Mostrar código-fonte de Tuaregues

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{{Mais notas|data=junho de 2019}}
{{Info/Grupo étnico
| legenda_bandeira = 
| imagem = [[imagem:Touareg-craftmanship.jpg|300px]]
| grupo = Tuaregue<br/>Imuhaɣ - Imušaɣ - Imašeɣăn - Imajeɣăn<ref>http://imuhar.eu/site/en/imuhartuareg/designation.php</ref>
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| relacionados = [[Hauçás]]
}}

Os '''tuaregues''' ({{langx|ar|الطوارق}}) ou '''imuagues''' (''Imuhagh'') são um povo [[Berberes|berbere]] constituído por [[pastor]]es semi[[nômades]], agricultores e comerciantes. No passado, controlavam a rota das [[caravana]]s no [[deserto do Saara]]. Maioritariamente [[muçulmanos]], são os principais habitantes da região sahariana do [[norte da África]],<ref name= bbc>{{citar jornal| url=http://news.bbc.co.uk/2/hi/africa/6982266.stm |título=Q&A: Tuareg unrest |publicado=BBC |acessodata=4 de janeiro de 2008|data=7 de setembro de 2007}}</ref> distribuindo-se pelo sul da [[Argélia]], norte do [[Mali]],<ref>{{Citar web |url=http://www1.american.edu/ted/ice/tuareg.htm |titulo=I. CASE BACKGROUND |acessodata=2017-03-12 |arquivourl=https://web.archive.org/web/20170124101307/http://www1.american.edu/ted/ice/tuareg.htm |arquivodata=2017-01-24 |urlmorta=yes }}</ref> [[Níger]], sudoeste da [[Líbia]], [[Chade]] e, em menor número, em [[Burquina Fasso]] e leste da [[Nigéria]]. Podem ser encontrados, todavia, em praticamente todas as partes do [[deserto]]. Falam [[línguas berberes]] e preservaram uma escrita peculiar, o [[tifinague]].<ref name="BARSA">Enciclopédia Barsa - Vol. 15, pgs. 225-226. Encyclopædia Britannica Consultoria Comercial Ltda. São Paulo (1994).</ref> Estima-se que existam entre 1 e 1,5 milhões nos vários países que partilham aquele deserto.<ref name=smithsonian1>{{citar web|url=http://africa.si.edu/exhibits/tuareg/who.html |título=Who are the Tuareg? |publicado=Smithsonian Institution |acessodata=2007-11-03}}</ref>

== Etimologia ==
A palavra [[Língua árabe|árabe]] "tuaregue" deriva de ''Targa'', que é o nome berbere da [[província]] da [[Fazânia]], no sul da [[Líbia]]. Originalmente, "tuaregue" designava os habitantes da Fazânia. O termo foi incorporado nas línguas [[língua inglesa|inglesa]], [[língua francesa|francesa]] e [[língua alemã|alemã]] durante o [[colonialismo|período colonial]]. ''Targa'' significa "canal de [[drenagem]]" e, por extensão, "terra arável, jardim". Aplicava-se à área de [[Uádi Alhaiate]], entre [[Saba (Líbia)|Saba]] e [[Ubari (Líbia)|Ubari]]. Em árabe, transformou-se em ''Bilad al-Khayr'' ("boa terra").<ref name="Publico">{{citar web|url=http://www.publico.pt/Mundo/quem-sao-os-homens-que-dividiram-o-mali-1541170?all=1|titulo=Tuaregues: quem são os homens que dividiram o Mali|data=7 de Abril de 2012|acessodata=7 de Abril de 2012|autor=Lopes, Margarida Santos|publicado=Público}}{{Ligação inativa|1={{subst:DATA}} }}</ref>

Segundo [[Adalberto Alves]], no seu [[Dicionário de Arabismos da Língua Portuguesa]], a origem da palavra "tuaregue" é a palavra [[língua árabe|árabe]] ''ṭwâriq'', "salteadores". Existe também uma versão [[Folclore|folclórica]], muito difundida, que liga a palavra "tuaregue" a ''tawariq'' ("abandonado por Deus"). Basicamente, essa versão parece refletir a desaprovação dos muçulmanos mais [[Ortodoxia doutrinária|ortodoxos]] ao [[animismo]] praticado pelos tuaregues.<ref name="Publico" />

Os tuaregues chamam a si próprios de imuagues (''Imuhagh''; ''Imazaghan'', ''Imashaghen'' ou ''Imazighan'', "os homens livres"). A palavra para "homem" é ''Amajagh'' (variações: ''Amashegh'', ''Amahagh'') e, para "mulher", ''Tamajaq'' (variações: ''Tamasheq'', ''Tamahaq'', ''Timajaghen''). Todas as [[Variação linguística|variantes]] têm a mesma raiz [[linguística]], expressando a noção de "homem livre", a qual exclui as [[casta]]s de [[artesão]]s e [[Escravidão|escravos]]. Coletivamente, eles se identificam como ''Tamust'' - a [[nação]]. Outra autodesignação, de origem mais recente, é ''Kel Tamasheq'' ou ''Kel Tamajaq'' (em [[tifinague]], ⴾⴻⵍ ⵜⴰⵎⴰⵌⴰⵆ), que significa "falantes de [[tamaxeque]]".<ref name="Publico" /> Também se encontram, na literatura [[Etnografia|etnográfica]] do início do {{séc|XX}}, as expressões ''Kel [[Tagelmust]]'', "povo de véu"<ref>Rodd, Francis James Rennell ''People of the veil. Being an account of the habits, organisation and history of the wandering Tuareg tribes which inhabit the mountains of Air or Asben in the Central Sahara'', London, MacMillan & Co., 1926 (repr. Oosterhout, N.B., Anthropological Publications, 1966)</ref> e "homens azuis".

== Origem dos tuaregues ==
A língua [[tamaxeque]] - mais do que a linhagem [[genética]] - é o principal elo comum entre os vários grupos e o que os caracteriza como povo. Provavelmente têm parentesco com [[Egito|egípcios]] e [[Marrocos|marroquinos]], com quem compartilham traços culturais e a religião [[Islamismo|muçulmana]]. Mas não são [[árabes]] - são [[berberes]] e usam o [[alfabeto tifinague]]. Originalmente, habitavam a [[mediterrânea|costa mediterrânea]] da [[África]], quando povos [[asiáticos]] domesticaram os [[dromedário]]s, o que possibilitou a travessia do deserto. Assim, começaram a se expandir para o sul, onde formaram vários [[império]]s e [[Civilização|civilizações]], a ponto de, mesmo no [[lago Chade]], em sua parte sul, no norte dos [[Camarões]] e Nigéria, o [[Grupo sanguíneo|sangue tipo A]], tido como marcador [[caucasoide]], ser bastante comum até os dias atuais.

== Costumes ==
Sem os [[Burca|véus]], diferente de outras mulheres muçulmanas, as jovens desfrutam de liberdade. Apesar do [[Islamismo|Islã]], a monogamia é uma regra absoluta entre os tuaregues. A mulher não pode casar sem o seu consentimento, além disso, o divórcio é uma possibilidade e ele pode partir dela; ela continua sendo dona de suas próprias propriedades (cabras e camelos) e às vezes administra as propriedades da família. <ref name=":0">{{citar periódico |url=https://www.persee.fr/doc/geo_0003-4010_1962_num_71_388_16283 |título=La confédération des nomades Kel Ahaggar (Sahara Central) |data=1962 |acessodata=1 de julho de 2024 |periódico=Annales de géographie |número=no 388 |ultimo=ROGNON |primeiro=Pierre |pagina=605 |volume=vol. 71}}</ref>

[[Imagem:Touaregs at the Festival au Desert near Timbuktu, Mali 2012.jpg|miniaturadaimagem|316x316px|Tuaregues usando o [[Tagelmust]]]]

Apesar disso, não existe, de fato, um “[[Matriarcado]]”, a verdade é que os tuaregues seguem uma estrutura [[Matrilinearidade|matrilinear]]'','' ou seja, os filhos recebem a posição social da sua mãe (nobre, vassalo, escravo) e pertencem ao respectivo grupo. Da mesma forma, o poder político, que está concentrado nas mãos de famílias antigas é transmitido, apenas, através das mulheres, sendo assim o ancestral comum das famílias no poder das grandes tribos tuaregues é uma mulher, a rainha guerreira [[Tin Hinan]].<ref name=":0" /><ref>{{citar livro|url=https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000190251|título=História geral da África, III: África do século VII ao XI. Vol. IV|ultimo=EL FASI|primeiro=Mohammed|editora=UNESCO|ano=2010|local=Brasilia|página=176|total-páginas=1054|isbn=978-85-7652-125-9}}</ref>

São os [[homem|homens]] que não dispensam um [[véu]] azul-índigo característico, o [[Tagelmust]], que usam mesmo entre os familiares. Dizem que os protege dos maus espíritos. Tem a função prática de proteger contra a inclemência do sol do deserto e das rajadas de [[areia]] durante suas viagens em [[caravana]]. Usam como um turbante que cobre também todo o rosto, exceto os olhos.<ref name=":0" />

== Hierarquia ==
Têm uma distinta [[Hierarquia|hierarquização]] formada por castas que descendem da tradicional rainha guerreira [[Tin Hinan]] e seu companheiro [[Takama]].

A casta nobre, [[Imajeren]], são os [[guerreiro]]s. Portam a tradicional [[espada]] [[Takoba]], cujo formato lembra muito as espadas [[Idade Média|medievais]] das [[cruzadas]]. Há pequenas distinções no formato e detalhes entre as espadas de acordo com a região de origem ou dos artesãos-ferreiros que as fazem. A lâmina larga de dois [[gume]]s tem um [[friso]] longitudinal e o punho é guarnecido por uma peça retangular que lembra uma [[cruz]].[[Imagem:Tuareg area.png|thumb|esquerda|300px|Em linha tracejada, área onde um número significativo de tuaregues vive atualmente]]A [[religião]] fica a cargo dos [[Ineselmen]], que significa "os [[Muçulmano]]s". Eles cuidam da observação das leis do [[Corão]]. Desde o {{séc|XVI}}, os Tuaregues têm sido muçulmanos. Exercem-no, contudo, sem muito rigor, devido principalmente ao [[nômade|nomadismo]], que os impossibilita de seguir algumas obrigações, como a do [[Ramadã]]. Combinam a tradição [[Sunita]] [[maliquismo|maliquita]] com algumas crenças pré-islâmicas [[animismo|animísticas]], como a presença dos [[espírito]]s [[Kel Asuf]] e a divinização do [[Corão]].

Os "Homens Livres" (''Imrad'') são a maioria e se dizem descendentes de Takama. ''[[Imrad]]'' significa "povo das cabras". Podem ter sido Berberes que viviam nas regiões de [[Ajjer]], [[Hogar]] e [[Adrar dos Ifogas]] e que foram dominados pelos Imunan quando sua própria [[nobreza]], os [[Uraren]], se rebelou contra os Imunan.

Os escravos, chamados de [[Iklan]], são compostos por descendentes dos antigos cativos. Desde a dominação [[França|francesa]] em finais do {{séc|XIX}}, não é permitida a [[Escravatura|escravidão]]. Mesmo assim, eles permanecem em quantidade considerável e têm as suas próprias sub[[casta]]s.

= História =

=== Era pré-colonial ===
[[Imagem:Sahara and Sahel.svg|esquerda|miniaturadaimagem|343x343px|Saara e Sael]]

O [[comércio transaariano]] e suas diversas rotas eram a conexão mercantil de diversas áreas economicamente ativas que se deu no [[deserto do Saara]]. Dentro desse comercio, diversos povos [[Nomadismo|nômades]] e [[Sedentarismo|sedentários]] interagiam uns com os outros, os tuaregues não foram a exceção, alimentando o comercio transaariano com escravos e produtos diversos. Ainda assim, a relevância comercial deles não era nem de longe comparável com os povos sedentários dos oásis do norte ao qual detinham apoio nos portos mediterrâneos.<ref name=":1">{{citar livro|url=https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000190254|título=História geral da Africa, VI: Africa do século XIX à década de 1880|ultimo=AJAYI|primeiro=J.F. Ade|editora=UNESCO|ano=2010|volume=Vol. VI|local=Brasília|páginas=598–646|total-páginas=1034|isbn=978-85-7652-128-0}}</ref>

Apesar de suas atividades comerciais no [[comércio transaariano]], o povo nômade era visto de maneira negativa, principalmente devido suas atividades de incursão aos povos vizinhos, tais atividades que se estendiam também as caravanas das rotas comerciais do [[Saara]], tendo essas incursões, perdurado por décadas.<ref>{{citar livro|url=https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000190253|título=História geral da Africa, V: Africa do século XVI ao XVIII|ultimo=OGOT|primeiro=Bethwell Allan|editora=UNESCO|ano=2010|local=Brasilia|páginas=596–609|total-páginas=1208|isbn=978-85-7652-127-3}}</ref> Diferente das caravanas do Saara, que ainda possuíam a opção de pagar tributos por proteção para não serem saqueadas, os povos que eram vítimas das incursões não tinham opção além da submissão, alguns virando escravos,<ref name=":2">{{citar livro|título=The Nomadic Factor in Africa: Dominance or Marginality|ultimo=AZARYA|primeiro=Victor|ultimo2=KHAZANOV|primeiro2=Anatoly M|ultimo3=WINK|primeiro3=André|ano=2001|páginas=250–284|isbn=9780203037201}}</ref> outros sendo submetidos a um saque cíclico, sendo reservas de suprimentos para os tuaregues que eventualmente retornavam.<ref name=":1" /><ref>{{citar livro|url=https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000190252|título=História geral da África, IV: África do século XII ao XVI|ultimo=NIANE|primeiro=Djibril Tamsir|editora=UNESCO|ano=2010|local=Brasilia|páginas=604–606|total-páginas=892|isbn=978-85-7652-126-6}}</ref>

Fora aos processos econômicos ligados ao saque, incursão e comercio, o povo tuaregue, como vários outros [[Nomadismo|povos nômades]], tinham como fonte primaria de renda e subsistência, o pastoreio.<ref name=":2" /> Os animais criados pelos tuaregues eram camelos e cabras, mais adaptados ao clima hostil do Saara que o gado convencional.

=== Era colonial ===
[[Imagem:Colonel Paul Flatters c. 1880.jpg|miniaturadaimagem|Colonel Paul Flatters (1832–1881)]]
No final do século 19, os tuaregues resistiram à invasão colonial francesa de suas terras natais os guerreiros tuaregues resistiram fortemente à incursão colonial nas diferentes regiões em que viviam. Aniquilaram uma expedição francesa liderada por [[Paul Flatters]] em 1881,<ref>{{Citar web|url=https://web.archive.org/web/20051023073845/http://www.africamission-mafr.org/foucauld2.htm|titulo=Charles de Foucauld et les Pères Blancs|data=2005-10-23|acessodata=2024-07-01|website=web.archive.org}}</ref> e em 1901-2, e novamente em 1916-17, eles se levantaram contra os franceses, que tiveram que conduzir extensas campanhas contra eles. Apesar desses eventos, os tuaregues vinham se sentido ameaçados pela [[França]] a, no mínimo, vinte a trinta anos antes disso, desde a penetração francesa no deserto, ao longo dos anos 1850 e 1860, resultando na realização de uma ação unificada entre os tuaregues do [[Hogar]], esses que seriam derrotados em 1902.<ref name=":1" />

No longo prazo, os tuaregues não foram páreo para as tropas francesas, mas não só isso, a derrota dos tuaregues foi acompanhada da dizimação da classe guerreira.<ref name=":2" /> A classe religiosa tentou tirar proveito da situação e posicionou-se como chefes e intermediários da administração colonial. Apesar dos tuaregues não representarem mais ameaça ao poder francês, os nômades foram pouco a pouco sendo negligenciados sobre o comando do gigante europeu.

Sob controle francês, os tuaregues restantes tiveram sua área de migração reduzida, o que afetaria seu modo de vida [[Nomadismo|nômade]], mas também seria um empecilho a projeção de poder que o povo tinha sobre os povos vizinhos, evitando as depredações por parte dos tuaregues para com outras populações. O sul [[Agricultura|agrícola]] escapou gradualmente do controle tuaregue à medida que os franceses forneciam melhor proteção à população local, isso unido ao fato da casta militar já ter quase desaparecido por completo, fez com que os tuaregues fossem cada vez mais empurrados para o clima hostil do deserto, a depender do seu pastoreio.<ref name=":2" /><ref>{{citar livro|url=https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000190255|título=História geral da Africa, VII: Africa sob dominação colonial, 1880-1935|ultimo=BOAHEN|primeiro=Albert Adu|editora=UNESCO|ano=2010|local=Brasilia|página=549|total-páginas=1040|isbn=978-85-7652-129-7}}</ref>

Apesar disso, o povo tuaregue manteve boa parte do seu sistema econômico escravagista pré-colonial. Mesmo após a abolição formal da escravatura, as mudanças sociais não retiraram toda influencia possuída pelo povo até então. Alguns ex-escravos migraram para cidades onde se juntaram aos estratos mais baixos de moradores urbanos, não exatamente reintegrados a sociedade, esses, estavam condenados a marginalização da mesma maneira. A maioria dos ex-escravos permaneceu como mão-de-obra dependente de seus antigos senhores, sendo servos domésticos ou continuando a cuidar das propriedades de seus senhores, mesmo sem o vínculo de posse, que antes existia.<ref name=":2" />

=== Era pós-colonial ===
[[Imagem:Tuareg 1907.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|381x381px|Postal da Exposição Colonial de 1907]]

Na década de 1960, quando a independência pós-colonial foi alcançada em [[Níger]], [[Mali]] e [[Argélia]]. O domínio que ainda restara nas mãos do povo tuaregue, fora agora, definitivamente ameaçado. Eles estavam muito mal representados na estrutura do estado. A maioria dos tuaregues ainda eram [[Nomadismo|nômades]], mas o ciclo de seus movimentos encurtou ainda mais devido a recentes fronteiras fora do domínio francês além que eles também continuaram a perder o controle sobre seus dependentes [[Agricultura|agrícolas]], que eram apoiados pelo governo central.<ref name=":2" />

A obrigatoriedade da educação também encontrou resistência no modo de vida [[Nomadismo|nômade]] que o povo tuaregue buscava preservar. A falta de uma postura [[Sedentarismo|sedentária]], também lhes proporcionou vários outros problemas, tais como, na década de 1980, onde foram confundidos com “agentes líbios” e sujeitos à repressão por parte das forças militares do Níger.<ref name=":2" />

Desde 1998, três bandeiras diferentes foram desenhadas para representar os tuaregues, apesar disso, eles ainda são um povo sem nação e são marginalizados nos mais diversos países aos quais habitam.<ref>{{Citar web|url=https://www.fotw.info/flags/xb%5Earm.html|titulo=Berbers: Armed movements|acessodata=2024-07-01|website=www.fotw.info}}</ref> O tratamento do povo se diversifica de país para país, o governo [[Argélia|argelino]] pós-colonial, por exemplo, estava empenhado em destruir a sociedade tuaregue tradicional, por não se enquadrar na ideologia socialista revolucionária, porém, ele também estava interessado em manter os remanescentes da cultura tuaregue como exposições para turistas. Comparado a Argélia nem no Níger nem no Mali o turismo foi muito desenvolvido.<ref name=":2" /> Apesar disso, os incentivos em prol a [[sedentarização]] continuaram existindo na maioria dos países, convertendo parte dos tuaregues, mas uma grande parte, ainda se relegando ao deserto, em busca de manter viva sua cultura.

Apesar de tudo, a área habitada pelo povo, é correspondente a uma grande área desértica, de clima quente e seco, somando a sua baixa arrecadação por limitada área de ação e a perda do poder obtido em períodos pré-coloniais tornou cada vez mais difícil o sustento do pastoreio. A seca que se fazia presente junto a morte dos seus animais, condenou muitos a centros de socorro de emergência, sem sustento e sem possibilidade de manter a forma de vida [[Nomadismo|nômade]], enquanto outros, para encontrarem sustento, prontamente se uniram a bandos rebeldes nas mais diversas guerras que ocorrem na região.<ref name=":2" />

== Revoltas ==
{{AP|    Rebelião tuaregue (1916-1917)|    Rebelião tuaregue (1961-1964)|    Rebelião tuaregue (1990-1995)|    Rebelião tuaregue (2007-2009)|    Rebelião tuaregue (2012)}}

=== Primeira Revolta ===
No Mali, os tuaregues foram em rebelião aberta contra o governo durante a maior parte dos anos pós-coloniais, logo depois da sua independência em 1960, e suas regiões foram fechadas por razões de segurança. No final de 1964, os métodos fortes do governo esmagaram a rebelião. As atrocidades e as violações dos direitos humanos cometidas por ambos os lados contribuíram para um clima de medo e desconfiança no Norte.<ref name=":3">HENK, Dan. '''[https://permanent.access.gpo.gov/lps12312/carlisle-www.army.mil/usassi/ssipubs/pubs98/tuareg/tuareg.pdf "Conflict and conflict resolution in the Sahel : The Tuareg insurgency in Mali"]'''. Escritório de Publicações do Governo dos Estados Unidos, 1 de maio de 1998 p. 1-46.</ref>

=== Segunda Revolta ===
[[Imagem:Mali Niger Locator.svg|miniaturadaimagem|453x453px|Mali e Níger em mapa mundi]]
De 1990 a 1995, ocorreu uma rebelião de vários grupos tuaregues no Níger e no Mali, com o objetivo de alcançar autonomia ou formar o seu próprio Estado-nação. Em 1991, a insatisfação pública com a economia, as condições sociais e as políticas governamentais transbordaram, provocando uma resposta violenta do governo e uma revolta popular. A essa altura, o país tinha acabado de embarcar em uma paz tênue que pôs fim iniciaria à guerra civil com os tuaregues no Norte.<ref name=":3" /><ref name=":4">{{citar livro|url=https://books.google.com.br/books?id=ArS6_nGsar4C&printsec=frontcover&hl=pt-BR#v=onepage&q&f=false|título=Historical Dictionary of Niger|ultimo=DECALO|primeiro=Samuel|ultimo2=IDRISSA|primeiro2=Abdourahmane|editora=Scarecrow Press|ano=2012|local=Londres e Nova Jersey|total-páginas=541|isbn=9780810831162}}</ref>

A insurgência ocorreu num período que se seguiu à fome regional da década de 1980 e à subsequente crise de refugiados, e num período de repressão política generalizada e de crise em ambas as nações. O conflito faz parte de uma série de conflitos originados nas relações com o povo tuaregues e sua história colonial e pós-colonial para com estas nações.<ref name=":3" /> <ref name=":4" />

=== Os tuaregues no conflito da Líbia ===
[[Imagem:Muammar al-Gaddafi at the AU summit.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|210x210px|[[Muammar Gaddafi|Muamar Gaddafi]] (1942-2011)]]
[[Muammar Gaddafi|Muamar Gaddafi]], ex-ditador da [[Líbia]], empregou muitos tuaregues no grupo paramilitar “Legião Islâmica” também conhecida como “Legião Verde”, fundado em 1972. Após a desastrosa guerra com a [[Chade|república do Chade]], que acabou em 1987, muitos destes, aos quais, permaneceram na [[Líbia]] e ingressaram no exército líbio, onde foram formadas brigadas compostas por tuaregues.<ref>{{Citar web|ultimo=Gwin|primeiro=Peter|url=https://www.theatlantic.com/international/archive/2011/08/former-qaddafi-mercenaries-describe-fighting-in-libyan-war/244356/|titulo=Former Qaddafi Mercenaries Describe Fighting in Libyan War|data=2011-08-31|acessodata=2024-07-01|website=The Atlantic|lingua=en}}</ref>

Em 2011, cerca de 2 000 mercenários tuaregues malianos foram para a Líbia para apoiar o ditador na sua luta contra a oposição. Os que regressaram ao seu país, lideraram a rebelião de 2012. Uma parte continuou leal ao antigo ditador, outra migrou para o Mali e formando o Movimento Nacional de Libertação de [[Azauade]] (MNLA).<ref name=":5">LACHER, Wolfram. '''[https://web.archive.org/web/20170617055334/http://www.smallarmssurvey.org/?sana-dispatch-3 Libya’s Fractious South and Regional Instability]'''. Security assessment in north africa: A Small arms survey project, 17 de jun. de 2017. </ref> Azauade é uma região na parte norte do Mali. 

Muitos dos que permaneceram na [[Líbia]] tiveram sua nacionalidade reconhecida posteriormente pela “Câmara dos Representantes” já que muitos ainda lutavam sem cidania.<ref name=":5" />

=== Os tuaregues nas lutas no Sahel ===
[[Imagem:MaliWar.svg|miniaturadaimagem]]
Com o retorno em 2011 de um grande número de tuaregues que antes apoiavam o ditador [[Muammar Gaddafi|Gaddafi]], até então integrados na “legião islâmica”, agora integrantes do Movimento Nacional de Libertação de Azauade (MNLA), resultou na a última rebelião em 2012. também conhecida como “[[Rebelião tuaregue (2012)|rebelião tuaregue de 2012]]” foi uma guerra de independência contra o governo do Mali que ocorreu na região de Azauade ao norte do país.<ref>NSAIBIA, Héni; WEISS, Caleb. [https://ctc.westpoint.edu/the-end-of-the-sahelian-anomaly-how-the-global-conflict-between-the-islamic-state-and-al-qaida-finally-came-to-west-africa/ “'''The End of the Sahelian Anomaly: How the Global Conflict between the Islamic State and al-Qa`ida Finally Came to West Africa'''”]. Combating Terrorism Center ar West Point, Julio de 2020.</ref><ref>{{Citar web|url=https://ecfr.eu/special/sahel_mapping/gatia#menuarea%3E.|titulo=Groupe d’Autodéfense Tuareg Imghad et Alliés (GATIA) - Mapping armed groups in Mali and the Sahel|acessodata=2024-07-01|website=ecfr.eu}}</ref>

Apesar de ter esse nome, a maior parte da população, não apoiou. Boa parte dos antigos milicianos tuaregues integraram milícias que cooperaram com os exércitos do Mali e do Níger, bem como com as forças francesas que lideravam a “[[operação Barkhane]]”, uma operação anti-terrorista no [[Sahel]]. Os tuaregues que não faziam parte dos grupos anteriores começaram a realizar as suas próprias ações contra grupos [[Islamismo|islâmicos]] radicais por conta própria.<ref>LEBOVICH , Andrew. [https://ctc.westpoint.edu/the-local-face-of-jihadism-in-northern-mali/ “'''The Local Face of Jihadism in Northern Mali'''”]. Combating Terrorism Center at West Point, Junio de 2013. </ref><ref>{{Citar web|ultimo=Vall|primeiro=Mohammed|url=https://www.aljazeera.com/videos/2017/4/27/nigers-tuareg-community-seeks-stability|titulo=Niger’s Tuareg community seeks stability|acessodata=2024-07-01|website=Al Jazeera|lingua=en}}</ref>

== Genética ==
===Cromossomo Y (ADN-Y) ===
Os [[haplogrupos do cromossoma Y humano]] passam exclusivamente através da linha paterna e foram encontrados com as seguintes frequências em tuaregues:

{| class="wikitable sortable" style="text-align:center; font-size: 100%"; border="1"
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|-
| 1 Tuaregues da [[Líbia]]||47||0||42,5%||0||0||48,9%||0||0||0||0||0||0||0||0||6,4%||2,1%||Ottoni ''et al.'' (2011)<ref>Ottoni C, Larmuseau MH, Vanderheyden N, Martínez-Labarga C, Primativo G, Biondi G, Decorte R, Rickards O., [http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21312181 Deep into the roots of the Libyan Tuareg: a genetic survey of their paternal heritage], Am J Phys Anthropol. 2011 May;145(1):118-24. doi: 10.1002/ajpa.21473. Epub 2011 Feb 10</ref>
|-
| 2 Tuaregues do [[Mali]]||11||0||9,1%||0||9,1%||81,8%||0||0||0||0||0||0||0||0||0||0||Pereira ''et al.'' (2011)<ref>Pereira ''et al.'', [http://www.nature.com/ejhg/journal/v18/n8/abs/ejhg201021a.html Y chromosomes and mtDNA of Tuareg nomads from the African Sahel ], European Journal of Human Genetics (2010) 18, 915–923; doi:10.1038/ejhg.2010.21; published online 17 March 2010</ref>
|-
| 3 Tuaregues do [[Burquina Fasso]]||18||0||16,7%||0||0||77,8%||0||0||5,6%||0||0||0||0||0||0||0||Pereira ''et al.'' (2011)
|-
| 4 Tuaregues do [[Níger]]||18||5,6%||44,4%||0||5,6%||11.1%||0||0||0||0||0||0||0||0||33,3%||0||Pereira ''et al.'' (2011)
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{{Notas e referências}}

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[[Categoria:Povos do continente africano]]
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[[Categoria:Grupos étnicos da Nigéria]]
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