Cacício I de Vaspuracânia
Cacício I Arzerúnio | |
---|---|
Fachada oriental da Igreja da Vera Cruz de Altamar; Cacício I aparece no medalhão central, acima de Adão[1] | |
Príncipe de Vaspuracânia | |
Reinado | 904-908 (com Gurgenes II) |
Antecessor(a) | Asócio Sérgio |
Sucessor(a) | Gurgenes II |
Rei de Vaspuracânia | |
Reinado | 908 - entre 936/937 e 943/944 |
Predecessor(a) | Título novo |
Sucessor(a) | Derenício Asócio |
Nascimento | 879/880 |
Morte | entre 936/937 e 943/944 |
Descendência | Derenício Asócio Abusal Amazaspes |
Casa | Arzerúnio |
Pai | Gregório Derenício |
Mãe | Sofia Bagratúnio |
Religião | Cristianismo |
Cacício I Arzerúnio (em armênio/arménio: Գագիկ Ա Արծրունի; romaniz.: Gagik A Artsruni; em grego medieval: Κακίκιος; romaniz.: Kakíkios); n. 879/880 - entre 936/937 e 943/944) foi príncipe de 904 a 908 e rei de Vaspuracânia de 908 a 936/937 ou 943/944 da família Arzerúnio. Inicialmente um aliado do emir sájida do Azerbaijão Iúçufe ibne Abi Alçaje contra o rei da Armênia Simbácio I (r. 890–914), com a morte do último em 914, passa então para o lado dos armênios sob seu sucessor Asócio II (r. 914–929). Em seu reinado, Cacício notabilizou-se por ter conseguido concluir a unificação de Vaspuracânia e por sua prolífica atividade construtora no pais, notadamente a Igreja da Vera Cruz de Altamar, que localiza-se numa ilha do lago Vã. Com seu falecimento entre 936/937 e 943/944, Cacício foi sucedido por seu filho Derenício Asócio
Nome
[editar | editar código-fonte]Cacício (Cacicius; Κακίκιος, Kakíkios) é a forma latina e grega do armênio Gaguique (Գագիկ, Gagik), cuja origem é desconhecida. Foi registrado em árabe como Jajique (em árabe: جاجيك; romaniz.: Jajiq).[2][3]
Contexto
[editar | editar código-fonte]Desde o final do século VII a Armênia era província sob domínio árabe liderada pelo osticano (governador) árabe representando o califa omíada e depois abássida,[4] e tornar-se-ia campo de batalha entre o califado e o Império Bizantino até o início do século IX.[5] Para reforçar sua autoridade, os osticanos implementaram emires em diversas regiões armênias; em Vaspuracânia, província histórica situada ao sul e dominada pelos Arzerúnio, não houve exceção à regra.[6]
A família, no entanto, se beneficiaria da autonomia dos emires locais e da oposição que criavam ao governador[6] e gradualmente expandiu seus domínios: em 850 e sem que se saiba exatamente como, os Arzerúnio eram ixicanos (príncipes) de Vaspuracânia.[7] A aquisição da Armênia pelo turco Buga Alquibir em nome do califa Mutavaquil (r. 847–861) pelos anos 850 afetou muitas famílias nacarar (principescas), incluindo os Arzerúnio.[8]
Vida
[editar | editar código-fonte]Juventude e regência
[editar | editar código-fonte]Cacício nasceu em 879 ou 880 e era o segundo filho do príncipe de Vaspuracânia Gregório Derenício com sua esposa Sofia Bagratúnio, a filha do rei Asócio I.[9] Gregório foi morto em 877 numa emboscada quando tentava submeter o emir de Her, deixando Cacício e seus irmãos Asócio Sérgio e Gurgenes II, que foram colocados sob regência de um membro da família, Abu Maruane,[10][11] designado por Asócio I, mesmo embora fosse rejeitado pela nobreza, por ter combatido ao lado de Gregório.[12] O regente tentou reclamar a herança dos irmãos, provavelmente com ajuda de seu tio, Simbácio I (r. 890–914), que sucedeu seu pai Asócio I,[10] uniu Sérgio a sua própria filha Seda e impôs a troca de territórios desfavoráveis.[13]
Simbácio I autorizou que Maruane prendesse os príncipes[10] e ele foi confirmado com o título de príncipe de Vaspuracânia em 896/897 pelo irmão e condestável do monarca, Sapor, que era, por sua vez, padrasto do novo príncipe.[14] Cacício permaneceria no trono até 898, quando foi assassinado numa emboscada orquestrada por Cacício I, que foi recentemente libertado e estava presente em Vã para assistir um desfile que celebrava uma vitória militar do regente. Com o falecimento de Maruane, Sérgio reassumiu as rédeas do principado.[10] Simbácio, visando reconciliar-se com seus sobrinhos, elevou Cacício ao posto de general e Gurgenes ao de marzobã (governador).[15]
Sérgio, no entanto, preferindo restabelecer sua fidelidade ao emir sájida do Azerbaijão e representante do califa abássida Almutâmide (r. 870–892), Maomé Alafexim,[16] a quem já jurou vassalagem no passado, enviou seu irmão Cacício I como refém; após sete meses Cacício I foi substituído por Gurgenes II, que acabou preferindo fugir devido aos maus-tratos sofridos. Alafexim invadiu Vaspuracânia e manteve uma ocupação militar do país até sua morte em 901.[17]
Príncipe de Vaspuracânia
[editar | editar código-fonte]Com a morte de Sérgio em 13 de novembro de 903,[18] Cacício e Gurgenes sucederam-lhe em 904 através da partilha de sua herança: Cacício herdou as possessões noroeste de Arzerúnio, enquanto Gurgenes as do sudeste;[19] os dois príncipes, contudo, eram muito próximos e trabalharam juntos até a morte de Gurgenes (ca. 923) em "um paradigma de cooperação harmoniosa", segundo Tomás Arzerúnio, o cronista oficial da família.[20] Em decorrência da deserção de vários companheiros, incluindo seu padrasto, certo Gregório Abuamza, Cacício I uniu seu talento militar e político para reduzir os enclaves muçulmanos em Vaspuracânia; tomou a cidadela considerada inexpugnável de Amiuque, na margem oriental do lago Vã, o que levou ao contra-ataque dos líderes muçulmanos locais, especialmente da região do lago Úrmia.[21] Ele estendeu ainda mais sua soberania sobre os príncipes bagrátidas de Moxoena e fez de suas possessões uma entidade coerente, fazendo-o um rival em potencial dos bagrátidas em Ani.[18]
Segundo Tomás Arzerúnio, a conquista de Amiuque despertou a cobiça de Simbácio I, tio materno de Cacício I e rei da Armênia, que entregou a cidadela a seu governador e que a revendeu a um preço "muito alto" para Cacício. A diferença entre as dinastias alargou com a questão de Naquichevão, uma dependência histórica de Vaspuracânia que Simbácio I havia entregue a Simbácio de Siunique em 902 e que Cacício I reivindicou. Nessa mesma época, Simbácio I havia se oposto, sob orientação do Califado Abássida, ao emir sájida Iúçufe ibne Abi Alçaje, que estava em conflito com o califa Almoctadir (r. 908–932). Após entrar em termos com Almoctadir e aproveitando-se da disputa por Naquichevão, Iúçufe aliou-se com Cacício I contra os bagrátidas e coroou-o rei em 908.[18][22][23]
Rei de Vaspuracânia
[editar | editar código-fonte]A coroação de Cacício I como rei em Vaspuracânia tinha como objetivo melhor dividir as dinastias armênias,[22] estabelecer Iúçufe numa posição de arbítrio e, assim, contrariar os bagrátidas, que ele temia; a confirmação pelo Califado Abássida somente ocorreria em 919, com o envio duma nova coroa.[24] Cacício I aceitou a ajuda de Iúçufe quanto ao problema de Naquichevão,[25] e ambos partiram em campanha contra Simbácio I em 909. Nessa expedição, os aliados tomaram Naquichevão e adquiriram controle de Siunique. Iúçufe então perseguiu Simbácio através do país, e após gastar o inverno em Dúbio, derrotou em 910 um exército comandado por seus dois filhos, Asócio II (r. 914–929) e Musel, ao norte de Erevã. Musel foi capturado e então envenenado.[23]
Esses sucessos permitiram a Cacício I expandir seus domínios para o monte Ararate ao norte.[26] Apesar disso, vendo os estragos causados pela campanha nos territórios armênios e a decorrente opressão religiosa encabeçada pelos muçulmanos, Cacício procurou gradualmente distanciar-se de Iúçufe.[27] A morte e martírio de Simbácio I em 912 nas mãos dos sajidas intensificou esse distanciação,[28] e Cacício I fugiu para as montanhas de Moxoena para escapar da retaliação do emir. Em 913, Iúçufe tentou convencer Cacício I a auxiliá-lo em sua nova campanha na Armênia, agora contra Asócio II, filho e sucessor do rei falecido, mas sem sucesso.[23] Aproveitando-se dos novos distúrbios, Cacício I realizou expedições para o norte contra Naquichevão e Her, mas falhou e ficou sob ameaça.[29]
Em 919, Iúçufe foi preso na capital califal de Bagdá sob ordens de Almoctadir e lá permaneceu até 922,[30] quando foi reinvestido como governador do Azerbaijão e dirigiu-se para o Cáucaso. Ao retornar, obrigou Cacício I a pagar pesado tributo[31] e mais alguns abusos, que seriam mantidos por seu sucessor Abu Almuçafir Alfaite. Em 923, Gurgenes II faleceu, permitindo a reunificação de Vaspuracânia.[32] Nos anos seguintes, as lutas internas que dividiram o Califado Abássida não afetaram o Reino de Vaspuracânia, que gozou de um período de paz,[33] no qual o católico João V refugiu-se, em 928, na ilha de Altamar, no lago Vã.[34]
Em 928 (ou 924/925[35]) enquanto o imperador bizantino Romano I Lecapeno (r. 920–944) reconheceu sua ascensão à dignidade real de e nomeou-o "arconte dos arcontes",[33] a morte sem herdeiros do bagrátida Asócio II tornou-o o mais poderoso líder dentre as dinastias armênias,[35] o que permitiu-o exercer um papel decisivo: ele convidou os nacarar para um encontro e na sequência desta reunião confiou o trono real armênio a Abas, irmão do falecido.[36] Em 931, Cacício I reuniu os príncipes armênios e aliou-se com os bizantinos contra os emirados muçulmanos locais; as forças cristãs invadiram o Emirado Cáicida e destruíram Alate e Bercri, antes de marcharam para a Mesopotâmia Superior e capturarem Samósata.[37] Ao saber disso, Mufli reuniu um "grande exército" e invadiu a Armênia, derrotando Cacício e seus aliados bizantinos numa batalha que segundo ibne Alatir custou 100 000 vidas armênias.[38][39][40] Cacício morreu entre 936/937[33] e 943/944[41][a] e pode ter sido enterrado na necrópole dos Arzerúnio no Mosteiro de Varague.[42] Seu filho mais velho, Derenício Asócio, sucedeu-o.[43]
Família
[editar | editar código-fonte]De sua união com Milce,[44] filha de Gregório Abuamza Arzerúnio,[11] Cacício teve dois filhos:[45]
- Derenício Asócio, rei de Vaspuracânia;
- Abusal Amazaspes, rei de Vaspuracânia;
Os descendentes diretos de Cacício permaneceram como chefes do reino até 1021/1022, quando ele foi anexado pelo Império Bizantino.[46]
Legado
[editar | editar código-fonte]Construtor e patrono
[editar | editar código-fonte]Cacício distinguiu-se como soberano por seus inúmeros projetos de construção:[48] fortalezas e cidades como Vã (onde alegadamente expandiu o castelo de seu pai[49]) e Vostan foram reparados e canais de irrigação do período urartiano foram reabilitados.[50] Esta atividade também se estendeu para o campo da religião: muitos conventos foram reivindicados por Cacício.[48] O civil e religioso se reuniram em seu trabalho mais famoso, o desenvolvimento da ilha de Altamar no lago Vã como residência real: um palácio composto por muralhas, uma porta e jardins com fontes foi construído,[49] bem como a Igreja da Vera Cruz de Altamar, o único edifício que sobrevive ainda hoje.[51]
Esta igreja foi construída em 915-921 por um arquiteto chamado Manuel e é caracterizada pela abundância de decoração esculpida, o que torna seus "casos excepcionais"; especialmente entre as esculturas está uma libação principesca e um novo tema, que será retomado mais tarde na arquitetura armênia: Cacício é representado oferecendo um modelo de igreja a Cristo na fachada ocidental da Igreja de Vera Cruz.[51] O programa iconográfico das fachadas também sugere um paralelo entre Adão e Cacício e, por extensão, de seu reinado com o paraíso: assim, na fachada oriental (em direção ao local original do paraíso) Cacício, cercado por animais pacíficos e uvas (referentes ao vinho sacramental), está contido num medalhão e supera outro medalhão no qual está representado Adão.[52]
Cacício também é conhecido como patrono, seja do chamado "Evangelho da Rainha Milce" (sua esposa) de ca. 902, que o casal real dotou de uma encadernação de ouro e pérolas, seja de uma estauroteca, dois objetos preciosos colocados no Mosteiro de Varague.[53]
Questões religiosas
[editar | editar código-fonte]O Império Bizantino e a Armênia estavam divididas no âmbito religioso: a Igreja Armênia não aceitou as conclusões do Concílio da Calcedônia (451), que era a matriz ortodoxa do rito bizantino.[54] Porém esta divisão não era estática, especialmente na Vaspuracânia do século X que vivenciou controvérsias religiosas violentas, e em última análise, isso levou à criação em 1113 dum patriarcado dissidente em Altamar.[55]
É nesse contexto que Cacício, que Tomás Arzerúnio descreve como um valente defensor duma fé nacional consciente do santo espírito de seus súditos,[56] influenciou na eleição do católico sucessor a João V[57] ao uma carta ao patriarca de Constantinopla, após 930; nela ele lembra-se da fé comum que os gregos e armênios possuíam no passado e espera o retorno desta unidade compartilhada ao dizer que não entende os argumentos dos teólogos e pede ao patriarca uma explicação deste separação.[58]
Notas
[editar | editar código-fonte]- [a] ^ A incerteza vem de diferenças de interpretação do texto de Tomás Arzerúnio, que não menciona a datação.[59]
- ↑ Jones 2007, p. 79.
- ↑ Justi 1895, p. 107-108.
- ↑ Ačaṙyan 1942–1962, p. 429.
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 223.
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 231.
- ↑ a b Martin-Hisard 2007, p. 233.
- ↑ Martin-Hisard 2007, p. 235.
- ↑ Grousset 1973, p. 368.
- ↑ Cawley 2014.
- ↑ a b c d Thierry 2007, p. 275.
- ↑ a b Toumanoff 1990, p. 102-103.
- ↑ Grousset 1973, p. 389.
- ↑ Grousset 1973, p. 404.
- ↑ Grousset 1973, p. 409.
- ↑ Jones 2007, p. 23.
- ↑ Grousset 1973, p. 416.
- ↑ Grousset 1973, p. 418.
- ↑ a b c Thierry 2007, p. 276.
- ↑ Grousset 1973, p. 422.
- ↑ Jones 2007, p. 8.
- ↑ Grousset 1973, p. 424.
- ↑ a b Grousset 1973, p. 433.
- ↑ a b c Madelung 1975, p. 230.
- ↑ Jones 2007, p. 29.
- ↑ Grousset 1973, p. 435.
- ↑ Grousset 1973, p. 443.
- ↑ Grousset 1973, p. 438.
- ↑ Grousset 1973, p. 440.
- ↑ Grousset 1973, p. 446.
- ↑ Madelung 1975, p. 231-232.
- ↑ Grousset 1973, p. 459.
- ↑ Grousset 1973, p. 462.
- ↑ a b c Thierry 2007, p. 277.
- ↑ Grousset 1973, p. 461.
- ↑ a b Jones 2007, p. 30.
- ↑ Grousset 1973, p. 465.
- ↑ Lilie 2013, Mufliḥ as-Sāǧī (#25435).
- ↑ Minorsky 1958, p. 60.
- ↑ Ter-Ghewondyan 1976, p. 82.
- ↑ Runciman 1988, p. 141.
- ↑ Toumanoff 1990, p. 103.
- ↑ Hewsen 2000, p. 28.
- ↑ Grousset 1973, p. 466.
- ↑ Rapti 2007, p. 177.
- ↑ Thierry 2007, p. 277-278.
- ↑ Thierry 2007, p. 279.
- ↑ Rapti 2007, p. 176.
- ↑ a b Thierry 2007, p. 288.
- ↑ a b Jones 1994, p. 107.
- ↑ Thierry 2007, p. 289.
- ↑ a b Donabédian 2007, p. 130.
- ↑ Jones 2007, p. 80.
- ↑ Rapti 2007, p. 184.
- ↑ Mahé 2007, p. 199.
- ↑ Thierry 2007, p. 280.
- ↑ Jones 2007, p. 9.
- ↑ Cowe 2000, p. 79.
- ↑ Gregório de Narek 2000, p. 30-31.
- ↑ Canard 1953, p. 469, nota 214.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Գագիկ». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã
- Cowe, S. Peter (2000). «Relations Between the Kingdoms of Vaspurakan and Ani». In: Hovannisian, Richard G. Armenian Van/Vaspourakan. Costa Mesa: Mazda. p. 73-85. ISBN 978-1-568-59130-8
- Canard, Marius (1953). Histoire de la dynastie des H'amdanides de Jazîra et de Syrie. Paris: Presses universitaires de France
- Cawley, Charles (2014). «Armenia - Kings of Vaspuracan (Arzerúnio)». Medieval Lands, Foundation for Medieval Genealogy
- Donabédian, Patrick (2007). «La renaissance de l'architecture (ixe ‑ xie siècle)». In: Durand, Jannic; Rapti, Ioanna; Giovannoni, Dorota. Armenia sacra — Mémoire chrétienne des Arméniens (ive ‑ xviiie siècle). Paris: Somogy / Museu do Louvre. p. 124-136. ISBN 978-2-7572-0066-7
- Gregório de Narek (2000). Jean-Pierre e Annie Mahé (trad.), ed. Tragédia: O Livro da Lamentação. Lovaina: Peeters. ISBN 978-9042908956
- Grousset, René (1973) [1947]. Histoire de l'Arménie: des origines à 1071. Paris: Payot
- Hewsen, Robert H. (2000). «Van in This World; Paradise in the Next — The Historical Geography of Van/Vaspurakan». In: Hovannisian, Richard G. Armenian Van/Vaspourakan. Costa Mesa: Mazda. pp. 13–42. ISBN 978-1-568-59130-8
- Jones, Lynn (1994). «The Church of the Holy Cross and the Iconography of Kingship». Gesta. 33 (2): 104-117
- Jones, Lynn (2007). Between Islam and Byzantium: Aght'amar and the Visual Construction of Medieval Armenian Rulership. Farnham: Ashgate. ISBN 978-0754638520
- Justi, Ferdinand (1895). Iranisches Namenbuch. Marburgo: N. G. Elwertsche Verlagsbuchhandlung
- Lilie, Ralph-Johannes; Ludwig, Claudia; Zielke, Beate et al. (2013). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit Online. Berlim-Brandenburgische Akademie der Wissenschaften: Nach Vorarbeiten F. Winkelmanns erstellt
- Madelung, W. (1975). «The Minor Dynasties of Northern Iran». In: Frye, R.N. The Cambridge History of Iran, Volume 4: From the Arab Invasion to the Saljuqs. Cambridge: Cambridge University Press
- Mahé, Jean-Pierre (2007). «Affirmation de l'Arménie chrétienne (vers 301-590)». In: Dédéyan, Gérard. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. p. 163-212. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Martin-Hisard, Bernadette (2007). «Domination arabe et libertés arméniennes (viie ‑ ixe siècle». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. pp. 213–241. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Minorsky, Vladimir (1958). A History of Sharvān and Darband in the 10th-11th Centuries. Cambridge: W. Heffer & Sons, Ltd.
- Rapti, Ioanna (2007). «La peinture dans les livres (ixe ‑ xiiie siècle». In: Durand, Jannic; Rapti, Ioanna; Giovannoni, Dorota. Armenia sacra — Mémoire chrétienne des Arméniens (ive ‑ xviiie siècle). Paris: Somogy / Museu do Louvre. pp. 176–197. ISBN 978-2-7572-0066-7
- Runciman, Steven (1988). The Emperor Romanus Lecapenus and His Reign: A Study of Tenth-Century Byzantium (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-35722-5
- Ter-Ghewondyan, Aram (1976). Garsoïan, Nina G. (trad.), ed. The Arab Emirates in Bagratid Armenia. Lisboa: Livraria Bertrand. OCLC 490638192
- Thierry, Jean-Michel (2007). «Indépendance retrouvée : royaume du Nord et royaume du Sud (ixe ‑ xie siècle) — Le royaume du Sud : le Vaspourakan». In: Gérard Dédéyan. Histoire du peuple arménien. Tolosa: Privat. pp. 274–296. ISBN 978-2-7089-6874-5
- Toumanoff, Cyril (1990). Les dynasties de la Caucasie chrétienne de l'Antiquité jusqu'au xixe siècle : Tables généalogiques et chronologiques. Roma: Edizioni Aquila