Mostrar código-fonte de Revolver (álbum)

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{{Info/Álbum
 |nome           = Revolver
 |tipo           = estúdio
 |capa           = Revolver álbum.jpg
 |artista        = [[The Beatles]]
 |lançado        = 5 de agosto de 1966
 |gravado        = 6 de abril – 21 de junho de 1966
 |estúdio        = [[Abbey Road Studios|EMI]], Londres
 |gênero         = {{hlist|''[[Rock]]''|''[[música pop|pop]]''|[[música psicadélica|psicodelia]]|[[rhythm and blues|R&B]]}}
 |duração        = {{Duração|m=35|s=01}}
 |gravadora      = {{hlist|[[Parlophone Records|Parlophone]]|[[Capitol Records|Capitol]]}}
 |produtor       = [[George Martin]]
 |último álbum   = ''[[Rubber Soul]]''
 |próximo álbum  = ''[[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band]]''
 |miscelânea     = {{Singles
 |nome            = Revolver
 |tipo            = estúdio
 |single 1        = [[Yellow Submarine (canção)|Yellow Submarine]] / [[Eleanor Rigby]]
 |single 1 data   = 5 de agosto de 1966
}}
 |ano anterior   = 1965
 |ano seguinte   = 1967
}}
'''''Revolver''''' é o sétimo [[álbum de estúdio]] da banda britânica de [[rock|''rock'']] [[The Beatles]]. Foi lançado em 5 de agosto de 1966, acompanhado pelo [[single|''single'']] de [[Lado A e lado B|duplo lado A]] "[[Eleanor Rigby]]" / "[[Yellow Submarine (canção)|Yellow Submarine]]". O álbum foi o último projeto de gravação dos Beatles antes de se aposentarem das apresentações ao vivo e marca o uso mais evidente da tecnologia de estúdio pela banda até o momento, aproveitando os avanços de seu lançamento do final de 1965, [[Rubber Soul|''Rubber Soul'']]. Desde então, passou a ser considerado um dos maiores e mais inovadores álbuns da história da música popular, com reconhecimento centrado na sua variedade de estilos musicais, diversidade de sons e conteúdo lírico.

A banda gravou ''Revolver'' após tirar uma pausa de três meses no início de 1966, e durante um período em que [[Londres]] foi festejada como [[Swinging London|a capital cultural da época]]. Considerada por alguns comentaristas como o início da fase [[Música psicadélica|psicodélica]] do grupo, as canções refletem seu interesse no [[LSD]], na [[filosofia oriental]] e no [[Vanguarda|''avant-garde'']] ao abordar temas como morte e transcendência de preocupações materiais. Sem planos de reproduzir seu novo material no palco, a banda fez uso abundante de técnicas de estúdio, tais quais a [[Automatic double tracking|''Automatic Double-Tracking'']] (ADT), variação de ''[[Altura (música)|pitch]]'', reversão de [[Fita magnética|fitas]] e o uso de instrumentos fora de sua configuração padrão ao vivo.

No Reino Unido, as quatorze faixas do álbum foram gradualmente divulgadas às estações de rádio nas semanas anteriores ao seu lançamento. Na América do Norte, ''Revolver'' foi reduzido a onze canções pela [[Capitol Records]], com as três omitidas aparecendo no LP de junho de 1966, [[Yesterday and Today|''Yesterday and Today'']]. O lançamento lá coincidiu com a última apresentação paga dos Beatles e a polêmica em torno do comentário de [[John Lennon]] de que a banda havia se tornado "[[Mais populares que Jesus|mais popular que Jesus]]". O álbum liderou a [[UK Albums Chart|parada britânica]] por sete semanas e a lista da [[Billboard 200|''Billboard'' Top LPs]] por seis semanas. A reação crítica foi altamente favorável no Reino Unido porém menor nos Estados Unidos em meio ao desconforto da imprensa com a franqueza da banda sobre questões contemporâneas.

''Revolver'' expandiu as fronteiras da música ''pop'', revolucionou as práticas na gravação em estúdio, avançou os princípios adotados pela [[Contracultura da década de 1960|contracultura dos anos 1960]], e inspirou o desenvolvimento de gêneros como o [[rock psicodélico|''rock'' psicodélico]], [[electronica]], [[rock progressivo|''rock'' progressivo]] e [[Música do Mundo|''world music'']]. A capa do álbum, projetada por [[Klaus Voormann]], combinou traços de desenho ao estilo de [[Aubrey Beardsley]] com colagem de fotos e ganhou o [[:en:Grammy_Award_for_Best_Recording_Package|Grammy Award para Melhor Capa de Álbum]]<sup>{{En}}</sup> em 1967. Foi classificado em primeiro lugar nas edições de 1998 e 2002 do livro ''[[All Time Top 1000 Albums]]'' de [[Colin Larkin]] e em terceiro lugar nas edições de 2003 e 2012 da lista da revista [[Rolling Stone|''Rolling Stone'']] dos "[[500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos da Rolling Stone|500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos]]". O álbum foi [[Certificações por vendas de gravação musical|certificado em disco de platina duplo]] pela [[British Phonographic Industry|Indústria Fonográfica Britânica]] e [[Certificações por vendas de gravação musical|seis vezes em platina]] pela [[Recording Industry Association of America|Associação Americana da Indústria de Gravação]]. Uma [[:en:Revolver:_Special_Edition|edição expandida e remixada]]<sup>{{En}}</sup> do álbum foi lançada em 2022.

== Contexto ==
Em dezembro de 1965, o álbum ''[[Rubber Soul]]'' dos Beatles foi lançado para ampla aclamação crítica.{{sfn|Rodriguez|2012|p=4}} De acordo com o autor David Howard, os limites da música ''pop'' "foram elevados à estratosfera" por seu lançamento, resultando em uma mudança de foco dos ''singles'' para a criação de álbuns com qualidade consistentemente alta.{{sfn|Howard|2004|p=64}} No mês de janeiro seguinte, os Beatles realizaram [[Overdubbing|''overdubs'']] em gravações ao vivo retiradas de sua turnê de agosto de 1965{{sfn|Miles|2001|pp=206, 225}} para inclusão no [[filme-concerto]] ''[[Show dos Beatles no Shea Stadium]]''.{{sfn|MacDonald|2005|p=429}} O empresário do grupo, [[Brian Epstein]], pretendia que 1966 seguisse o padrão dos dois anos anteriores,{{sfn|Rodriguez|2012|p=7}} em termos da banda preparar um longa-metragem e um álbum acompanhante,<ref name=":0">{{cite web|last=Moss|first=Charles J.|url=https://medium.com/cuepoint/how-the-beatles-revolver-gave-brian-wilson-a-nervous-breakdown-4b3939c4e0e5#.cgef6yrqz|title=How the Beatles' 'Revolver' Gave Brian Wilson a Nervous Breakdown|date=3 de agosto de 2016|access-date=24 de junho de 2017|website=Cuepoint|lingua=en|titulotrad=Como 'Revolver' dos Beatles causou um colapso nervoso em Brian Wilson|archive-url=https://web.archive.org/web/20170508150522/https://medium.com/cuepoint/how-the-beatles-revolver-gave-brian-wilson-a-nervous-breakdown-4b3939c4e0e5#.cgef6yrqz|archive-date=8 de maio de 2017|url-status=não}}</ref> seguidos por turnês durante os meses de verão.{{sfn|Brown|Gaines|2002|p=184}} Após os Beatles vetarem o projeto de filme proposto, o tempo alocado para as filmagens passou a ser mais três meses livres de compromissos profissionais.{{sfn|Rodriguez|2012|p=7}}{{sfn|Miles|2001|p=237}} Esse foi o período mais longo que os membros da banda vivenciaram fora do coletivo do grupo desde 1962,{{sfn|MacDonald|2005|p=185}}<ref name=":1">{{Citar web|ultimo=Plagenhoef|primeiro=Scott|url=https://pitchfork.com/reviews/albums/13434-revolver/|titulo=The Beatles - 'Revolver'|data=9 de setembro de 2009|acessodata=2024-02-18|website=Pitchfork|lingua=en-US|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170620192306/http://pitchfork.com/reviews/albums/13434-revolver/|arquivodata=20 de junho de 2017|urlmorta=sim}}</ref> e desafiou a convenção de que bandas ''pop'' deveriam trabalhar quase continuamente.{{sfn|Unterberger|2006|p=141}} O grupo teve assim uma quantidade de tempo até então inédita para se preparar para um novo álbum.{{sfn|Miles|2001|p=237}}

{{quote box
| quote = Literalmente qualquer coisa (poderia sair das próximas sessões de gravação). Música eletrônica, piadas (...) uma coisa é certa: o próximo LP será bem diferente.<ref name="Sutherland/NMEOrig">{{cite book|editor-last=Sutherland|editor-first=Steve |title=NME Originals: Lennon|year=2003|publisher=IPC Ignite!|location=Londres|page=36}}</ref>
| source = – John Lennon, março de 1966
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| style = padding:8px;
}}O biógrafo dos Beatles, Nicholas Schaffner, citou 1966 como o início do "período [[Psicodelia|psicodélico]]" da banda,{{sfn|Schaffner|1978|p=53}} assim como os musicólogos Russell Reising e Jim LeBlanc.{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=93–94}}{{refn|Alternativamente, George Case, escrevendo em seu livro ''Out of Our Heads'', identifica ''Rubber Soul'' como marcando "o início autêntico da era psicodélica".{{sfn|Case|2010|p=27}} Entre outros comentaristas, Joe Harrington diz que os primeiros "experimentos psicodélicos" dos Beatles aparecem no álbum de 1965,{{sfn|Harrington|2002|pp=190–91}} e Christopher Bray reconhece a faixa "[[The Word]]" de ''Rubber Soul'' como inaugurando o "período altamente psicodélico" do grupo.{{sfn|Bray|2014|p=271}}|group=nota}} A jornalista musical Carol Clerk descreveu ''Revolver'' como tendo sido "decisivamente esclarecido pelo ácido", seguindo o uso contínuo do [[LSD]] por [[John Lennon]] e [[George Harrison]] desde a primavera de 1965.<ref name="Clerk/Uncut">{{Citar web|ultimo=Clerk|primeiro=Carol|url=https://www.rocksbackpages.com/Library/Article/george-harrison-2|titulo=George Harrison.|data=Fevereiro de 2002|acessodata=2024-02-18|website=www.rocksbackpages.com|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20141215032558/http://www.rocksbackpages.com/Library/Article/george-harrison-2|arquivodata=15 de dezembro de 2014|urlmorta=não|acessourl=subscrição}}</ref> Através dessas experiências, os dois músicos desenvolveram um deslumbramento pelos conceitos da [[filosofia oriental]],<ref name="Clerk/Uncut" />{{sfn|Tillery|2011|pp=35, 51}} particularmente a respeito da ilusória natureza da existência humana.{{sfn|Schaffner|1978|p=55}}{{sfn|Rodriguez|2012|pp=236–37}} Apesar da insistência de seus companheiros de banda, após [[Ringo Starr]] também ter consumido a droga, [[Paul McCartney]] se recusou a provar o LSD.{{sfn|Sounes|2010|pp=132, 184}}<ref name="GilmoreAcidTest">{{cite magazine|last=Gilmore|first=Mikal|date=25 de agosto de 2016|title=Beatles' Acid Test: How LSD Opened the Door to 'Revolver'|títulotrad=Teste de Ácido dos Beatles: Como o LSD Abriu a Porta para 'Revolver'|url=https://www.rollingstone.com/music/news/beatles-revolver-how-lsd-opened-the-door-to-a-masterpiece-w436062|url-status=não|magazine=[[Rolling Stone]]|língua=inglês|archive-url=https://web.archive.org/web/20190713204456/https://www.rollingstone.com/music/music-news/beatles-acid-test-how-lsd-opened-the-door-to-revolver-251417/|archive-date=13 de julho de 2019|access-date=16 de fevereiro de 2017}}</ref> Com a intenção de melhorar a si mesmo, McCartney inspirou-se no estímulo intelectual que experimentou no cenário artístico de Londres, particularmente na sua próspera comunidade de [[vanguarda]].{{sfn|Rodriguez|2012|p=71}}{{sfn|Sounes|2010|pp=140–42}} Com [[Barry Miles]] como guia, ele mergulhou no nascente movimento da [[Contracultura da década de 1960|contracultura]] britânica, que logo emergiu como [[Cultura underground|''underground'']].{{sfn|Gould|2007|pp=314–15}}
Enquanto organizava datas para a turnê mundial da banda,{{sfn|Rodriguez|2012|p=8}} Epstein concordou com a proposta da jornalista [[Maureen Cleave]] dos Beatles serem entrevistados separadamente para uma série de artigos que iriam explorar a personalidade e o estilo de vida de cada membro da banda, além de sua identidade como um Beatle.{{sfn|Turner|2016|pp=77–78}} Os artigos foram publicados em edições semanais no jornal ''[[Evening Standard]]'' de Londres ao longo de março de 1966, e refletiu a transformação que estava em andamento durante os meses de inatividade do grupo.{{sfn|Savage|2015|p=126}}{{refn|De acordo com o escritor Shawn Levy, escrevendo em seu livro sobre a ''[[Swinging London]]'', essa transformação ocorreu entre novembro de 1965 e abril seguinte, quando as sessões de ''Revolver'' começaram. Ele descreve os Beatles como "os primeiros psicodélicos domésticos do mundo" e "as primeiras estrelas de qualquer meio a se metamorfosear completa e obviamente de alegre e sincero para misterioso e dissimulado".{{sfn|Levy|2002|pp=240–41}}|group=nota}} Dos dois compositores principais, Cleave considerou John intuitivo, preguiçoso e insatisfeito com a fama e o ambiente no interior de [[Surrey]], enquanto Paul transmitiu convicção e uma fome por conhecimento e novas possibilidades criativas.{{sfn|Turner|2016|pp=88, 94–95, 119}} Em seu livro ''Revolver: How the Beatles Reimagined Rock 'n' Roll'', Robert Rodriguez escreve que, enquanto Lennon tinha sido a força criativa dominante dos Beatles antes de ''Revolver'', McCartney agora alcançava uma posição aproximadamente igual à dele.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=12–14}} Em um desenvolvimento posterior, o interesse de George pela música e cultura da Índia, e o seu estudo da [[sitar]] indiana, inspiraram-no como compositor.{{sfn|The Editors of ''Rolling Stone''|2002|pp=36–37}} De acordo com o autor Ian Inglis, ''Revolver'' é amplamente visto como "o álbum em que Harrison atingiu a maioridade como compositor".{{sfn|Inglis|2010|p=7}}

== Histórico de gravação ==
[[File:Beatles_and_George_Martin_in_studio_1966.JPG|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:Beatles_and_George_Martin_in_studio_1966.JPG|esquerda|miniaturadaimagem|225x225px|[[George Harrison|George]], [[Paul McCartney|Paul]] e [[John Lennon|John]] com [[George Martin]] nos estúdios da EMI em 1966.]]
Os Beatles esperavam trabalhar em espaços mais modernos do que o [[Abbey Road Studios]] da [[EMI]] em Londres,{{sfn|Rodriguez|2012|p=103}} e estavam impressionados com o som dos discos produzidos no [[Stax Records|Stax Studios]] em [[Memphis]].{{sfn|Turner|2016|p=127}} Em março de 1966, Epstein apurou a possibilidade deles gravarem seu novo álbum no Stax,{{sfn|Savage|2015|p=253}} onde, de acordo com uma carta escrita por George dois meses antes, o grupo desejava trabalhar com o produtor [[Jim Stewart (produtor musical)|Jim Stewart]].<ref name="Harrison letter">{{cite web|last=Greene|first=Andy|url=https://www.rollingstone.com/music/news/read-previously-unknown-george-harrison-letter-from-1966-20150525|title=Read Previously Unknown George Harrison Letter From 1966|date=25 de maio de 2015|access-date=24 de junho de 2017|publisher=[[Rolling Stone|rollingstone.com]]|lingua=inglês|titulotrad=Leia a carta anteriormente desconhecida de George Harrison de 1966|archive-url=https://web.archive.org/web/20170822234726/http://www.rollingstone.com/music/news/read-previously-unknown-george-harrison-letter-from-1966-20150525|archive-date=22 de agosto de 2017|url-status=não}}</ref> A ideia foi abandonada após os moradores locais invadirem o prédio da Stax. Também houve planos de usarem os estúdios da [[Atlantic Records]] em Nova Iorque ou o "Hitsville U.S.A." da [[Motown Records]] em [[Detroit]].{{sfn|Rodriguez|2012|pp=103–04}}{{refn|Em vez de preocupações de segurança, a carta de George cita considerações financeiras como obstáculo.<ref name="Harrison letter" />{{sfn|Turner|2016|pp=128–29}} [[Steve Cropper]], então membro da banda da Stax e da equipe do estúdio, acreditava que estaria produzindo as sessões, com base em suas conversas com Epstein.{{sfn|Turner|2016|pp=127–28}}|group=nota}}

No entanto, as gravações se iniciaram no Estúdio 3 da EMI em Londres no dia 6 de abril, com [[George Martin]] servindo novamente como produtor.{{sfn|Miles|2001|p=228}} A primeira faixa gravada foi "[[Tomorrow Never Knows]]" de John,{{sfn|Hertsgaard|1996|pp=177–78}} cujo arranjo mudou consideravelmente entre a tomada inicial daquele dia e o [[Refilmagem|''remake'']] subsequente.<ref>Notas internas por [[Mark Lewisohn]] (1996). Livreto de ''[[Anthology 2]]'' (CD). [[Apple Records]]. pp. 18–19.</ref> Essa primeira versão de "Tomorrow Never Knows", assim como outros [[Outtake|''outtakes'']] das sessões do álbum,{{sfn|Badman|2001|p=553}} foi incluída na compilação de 1996, ''[[Anthology 2]]''.{{sfn|Rodriguez|2012|p=107}} Também gravadas durante as sessões de ''Revolver'' foram as canções "[[Paperback Writer]]" e "[[Rain (canção de The Beatles)|Rain]]", lançadas em [[Single|''single'']] no final de maio.{{sfn|MacDonald|2005|pp=195, 196}}
[[File:Londons_Carnaby_Street,_1966.jpg|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:Londons_Carnaby_Street,_1966.jpg|direita|miniaturadaimagem|231x231px|''[[Swinging London]]'', [[Carnaby Street]], {{circa|1966}}. A criação do álbum coincidiu com o reconhecimento internacional do papel de Londres como a capital cultural. ]]
A banda trabalhou em dez canções, incluindo ambos os lados do próximo ''single'', até 1º de maio, quando tiveram que interromper as sessões para se apresentarem no anual [[NME Awards|''Poll-Winners Concert'']] da ''[[NME]]''.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=4, 6–7}}{{refn|Realizado no [[Arena Wembley|Empire Pool]], no noroeste de Londres, este foi o último show que os Beatles fizeram para um público pagante no Reino Unido.{{sfn|Miles|2001|p=230}}|group=nota}} Em um período em que a revista ''[[Time (revista)|Time]]'' apelidou Londres de ''"[[Swinging London|Swinging City]]"'', reconhecendo tardiamente a sua ascensão como a capital cultural da época,{{sfn|Gould|2007|pp=226, 336}}{{sfn|Norman|1996|pp=268–69}} os Beatles se inspiraram ao assistir a shows de artistas visitantes, estreias de filmes, peças de teatro e outros eventos culturais.{{sfn|Ingham|2006|p=36}} De fevereiro a junho, esses números artísticos incluíram [[Stevie Wonder]], [[Roy Orbison]], [[The Lovin' Spoonful]], [[The Mamas & the Papas]],{{sfn|Turner|2016|pp=204–06}} [[Bob Dylan]] (com quem eles socializaram incessantemente), [[Luciano Berio]] e [[Ravi Shankar]].{{sfn|Miles|2001|pp=226–32}}{{refn|Dentre esses encontros, John participou das filmagens do documentário de D.A. Pennebaker sobre a turnê de Dylan em 1966, ''Eat the Document'',<ref>Gill, Andy. "Car Sick Blues". Em: {{harvnb|''Mojo Special Limited Edition''|2002|p=49}}.</ref> em 27 de maio,{{sfn|Miles|2001|p=231}} enquanto Shankar concordou em se tornar professor de sitar de Harrison em 1º de junho.{{sfn|Lavezzoli|2006|p=176}}|group=nota}} Durante meados de maio, John e Paul participaram de uma festa particular para ouvir ao álbum [[Pet Sounds|''Pet Sounds'']] dos [[The Beach Boys|Beach Boys]],{{sfn|Rodriguez|2012|pp=77–78}} e McCartney conheceu o diretor italiano [[Michelangelo Antonioni]], que filmou o filme ''[[Blow-Up]]'' em Londres, inspirado no cenário contemporâneo da moda.{{sfn|Turner|2016|pp=174–75}}

Em 16 de maio,{{sfn|Lewisohn|2005|p=78}} Epstein respondeu a um pedido da gravadora [[Capitol Records]], subsidiária norte-americana da EMI, para prover três novas canções para um próximo lançamento nos Estados Unidos, intitulado ''[[Yesterday and Today]]''.{{sfn|Rodriguez|2012|p=25}} Lançado em 20 de junho, esse álbum combinou faixas que a Capitol havia omitido dos lançamentos anteriores dos Beatles na América do Norte com canções que a banda havia originalmente lançado apenas em ''singles''.{{sfn|Lewisohn|2005|p=78}} Das seis gravações concluídas para ''Revolver'', Martin selecionou três canções escritas por Lennon, já que as sessões haviam favorecido suas composições até então.{{sfn|Rodriguez|2012|p=25}} Desejando limitar a interrupção da gravação que múltiplas aparições na televisão criariam,{{sfn|Winn|2009|pp=19–20}}{{sfn|Sounes|2010|p=146}} os Beatles passaram dois dias produzindo [[Videoclipe|clipes promocionais]] para o ''single'' de "Paperback Writer".{{sfn|Miles|2001|p=231}}{{sfn|Rodriguez|2012|p=159}} O primeiro conjunto de filmagens foi gravado no Estúdio 1 da EMI em 19 de maio,{{sfn|Lewisohn|2005|p=79}} por [[Michael Lindsay-Hogg]], diretor do programa televisivo ''Ready Steady Go!''{{sfn|Turner|2016|p=182}} No dia seguinte, o grupo fez mais clipes para as duas canções no terreno da [[Chiswick House]], no oeste de Londres.{{sfn|Miles|2001|p=231}} Diante das reclamações dos fãs sobre o distanciamento em seu novo trabalho, no entanto, a banda concordou em fazer uma aparição ao vivo no programa ''[[Top of the Pops]]'' no dia 16 de junho.{{sfn|Savage|2015|pp=317–18}}

O companheirismo entre os quatro Beatles atingiu seu auge durante esse período.{{sfn|Rodriguez|2012|p=77}}<ref name="Sheffield/RS 50th">{{cite magazine|last=Sheffield|first=Rob|date=5 de agosto de 2016|title=Celebrating 'Revolver': Beatles' First On-Purpose Masterpiece|títulotrad=Comemorando 'Revolver': a primeira obra-prima dos Beatles|url=https://www.rollingstone.com/music/features/celebrating-revolver-beatles-first-on-purpose-masterpiece-w432935|magazine=[[Rolling Stone]]|língua=inglês|access-date=24 de junho de 2017}}</ref> Mesmo assim, um desentendimento entre Paul e seus colegas de banda resultou na saída de McCartney do estúdio durante a sessão final, para a canção "[[She Said She Said]]" de Lennon, em 21 de junho, dois dias antes da banda voar para a Alemanha Ocidental para a primeira etapa de sua turnê mundial.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=146–49}}{{sfn|Everett|1999|pp=64–65}} Os Beatles passaram 220 horas gravando ''Revolver –'' um valor que exclui sessões de [[mixagem]] e se compara a menos de 80 horas de ''Rubber Soul''.{{sfn|Turner|2016|p=404}} A mixagem final do álbum ocorreu em 22 de junho.{{sfn|Lewisohn|2005|p=84}} Os Beatles comemoraram a conclusão do projeto comparecendo à inauguração da boate Sibylla's.{{sfn|Miles|2001|p=234}}

== Técnicas de produção ==

=== Estética do estúdio ===
{{quote box
| quote = ''Revolver'' rapidamente se tornou o álbum onde os Beatles diriam: "Certo, isso parece ótimo, agora vamos tocar (a gravação) ao contrário ou acelerar ou desacelerar." Eles tentaram tudo ao contrário, só para ver como eram as coisas.{{sfn|Hertsgaard|1996|pp=177–78}}{{sfn|Lewisohn|2005|p=74}}
| source = – [[Geoff Emerick]], engenheiro de gravação da EMI
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| tamanho = 100%
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}}

As sessões de ''Revolver'' aprofundaram a experimentação em estúdio evidente em ''Rubber Soul''.{{sfn|Kruth|2015|pp=195–96}}{{sfn|Howard|2004|pp=20, 23}} Com os Beatles cada vez mais envolvidos na produção de sua música, o papel de George Martin como produtor havia se alterado para um "facilitador", ou colaborador, pelo qual a banda agora contava para tornar suas ideias uma realidade.<ref name="Sheffield/RS 50th" />{{sfn|The Beatles|2000|p=206}}{{refn|A mudança na dinâmica entre os Beatles e Martin começou em 1964.{{sfn|Millard|2012|p=179}} Falando sobre seu papel em 1966, Martin disse: "Eu mudei de ser o ''[[Eletricista mestre|gaffer]]'' dos quatro "Herberts" de Liverpool para o que sou agora, me agarrando aos últimos vestígios do poder de gravação."<ref name="Sheffield/RS 50th" />|group=nota}} Pela primeira vez no EMI, os [[Gravação multicanal|gravadores de quatro trilhas]] haviam sido instalados na sala de controle do estúdio, ao lado do produtor e do engenheiro de balanceamento, ao invés de estar em uma sala dedicada.{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=48, 86}} O novo [[Engenharia de áudio|engenheiro de som]] dos Beatles no projeto foi [[Geoff Emerick]], na época com dezenove anos de idade.{{sfn|Hertsgaard|1996|p=179}} Emerick relembra que não ocorreu nenhum processo de pré-produção ou ensaio para ''Revolver'', em vez disso, a banda utilizou o estúdio para criar cada canção do que muitas vezes era apenas um esboço de uma composição.{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=117–18}} Falando pouco antes do início das sessões, John disse que consideraram fazer do álbum um fluxo contínuo de faixas, sem intervalos para diferenciar cada canção.<ref name=":2">Sutherland, Steve, ed. (2003). ''NME Originals: Lennon''. Londres: IPC Ignite!. p. 36.</ref>{{refn|Em vez disso, essa técnica foi usada pela primeira vez em um álbum ''pop'' quando os Beatles lançaram o sucessor de Revolver, ''[[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band]]''.{{sfn|Womack|2007|p=170}} O autor e crítico Tim Riley, no entanto, identifica as sequências de "[[I'm Only Sleeping]]" para "[[Love You To]]" e "[[Doctor Robert]]" para "[[I Want to Tell You]]" como uma antecipação do "fluxo contínuo de som" alcançado em ''Sgt. Pepper''.{{sfn|Riley|2002|p=196}}|group=nota}}
[[File:Abbey_road_studios.jpg|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:Abbey_road_studios.jpg|direita|miniaturadaimagem|[[Abbey Road Studios]] da [[EMI]] (retratado em 2005). A maioria das sessões de ''Revolver'' aconteceram no íntimo Estúdio 3 do espaço.]]
A vontade do grupo de experimentar também ficou evidente na sua dedicação de encontrar e inventar sons que capturassem a percepção elevada que eles experimentaram através das drogas alucinógenas.{{sfn|Case|2010|pp=30–31}}{{sfn|Turner|2016|p=414}} O álbum fez um uso descontraído da [[Compressor (efeito)|compressão]] e [[Equalizador|equalização tonal]].{{sfn|Ingham|2006|p=40}} Emerick contou que os Beatles encorajaram a equipe de estúdio a romper com as normas padrões de gravação,{{sfn|Jones|2016|p=31}} adicionando: "Foi posto quando começamos ''Revolver'' de que cada instrumento deveria soar diferente de si mesmo: um piano não deveria soar como um piano, uma guitarra não deveria soar como uma guitarra."<ref name="Irvin/Tomorrow">Irvin, Jim. "Into Tomorrow". In: {{harvnb|''Mojo Special Limited Edition''|2002|p=45}}.</ref>

Em busca por novas sonoridades, a banda incorporou pela primeira vez em seu trabalho instrumentos como a [[tambura]] e a [[tabla]] indianas, o [[clavicórdio]], o [[vibrafone]] e o [[:en:Tack_piano|piano de tachinhas]]<sup>{{En}}</sup>.{{sfn|Babiuk|2002|pp=182, 184, 185}} O som da guitarra estava mais robusto do que antes com o uso de novos amplificadores [[Fender Musical Instruments Corporation|Fender]]; a escolha das guitarras, que incluiu George utilizando de preferência uma [[Gibson SG]], e a introdução de compressores do modelo Fairchild 660 para a gravação.<ref name="Scapelliti/GW">{{cite web|last=Scapelliti|first=Christopher|url=http://www.guitarworld.com/guide-recording-equipment-songs-and-instruments-featured-beatles-revolver-album|title=The Beatles' 'Revolver': Guide to the Songs, Instruments and Recording Equipment|date=5 de agosto de 2016|access-date=25 de junho de 2017|publisher=[[Guitar World|guitarworld.com]]|lingua=en|titulotrad='Revolver': guia para músicas, instrumentos e equipamentos de gravação|archive-url=https://web.archive.org/web/20170617200000/http://www.guitarworld.com/guide-recording-equipment-songs-and-instruments-featured-beatles-revolver-album|archive-date=17 de junho de 2017|url-status=não}}</ref> Sem expectativas de serem capazes de recriar a sua nova música dentro dos limites de seus shows ao vivo,{{sfn|Turner|2016|p=404}}{{sfn|Hodgson|2010|p=viii}} os Beatles cada vez mais usaram colaboradores externos ao fazer o álbum.{{sfn|Rodriguez|2012|p=112}} Isso incluiu o primeiro uso de uma [[Trompa|seção de sopros]] pela banda,<ref name="Sheffield/RS 50th" /> em "[[Got to Get You into My Life]]",{{sfn|Rodriguez|2012|p=112}} e a primeira vez em que eles incorporaram [[Efeito sonoro|efeitos sonoros]] extensivamente,{{sfn|Reising|2006|p=112}} em "[[Yellow Submarine (canção)|Yellow Submarine]]".{{sfn|Winn|2009|pp=22–23}}

=== Inovações ===
{{quote box
| quote = Existem sons (em ''Revolver'') que ninguém havia feito ainda – quero dizer, ninguém, nunca.{{sfn|Schaffner|1978|p=60}}
| source = – Paul McCartney, 1966
| align = left
| width = 25%
| style = padding:8px;
}}O autor Mark Brend escreve que, com ''Revolver'', os Beatles avançaram com a estratégia do produtor musical Joe Meek de utilizar o estúdio de gravação como um instrumento musical, e "formalizaram esta abordagem no que agora é uma escolha reconhecida de como fazer música ''pop''".{{sfn|Brend|2005|pp=55–56}} Uma técnica de produção chave utilizada foi a ''[[Automatic double tracking|Automatic Double-Tracking]]'' (ADT), criada pelo engenheiro técnico da EMI, Ken Townsend, em 6 de abril.{{sfn|Lewisohn|2005|p=70}} Esta técnica empregou dois [[Gravador de rolo|gravadores de fita]] interligados para automaticamente criarem uma trilha vocal dobrada (ou duplicada). O método padrão era dobrar o vocal cantando a mesma parte duas vezes em uma [[Gravação multicanal|fita multitrilha]], uma tarefa que Lennon particularmente não gostava.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=100–01}} Os Beatles ficaram encantados com a invenção e a usaram extensivamente em ''Revolver''.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=100–01}}{{sfn|Howard|2004|pp=22–23}} A ADT logo se tornou uma técnica de produção padrão no ''pop'' e levou a desenvolvimentos relacionados, como o [[Chorus|efeito ''chorus'']] artificial.{{sfn|Bishop|2010|p=202}}

O trabalho mais experimental da banda durante as sessões foi canalizado em "Tomorrow Never Knows".{{sfn|Ingham|2006|p=40}} John fez seus vocais para a canção através de alto-falantes giratórios dentro de um gabinete [[Altifalante Leslie|Leslie]], projetado para um [[órgão Hammond]].{{sfn|Rodriguez|2012|p=107}}{{sfn|Turner|2016|pp=143–44}} O efeito foi utilizado durante toda a primeira tomada da faixa, porém apenas na segunda parte do ''remake''.{{sfn|Rodriguez|2012|p=107}}{{sfn|Turner|2016|p=144}} De acordo com o autor Andy Babiuk, "Tomorrow Never Knows" marcou a primeira vez que um vocal foi gravado usando um microfone conectado à entrada de um alto-falante Leslie.{{sfn|Babiuk|2002|p=184}} Muita da faixa de apoio da canção consiste em uma série de [[Loop de fita|''loops'' de fita]] prontos,{{sfn|Lewisohn|2005|p=70}} uma ideia originada de Paul, e que foi influenciada pelo trabalho de artistas de vanguarda como [[Karlheinz Stockhausen]], que frequentemente fazia experiências com [[Fita magnética|fitas magnéticas]] e técnicas da [[música concreta]].{{sfn|MacDonald|2005|pp=190fn, 224–25}}{{sfn|Rodriguez|2012|pp=71–72}} Cada um dos Beatles preparou ''loops'' em casa,<ref name=":3">{{Harvard citation no brackets|MacDonald|2005|p=190}}; {{Harvard citation no brackets|Schaffner|1978|p=64}}; {{Harvard citation no brackets|Winn|2009|p=8}}; {{Harvard citation no brackets|Turner|1999|p=116}}; {{Harvard citation no brackets|Case|2010|p=30}}.</ref> e uma seleção desses sons foi então adicionada na faixa musical de "Tomorrow Never Knows".{{sfn|Lewisohn|2005|p=72}}{{refn|Embora Emerick tenha dito que McCartney foi o único responsável pela criação dos ''loops'' de fita,{{sfn|Emerick|Massey|2006|pp=111–12}} Martin deu crédito a todos os quatro membros da banda.{{sfn|Martin|Pearson|1994|p=80}} O autor Robert Rodriguez reconhece Paul como o iniciador e a probabilidade de que os outros Beatles tenham contribuído.{{sfn|Rodriguez|2012|p=108}}|group=nota}} O processo foi realizado ao vivo, com vários gravadores funcionando simultaneamente, e alguns dos maiores ''loops'' se estendendo para fora da sala de controle para os corredores.{{sfn|MacDonald|2005|p=191}}

A inclusão de sons de fita invertidos em "Rain" (especificamente, uma parte do vocal de Lennon) marcou o primeiro lançamento ''pop'' a usar essa técnica, embora os Beatles tivessem primeiramente utilizada ela em alguns dos ''loops'' de fita e em um solo de guitarra em "Tomorrow Never Knows".{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=94, 95}} O solo de guitarra ao contrário ([[Backmasking|''backmasked'']]) em "I'm Only Sleeping" foi semelhantemente inédito na música ''pop'',<ref name="GilmoreAcidTest" /><ref name=":4">{{Citar web|ultimo=McCormick|primeiro=Neil|url=https://www.telegraph.co.uk/culture/music/the-beatles/6150301/The-Beatles-Revolver-review.html|titulo=The Beatles - Revolver, review|data=2009-09-07|acessodata=2024-02-25|website=The Telegraph|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20170517152241/http://www.telegraph.co.uk/culture/music/the-beatles/6150301/The-Beatles-Revolver-review.html|arquivodata=17 de maio de 2017|urlmorta=não}}</ref> a qual George compôs e gravou suas partes de guitarra com uma ideia de como as notas iriam soar quando a direção da fita fosse corrigida.{{sfn|Rodriguez|2012|p=131}}{{sfn|Brend|2005|p=56}} Experimentações com sons invertidos foi um aspecto crucial das sessões de ''Revolver'',{{sfn|Ingham|2006|p=191}} como foi o uso do efeito do alto-falante Leslie.{{sfn|MacDonald|2005|p=197}} O interesse da banda nos tons resultantes da alteração de velocidade da fita (''[[:en:Pitch_control|varispeeding]]''<sup>{{En}}</sup>) estendeu-se à gravação de uma faixa rítmica em um [[andamento]] mais rápido do que pretendiam que a música soasse no disco.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=130–31}}{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=95–96}}
[[File:Fairchild_Model_670_Compressor.jpg|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:Fairchild_Model_670_Compressor.jpg|direita|miniaturadaimagem|228x228px|Um compressor estéreo Fairchild 670. O equivalente mono da Fairchild, 660, foi usado extensivamente durante as sessões de ''Revolver'' e contribuiu para os sons robustos capturados no álbum.<ref name="Scapelliti/GW" />]]
Durante as sessões, Emerick gravou o amplificador do baixo de Paul através de um alto-falante, o qual Townsend havia reconfigurado para servir como um microfone, para dar ao baixo mais destaque do que nos lançamentos anteriores dos Beatles.{{sfn|Hertsgaard|1996|p=180}} Embora esta técnica específica foi usada apenas nas duas canções escolhidas para o ''single'' de maio de 1966,{{sfn|Rodriguez|2012|p=119}} um som de baixo aprimorado foi uma característica de grande parte do álbum.{{sfn|Ingham|2006|p=191}}{{sfn|Perone|2012|p=84}} Emerick também garantiu uma presença maior do [[bumbo]] de Ringo, ao colocar um item de roupa dentro de sua estrutura para amortecer o som,{{sfn|Hertsgaard|1996|p=179}} mudando o microfone alguns centímetros para perto da [[Pele (instrumento musical)|pele]] e comprimindo o sinal através de um limitador Fairchild.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=105–06}} Ian MacDonald escreve que, apesar do EMI ser tecnicamente inferior a muitos estúdios de gravação nos Estados Unidos, a bateria de Starr no álbum logo levou os estúdios lá a "serem dilacerados e remontados novamente", como os engenheiros procuravam replicar os sons inovadores realizados pelos Beatles.{{sfn|MacDonald|2005|pp=189–90}} Essa preferência por aproximar o microfone dos instrumentos se estendeu às cordas orquestrais utilizadas em "[[Eleanor Rigby]]", para alcançar o pedido de McCartney por um som "realmente penetrante",{{sfn|Emerick|Massey|2006|p=127}} e os metais em "Got to Get You into My Life".{{sfn|Rodriguez|2012|pp=113, 134}} Essa foi outra quebra de padrão, e causa de alarme entre os tocadores de cordas com formação clássica.{{sfn|Lewisohn|2005|pp=77, 79}}{{sfn|Hertsgaard|1996|p=188}}

De acordo com os autores Kevin Ryan e Brian Kehew, ADT, inversão de fitas e o microfone próximo à bateria estão entre as nove técnicas que as sessões de ''Revolver'' introduziram ao mundo da gravação pela primeira vez.{{sfn|Turner|2016|p=405}} Ryan e Kehew citam Emerick dizendo: "Eu sei com certeza que, desde o dia em que foi lançado, ''Revolver'' mudou a maneira como todo mundo fazia discos".{{sfn|Turner|2016|p=405}}{{refn|O produtor americano [[Tony Visconti]] citou o álbum como um trabalho que "mostrou como o estúdio poderia ser usado como um instrumento" e em parte inspirou sua mudança para Londres no final da década de 1960, "para aprender como as pessoas faziam discos como este".<ref>{{cite web|first=Julian|last=Marszalek |url=http://thequietus.com/articles/10534-tony-visconti-favourite-albums?page=2 |title=Prophets, Seers & Sages: Tony Visconti's Favourite Albums |work=The Quietus|date=31 de outubro de 2012|access-date=24 de junho de 2017}}</ref>|group=nota}}

== Canções ==

=== Visão geral ===
O biógrafo Steve Turner escreve que ''Revolver'' encapsula não apenas "o espírito da época", mas também a rede de pensadores culturais e sociais progressistas na qual os Beatles recentemente mergulharam em Londres.{{sfn|Turner|2016|p=415}} De acordo com os musicólogos Russell Reising e Jim LeBlanc, junto com "Rain", o disco marca o início do corpo de trabalho da banda incorporando a [[Música psicadélica|psicodelia]], que manteve-se através de ''[[Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band]]'', ''[[Magical Mystery Tour]]'' e as novas canções gravadas em 1967 para a [[animação]] ''[[O Submarino Amarelo]]'', junto com seus ''singles'' ao longo desses dois anos.{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=94–95, 99, 105}} Os autores viram as composições de Lennon e Harrison como as mais abertamente psicodélicas, e encontra traços evidentes do gênero nas paisagens sonoras e instrumentação do álbum, bem como em sua imagem lírica.{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=94–95, 98–100}}{{refn|Reising e LeBlanc encontram pouco conteúdo psicodélico em "Eleanor Rigby" e "[[Here, There and Everywhere]]" de Paul, mas comentam que esta última contribui para a "diversidade atmosférica" do LP, que era uma característica fundamental dos álbuns psicodélicos.{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=95–96}}|group=nota}} O crítico musical Jim DeRogatis vê o LP como um dos primeiros trabalhos do gênero [[rock psicodélico|''rock'' psicodélico]], que acompanhou o surgimento da ideologia da contracultura na década de 1960.{{sfn|DeRogatis|2003|pp=xi, 8–10}}

Através de suas faixas individuais, ''Revolver'' cobre uma ampla gama de estilos, incluindo [[acid rock|''acid rock'']], [[Música de câmara|''chamber music'']], [[Rhythm and blues|R&B]],{{sfn|Brackett|Hoard|2004|p=53}} ''raga rock'',<ref>{{cite web|last=Unterberger|first=Richie|url=http://www.allmusic.com/song/i-want-to-tell-you-mt0010100252|title=The Beatles - 'I Want to Tell You'|access-date=24 de junho de 2017|website=AllMusic|publisher=[[AllMusic]]|lingua=en|urlmorta=não}}</ref> música concreta,{{sfn|Everett|2009|p=80}} bem como os padrões contemporâneos do ''rock'' e ''pop''.{{sfn|Perone|2012|p=83}} Na visão do autor Robert Rodriguez, a influência da música indiana permeia o álbum.{{sfn|Rodriguez|2012|p=115}} Além dos sons e estilo vocal usados em grande parte da gravação,{{sfn|Prendergast|2003|p=206}} essa influência é evidente nas mudanças limitadas de acordes em algumas das músicas, sugerindo um [[Pedal (música)|pedal]] de estilo indiano.{{sfn|MacDonald|2005|pp=194fn, 198}} De acordo com o historiador cultural Simon Philo, ''Revolver'' continha "(a) implantação mais sustentada de instrumentos indianos, forma musical e, até mesmo, filosofia religiosa" ouvida na música popular até então.{{sfn|Philo|2015|p=111}} Escrevendo para a ''[[Slate]]'', Jack Hamilton chama a música do álbum de "R&B de vanguarda", mostrando a dívida dos músicos para com a [[Música negra|música afro-americana]].<ref name="avrb">{{cite web|last=Hamilton|first=Jack|url=https://slate.com/culture/2022/10/beatles-revolver-2022-super-deluxe-reissue-stax-motown.html|title=The Beatles' ''Revolver'' Was Their Avant-Garde R&B Album|date=28 de outubro de 2022|accessdate=28 de outubro de 2022|work=[[Slate (revista)|Slate]]|lang=en-US|titulotrad=''Revolver'' dos Beatles foi seu "álbum de R&B de vanguarda"|urlmorta=não}}</ref>

Em seus temas líricos, o álbum marca um afastamento radical dos trabalhos anteriores dos Beatles, já que a grande maioria das canções evita o tema do amor.{{sfn|Turner|2016|p=406}} De acordo com Reising e LeBlanc, as letras deste e dos discos psicodélicos posteriores da banda capturam a crença da cultura psicodélica nas qualidades reveladoras da verdade do LSD sobre as ilusões do pensamento burguês; rejeitar o materialismo em favor da espiritualidade de inspiração asiática; e explorar a sobreposição de significado entre uma "viagem" e viajar, resultando em narrativas em que o tempo e o espaço ficam confusos.{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=99–105}} Onde as canções se apresentam como canções de amor, continuam os autores, o amor é frequentemente transmitido como uma força unificadora entre muitos, e não entre dois indivíduos, ou como um "modo de vida".{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=107–08}}

O autor e crítico Kenneth Womack escreve sobre os Beatles explorando "fenomenologias da consciência" em ''Revolver'', e cita como exemplos a preocupação de "I'm Only Sleeping" com os sonhos, e as referências à morte na letra de "Tomorrow Never Knows". Na avaliação de Womack, as canções representam dois elementos importantes do ciclo de vida humano que são "opostos filosóficos".{{sfn|Womack|2007|p=139}} Ecoando este ponto, o crítico musical Tim Riley escreve que, assim como "abraçar a vida significa aceitar a morte", as quatorze faixas "ligam uma visão desiludida do mundo moderno com uma crença na transcendência metafísica".{{sfn|Riley|2002|p=181}} Philo acha o "engajamento contra-cultural" dos Beatles evidente até mesmo nas canções que se apresentam como ''pop'' padrão.{{sfn|Philo|2015|pp=110–11}} Na opinião de Reising, todas as faixas em ''Revolver'' estão interligadas, na medida em que cada linha de "Tomorrow Never Knows", a faixa de encerramento, é aludida ou explorada na letra de uma ou mais das faixas que a precedem.{{sfn|Reising|2006|pp=113–14}}

=== Lado um ===

==== "Taxman" ====
George escreveu "[[Taxman]]" como um protesto contra as altas [[Alíquota|taxas]] marginais de impostos pagas pelos mais assalariados, como os Beatles, que, sob o governo trabalhista de [[Harold Wilson]],{{sfn|MacDonald|2005|pp=14, 200}} equivaliam a 95% da renda não auferida (ou seja, juros sobre poupanças e investimentos) acima do limite superior.{{sfn|Everett|1999|p=48}}{{refn|De acordo com Ian MacDonald, este foi o "preço" que os Beatles pagaram ao serem nomeados [[Ordem do Império Britânico|membros da Ordem do Império Britânico]] em setembro de 1965.{{sfn|MacDonald|2005|pp=200, 426}} Além da imposição financeira, Harrison ficou alarmado com o fato do dinheiro estar sendo usado para financiar a fabricação de armas militares.{{sfn|Turner|2016|p=131}}|group=nota}} A contagem falada no início da canção está fora de ritmo com a performance que se segue,{{sfn|Womack|2007|p=135}} um artifício que Riley credita por estabelecer a "nova estética de estúdio de ''Revolver''".{{sfn|Riley|2002|p=182}} Os vocais de Harrison na faixa foram tratados com uma compressão pesada e ADT.{{sfn|Everett|1999|p=48}} Além de tocar uma parte de baixo flexionada em [[glissando]] que lembra o músico [[James Jamerson]] da Motown, Paul executou o solo de guitarra da música.{{sfn|Everett|1999|p=49}} A última seção também foi editada no final da gravação original, garantindo que a faixa fechasse com o solo reprisado em um [[Fade (áudio)|''fade-out'']].{{sfn|Everett|1999|p=48}}{{sfn|Lewisohn|2005|p=76}} Rodriguez reconhece "Taxman" como a primeira música dos Beatles escrita sobre "preocupações atuais"; ele também cita seu "escárnio abrasivo" como um precursor do movimento [[punk rock|''punk rock'']] da década de 1970.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=xiii, 17}} Concluída com contribuições de John,{{sfn|MacDonald|2005|p=200}} a letra refere-se nominalmente a Wilson, que acabara de ser reeleito primeiro-ministro nas eleições gerais de 1966, e a [[Edward Heath]], o líder [[Partido Conservador (Reino Unido)|conservador]] [[Líder da Lealíssima Oposição de Sua Majestade|da oposição]].{{sfn|Riley|2002|p=183}}

==== "Eleanor Rigby" ====
O autor Kenneth Womack descreve "[[Eleanor Rigby]]" de Paul como uma "narrativa sobre os perigos da solidão".{{sfn|Womack|2007|p=138}} A história envolve a personagem-título, que é uma solteirona idosa, e um padre solitário chamado Father McKenzie, que escreve "sermões que ninguém ouvirá" ''("sermons that no one will hear")''.{{sfn|Womack|2007|p=138}} Ele preside o funeral de Eleanor e reconhece que, apesar de seus esforços, "ninguém foi salvo" ''("no one was saved")''.{{sfn|Womack|2007|pp=137–39}} A primeira composição de McCartney a se afastar dos temas de uma canção de amor padrão,{{sfn|Turner|2016|p=63}} sua letra foi o produto de um esforço em grupo, com George, Ringo, John e o amigo deste último, [[Peter Shotton|Pete Shotton]], todos contribuindo.{{sfn|Everett|1999|p=51}}{{refn|John disse mais tarde que escreveu 70% da letra,{{sfn|MacDonald|2005|p=204}} o que Paul refutou, dizendo que Lennon contribuiu com "cerca de meia linha".{{sfn|Everett|1999|p=51}}|group=nota}} Embora Lennon e Harrison fornecessem harmonias ao lado do vocal principal de Paul, nenhum Beatle tocou na gravação;{{sfn|Hertsgaard|1996|p=182}} em vez disso, Martin arranjou a faixa para um octeto de cordas,{{sfn|MacDonald|2005|p=203}} inspirando-se na trilha sonora de [[Bernard Herrmann]] para o filme ''[[Psycho|Psicose]]'' de 1960, de [[Alfred Hitchcock]].{{sfn|Womack|2007|p=137}} Na opinião do autor Tim Riley, "a corrupção de 'Taxman' e a finalidade absoluta do destino de Eleanor tornam o mundo de ''Revolver'' mais sinistro do que qualquer outro par de canções de abertura poderia."{{sfn|Riley|2002|p=185}}

==== "I'm Only Sleeping" ====
O autor Peter Doggett descreve "[[I'm Only Sleeping]]" como "meio um sonho ácido, meio a preguiça latente de Lennon personificada."{{sfn|Miles|2001|p=238}} Tal como aconteceu com "Rain", a faixa básica foi gravada em um ritmo mais rápido antes de ser submetida à variação de velocidade.{{sfn|Rodriguez|2012|p=130}}{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=95, 96}} Este último tratamento, juntamente com ADT, também foi aplicado ao vocal de John enquanto ele procurava replicar, na descrição de [[Ian MacDonald]], a "voz ressecada de um velho".{{sfn|MacDonald|2005|p=202}} Para o solo de guitarra, George gravou duas linhas separadas: a primeira com um som limpo, enquanto na segunda tocou sua Gibson SG através de uma [[Pedal de guitarra|''fuzzbox'']].{{sfn|Rodriguez|2012|p=131}} O biógrafo dos Beatles, Jonathan Gould, vê o solo como aparecendo para "suspender as leis do tempo e do movimento para simular a meia-coerência do estado entre a vigília e o sono".{{sfn|Gould|2007|p=353}} O musicólogo Walter Everett compara a canção a uma "pintura de texto particularmente expressiva".{{sfn|Everett|1999|pp=50–51}}

==== "Love You To" ====
"[[Love You To]]" marcou a primeira incursão de Harrison na [[Música clássica indiana|música clássica]] [[Hinduísmo|hindu]] como compositor, após a introdução da [[sitar]] em "[[Norwegian Wood (This Bird Has Flown)|Norwegian Wood]]" em 1965.{{sfn|Lavezzoli|2006|pp=171, 174–75}} Ele gravou a faixa com contribuições mínimas de Ringo e Paul, e nenhuma contribuição de John; Músicos indianos do Círculo de Música Asiática forneceram instrumentação como a [[tabla]], a [[tambura]] e a sitar.{{sfn|Everett|1999|p=40}} O autor Peter Lavezzoli reconhece a canção como "a primeira tentativa consciente no ''pop'' de emular uma forma de música não-ocidental em estrutura e instrumentação".{{sfn|Lavezzoli|2006|p=175}} Além de tocar sitar na faixa,{{sfn|Womack|2014|pp=583–84}} as contribuições de George incluíram uma guitarra elétrica com um efeito ''fuzz-tone''.{{sfn|Everett|1999|p=40}} Everett identifica a mudança de métrica da música como sem precedentes no trabalho dos Beatles e uma característica que teria destaque em ''Sgt. Pepper''.{{sfn|Everett|1999|pp=40–41, 66}} Parcialmente influenciada pelo uso de LSD por Harrison,{{sfn|Rodriguez|2012|p=66}}{{sfn|Hertsgaard|1996|p=184}} a letra aborda o desejo do cantor por um "prazer sexual imediato", de acordo com Womack, e serve como um "chamado para aceitar nosso [[hedonismo]] interior e liberar nossas inibições mundanas".{{sfn|Womack|2007|p=140}}

==== "Here, There and Everywhere" ====
"[[Here, There and Everywhere]]" é uma balada que Paul escreveu no final das sessões de ''Revolver''.{{sfn|Everett|1999|pp=59–60}} Sua inspiração para a música foi a faixa "[[God Only Knows]]" do álbum ''Pet Sounds'' dos Beach Boys,{{sfn|Womack|2007|p=140}} que, por sua vez, [[Brian Wilson]] se inspirou para escrever depois de ouvir repetidamente ''Rubber Soul''.<ref>{{cite web|last=Baltin|first=Steve|url=https://www.rollingstone.com/music/news/brian-wilson-holds-out-hope-for-new-beach-boys-music-20120919|title=Brian Wilson Holds Out Hope for New Beach Boys Music|date=9 de setembro de 2012|access-date=24 de junho de 2017|website=Rolling Stone|publisher=[[Rolling Stone|rollingstone.com]]|lingua=en|titulotrad=Brian Wilson oferece esperança para novas músicas dos Beach Boys|urlmorta=não}}</ref><ref>{{cite news|url=http://www.denverpost.com/2015/07/02/how-brian-wilson-heard-rubber-soul-got-baked-and-wrote-god-only-knows/|title=Como Brian Wilson ouviu 'Rubber Soul', se preparou e escreveu 'God Only Knows'|date=2 de julho de 2015|access-date=24 de junho de 2017|website=The Denver Post|publicado=The Denver Post|lingua=en}}</ref> O vocal dobrado de McCartney foi tratado com a aceleração da fita,{{sfn|Riley|2002|p=186}} resultando em um tom mais alto na reprodução.{{sfn|Womack|2007|p=140}} As linhas de abertura da faixa são cantadas em tempo livre antes que seu [[Compasso (música)|compasso]] 4/4 seja estabelecido;{{sfn|Womack|2007|p=140}} de acordo com Everett, "em nenhum outro lugar uma introdução dos Beatles prepara tão bem o ouvinte para os eventos tonais mais marcantes e expressivos que estão por vir."{{sfn|Everett|1999|p=60}} Womack caracteriza a canção como uma balada romântica "sobre viver o aqui e agora" e "experimentar plenamente o momento consciente".{{sfn|Womack|2007|p=140}} Ele observa que, com a faixa anterior, "Love You To", o álbum expressa "exames correspondentes da experiência humana do amor físico e romântico".{{sfn|Womack|2007|p=140}}{{refn|Na opinião de Riley, a faixa "domestica" os "erotismos" de "Love You To", fazendo comparação com a escrita concisa de [[Richard Rodgers]] e Lorenz Hart.{{sfn|Riley|2002|p=186}}|group=nota}}

==== "Yellow Submarine" ====
{{quote box
| quote = As canções ficaram mais interessantes, então com isso os efeitos ficaram mais interessantes. Acho que as drogas estavam fazendo efeito com um pouco mais de força nesse álbum (...) Embora nós ''sim'' tomamos certas substâncias, nunca fizemos isso em grande quantidade na sessão. Éramos muito trabalhadores.{{sfn|The Beatles|2000|p=212}}
| source = – [[Ringo Starr]], 2000
| align = right
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}}Paul e John escreveram "[[Yellow Submarine (canção)|Yellow Submarine]]" como uma [[Música infantojuvenil|canção infantil]] e para o vocal de Ringo no álbum.{{sfn|Winn|2009|p=22}}{{sfn|Womack|2007|pp=140–41}} A letra foi escrita com a ajuda do cantor escocês [[Donovan]]{{sfn|Everett|1999|p=56}} e conta a vida em uma viagem marítima acompanhada por amigos.{{sfn|Gould|2007|pp=355–56}} Gould considera as qualidades infantis da faixa "enganosas" e que, uma vez em estúdio, ela se tornou "um sofisticado pastiche sonoro".{{sfn|Gould|2007|p=355}}

Em 1º de junho, os Beatles e alguns de seus amigos aprimoraram a atmosfera náutica festiva adicionando sons como correntes, sinos, assobios, baldes de água e copos tilintando,{{sfn|Turner|2016|p=188}} todos provenientes da sala de armadilhas do Estúdio 2.{{sfn|Everett|1999|p=57}}{{refn|Além da banda, e de Martin e Emerick, os participantes incluíam [[Brian Jones]] dos [[Rolling Stones]], [[Pattie Boyd]] (esposa de Harrison), [[Marianne Faithfull]] e os assessores dos Beatles, [[Mal Evans]] e [[Neil Aspinall]].{{sfn|MacDonald|2005|p=206}}{{sfn|Lewisohn|2005|p=81}}|group=nota}} Para preencher a parte após a letra se referir a uma banda de metais tocando,{{sfn|Womack|2014|p=1027}} George Martin e Geoff Emerick usaram uma gravação dos arquivos da EMI, emendando a cópia gravada e reorganizando a melodia.{{sfn|Rodriguez|2012|p=142}} Lennon gritou parte das ordens do navio no meio da canção em uma [[câmara de eco]].{{sfn|Rodriguez|2012|p=140}} No verso final, ele repete as linhas vocais de Starr de uma maneira que Gould compara a "um velho [[Vaudeville|vaudevilliano]] com a multidão na palma da mão".{{sfn|Gould|2007|p=356}} Riley reconhece a canção como uma mistura da comédia de [[The Goon Show|''The Goon Show'']] com a sátira de [[Spike Jones]].{{sfn|Riley|2002|p=188}} Donovan disse mais tarde que "Yellow Submarine" representava a situação dos Beatles como prisioneiros de sua fama internacional, à qual eles reagiram cantando uma canção comunitária e edificante.{{sfn|Turner|2016|p=295}}

==== "She Said She Said" ====
A atmosfera leve de "Yellow Submarine" é quebrada pelo que o autor Tim Riley chama de "a guitarra externamente controlada, mas internamente furiosa" que apresenta "[[She Said She Said]]" de Lennon.{{sfn|Riley|2002|p=188}} A canção marca a segunda vez que um arranjo dos Beatles usou uma métrica variável, depois de "Love You To", já que a base de 4/4 muda brevemente para 3/4.{{sfn|Everett|1999|p=66}} George lembrou que ajudou John a terminar a composição, que envolveu juntar três fragmentos separados da canção.{{sfn|The Beatles|2000|p=97}} Tendo saído da sessão, McCartney pode ou não ter contribuído com o baixo para a gravação. Além da guitarra solo e dos vocais harmoniosos, Harrison possivelmente executou a parte do baixo.<ref name="Howlett/Revolver">{{cite AV media notes |sobrenome=Howlett |nome=Kevin |ano=2022 |outros=[[The Beatles]] |titulo=Revolver: Special Edition |tipo=Livro |editora=Apple Records}}</ref>{{sfn|MacDonald|2005|pp=211–12}}{{refn|Assim como Rodriguez,{{sfn|Rodriguez|2012|p=149}} o jornalista musical Mikal Gilmore afirma que o argumento que precedeu a saída de Paul do estúdio estava relacionado ao LSD, já que sua falta de experiência com a droga levou John a descartar suas sugestões para o arranjo da música.<ref name="GilmoreAcidTest" />|group=nota}} A letra foi inspirada em parte por uma conversa que John e George tiveram com o ator [[Peter Fonda]] em Los Angeles em agosto de 1965,{{sfn|Rodriguez|2012|pp=91, 92}} enquanto todos os três, juntos com Ringo e membros dos Byrds, estavam sob a influência de LSD.{{sfn|Tillery|2011|p=52}} Durante a conversa, Fonda comentou: "Eu sei o que é estar morto" ''("I know what it's like to be dead")'', porque quando criança ele havia [[Morte|tecnicamente morrido]] durante uma operação.{{sfn|Everett|1999|p=62}}

=== Lado dois ===

==== "Good Day Sunshine" ====
"[[Good Day Sunshine]]" foi escrita por Paul, cujo piano domina a gravação.{{sfn|Rodriguez|2012|p=143}} A faixa foi uma das várias canções contemporâneas que evocaram o verão inglês excepcionalmente quente e ensolarado de 1966.{{sfn|MacDonald|2005|p=209}} O crítico musical Richie Unterberger a descreve como uma canção que transmite "um dos primeiros belos dias da primavera, logo depois de você se apaixonar ou começar as férias".<ref name="Unterberger/AM">{{cite web|last=Unterberger|first=Richie|url=http://www.allmusic.com/song/good-day-sunshine-mt0011915583|title=The Beatles - 'Good Day Sunshine'|access-date=24 de junho de 2017|website=AllMusic|publisher=[[AllMusic]]|lingua=en|urlmorta=não}}</ref> Os versos refletem aspectos do ''vaudeville'', enquanto Paul também reconheceu a influência do [[The Lovin' Spoonful|Lovin' Spoonful]] na composição.<ref name="Unterberger/AM" /> Executado por George Martin,{{sfn|Rodriguez|2012|p=144}} o solo de piano da faixa lembra o estilo [[ragtime|''ragtime'']] de [[Scott Joplin]].{{sfn|Riley|2002|p=191}} A canção termina com harmonias de grupo repetindo a frase do título,{{sfn|Everett|1999|pp=58–59}} criando um efeito que Tim Riley compara a uma "cascata" de vozes "entrando de direções diferentes, como o sol espiando por entre as árvores".{{sfn|Riley|2002|p=191}}

==== "And Your Bird Can Sing" ====
"[[And Your Bird Can Sing]]" foi escrita principalmente por John com uma pequena ajuda de Paul.{{sfn|MacDonald|2005|p=199}} Harrison e McCartney tocaram duas partes de guitarra na gravação,{{sfn|Everett|1999|p=46}} incluindo um ''[[riff]]'' ascendente que Riley chama de "magnético, tudo gruda nele".{{sfn|Riley|2002|p=192}}{{refn|Como pode ser ouvido em ''Anthology 2'', os Beatles gravaram a música pela primeira vez no estilo dos Byrds{{sfn|Turner|2016|p=160}} com vocais de harmonia proeminentes e George tocando sua guitarra [[Rickenbacker]] de doze cordas.{{sfn|Unterberger|2006|p=142}}{{sfn|Rodriguez|2012|p=43, 123–24}}|group=nota}} Riley descreve a composição como uma "reprimenda sombreada" no estilo de "[[Positively 4th Street]]" de [[Bob Dylan]], em que Lennon canta para alguém que viu "sete maravilhas" ''("You say you've seen seven wonders")'', mas é incapaz de ter empatia por ele e por seus sentimentos de isolamento.{{sfn|Riley|2002|pp=192–93}} Segundo Jonathan Gould, a canção foi dirigida a [[Frank Sinatra]] após John ler um artigo [[Hagiografia|hagiográfico]] sobre o cantor na revista ''[[Esquire]]'', no qual Sinatra foi elogiado como "o homem totalmente emancipado (...) o homem que pode ter tudo o que quiser".{{sfn|Gould|2007|pp=359–60}}

==== "For No One" ====
"[[For No One]]" foi inspirada no relacionamento de Paul com a atriz inglesa [[Jane Asher]],{{sfn|Rodriguez|2012|pp=79–80}}{{sfn|Sounes|2010|p=144}} e seu título inicial era "Why Did It Die?".{{sfn|Dowlding|1989|p=142}} Junto com "Good Day Sunshine", que também dispensou partes de guitarra para Harrison e Lennon, Robert Rodriguez cita a faixa como um exemplo de McCartney evitando a dinâmica do grupo ao gravar suas músicas, uma tendência que se mostraria impopular entre seus companheiros de banda nos anos posteriores.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=136, 143–44}} A gravação traz Paul tocando piano, baixo e [[clavicórdio]],{{sfn|Winn|2009|p=18}} acompanhado por Ringo na bateria e percussão.{{sfn|MacDonald|2005|p=205}} O solo de [[Trompa|trompa francesa]] foi adicionado por Alan Civil, o trompista principal da [[Orquestra Filarmônica de Londres|Orquestra Filarmônica]],{{sfn|Lewisohn|2005|p=79}} que se lembra de ter que "preparar" sua parte, com pouca orientação de McCartney ou Martin na sessão de ''[[overdubbing]]''.{{sfn|Everett|1999|p=46}} Embora reconhecendo a "lógica habitual" de Paul na estrutura musical da canção, Ian MacDonald comenta sobre a sensação de distanciamento transmitida na letra deste "relato curiosamente fleumático do fim de um caso". MacDonald sugere que Paul estava tentando empregar o mesmo "olho cinematográfico seco" que o diretor [[John Schlesinger]] adotou em seu filme de 1965, ''[[Darling (filme)|Darling]]''.{{sfn|MacDonald|2005|p=205}}

==== "Doctor Robert" ====
"[[Doctor Robert]]" foi escrita por John,{{sfn|Womack|2014|p=231}} embora Paul tenha declarado desde então que foi o coautor da canção.{{sfn|Miles|1997|p=290}} Uma canção de ''rock'' baseada em guitarra no estilo de "And Your Bird Can Sing",{{sfn|Rodriguez|2012|pp=121, 123}} cuja letra celebra um médico nova-iorquino conhecido por administrar injeções de [[Anfetamina|anfetaminas]] a seus pacientes.{{sfn|Womack|2014|p=231}}{{sfn|Everett|1999|p=45}}{{refn|Embora antes fosse considerado o Dr. Charles Roberts, cujos clientes famosos incluíam [[Edie Sedgwick]], o médico de mesmo nome era Robert Freymann, que foi excluído do registro da ''New York Medical Society'' em 1975.{{sfn|Womack|2014|pp=231, 232}}|group=nota}} Na gravação, a performance intensa é interrompida por duas seções de ponte onde, sobre o [[Harmônio]] e acordes de guitarra,{{sfn|Everett|1999|pp=45–46}} os vocais do grupo sugerem um coro elogiando o médico por seus serviços.{{sfn|Riley|2002|pp=195–96}}{{sfn|Rodriguez|2012|p=122}}

==== "I Want to Tell You" ====
George contou que escreveu "[[I Want to Tell You]]" sobre "a avalanche de pensamentos" que achou difícil expressar em palavras.{{sfn|MacDonald|2005|p=208}} Apoiando a letra, seu ''riff'' de guitarra gaguejante, combinado com a dissonância empregada na melodia da música, transmite as dificuldades de se conseguir uma comunicação significativa.{{sfn|Everett|1999|pp=57, 58}}{{sfn|Rodriguez|2012|p=68}} Os [[Vocal de apoio|vocais de apoio]] proeminentes de John e Paul incluem uma [[Ornamento (música)|ornamentação]] [[:en:Gamaka_(music)|''gamak'']]<sup>{{En}}</sup> de estilo indiano na harmonia alta de Paul,{{sfn|Everett|1999|p=57}} semelhante ao efeito [[melisma|''melisma'']] usado em "Love You To".{{sfn|Reck|2009|p=297}} Russell Reising e Jim LeBlanc citam a canção como um dos primeiros exemplos de como, a partir de 1966, as letras dos Beatles "adotaram um tom urgente, com a intenção de canalizar algum conhecimento essencial, as epifanias psicológicas e/ou filosóficas da experiência do LSD" para seu público cada vez mais consciente.{{sfn|Reising|LeBlanc|2009|pp=99–100}} De acordo com o autor e acadêmico Nick Bromell, "I Want to Tell You" e as próximas duas faixas de ''Revolver'' são os primeiros exemplos de música ''pop'' "dando voz às complexidades da experiência inovadora" proporcionada pelo LSD e outras drogas psicodélicas.{{sfn|Bromell|2002|p=89}}{{refn|Bromell qualifica a declaração dizendo: "Se não contarmos a versão ''cover'' de The Holy Modal Rounders da canção "Hesitation Blues" de [[Leadbelly]], que incluía um verso recém-escrito referindo-se ao "''blues'' psicodélico".{{sfn|Bromell|2002|p=89}}|group=nota}}

==== "Got to Get You into My Life" ====
Descrita por Tim Riley como a "canção mais derivada" do álbum,{{sfn|Riley|2002|p=107}} "[[Got to Get You into My Life]]" foi influenciada pela [[Motown Records|Motown Sound]]{{sfn|DeRogatis|2003|p=45}}{{sfn|Babiuk|2002|p=182}} e escrita por McCartney depois de ter assistido a [[Stevie Wonder]] se apresentar na casa noturna Scotch of St. James em fevereiro.{{sfn|Turner|2016|pp=97–98}} Os trompistas na faixa incluíam membros do grupo de [[Georgie Fame]], os Blue Flames.{{sfn|Lewisohn|2005|p=72}}{{sfn|Babiuk|2002|p=182}} Para captar o som desejado, microfones foram colocados nas saídas dos [[Metais|instrumentos de sopro]] e os sinais foram fortemente limitados.{{sfn|Lewisohn|2005|p=72}} Um mês depois, uma cópia em fita dessas partes da trompa foi sobreposta com um ligeiro atraso, duplicando assim a presença das contribuições dos metais.{{sfn|Lewisohn|2005|p=84}} Robert Rodriguez chama a faixa completa de "uma ''[[Blues shouter|shouter]]'' de estilo [[Rhythm and blues|R&B]]".{{sfn|Rodriguez|2012|p=111}} Embora lançada na forma de uma canção de amor, Paul descreveu a letra como "uma ode à [[Cannabis (psicotrópico)|maconha]], como outra pessoa escreveria uma ode ao chocolate ou a um bom clarete".{{sfn|Miles|1997|p=190}} A versão inicial da canção, lançada em ''Anthology 2'', apresentava um acompanhamento acústico e órgão, e um refrão harmonizado de ''"I need your love"'',{{sfn|Lewisohn|2005|p=72}} que foi substituído pela pausa de guitarra de George em um ''remake'' mais acelerado.{{sfn|Winn|2009|pp=8, 26}}

==== "Tomorrow Never Knows" ====
{{quote box
| quote = Esta é facilmente a novidade mais incrível que já criamos. Algumas pessoas podem dizer que parece uma bagunça terrível de som (...) Mas a música deve ser vista como interessante – ''se'' as pessoas a ouvem com os ouvidos abertos. É como a coisa indiana. Você não deve ouvir música oriental com ouvidos ocidentais.{{sfn|Turner|2016|p=146}}
| source = – George Harrison, outubro de 1966
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}}

Robert Rodriguez descreve "Tomorrow Never Knows" de Lennon como "o maior salto para o futuro" da carreira musical dos Beatles até agora.{{sfn|Rodriguez|2012|p=7}} A gravação inclui um solo de guitarra revertido, vocais processados e efeitos de fita em ''loop'', acompanhando uma batida de bateria fortemente sincopada e repetitiva. Lennon adaptou a letra do livro de [[Timothy Leary]], ''[[The Psychedelic Experience|The Psychedelic Experience: A Manual Based on The Tibetan Book of the Dead]]'', que iguala as realizações trazidas através do LSD com o estado espiritualmente iluminado alcançado através da [[meditação]].{{sfn|Everett|1999|pp=34–35}} Originalmente conhecida como "Mark I", e depois brevemente como "The Void",<ref name="Irvin/Tomorrow" />{{sfn|Turner|2016|p=135}} o título final veio por meio de um dos [[Malapropismo|malapropismos]] de Ringo.{{sfn|Harry|2004|p=3}}{{sfn|Miles|2006|p=76}}{{refn|John disse mais tarde que "The Void" teria sido um título mais adequado, mas ele estava preocupado com suas óbvias conotações de drogas.{{sfn|MacDonald|2005|p=188fn}}|group=nota}}

John pretendia que a faixa fosse uma evocação de uma cerimônia [[Budismo tibetano|budista tibetana]].{{sfn|Turner|2016|p=142}} A estrutura harmônica da música é derivada da [[Música da Índia|música indiana]] e é baseada em cima de um pedal de alto volume em [[Dó]] tocado por George em uma [[tambura]].{{sfn|Lavezzoli|2006|p=175}}{{sfn|MacDonald|2005|pp=188–89}} Sobre a base da tambura, baixo e bateria, os cinco loops de fita compreendem vários sons manipulados:{{sfn|Winn|2009|p=8}} duas passagens de sitar separadas, tocadas ao contrário e aceleradas; uma orquestra soando um acorde de [[Si bemol maior|Si bemol]]; A risada de Paul, acelerada para se assemelhar ao grito de uma gaivota; e um [[Mellotron]] tocado em suas configurações de flauta, corda ou metal.{{sfn|Rodriguez|2012|p=108}}{{refn|De acordo com Robert Rodriguez, esta lista parece ser a combinação mais provável de sons inseridos na faixa, embora os comentaristas discordem há muito tempo sobre o conteúdo preciso dos cinco ''loops''.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=108–09}} No lugar do ''sample'' de Mellotron, Ryan e Kehew listam um [[bandolim]] ou violão, tratado com um efeito de ''tape echo''.{{sfn|Turner|2016|p=146}}|group=nota}} O tratamento do alto-falante Leslie aplicado ao vocal de Lennon originou-se de seu pedido para que Martin o fizesse soar como se fosse o [[Dalai-lama|Dalai Lama]] cantando do topo de uma alta montanha.{{sfn|MacDonald|2005|p=191}}{{sfn|Millard|2012|p=181}} Reising descreve "Tomorrow Never Knows" como a inspiração para um álbum que "ilumina um caminho dedicado à liberdade pessoal e à expansão da mente".{{sfn|Reising|2006|pp=111–12, 113–14}} Ele vê a mensagem da canção como um precursor das declarações mais explicitamente políticas que os Beatles fariam nos próximos dois anos, em "[[All You Need Is Love]]" e "[[Revolution (canção de The Beatles)|Revolution]]".{{sfn|Reising|2006|pp=111, 119}}

=== Formato norte-americano ===
"I'm Only Sleeping", "And Your Bird Can Sing" e "Doctor Robert" foram as faixas omitidas da versão de ''Revolver'' da Capitol.{{sfn|Turner|1999|p=99}} No caso de "I'm Only Sleeping", a versão lançada em ''[[Yesterday and Today]]'' possui uma mixagem diferente daquela incluída no ''Revolver'' da EMI.{{sfn|Savage|2015|p=318}} Devido à exclusão das três faixas de John, havia apenas duas canções no lançamento da Capitol das quais ele foi o escritor principal, em comparação com três de George e seis de Paul.{{sfn|Rodriguez|2012|p=6}} Na opinião de Tim Riley, além de subestimar a contribuição de Lennon, sua voz fica confinada a uma "mudança repentina para o surreal" no final de cada lado do LP, o que distorce o clima pretendido em todo o álbum.{{sfn|Riley|2002|p=182}}

O LP norte-americano de onze faixas foi o décimo álbum da banda pela Capitol Records e o décimo segundo álbum nos Estados Unidos no total.{{sfn|Womack|2014|pp=769–70}} O lançamento de ''Revolver'' marcou a última vez que a gravadora lançou um álbum alterado dos Beatles no Reino Unido para o mercado norte-americano. Quando os Beatles assinaram novamente com a EMI em janeiro de 1967, o contrato estipulava que a Capitol não poderia mais alterar a lista de faixas de seus álbuns.{{sfn|Rodriguez|2012|p=6}}

== Embalagem ==

=== Arte da capa ===
[[File:Aubrey_Beardsley_-_The_Yellow_Book,_An_Illustrated_Quarterly,_April_15,_1894.jpg|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:Aubrey_Beardsley_-_The_Yellow_Book,_An_Illustrated_Quarterly,_April_15,_1894.jpg|esquerda|miniaturadaimagem|191x191px|Para a capa de ''Revolver'', Klaus Voormann inspirou-se no ilustrador de ''The Yellow Book'', [[Aubrey Beardsley]].{{sfn|Gould|2007|p=348}}]]
A capa de ''Revolver'' foi criada pelo baixista e artista alemão [[Klaus Voormann]],{{sfn|Womack|2014|pp=767–68}} um dos amigos mais íntimos e antigos dos Beatles desde [[The Beatles#1957–1962: Formação, Hamburgo, e popularidade no Reino Unido|sua época em Hamburgo]] no início da década de 1960.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=156–57}} A arte de Voormann consistia em parte de traços de desenhos e em parte de colagens,{{sfn|Clough|Fallows|2010|p=118}} utilizando fotografias tiradas principalmente entre 1964 e 1965 por [[Robert Freeman]].{{sfn|Rodriguez|2012|pp=156–57}}{{sfn|Turner|2016|p=209}}{{refn|Originalmente, a capa do álbum seria uma imagem criada por Freeman que incluía fotos de cada um dos rostos dos Beatles girando em círculos repetidamente em camadas. A banda por fim rejeitou a ideia.{{sfn|Rodriguez|2012|p=156}}|group=nota}} Em seus desenhos dos quatro Beatles (Paul, John, George e Ringo, no sentido horário a partir do canto superior esquerdo da ilustração), Voormann inspirou-se no trabalho do ilustrador [[Aubrey Beardsley]],{{sfn|Gould|2007|p=348}} que foi tema de uma longa exposição no [[Museu Vitória e Alberto]] de Londres em 1966 e altamente influente na moda e temas de design da época.{{sfn|Turner|2016|pp=209–10}}{{sfn|Glynn|2013|p=134}} Voormann colocou as várias fotos dentro do emaranhado de cabelo que conecta as quatro faces.{{sfn|Gould|2007|p=348}} O autor Steve Turner escreve que os desenhos mostram cada Beatle "em outro estado de consciência", de modo que as imagens mais antigas parecem sair deles.{{sfn|Turner|2016|pp=210–11}}

O objetivo do artista era refletir a mudança radical no som representada, particularmente por "Tomorrow Never Knows",<ref name="Stummer/Guardian">{{Cite news|last=Stummer|first=Robin|url=https://www.theguardian.com/music/2016/jul/23/beatles-revolver-cover-klaus-voormann|title=How I drew a pop art masterpiece for the Beatles – a snip at just £50|date=2016-07-23|access-date=2024-03-12|work=The Observer|language=en-GB|titulotrad=Como desenhei uma obra-prima da pop art para os Beatles – uma barganha de apenas 50 libras|issn=0029-7712}}</ref> e sua escolha de uma capa em preto e branco foi um desafio deliberado à preferência por cores vivas.{{sfn|Rodriguez|2012|p=157}} Quando apresentou seu trabalho aos Beatles, Epstein chorou, muito feliz por Voormann ter conseguido capturar o tom experimental da nova música dos Beatles.{{sfn|Rodriguez|2012|p=157}}<ref>{{cite magazine|last=O'Gorman|first=Martin|date=Julho de 2006|title=Painted from Memory|títulotrad=Pintado da memória|magazine=[[Mojo (revista)|Mojo]]|página=77}}</ref> Voormann também desenhou uma série de quatro imagens, intituladas ''"Wood Face"'', ''"Wool Face"'', ''"Triangle Face"'' e ''"Sun Face"'', que apareceram na capa das [[Partitura|partituras]] da [[Northern Songs]] para cada uma das músicas do álbum.<ref>Nash, Pete. "Money! It's What We Want!" ["Dinheiro! É o que queremos!"]. In: {{harvnb|''Mojo Special Limited Edition''|2002|p=141}}.</ref>{{sfn|Rodriguez|2012|p=85}}

A contracapa do LP incluía uma fotografia dos Beatles. A foto fazia parte de uma série tirada por Robert Whitaker durante as filmagens em Abbey Road em 19 de maio e demonstrou a adoção pelos Beatles da moda de boutiques que haviam inaugurado recentemente em [[Chelsea]], em vez dos ''designers'' de [[Carnaby Street]] que eles preferiam anteriormente.{{sfn|Turner|2016|pp=183–85, 276}} Turner vê a seleção dos trajes como um reflexo dos Beatles "ainda se vestindo de maneira semelhante, mas com uma marca individual"; ele identifica a escolha dos óculos de sol como outro exemplo de visual unificado, porém personalizado, em que os estilos variavam de lentes de formato [[oblongo]], para John, a um par de formato oval usado por Ringo.{{sfn|Turner|2016|p=185}} Jonathan Gould, que descreve os óculos de Starr como "ridiculamente esbugalhados", considera o ''design'' da capa consistente com o [[Ethos|''ethos'']] de "ruptura com o passado" que orientou a criação do álbum.{{sfn|Gould|2007|pp=348–49}}

Durante a mesma sessão de fotos, Whitaker tirou fotos dos Beatles examinando as transparências laranja de seu projeto da [[Yesterday and Today|"capa do açougueiro"]] para ''Yesterday and Today''.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=163–64}} A última imagem provou ser instantaneamente controversa nos Estados Unidos devido à sua representação de bonecas desmembradas e carne crua.{{sfn|Schaffner|1978|pp=55–56}}<ref>Hunt, Chris (ed.). "Here, There & Everywhere". In: {{harvnb|''Mojo Special Limited Edition''|2002|p=64}}.</ref>

=== Título ===
O título do álbum, assim como o de ''Rubber Soul'', é um [[Paranomásia|trocadilho]],{{sfn|Lewisohn|2005|p=84}} referindo-se tanto a uma [[Revólver|espécie de arma]] quanto ao movimento "giratório" de um disco enquanto ele toca em uma [[Toca-discos|vitrola]].{{sfn|Turner|2016|p=239}} Gould vê o título como um "trocadilho [[Marshall McLuhan|McLuhanesco]]", já que, mais do que em seus álbuns anteriores, o ponto central de ''Revolver'' parece girar de um Beatle para outro a cada canção.{{sfn|Gould|2007|p=348}}{{refn|Gould encontra essa característica enfatizada nos créditos de "Solista" tanto na capa quanto nas gravadoras do disco, que listam um vocalista individual para cada faixa, sem nenhum dos vocais principais compartilhados que eram uma característica de ''Rubber Soul''.{{sfn|Gould|2007|p=349}}|group=nota}}

O grupo originalmente queria chamar o álbum de ''Abracadabra'', até descobrirem que outra banda já o havia usado.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=155–56}} Ao discutir possíveis alternativas, durante sua turnê alemã, John optou por ''Four Sides to the Circle'' em resposta ao ''Magic Circle'' de Paul, e Ringo, brincando, sugeriu ''After Geography'', uma brincadeira com o título do recém-lançado LP ''[[Aftermath (álbum de The Rolling Stones)|Aftermath]]'' dos [[The Rolling Stones|Rolling Stones]].{{sfn|Turner|2016|p=216}} Outras sugestões incluíram ''Bubble and Squeak'', ''Beatles on Safari'', ''Freewheelin' Beatles{{sfn|Ingham|2006|p=285}}'' e ''Pendulum'' antes da banda decidir por ''Revolver''.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=155–56}} Eles confirmaram sua escolha em um telegrama à EMI,{{sfn|Lewisohn|2005|p=84}} enviado do hotel Tokyo Hilton em 2 de julho.{{sfn|Turner|2016|pp=239–40}}

== Lançamento ==
{{quote box
| quote = Perderemos alguns fãs com (o novo álbum), mas também ganharemos alguns. Os fãs que provavelmente perderemos serão aqueles que gostam das coisas em nós que nunca gostamos.{{sfn|Rodriguez|2012|p=155}}
| source = – Paul McCartney, junho de 1966
| align = left
| width = 25%
| tamanho = 100%
| style = padding:8px;
}}

Em meados de maio de 1966, o colunista do ''[[Record Mirror]],'' Tony Hall, escreveu uma prévia das novas gravações dos Beatles na qual opinou que algumas delas eram "as mais revolucionárias já feitas por um grupo ''pop''".{{sfn|Savage|2015|p=137}} Embora evitando mencionar os títulos oficiais das faixas, ele destacou "The Void" de Lennon por seus efeitos eletrônicos,{{sfn|Savage|2015|p=137}} junto com uma "canção de McCartney sobre pessoas solitárias" com orquestração de cordas e um "número de Harrison no qual ele toca um longo solo exótico de sitar".<ref>{{cite magazine|last=Hall|first=Tony|date=14 de maio de 1966|title=Beatle Tracks Are the Most Revolutionary Ever Made by a Pop Group|títulotrad=As faixas dos Beatles são as mais revolucionárias já feitas por um grupo pop|magazine=[[Record Mirror]]|língua=inglês|página=10}}</ref> Na Grã-Bretanha, a EMI distribuiu gradualmente as canções do álbum para estações de rádio ao longo de julho{{sfn|Philo|2015|p=110}} – uma estratégia que o autor Ian MacDonald descreve como "construir antecipação para o que seria claramente uma nova fase radical na carreira musical do grupo".{{sfn|MacDonald|2005|p=192}} ''Revolver'' foi lançado lá em 5 de agosto e em 8 de agosto nos Estados Unidos.{{sfn|Castleman|Podrazik|1976|pp=55, 56}}{{sfn|Lewisohn|2010|pp=350–51}} "Eleanor Rigby" foi lançada em um [[Single|''single'']] de [[Lado A e lado B|dois lados A]] com "Yellow Submarine".{{sfn|MacDonald|2005|p=205}} A combinação de uma balada desprovida de qualquer instrumentação tocada por um Beatle e uma [[novelty song|''novelty song'']] marcou um afastamento significativo do conteúdo usual dos ''singles'' da banda.{{sfn|Schaffner|1978|p=62}}<ref>{{cite web|last=Unterberger|first=Richie|url=https://www.allmusic.com/song/eleanor-rigby-mt0010100255|title=The Beatles - 'Eleanor Rigby'|access-date=26 de agosto de 2019|publisher=[[AllMusic]]|lingua=en}}</ref>

O escritor Nicholas Schaffner compara as gravações dos Beatles de 1966 ao momento de transformação do filme ''[[The Wizard of Oz (1939)|O Mágico de Oz]]'', "onde, quando [[Dorothy Gale|Dorothy]] se descobre transportada do [[Kansas]] para Oz, o filme muda dramaticamente do preto e branco para o glorioso [[technicolor|''technicolor'']]".{{sfn|Schaffner|1978|p=54}} O álbum apareceu um ano antes das drogas psicodélicas se tornarem um fenômeno na cultura jovem,{{sfn|Bromell|2002|p=89}} e foi fonte de confusão para os fãs mais conservadores do grupo.{{sfn|Schaffner|1978|pp=53–54}} Uma escritora reclamou mais tarde no ''Beatles Monthly'' que 1966 representou o fim dos "Beatles que conhecíamos antes de enlouquecerem".{{sfn|Schaffner|1978|pp=53–54}} Desta forma, ''Revolver'' marcou o início de uma mudança no público principal dos Beatles, à medida que sua base de fãs jovens, dominada por mulheres, deu lugar a uma sequência que incluía cada vez mais ouvintes masculinos e mais sérios.{{sfn|Jones|2016|pp=120–21}}{{refn|Apesar de ter origem como uma canção infantil inocente, "Yellow Submarine" foi adotada pela contracultura como uma canção de promoção das drogas, nomeadamente o barbitúrico [[Pentobarbital|Nembutal]].{{sfn|Rodriguez|2012|pp=65–66}}|group=nota}}

O lançamento coincidiu com um período de desafios de relações públicas para a banda,{{sfn|Ingham|2006|p=36}}{{sfn|Frontani|2007|p=97}} cuja combinação levou à decisão de se aposentar das apresentações ao vivo após o término da turnê norte-americana, em 29 de agosto.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=189, 250}}{{refn|Os Beatles receberam ameaças de morte de ultranacionalistas japoneses e foram confinados em sua suíte de hotel sob forte segurança durante sua estadia em Tóquio.{{sfn|Ingham|2006|p=37}} O grupo então inadvertidamente esnobou o [[Ferdinando Marcos|regime de Marcos]] nas Filipinas ao não comparecer a um evento em sua homenagem, desencadeando uma campanha de difamação na imprensa nacional e violência popular enquanto o grupo da turnê tentava deixar Manila.{{sfn|Gould|2007|pp=338–39}}{{sfn|Ingham|2006|pp=37–38}}|group=nota}} Nos Estados Unidos, o lançamento do álbum foi um evento secundário à polêmica em torno da recente publicação da entrevista de Maureen Cleave com John Lennon, na qual ele comentou que os Beatles haviam se tornado "[[mais populares que Jesus]]".<ref name="GilmoreAcidTest" /><ref>{{Harvard citation no brackets|Rodriguez|2012|pp=XII, 176}}; {{Harvard citation no brackets|Savage|2015|pp=323–24}}.</ref> Este episódio acompanhou a reação desfavorável à capa do açougueiro de ''Yesterday and Today'', por parte da imprensa,{{sfn|Miles|2001|p=233}} rádios e dos comerciantes.{{sfn|Everett|1999|pp=69–70}}{{refn|Logo retirada pela Capitol,{{sfn|Turner|2016|p=203}} a capa do açougueiro provocou interpretação como um comentário dos Beatles sobre a política da gravadora norte-americana de "mutilar o produto", de acordo com Everett.{{sfn|Everett|1999|pp=69–70}} As tentativas de Epstein de reprimir qualquer ressentimento em relação aos Beatles, antes da turnê norte-americana, foram ainda mais frustradas pela publicação de comentários depreciativos sobre os Estados Unidos por parte de Paul e George.{{sfn|Turner|2016|p=275}}|group=nota}} Como resultado, nas coletivas de imprensa durante a turnê, as perguntas eram normalmente focadas em questões religiosas, e não nas novas canções da banda.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=xii, 174}} Além disso, o grupo manifestou-se veementemente na sua oposição à [[Guerra do Vietnã]], uma posição que redefiniu ainda mais a sua imagem pública nos EUA.{{sfn|Philo|2015|pp=108–09}} Os Beatles não tentaram tocar nenhuma das canções de ''Revolver'' durante a turnê.{{sfn|Unterberger|2006|p=152}}

Relatando sobre a ''"Swinging London"'' para o ''[[The Village Voice|Village Voice]]'', Richard Goldstein disse que, como se em resposta ao antagonismo demonstrado em relação à banda nos Estados Unidos, "a juventude britânica mudou completamente o novo álbum dos Beatles, ''Revolver''."<ref name="Goldstein/VV2">{{cite web|last=Goldstein|first=Richard|url=https://www.villagevoice.com/2020/03/27/pop-eye-on-revolver/|title=Report from Swinging London: 'Revolver' Revolution [Pop Eye: On 'Revolver']|date=27 de março de 2020|access-date=28 de outubro de 2021|publisher=[[The Village Voice|villagevoice.com]]|orig-year=25 de agosto de 1966|lingua=en|urlmorta=não}}</ref> O autor Howard Sounes escreve que, em meio ao bom tempo do verão de 1966 e à recente vitória da Inglaterra na [[Copa do Mundo FIFA de 1966|Copa do Mundo]], ''Revolver'' foi a "trilha sonora da temporada" do país.{{sfn|Sounes|2010|p=142}}

=== Lançamento no Brasil ===
Na [[Lançamentos brasileiros de The Beatles|discografia nacional]], a [[Odeon Records]], subsidiária da EMI no Brasil, optou pelo tradicional alinhamento de faixas da versão inglesa.<ref>{{Citar web|url=https://beatles-for-everyone.blogspot.com/p/discografia-brasil.html|titulo=Discografia brasileira dos Beatles|acessodata=2024-03-12|website=Beatles for Everyone!|arquivourl=https://web.archive.org/web/20200810113414/https://beatles-for-everyone.blogspot.com/p/discografia-brasil.html|arquivodata=10 de agosto de 2020|urlmorta=não}}</ref>{{Refn|''Revolver'' foi lançado com dois meses de atraso no Brasil, em outubro de 1966.|group=nota}} Entretanto, o lançamento tinha uma fundamental diferença: embora fosse lançado no formato [[Monaural|monofônico]], a mixagem das faixas era, na verdade, da versão [[Estereofonia|estereofônica]] inglesa.<ref>{{Citar web|ultimo=Pugialli|primeiro=Ricardo|url=https://www.beatlemania.net.br/discografiabrasil.htm|titulo=Discos dos Beatles no Brasil|acessodata=2024-03-12|website=www.beatlemania.net.br|arquivourl=https://web.archive.org/web/20220522115551/https://www.beatlemania.net.br/discografiabrasil.htm|arquivodata=22 de maio de 2022|urlmorta=não}}</ref> Como era praxe brasileira à época, as duas trilhas em estéreo foram condensadas em um único canal de áudio, gerando um "mono falso" ''(fake mono)''. Essa diferença é detectada quando comparadas, principalmente, as mixagens monofônica e estereofônica de três faixas presentes no LP: "I'm Only Sleeping", "Yellow Submarine" e "Tomorrow Never Knows". 

A versão monofônica oficial somente foi lançada no Brasil em 2009, com o lançamento do [[box set|''box set'']] ''[[The Beatles in Mono]]''.

== Desempenho comercial ==
No Reino Unido, onde "Eleanor Rigby" era o lado preferido do compacto, o [[single|''single'']] se tornou a canção mais vendida de 1966,{{sfn|Gould|2007|p=356}} após liderar as paradas nacionais por quatro semanas durante agosto e setembro.{{sfn|MacDonald|2005|p=205}} Na parada de LPs da ''[[Record Retailer]]'' (mais tarde [[UK Albums Chart]]), ''Revolver'' entrou em primeiro lugar{{sfn|Rodriguez|2012|pp=172–73}} e permaneceu lá por sete semanas durante suas 34 semanas no top 40.<ref name="UK chart">{{cite web|url=http://www.officialcharts.com/artist/_/beatles/|title="Beatles" > "Albums" > "Revolver" > "Chart Facts"|access-date=11 de fevereiro de 2017|website=Official Charts Company|publisher=[[Official Charts Company]]|lingua=en|titulotrad="Beatles" > "Álbuns" > "Revolver" > "Informações da parada"|archive-url=https://web.archive.org/web/20131004213809/http://www.officialcharts.com/artist/_/beatles/|archive-date=4 de outubro de 2013|url-status=não}}</ref> Na parada nacional compilada pela ''[[Melody Maker]]'', o álbum ficou em primeiro lugar por nove semanas.{{sfn|Castleman|Podrazik|1976|p=338}}{{sfn|Everett|1999|pp=xiii, 68}} Em outubro, pelo menos dez faixas do LP foram regravadas por outros artistas e revisadas pela ''Melody Maker''.{{sfn|Everett|1999|p=68}} Entre eles, a versão de "Got to Get You into My Life" de Cliff Bennett and the Rebel Rousers, que McCartney coproduziu, foi um dos dez maiores sucessos.{{sfn|Winn|2009|p=38}} As baladas de Paul, "Here, There and Everywhere" e "For No One", tornaram-se muito populares entre os artistas convencionais.{{sfn|Schaffner|1978|p=63}} No Reino Unido, ''Revolver'' foi o segundo álbum mais vendido de 1966, atrás apenas da trilha sonora de [[The Sound of Music|''A Noviça Rebelde'']].<ref name="Mawer/1966">{{cite web|last=Mawer|first=Sharon|url=http://www.theofficialcharts.com/album_chart_history_1966.php|title=Album Chart History: 1966|date=Maio de 2007|access-date=8 de novembro de 2019|website=Official Charts Company|publisher=[[Official Charts Company|The Official UK Charts Company]]|lingua=en|archive-url=https://web.archive.org/web/20071217020406/http://www.theofficialcharts.com/album_chart_history_1966.php|archive-date=17 de dezembro de 2007|urlmorta=sim}}</ref> Na enquete dos leitores da ''[[NME]]'' de 1966, ''Revolver'' e ''Pet Sounds'' foram reconhecidos conjuntamente como o "Álbum do Ano" da revista.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=184–85}}
[[File:YellowSubTradeAd.jpg|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:YellowSubTradeAd.jpg|miniaturadaimagem|205x205px|Anúncio comercial da Capitol para o ''single'' de duplo lado A do álbum, favorecendo "Yellow Submarine" em vez de "Eleanor Rigby".]]
Na América do Norte, a Capitol desconfiou das referências religiosas em "Eleanor Rigby", dada a controvérsia em curso, e em vez disso pressionou a divulgação de "Yellow Submarine".{{sfn|Gould|2007|p=356}} Esta última alcançou a 2ª posição na [[Billboard Hot 100|''Billboard'' Hot 100]],{{sfn|Castleman|Podrazik|1976|p=349}} tornando-a, na descrição do autor Jonathan Gould, "o primeiro ''single'' 'designado' dos Beatles desde 1963" a não chegar ao topo dessa parada.{{sfn|Gould|2007|pp=356–57}} Na parada de LPs da ''[[Billboard]]'', ''Revolver'' alcançou o primeiro lugar em 10 de setembro, uma semana após o final das cinco semanas de ''Yesterday and Today'' no topo.{{sfn|Castleman|Podrazik|1976|p=359}} Os Beatles foram presenteados com discos de ouro da [[Recording Industry Association of America|Associação Americana da Indústria de Gravação]], reconhecendo o álbum como um "vendedor de um milhão",{{sfn|Schaffner|1978|p=69}} durante uma coletiva de imprensa em 24 de agosto na [[Prédio da Capitol Records|''Capitol Tower'']], em [[Hollywood]].{{sfn|Rodriguez|2012|p=174}}{{sfn|Winn|2009|p=59}} ''Revolver'' foi o número um por seis semanas{{sfn|Miles|2001|p=244}} e permaneceu nas paradas até meados de fevereiro de 1968.{{sfn|Castleman|Podrazik|1976|p=359}} Em março de 1967, ''Revolver'' foi indicado ao [[Grammy Award para Álbum do Ano|Grammy de Álbum do Ano]].{{sfn|Womack|2014|p=770}} O projeto da capa de Klaus Voormann ganhou o [[:en:Grammy_Award_for_Best_Recording_Package|Grammy para Melhor Capa de Álbum ou Artes Gráficas]]<sup>{{En}}</sup>.<ref>{{cite web|url=http://www.awardsandshows.com/features/grammy-awards-1967-242.html|title=Grammy Awards de 1967|access-date=24 de junho de 2017|website=Awards and Shows|publisher=awardsandshows.com|lingua=en|archive-url=https://web.archive.org/web/20170814214803/http://www.awardsandshows.com/features/grammy-awards-1967-242.html|archive-date=14 de agosto de 2017|url-status=não}}</ref>{{refn|"Eleanor Rigby" também foi reconhecida no Grammy de 1967, onde Paul McCartney ganhou na categoria "Melhor Performance Vocal Solo Contemporânea/R&R".{{sfn|Miles|2001|p=259}}|group=nota}}

O lançamento em ''[[Compact disc|Compact Disc]]'' de ''Revolver'' em abril de 1987 padronizou a listagem de faixas para a versão original do Reino Unido.{{sfn|Lewisohn|2005|p=201}} ''Revolver'' voltou à parada britânica de álbuns no mês seguinte, chegando ao 55º lugar,{{sfn|Badman|2001|p=388}} enquanto o álbum remasterizado de 2009 alcançou a 9ª posição.<ref>{{citar web|url=https://www.officialcharts.com/search/revolver%20(1987%20version)/?singles=0&artists=0&films=0|titulo="Revolver (1987 Version)" > "Chart Facts"|acessodata=28 de junho de 2017|publicado=[[Official Charts Company]]}}</ref> Em 2013, depois que a [[British Phonographic Industry|Indústria Fonográfica Britânica]] alterou seu protocolo de premiação de vendas, o álbum [[Certificações por vendas de gravação musical|foi certificado em disco de platina]] com base nas vendas no Reino Unido desde 1994.<ref name="BPI 2013">[https://www.bbc.co.uk/news/entertainment-arts-23927271 "Beatles albums finally go platinum"] ["Álbuns dos Beatles finalmente ganham platina"]. [[BBC News Online|BBC News]]. 2 de setembro de 2013. [https://web.archive.org/web/20140410171041/http://www.bbc.co.uk/news/entertainment-arts-23927271 Arquivado] do original em 10 de abril de 2014. Recuperado em 26 de junho de 2017.</ref> Em janeiro de 2014, a versão da Capitol de ''Revolver'' foi lançada em CD pela primeira vez, tanto como parte do ''box set'' ''[[:en:The_U.S._Albums|The U.S. Albums]]'' quanto como lançamento individual.<ref>{{cite web|url=http://www.uncut.co.uk/news/the-beatles-to-release-new-13cd-box-set-of-their-us-albums-14583|title=The Beatles to release new 13CD box set of their US albums|date=12 de dezembro de 2013|access-date=24 de junho de 2017|publisher=[[Uncut (revista)|uncut.co.uk]]|author=Equipe da revista ''Uncut''|lingua=en|titulotrad=Os Beatles lançarão novo box com 13 CDs de seus álbuns nos EUA}}</ref> A partir daquele ano, ''Revolver'' foi certificado 5 vezes como Platina pela Associação Americana da Indústria de Gravação.{{sfn|Womack|2014|p=770}}

Em 1966, "Paperback Writer" foi a 96ª canção mais tocada no Brasil.<ref>{{Citar web|url=https://maistocadas.mus.br/1966/|titulo=Top 100 Músicas Mais Tocadas em 1966|data=2018-03-06|acessodata=2024-03-16|website=Mais Tocadas|publicado=Equipe Mais Tocadas|lingua=pt-BR|urlmorta=não}}</ref>

== Recepção crítica ==
Na Grã-Bretanha, a recepção ao ''Revolver'' foi altamente favorável.{{sfn|Rodriguez|2012|p=176}} Tendo achado ''Rubber Soul'' "quase monótono" ao momento, ''Melody Maker'' elogiou o novo lançamento,{{sfn|Schaffner|1978|pp=49, 64}} dizendo que era um trabalho que iria "mudar a direção da música ''pop''".{{sfn|Rodriguez|2012|p=176}} O crítico destacou seus "efeitos eletrônicos", a "tendência pelos clássicos" de Paul e o "uso impressionante da sitar" por George como diversos elementos que distinguiram o LP como um esforço de grupo, de modo que as "personalidades individuais dos quatro membros da banda estão agora se manifestando em alto e bom som".<ref>{{cite magazine|sobrenome=Mulvey|primeiro=John|data=2015|title=July–September: LPs/Singles|url=https://archive.org/details/TheHistoryOfRock1966/page/n77/mode/2up?q=veritable|magazine=The History of Rock: 1966|língua=inglês|publisher=Time Inc.|local-publicação=Londres|página=78|access-date=23 de agosto de 2020}}</ref> O escritor concluiu: "este é um álbum brilhante que sublinha de uma vez por todas que os Beatles definitivamente quebraram os limites do que costumávamos chamar de ''pop''."{{sfn|Turner|2016|pp=261–62}}

Edward Greenfield, do ''[[The Guardian|Guardian]]'', intitulou sua crítica de ''"Thinking Pop"'' e escreveu que os três compositores dos Beatles "habitualmente saem do reino (do tema) de amor desleixado e, em vez disso, encontram inspiração (como artistas sérios sempre devem) em sentimentos e experiências específicas". Destacando a importância da estética clássica de Paul, ele reconheceu o sucesso contínuo da banda como uma "justificativa" do gosto popular em termos de seu alinhamento com o mérito artístico.<ref>{{cite news|last=Greenfield|first=Edward|url=https://www.theguardian.com/music/2016/aug/15/beatles-revolver-review-pop-archive#img-2|title=The Beatles release Revolver – archive|date=15 de agosto de 2016|access-date=8 de abril de 2020|publisher=[[The Guardian|theguardian.com]]|orig-year=15 de agosto de 1966|lingua=en|titulotrad=Os Beatles lançam Revolver – arquivo}}</ref> Em seu resumo de 1966 para o ''Evening Standard'', Maureen Cleave nomeou ''Revolver'' e o ''single'' como os melhores discos do ano, embora ela lamentasse que, junto com [[Mick Jagger]], os Beatles tivessem se tornado indiferentes nisso, "Ao contrário de qualquer outra pessoa, eles pareciam saber o que queriam."{{sfn|Savage|2015|p=545}}{{refn|Revendo o álbum no final de julho, Cleave escreveu: "Estou cansada de me perguntar como os Beatles continuam assim, mas ''como'' eles continuam assim?" e ela concluiu: "Nunca fui capaz de recomendar um LP com mais convicção."<ref>{{cite news|first=Maureen|last=Cleave|title=The Beatles: ''Revolver''|newspaper=[[Evening Standard]]|date=30 de julho de 1966}} Available at [https://www.rocksbackpages.com/Library/Article/the-beatles-irevolveri-parlophone-pmc-7009 Rock's Backpages] {{Webarchive|url=https://web.archive.org/web/20221022200741/https://www.rocksbackpages.com/Library/Article/the-beatles-irevolveri-parlophone-pmc-7009 |date=22 de outubro de 2022 }} (requer inscrição).</ref>|group=nota}}
[[File:WCFL_Sound_10_survey_October_1966_Beatles_Jim_Stagg_(cropped).jpg|ligação=https://en.wikipedia.org/wiki/File:WCFL_Sound_10_survey_October_1966_Beatles_Jim_Stagg_(cropped).jpg|miniaturadaimagem|O grupo (com o [[Disc jockey|disco-jóquei]] Jim Stagg) durante sua última turnê, em agosto de 1966.|219x219px]]
Devido às controvérsias em torno dos Beatles durante sua turnê, a reação crítica nos Estados Unidos foi silenciada em relação aos lançamentos anteriores da banda.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=172, 174, 176}}{{sfn|Gendron|2002|p=189}} Segundo Robert Rodriguez, ao redefinir os limites da música ''pop'', ''Revolver'' enfatizou a necessidade de uma crítica genuína do ''rock'', uma forma de jornalismo que só se tornou comum a partir de 1967.{{sfn|Rodriguez|2012|pp=174–75}} Escrevendo no recém-lançado ''[[Crawdaddy!]]'', Paul Williams deu ao LP americano uma crítica mista, na qual admirou "Love You To" e "Eleanor Rigby", porém ridicularizou "Tomorrow Never Knows" e "Yellow Submarine". Williams elogiou o alcance musical do álbum, mas descobriu que faltava uma qualidade integral, que ele reconheceu estar fora do controle do grupo.{{sfn|Rodriguez|2012|p=175}}

Segundo Steve Turner, a combinação do álbum de sons novos e temas incomuns "desafiou todas as convenções do ''pop''"{{sfn|Turner|1999|p=99}} e foi a próxima geração de escritores que "entendeu imediatamente".{{sfn|Turner|2016|p=262}} Em seu artigo para o ''Village Voice'', Richard Goldstein descreveu ''Revolver'' como "um disco revolucionário" que foi "tão importante para a expansão do ''pop'' quanto ''Rubber Soul''",{{sfn|Rodriguez|2012|pp=155, 175}} e que exigia que os "limites do gênero fossem renegociados".<ref name="Goldstein/VV">{{cite web|last=Goldstein|first=Richard|url=https://www.villagevoice.com/2020/03/27/pop-eye-on-revolver/|title=Report from Swinging London: 'Revolver' Revolution [Pop Eye: On 'Revolver']|date=27 de março de 2020|access-date=28 de outubro de 2021|publisher=[[The Village Voice|villagevoice.com]]|orig-year=25 de agosto de 1966|lingua=en|titulotrad=Reportagem sobre a Swinging London}}</ref> Ele acrescentou: "parece que agora veremos este álbum em retrospecto como um trabalho chave no desenvolvimento do ''rock and roll'' em uma busca artística (...)"{{sfn|Reising|2002|p=7}}{{refn|Recém-formado em [[Jornalismo literário|Novo Jornalismo]], Goldstein foi o primeiro crítico de ''rock'' dedicado a ser nomeado para uma publicação americana estabelecida.{{sfn|Gendron|2002|p=191}} Sua avaliação de ''Revolver'' foi, em a descrição do autor Bernard Gendron, "a primeira crítica substancial de ''rock'' dedicada a um álbum a aparecer em qualquer revista não-''rock'' com poder de credenciamento".{{sfn|Gendron|2002|p=192}}|group=nota}} Outro escritor identificado por Turner, Jules Siegel, comparou ''Revolver'' a obras de [[John Donne]], [[John Milton]] e [[William Shakespeare]], dizendo que as letras da banda forneceriam a base para análises acadêmicas no futuro.{{sfn|Turner|2016|pp=262–63}}

Relembrando o lançamento de ''Revolver'' em seu livro ''Revolution in the Head'', Ian MacDonald diz que os Beatles "iniciaram uma segunda revolução ''pop'' – uma que, embora estimulando seus rivais existentes e inspirando muitos novos, deixou todos eles para trás".{{sfn|MacDonald|2005|p=192}} Em uma crítica de fevereiro de 1967, a ''Hit Parader'' declarou: "''Revolver'' representa o auge da música ''pop''. Nenhum grupo tem sido tão consistentemente criativo quanto os Beatles, embora o (Lovin') Spoonful e os Beach Boys estejam se aproximando o tempo todo (...) Em vez disso do que analisar a música, apenas sugerimos que você ouça ''Revolver'' três ou quatro vezes por dia e se maravilhe."<ref>{{Citar web|url=https://www.rocksbackpages.com/Library/Article/platter-chatter-albums-from-the-beatles-donovan-ravi-shankar-et-al|titulo=Platter Chatter: Albums from The Beatles, Donovan, Ravi Shankar et al. By uncredited writer : Articles, reviews and interviews from Rock's Backpages.|acessodata=2024-03-21|website=www.rocksbackpages.com|lingua=en|arquivourl=https://web.archive.org/web/20221022200742/https://www.rocksbackpages.com/Library/Article/platter-chatter-albums-from-the-beatles-donovan-ravi-shankar-et-al|arquivodata=22 de outubro de 2022|urlmorta=sim|subscricao=sim}}</ref> Mais tarde naquele ano, na ''[[Esquire]]'', [[Robert Christgau]] disse que o álbum era "duas vezes melhor e quatro vezes mais surpreendente que ''Rubber Soul'', com efeitos sonoros, pedais orientais, bandas de ''jazz'', letras transcendentalistas, todo tipo de surpresas rítmicas e harmônicas, e um filtro que fazia John Lennon soar como Deus cantando através de uma buzina de nevoeiro".<ref>{{cite web|last=Christgau|first=Robert|url=http://www.robertchristgau.com/xg/bk-aow/column2.php|title=Columns: December 1967 (''Esquire'')|date=Dezembro de 1967|access-date=24 de junho de 2017|publisher=[[Robert Christgau|robertchristgau.com]]|lingua=en|titulotrad=Colunas: dezembro de 1967|archive-url=https://web.archive.org/web/20160304032316/http://www.robertchristgau.com/xg/bk-aow/column2.php|archive-date=4 de março de 2016|url-status=sim}}</ref>

=== Avaliações retrospectivas ===
{{Album ratings|ava1={{rating|5|5}}<ref name="Erlewine/AM">{{cite web|url=http://www.allmusic.com/album/revolver-mw0000189174|first=Stephen Thomas|last=Erlewine|title=The Beatles ''Revolver''|publisher=[[AllMusic]]|access-date=24 de junho de 2017|archive-url=https://web.archive.org/web/20170625230353/http://www.allmusic.com/album/revolver-mw0000189174|archive-date=25 de junho de 2017}}</ref>|cri1=[[AllMusic]]|cri2=''[[The A.V. Club]]''|ava2=A+<ref name="Klosterman">{{cite news|last=Klosterman|first=Chuck|date=8 de setembro de 2009|url=http://www.avclub.com/articles/chuck-klosterman-repeats-the-beatles,32560/|title=Chuck Klosterman Repeats The Beatles|newspaper=[[The A.V. Club]]|access-date=24 de junho de 2017|archive-url=https://web.archive.org/web/20130522154556/http://www.avclub.com/articles/chuck-klosterman-repeats-the-beatles%2C32560/|archive-date=22 de maio de 2013}}</ref>|cri3=''[[Blender (revista)|Blender]]''|ava3={{Rating|5|5}}<ref name="DuNoyer/Blender">{{cite magazine|last=Du Noyer|first=Paul|date=2004|url=http://www.blender.com/guide/reviews.aspx?id=2950|title=The Beatles ''Revolver''|magazine=[[Blender (revista)|Blender]]|archive-url=https://web.archive.org/web/20060504144501/http://www.blender.com/guide/reviews.aspx?id=2950 |archive-date=4 de maio de 2006 |access-date=24 de junho de 2017}}</ref>|cri4=''[[The Daily Telegraph]]''|ava4={{Rating|5|5}}<ref name="McCormick/Tele">{{cite news | url=https://www.telegraph.co.uk/culture/music/the-beatles/6150301/The-Beatles-Revolver-review.html | newspaper=[[The Daily Telegraph]] | first=Neil | last=McCormick | title=The Beatles – Revolver, review | date=7 de setembro de 2009 | access-date=24 de junho de 2017 | archive-url=https://web.archive.org/web/20170517152241/http://www.telegraph.co.uk/culture/music/the-beatles/6150301/The-Beatles-Revolver-review.html | archive-date=17 de maio de 2017}}</ref>|cri5=''[[Encyclopedia of Popular Music]]''|ava5={{Rating|5|5}}{{sfn|Larkin|2006|p=489}}|cri6=''[[MusicHound|MusicHound Rock]]''|ava6=4.5/5{{sfn|Graff|Durchholz|1999|p=88}}|cri7=''[[Paste (revista)|Paste]]''|ava7=100/100<ref name="Kemp/Paste">{{cite web|last=Kemp|first=Mark|date=8 de setembro de 2009|url=https://www.pastemagazine.com/articles/2009/09/the-beatles-the-long-and-winding-repertoire.html|title=The Beatles: The Long and Winding Repertoire|work=[[Paste (revista)|Paste]]|access-date=24 de junho de 2017|page=59|archive-url=https://web.archive.org/web/20131023065059/http://www.pastemagazine.com/articles/2009/09/the-beatles-the-long-and-winding-repertoire.html|archive-date=23 de outubro de 2013}}</ref>|cri8=''[[Pitchfork]]''|ava8=10/10<ref name="Plagenhoef/Pitchfork">{{cite web |last=Plagenhoef |first=Scott |url=http://pitchfork.com/reviews/albums/13434-revolver/ |title=The Beatles: Revolver Album Review |website=[[Pitchfork]] |date=9 de setembro de 2009 |access-date=24 de junho de 2017 |archive-url=https://web.archive.org/web/20170620192306/http://pitchfork.com/reviews/albums/13434-revolver/ |archive-date=20 de junho de 2017}}</ref>|cri9=''[[The Rolling Stone Album Guide]]''|ava9={{Rating|5|5}}{{sfn|Brackett|Hoard|2004|p=51}}|cri10=Sputnikmusic|ava10=5/5<ref name="Campbell">{{cite web|last=Campbell|first=Hernan M.|date=27 de fevereiro de 2012|url=https://www.sputnikmusic.com/review/48319/The-Beatles-Revolver/|title=Review: The Beatles – Revolver|publisher=Sputnikmusic|access-date=24 de junho de 2017}}</ref>}}Na edição de 2004 do [[The Rolling Stone Album Guide|''The Rolling Stone Album Guide'']], [[Rob Sheffield]] escreveu que ''Revolver'' encontrou os Beatles "no auge de seus poderes, competindo entre si porque ninguém mais poderia tocá-los"; ele o descreveu como "o melhor álbum que os Beatles já fizeram, o que significa o melhor álbum de todos".{{sfn|Brackett|Hoard|2004|p=53}} Escrevendo para o ''[[PopMatters]]'' naquele ano, David Medsker disse que ''Revolver'' mostrou os quatro membros da banda "atingindo o pico exatamente ao mesmo tempo", e ele a considerou "o melhor do grupo, a carta que ficou sem resposta" entre uma série de declarações musicais reciprocamente influentes trocadas entre os Beatles e os Beach Boys entre 1965 e 1967.<ref name="Medsker/PM">{{cite web|last=Medsker|first=David|url=http://www.popmatters.com/pm/review/beatles-revolvermft/|title=The Beatles: Revolver|date=29 de março de 2004|access-date=24 de junho de 2017|website=[[PopMatters]]|lingua=en|archive-url=https://web.archive.org/web/20130619191640/http://www.popmatters.com/pm/review/beatles-revolvermft/|archive-date=19 de junho de 2013|url-status=sim}}</ref> Em uma avaliação dos álbuns da banda em 2007, Henry Yates da revista ''[[Classic Rock]]'' combinou-o com o ''Sgt. Pepper's'' como os dois "clássicos essenciais" no cânone dos Beatles e o descreveu como "Sempre o favorito da fraternidade do ''rock'' (e o modelo para a carreira de [[Noel Gallagher]])".<ref>{{cite web|last=Yates|first=Henry|url=https://www.loudersound.com/features/the-beatles-best-albums-buyers-guide-collection|title=The Beatles – A guide to their best albums|date=14 de novembro de 2017|access-date=20 de agosto de 2020|work=[[Classic Rock]]|orig-year=2007|lingua=en|titulotrad=Um guia para seus melhores álbuns|archive-url=https://web.archive.org/web/20190418185649/https://www.loudersound.com/features/the-beatles-best-albums-buyers-guide-collection|archive-date=18 de abril de 2019}}</ref> Paul Du Noyer, em uma crítica para a ''[[Blender (revista)|Blender]]'', disse que marcou a chegada do grupo como "gurus psicodélicos" e foi um trabalho em que os Beatles "revolucionaram seu próprio estilo e o próprio ''rock'' (...) com as inovações mais ousadas da carreira da banda".<ref>{{Citar web|ultimo=Du Noyer|primeiro=Paul|url=https://blender.com/|titulo=The Beatles ''Revolver''|data=2004|acessodata=24 de junho de 2017|website=Blender|lingua=en-US|arquivourl=https://web.archive.org/web/20060504144501/http://www.blender.com/guide/reviews.aspx?id=2950|arquivodata=4 de maio de 2006|urlmorta=sim}}</ref>

[[Stephen Thomas Erlewine]] do [[AllMusic]] descreve ''Revolver'' como "o álbum ''pop'' moderno definitivo". Embora observando as diversas direções musicais adotadas por John, Paul e George em suas respectivas contribuições, ele afirma: "O maior milagre de ''Revolver'' pode ser que os Beatles cobriram tantos novos terrenos estilísticos e os executaram perfeitamente em um disco, ou pode ser que tudo isso se mantém perfeitamente unido."<ref>{{Citation|title=Revolver - The Beatles {{!}} Album {{!}} AllMusic|accessdate=24 de junho de 2017|language=en|author1=Stephen Thomas Erlewine|author-link=Stephen Thomas Erlewine|url=https://www.allmusic.com/album/revolver-mw0000189174|archivedate=25 de junho de 2017|archiveurl=https://web.archive.org/web/20170625230353/http://www.allmusic.com/album/revolver-mw0000189174|at=[[AllMusic]]}}</ref> Em sua crítica para o ''[[The Daily Telegraph]]'', Neil McCormick diz que o álbum mostra a banda em sua forma mais unificada e é um trabalho em que "eles introduzem novas perspectivas de som, mas ainda assim as contêm em canções bem estruturadas e executadas". Ele também atribui ao álbum uma qualidade amarga que faltou à psicodelia quando o gênero sucumbiu à "política confusa do [[flower power|''flower power'']]".<ref name=":4" /> Scott Plagenhoef do ''Pitchfork'' vê ''Revolver'' como um "marco sonoro" que, em suas letras, "amadureceu o ''pop'' de 'sonhos dos adolescentes' para uma busca mais séria que refletiu e moldou ativamente a época em que seus criadores viveram". Ele considera que é o "recorde de maturação" de McCartney como compositor, da mesma forma que ''Rubber Soul'' foi para Lennon.<ref name=":1" />

Chris Coplan do [[Consequence|''Consequence of Sound'']] está menos impressionado com o álbum, classificando-o como "B" e "a ovelha negra do catálogo dos Beatles". Embora admire o tom psicodélico, considera que esse experimentalismo torna as canções ''pop'' mais padronizadas, como "Got to Get You into My Life" e "Here, There and Everywhere", "aparentemente deslocadas" da coleção.<ref>{{cite web|last=Coplan|first=Chris|url=http://consequenceofsound.net/2009/09/album-review-the-beatles-revolver-remastered/|title=Album Review: The Beatles – Revolver <nowiki>[Remastered]</nowiki>|date=20 de setembro de 2009|access-date=24 de junho de 2017|website=[[Consequence|Consequence of Sound]]|lingua=en|archive-url=https://web.archive.org/web/20170613212430/https://consequenceofsound.net/2009/09/album-review-the-beatles-revolver-remastered/|archive-date=13 de junho de 2017|url-status=não}}</ref> Escrevendo para o ''Rough Guides'', Chris Ingham descreve-o como "claramente brilhante", mas acrescenta: "Há um toque especial no som e um perigo no ar, o que torna a audição uma viagem desconfortável. É fácil de admirar, até mesmo de ser impressionado, mas alguns ouvintes acham ''Revolver'' um pouco mais difícil de amar."{{sfn|Ingham|2006|p=41}} Em retrospecto, Christgau diz que prefere ''Sgt. Pepper'', ''Rubber Soul'' e ''[[Abbey Road]]'' a ''Revolver'', achando este último "um tanto confuso", mas mesmo assim digno de um ''"high A minus"''.<ref>{{cite web|last=Christgau|first=Robert|url=https://robertchristgau.substack.com/p/xgau-sez-067|title=Xgau Sez|date=18 de março de 2020|access-date=18 de março de 2020|work=And It Don't Stop|publisher=Substack|lingua=en}}</ref>

== Relançamentos ==
Junto com o resto do catálogo dos Beatles, o álbum foi lançado pela primeira vez em [[Compact disc|''Compact Disc'']] em 1987.{{sfn|Badman|2001|p=387}} Em 2009, a [[Apple Records|Apple]] e a EMI lançaram versões remasterizadas dos álbuns dos Beatles em CD. ''Revolver'' também foi incluído nos [[Box set|''box sets'']] lançados na época, ''[[:en:The_Beatles_(The_Original_Studio_Recordings)|The Beatles (The Original Studio Recordings)]]''<sup>{{En}}</sup> e ''[[:en:The_Beatles_in_Mono|The Beatles in Mono]]''.<ref>{{cite web|last=Richardson|first=Mark|url=https://pitchfork.com/reviews/albums/13425-stereo-box-in-mono/|title=The Beatles ''Stereo Box''/''In Mono''|date=7 de setembro de 2009|access-date=19 de outubro de 2022|website=[[Pitchfork]]|language=en-US}}</ref>

Em 28 de outubro de 2022, uma [[:en:Revolver:_Special_Edition|edição expandida e remixada]]<sup>{{En}}</sup> de ''Revolver'' foi lançada. Inclui uma nova [[Remix|remixagem]] estereofônica do álbum, feita por [[Giles Martin]], com a ajuda da tecnologia de mixagem desenvolvida pela [[WingNut Films]] de [[Peter Jackson]], bem como a mixagem monofônica original, gravações das sessões, [[Demo (música)|demos]] e um [[Extended play|EP]] contendo novas mixagens de "Paperback Writer " e "Rain".<ref>{{Cite web|last=Willman|first=Chris|url=https://variety.com/2022/music/news/beatles-revolver-deluxe-edition-remix-giles-martin-interview-1235362815/|title=Giles Martin Details Beatles' 'Revolver' Deluxe Edition and Remix: In 1966 Sessions, 'You Can Hear Them Unwrapping Their Presents'|date=7 de setembro de 2022|access-date=18 de outubro de 2022|website=[[Variety (revista)|Variety]]|language=en-US|titulotrad=Giles Martin detalha a edição de luxo e remix de 'Revolver' dos Beatles: nas sessões de 1966, 'Você pode ouvi-los desembrulhando seus presentes'}}</ref>

== Lista de faixas ==
A listagem de faixas a seguir é para o lançamento original em todos os mercados, exceto a América do Norte, e foi posteriormente adotada como a versão padrão do álbum para seu lançamento internacional em CD em 1987. A edição original norte-americana usou esta ordem, porém omitiu "I'm Only Sleeping", "And Your Bird Can Sing" e "Doctor Robert". Todas as faixas escritas por [[Parceria Lennon e McCartney|Lennon–McCartney]], exceto as músicas com asteriscos (*), que são de [[George Harrison]].{{sfn|Lewisohn|2010|pp=352–54}}

'''Lado um'''
{{Lista de faixas
| título1          = [[Taxman]]
| duração1         = 2:36
| nota1            = *
| título2          = [[Eleanor Rigby]]
| duração2         = 2:11
| título3          = [[I'm Only Sleeping]]
| duração3         = 3:02
| título4          = [[Love You To]]
| duração4         = 3:00
| nota4            = *
| título5          = [[Here, There and Everywhere]]
| duração5         = 2:29
| título6          = [[Yellow Submarine (canção)|Yellow Submarine]]
| duração6         = 2:40
| título7          = [[She Said She Said]]
| duração7         = 2:39
| coluna_extra     = Solista
| extra1           = Harrison
| extra2           = McCartney
| extra3           = Lennon
| extra4           = Harrison
| extra5           = McCartney
| extra6           = Starr
| extra7           = Lennon
| duração_total    = 18:33
}}
'''Lado dois'''
{{Lista de faixas
| título1          = [[Good Day Sunshine]]
| duração1         = 2:08
| título2          = [[And Your Bird Can Sing]]
| duração2         = 2:02
| título3          = [[For No One]]
| duração3         = 2:03
| título4          = [[Doctor Robert]]
| duração4         = 2:14
| título5          = [[I Want to Tell You]]
| duração5         = 2:30
| nota5            = *
| título6          = [[Got to Get You into My Life]]
| duração6         = 2:31
| título7          = [[Tomorrow Never Knows]]
| duração7         = 3:00
| coluna_extra     = Solista
| extra1           = McCartney
| extra2           = Lennon
| extra3           = McCartney
| extra5           = Harrison
| extra6           = McCartney
| extra7           = Lennon
| duração_total    = 16:28
| extra4           = Lennon
}}

== Ficha técnica ==
De acordo com [[Mark Lewisohn]]{{sfn|Lewisohn|2005|pp=70–85}} e [[Ian MacDonald]],{{sfn|MacDonald|2005|pp=185–211}} exceto onde indicado:

'''The Beatles'''

* [[John Lennon]] – vocais principais, [[Harmonia (música)|harmonias]] e [[Vocal de apoio|vocais de apoio]]; guitarras [[Guitarra rítmica|rítmica]] e [[Guitarra acústica|acústica]]; [[órgão Hammond]], [[Mellotron]],{{sfn|Rodriguez|2012|p=109}} [[harmônio]]; [[Loop de fita|''loops'' de fita]], [[Efeito sonoro|efeitos sonoros]]; [[pandeireta]], palmas, estalos de dedos
* [[Paul McCartney]] – vocais principais, harmonias e vocais de apoio; [[baixo elétrico]], guitarras rítmica{{sfn|Everett|1999|p=60}} e [[Guitarra solo|solo]]; piano, [[clavicórdio]]; ''loops'' de fita, efeitos sonoros; palmas, estalos de dedos
* [[George Harrison]] – vocais principais, harmonia e vocais de apoio; guitarras solo, rítmica, acústica e baixo elétrico; [[sitar]], [[tambura]]; ''loops'' de fita, efeitos sonoros; [[Maraca|maracas]], pandeireta, palmas, estalos de dedos
* [[Ringo Starr]] – bateria; pandeireta, maracas, [[Campana (instrumento musical)|campana]], [[chocalho]], palmas, estalos de dedos; ''loops'' de fita; vocais principais e vocais de apoio{{sfn|Everett|1999|pp=56–57}} em "Yellow Submarine"

'''Produção e músicos adicionais'''

* Anil Bhagwat – [[tabla]] em "Love You To"

* Alan Civil – [[Trompa|trompa francesa]] em "For No One"
* [[George Martin]] – [[Produtor musical|produtor]]; engenheiro de [[mixagem]]; piano em "Good Day Sunshine" e "Tomorrow Never Knows"; órgão Hammond em "Got to Get You into My Life"; ''loops'' de fita de [[banda marcial]] em "Yellow Submarine"
* [[Geoff Emerick]] – engenheiro de [[Engenharia de áudio|gravação]] e mixagem; ''loops'' de fita de banda marcial em "Yellow Submarine"
* [[Mal Evans]] – [[bumbo]] e vocais de fundo em "Yellow Submarine"
* [[Neil Aspinall]] – vocais de fundo em "Yellow Submarine"
* [[Brian Jones]] – efeitos sonoros, [[ocarina]]{{sfn|Everett|1999|pp=56–57}} e vocais de fundo em "Yellow Submarine"
* [[Pattie Boyd]] – vocais de fundo em "Yellow Submarine"
* [[Marianne Faithfull]] – vocais de fundo em "Yellow Submarine"
* Alf Bicknell – efeitos sonoros{{sfn|Everett|1999|pp=56–57}} e vocais de fundo em "Yellow Submarine"
* Tony Gilbert, Sidney Sax, John Sharpe, Jurgen Hess – [[Violino|violinos]]; Stephen Shingles, John Underwood – [[Viola|violas]]; Derek Simpson, Norman Jones – [[Violoncelo|cellos]]: octeto de cordas em "Eleanor Rigby", [[Orquestra|orquestrado]] e [[Maestro|conduzido]] por George Martin (com Paul McCartney)
* Eddie Thornton, Ian Hamer, Les Condon – [[Trompete|trompetes]]; Peter Coe, Alan Branscombe – [[saxofone tenor]]: seção de metais em "Got to Get You into My Life" arranjada e conduzida por George Martin (com Paul McCartney)
{{Lista de referências|título=Notas|grupo=nota}}{{Lista de referências|título=Referências}}

'''Fontes'''{{Refbegin|30em}}
*{{cite book|title=Beatles Gear: All the Fab Four's Instruments, from Stage to Studio|last=Babiuk|first=Andy|publisher=Backbeat Books|ano=2002|local=São Francisco, Califórnia|isbn=978-0-87930-731-8}}
* {{cite book|title=The Beatles Diary Volume 2: After the Break-Up 1970–2001|last=Badman|first=Keith|publisher=Omnibus Press|ano=2001|local=Londres|isbn=978-0-7119-8307-6}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=HWuQu8EMDKcC|title=The Beatles Anthology|author=The Beatles|publisher=Chronicle Books|ano=2000|local=São Francisco, Califórnia|isbn=978-0-8118-2684-6}}
*{{cite book|url=https://books.google.com/books?id=SiZtBgAAQBAJ|title=The Absolute Essentials of Songwriting Success – From Song Dog to Top Dog: Making It in the Music Business|last=Bishop|first=Rand|publisher=Alfred Music Publishing|ano=2010|local=Van Nuys, Califórnia|isbn=978-0-7390-7191-5}}
* {{cite book|url=https://archive.org/details/newrollingstonea00brac|title=The New Rolling Stone Album Guide|publisher=Fireside/Simon & Schuster|ano=2004|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=0-7432-0169-8}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=8XwyAQAAQBAJ&pg=PT195|title=1965: The Year Modern Britain Was Born|last=Bray|first=Christopher|publisher=Simon & Schuster|ano=2014|local=Londres|isbn=978-1-84983-387-5}}
* {{cite book|title=Strange Sounds: Offbeat Instruments and Sonic Experiments in Pop|last=Brend|first=Mark|publisher=Backbeat Books|ano=2005|local=São Francisco, Califórnia|isbn=978-0-879308551}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=CLs0WtOozmYC&q=Revolver|title=Tomorrow Never Knows: Rock and Psychedelics in the 1960s|last=Bromell|first=Nick|publisher=University of Chicago Press|ano=2002|local=Chicago, Illinois|isbn=0-226-07562-1}}
* {{cite book|title=The Love You Make: An Insider's Story of the Beatles|last1=Brown|first1=Peter|last2=Gaines|first2=Steven|publisher=New American Library|ano=2002|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-0-451-20735-7|orig-year=1983}}
* {{cite book|title=Out of Our Heads: Rock 'n' Roll Before the Drugs Wore Off|last=Case|first=George|publisher=Backbeat Books|ano=2010|local=Milwaukee, Wisconsin|isbn=978-0-87930-967-1}}
* {{cite book|url=https://archive.org/details/alltogethernowfi0000cast|title=All Together Now: The First Complete Beatles Discography 1961–1975|last1=Castleman|first1=Harry|last2=Podrazik|first2=Walter J.|publisher=Ballantine Books|ano=1976|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=0-345-25680-8}}
*{{cite book|title=Astrid Kirchherr: A Retrospective|publisher=Liverpool University Press|ano=2010|local=Liverpool, Reino Unido|isbn=978-1-84631-477-3}}
* {{cite book|title=Turn on Your Mind: Four Decades of Great Psychedelic Rock|last=DeRogatis|first=Jim|publisher=Hal Leonard|ano=2003|local=Milwaukee, Wisconsin|isbn=978-0-634-05548-5}}
* {{Cite book|título=Beatlesongs|ultimo=Dowlding|primeiro=William J.|editora=[[Simon & Schuster]]|ano=1989|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=0-671-68229-6}}
*{{cite book|title=The Complete History of Guitar World: 30 Years of Music, Magic & Six-String Mayhem|author=((Editors of ''Guitar World''))|publisher=Backbeat Books|ano=2010|local=Milwaukee, Wisconsin|isbn=978-0-87930-992-3}}
* {{cite book|url=https://archive.org/details/harrison00fine|title=Harrison|author=((The Editors of ''Rolling Stone''))|publisher=Rolling Stone Press|ano=2002|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-0-7432-3581-5}}
* {{cite book|title=Here, There and Everywhere: My Life Recording the Music of the Beatles|last1=Emerick|first1=Geoff|last2=Massey|first2=Howard|publisher=Gotham Books|ano=2006|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-1-59240-269-4}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=eTkHAldi4bEC|title=The Beatles as Musicians: Revolver Through the Anthology|last=Everett|first=Walter|publisher=Oxford University Press|ano=1999|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-0-19-512941-0}}
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* {{cite book|url=https://archive.org/details/beatlesimagemedi0000fron|title=The Beatles: Image and the Media|last=Frontani|first=Michael R.|publisher=University Press of Mississippi|ano=2007|local=Jackson, Mississippi|isbn=978-1-57806-966-8}}
* {{cite book|title=Between Montmartre and the Mudd Club: Popular Music and the Avant-Garde|last=Gendron|first=Bernard|publisher=University of Chicago Press|ano=2002|local=Chicago, Illinois|isbn=978-0-226-28737-9}}
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* {{cite book|title=The Encyclopedia of Popular Music|publisher=Oxford University Press|ano=2006|editor-last=Larkin|editor-first=Colin|local=Londres|isbn=978-0-19-531373-4}}
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* {{cite book|title=Ready, Steady, Go!: Swinging London and the Invention of Cool|last=Levy|first=Shawn|publisher=Fourth Estate|ano=2002|local=Londres|isbn=978-1-84115-226-4}}
* {{cite book|title=The Complete Beatles Recording Sessions: The Official Story of the Abbey Road Years 1962–1970|last=Lewisohn|first=Mark|publisher=Bounty Books|ano=2005|local=Londres|isbn=978-0-7537-2545-0|orig-year=1988}}
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* {{cite book|url=https://archive.org/details/paulmccartneyman00mile_0|title=Paul McCartney: Many Years from Now|last=Miles|first=Barry|publisher=Henry Holt|ano=1997|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-0-8050-5248-0}}
* {{cite book|title=The Beatles Diary Volume 1: The Beatles Years|last=Miles|first=Barry|publisher=Omnibus Press|ano=2001|local=Londres|isbn=0-7119-8308-9}}
* {{cite magazine|last=Miles|first=Barry|date=Julho de 2006|title=''Revolver'': The Tripping Point|magazine=[[Mojo (revista)|Mojo]]|páginas=70–77}}
* {{cite book|title=Beatlemania: Technology, Business, and Teen Culture in Cold War America|last=Millard|first=André|publisher=Johns Hopkins University Press|ano=2012|local=Baltimore, Maryland|isbn=978-1-4214-0525-4}}
* {{cite book|title=[[Mojo (revista)|Mojo Special Limited Edition]]: 1000 Days That Shook the World (The Psychedelic Beatles – April 1, 1965 to December 26, 1967)|publisher=Emap|ano=2002|local=Londres|ref={{SfnRef|''Mojo Special Limited Edition''|2002}}}}
* {{cite book|title=Shout!: The Beatles in Their Generation|last=Norman|first=Philip|publisher=Fireside|ano=1996|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=0-684-83067-1|orig-year=1981}}
* {{cite book|title=The Album: A Guide to Pop Music's Most Provocative, Influential, and Important Creations|last=Perone|first=James E.|publisher=Praeger|ano=2012|local=Santa Bárbara, Califórnia|isbn=978-0-313-37906-2}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=WqiDBQAAQBAJ|title=British Invasion: The Crosscurrents of Musical Influence|last=Philo|first=Simon|publisher=Rowman & Littlefield|ano=2015|local=Lanham, Maryland|isbn=978-0-8108-8626-1}}
* {{cite book|url=https://archive.org/details/ambientcenturyfr00pren|title=The Ambient Century: From Mahler to Moby – The Evolution of Sound in the Electronic Age|last=Prendergast|first=Mark|publisher=Bloomsbury|ano=2003|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=1-58234-323-3}}
* {{cite book|title=Worlds of Music: An Introduction to the Music of the World's Peoples|last=Reck|first=David B.|publisher=Schirmer Cengage Learning|ano=2009|editor-last=Titon|editor-first=Jeff Todd|local=Belmont, Califórnia|chapter=India/South India|isbn=978-0-534-59539-5}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=r44ZAQAAIAAJ|title="Every Sound There Is": The Beatles' Revolver and the Transformation of Rock and Roll|last=Reising|first=Russell|publisher=Ashgate Publishing|ano=2002|editor-last=Reising|editor-first=Russell|local=Farnham, Reino Unido|chapter=Introduction: 'Of the beginning'|isbn=978-0-7546-0557-7}}
* {{cite book|title=Reading the Beatles: Cultural Studies, Literary Criticism, and the Fab Four|last=Reising|first=Russell|publisher=State University of New York Press|ano=2006|local=Albany, Nova Iorque|chapter=''Vacio Luminoso'': 'Tomorrow Never Knows' and the Coherence of the Impossible|isbn=0-7914-6716-3}}
* {{cite book|title=The Cambridge Companion to the Beatles|last1=Reising|first1=Russell|last2=LeBlanc|first2=Jim|publisher=Cambridge University Press|ano=2009|editor-last=Womack|editor-first=Kenneth|local=Cambridge, Reino Unido|chapter=Magical Mystery Tours, and Other Trips: Yellow submarines, newspaper taxis, and the Beatles' psychedelic years|isbn=978-0-521-68976-2}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=JXn8AgAAQBAJ|title=Tell Me Why – The Beatles: Album by Album, Song by Song, the Sixties and After|last=Riley|first=Tim|publisher=Da Capo Press|ano=2002|local=Cambridge, Massachusetts|isbn=978-0-306-81120-3|orig-year=1988}}
* {{cite book|url=https://books.google.com/books?id=farlJScWrTMC|title=Revolver: How the Beatles Reimagined Rock 'n' Roll|last=Rodriguez|first=Robert|publisher=Backbeat Books|ano=2012|local=Milwaukee, Wisconsin|isbn=978-1-61713-009-0}}
* {{cite book|title=1966: The Year the Decade Exploded|last=Savage|first=Jon|publisher=Faber & Faber|ano=2015|local=Londres|isbn=978-0-571-27763-6}}
* {{cite book|url=https://archive.org/details/beatlesforever00scha|title=The Beatles Forever|last=Schaffner|first=Nicholas|publisher=McGraw-Hill|ano=1978|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=0-07-055087-5}}
* {{cite book|title=Fab: An Intimate Life of Paul McCartney|last=Sounes|first=Howard|publisher=HarperCollins|ano=2010|local=Londres|isbn=978-0-00-723705-0}}
* {{cite book|title=Yeah! Yeah! Yeah!: The Story of Pop Music from Bill Haley to Beyoncé|last=Stanley|first=Bob|publisher=W.W. Norton|ano=2014|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-0-393-24269-0}}
* {{cite book|title=Working Class Mystic: A Spiritual Biography of George Harrison|last=Tillery|first=Gary|publisher=Quest Books|ano=2011|local=Wheaton, Illinois|isbn=978-0-8356-0900-5}}
* {{cite book|title=A Hard Day's Write: The Stories Behind Every Beatles Song ''(2nd edn)''|last=Turner|first=Steve|publisher=Carlton/HarperCollins|ano=1999|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=0-06-273698-1}}
* {{cite book|title=Beatles '66: The Revolutionary Year|last=Turner|first=Steve|publisher=Ecco|ano=2016|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-0-06-247558-9}}
* {{cite book|title=The Unreleased Beatles: Music & Film|last=Unterberger|first=Richie|publisher=Backbeat Books|ano=2006|local=São Francisco, Califórnia|isbn=978-0-87930-892-6}}
* {{cite book|title=That Magic Feeling: The Beatles' Recorded Legacy, Volume Two, 1966–1970|last=Winn|first=John C.|publisher=Three Rivers Press|ano=2009|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-0-307-45239-9}}
* {{cite book|title=Long and Winding Roads: The Evolving Artistry of the Beatles|last=Womack|first=Kenneth|publisher=Continuum|ano=2007|local=Nova Iorque, Nova Iorque|isbn=978-0-8264-1746-6}}
* {{cite book|title=The Beatles Encyclopedia: Everything Fab Four|last=Womack|first=Kenneth|publisher=ABC-CLIO|ano=2014|local=Santa Bárbara, Califórnia|isbn=978-0-313-39171-2}}
{{Refend}}

== Ligações externas ==
* [https://web.archive.org/web/20060615210136/http://home.att.net/~chuckayoub/Revolver_Lyrics.html Beatles Lyrics] Em Inglês

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