Conventillo Mediomundo
O conventillo Mediomundo, originalmente conhecido como "conventillo de Risso", foi um cortiço que ficava em Barrio Sur, na cidade de Montevidéu, Uruguai.
História
[editar | editar código-fonte]O prédio foi vendido em 1881 pelo empresário Francisco Piria aos irmãos Miguel e José Nicanor Risso, que compraram-no com a intenção de construir uma casa de inquilinato, projeto de responsabilidade do construtor Alejandro Canslatt. Foi inaugurado em 1885 e ficou conhecido como o cortiço de Risso. Era acessado pelo número 1080 da rua Cuareim (hoje rua Zelmar Michelini) entre as ruas Durazno e Isla de Flores (hoje rua Carlos Gardel).
Era um típico cortiço entre os que abundavam em Montevidéu na época; tinha 40 habitações repartidas em dois andares em torno de um grande pátio, contava com 32 lavatórios, dois banheiros e uma cisterna.
Em 1954, Montevidéu foi anfitriã da Conferência Internacional da UNESCO. O artista Carlos Páez Vilaró, vinculado às atividades do edifício, organizou uma amostra relacionada ao evento. A presença anunciada de diplomatas e funcionários estrangeiros fizeram que os vizinhos colaborassem com a limpeza e decoração do pátio, onde penduraram junto às pinturas de Vilaró bandeiras das comparsas de candombe do bairro e de Palermo, do Comité Olímpico Internacional e do Palermo Boxing Club. O convidados assistiram à jornada e ao programa, que incluía uma performance da Comparsa Morenada, além de centenas de empanadas; o cortiço ficou lotado com o público e terminou em um memorável desfile de candombe na rua.
Constituiu um verdadeiro templo de candombe e de cultura afro-uruguaia. Foi a casa das comparsas Miscelánea Negra e depois da Morenada, hoje sua sucessora carrega em seu nome uma homenagem ao local: a Cuareim 1080 (conhecida como c1080).
Foi escolhido como local de filmagem de algumas cenas de filmes argentinos: Fantoche (1957), de Luis Sandrini, e ¡Viva la vida! (1969), dirigido por Enrique Carreras, onde um episódio acontece inteiramente no cortiço ou seus arredores. Moradores e vizinhos participaram como coadjuvantes.
Em 3 de dezembro de 1978 os moradores foram despejados; dois dias depois foi demolido por decreto do governo de Montevidéu, que alegou perigo de desabamento.[1]
Durante décadas, o terreno permaneceu vazio. Atualmente está sendo construído um edifício de apartamentos.
Legado
[editar | editar código-fonte]Vinte e oito anos depois da demolição, em 2006, a lei 18.059 que declara o dia 3 de dezembro o Dia do Candombe foi aprovada unanimemente pela Assembleia Geral do Uruguai, a pedido do deputado Edgardo Ortuño (único deputado negro dessa legislatura).[2]
- ↑ La República (29 de novembro de 2008). «Mediomundo, sur, conventillo y después». Consultado em 4 de abril de 2014
- ↑ El País (25 de novembro de 2008). «Día del Candombe conmemora fin del Mediomundo». Consultado em 4 de abril de 2014