Carção estava bem situada e tinha feira todos os meses, aqui chegaram muitas pessoas de origem judaica, trazendo com elas uma nova cultura e uma nova economia.
Idade Moderna e Contemporânea
[editar | editar código-fonte]Em 1855, Carção foi atacada pela cólera-morbo que provocou a morte a cento e catorze pessoas, falecendo três a quatro pessoas por dia. Nesta altura, foi determinante o auxilio do pároco Luís Dias Poças Falcão, natural de Carção.
Carção foi referido por Camilo Castelo Branco no seu romance mais conhecido, “Amor de Perdição”. Daqui era natural Bento Machado, o típico recoveiro, cuja morte foi vingada por seu filho.
Toponímia
[editar | editar código-fonte]No que se refere à sua toponímia, Carção parece derivar de Garçom, cujo significado é moço, mancebo, uma vez que a evolução do G para C é frequente no português. Num documento de 1187, chama-se Carzom; em 1914 surge com a forma de Carceo; nas Inquirições, Carzom, Carceon e Carcion; e, em 1530, era já Carçom. É notória a evolução regular para a forma actual de Carção.
Na toponímia local sobressaem ainda os nomes de Penas Altas e de Pena Ataínha, talvez de origem germânica. Tanto “Tagina” como “Pena” parecem significar morada construída na rocha e, de facto, as primitivas casas desta povoação estavam edificados sobre a rocha. Diziam os antigos que as primeiras casas foram erguidas nestes locais para as terras férteis ficarem disponíveis para o cultivo.
Festas principais
[editar | editar código-fonte]A freguesia de Carção tem por orago Nossa Senhora das Graças, cuja festa se celebra no último Domingo de Agosto. Carção é conhecida no concelho de Vimioso e arredores, principalmente devido às suas festas em honra de São Roque 15/16 de Agosto e principalmente às de Nossa Senhora das Graças no último domingo, onde fazem grandes procissões de fé e tem normalmente grandes conjuntos de música nos últimos 10 dias antecedentes ao último Domingo de Agosto.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Andrade, António Júlio de; Guimarães, Maria Fernanda: Carção - A capital do Marranismo. Editora: Associação Cultural dos Almocreves de Carção, Associação CARAmigo, Junta de freguesia de Carção e Câmara Municipal de Vimioso, 2008. (198 p.) - CDU: 908(469.201)
- Sofia Jerónimo: Carção: Um pedacinho do Reino Maravilhoso, Editora: Associação Cultural dos Almocreves de Carção, Associação CARAmigo, Junta de Freguesia de Carção, Escola Tipográfica – Bragança Depósito Legal: 280513/08, Ano: 2008
- ↑ «Carta Administrativa Oficial de Portugal CAOP 2013». descarrega ficheiro zip/Excel. IGP Instituto Geográfico Português. Consultado em 5 de dezembro de 2013. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2013
- ↑ a b Instituto Nacional de Estatística (23 de novembro de 2022). «Censos 2021 - resultados definitivos»
- ↑ «Paróquia de Carção». Arquivo Distrital de Bragança. Consultado em 10 de Outubro de 2013
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ INE. «Censos 2011». Consultado em 11 de dezembro de 2022
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- /watch?v=UZpjTTrZZ40&feature=player_embedded - Portugal em Directo - RTP (Clip YouTube en portugués)
- /watch?v=3eDlkoY5S6M&feature=related - Carção no programa “Caminhos”: Presença dos Judeus em Carção - RTP2 (Clip YouTube en portugués)