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Arqueólogos encontram casa coberta de pinturas eróticas em Pompeia

Dois mil anos após a erupção do Vesúvio, cientistas estudam a Casa de Fedra tanto pela decoração ousada como por sua arquitetura peculiar. Entenda.

Por Bela Lobato
29 out 2024, 18h00

Há quase dois mil anos, a cidade de Pompeia, na Itália, foi atingida por um terremoto e pela erupção violenta do vulcão Vesúvio. Os dois fenômenos provocaram chuvas de rochas e inundaram a cidade com cinzas vulcânicas. Além de matar instantaneamente cerca de 20% dos 13 mil habitantes, as cinzas também transformaram muitas coisas em pedra.

Os sítios arqueológicos de Pompeia revelam preciosidades muito bem preservadas que revelam como era a vida social da cidade que desapareceu em 79 d.C. Agora, pesquisadores divulgaram a descoberta de uma casa pequena e pobre, mas ricamente decorada com pinturas sofisticadas.

Foto de um afresco é descoberto na Casa de Fedra.
(Parque Arqueológico de Pompéia/Reuters/Reprodução)

As pinturas murais de cores vivas incluem um abraço sensual entre um sátiro e uma ninfa em uma cama; outro parece retratar a deusa do amor Afrodite com seu namorado, Adônis; e uma cena, embora danificada, parece ilustrar o Julgamento de Paris – um concurso entre Hera, Afrodite e Atenas. 

Foto de um afresco é descoberto na Casa de Fedra.
(Parque Arqueológico de Pompéia/Reuters/Reprodução)

O sítio foi provisoriamente chamado de Casa de Fedra, rainha mitológica de Atenas representada em uma das obras nas paredes da casa. Segundo o mito grego, Fedra se apaixonou pelo seu enteado Hipólito e o acusou de estupro após ser rejeitada. 

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Os pesquisadores também encontraram um pequeno altar que estava em obras no momento da erupção. Nele estavam vários objetos utilizados em rituais, incluindo um recipiente de cerâmica para queimar incenso (que ainda continha material de seu último uso, há dois mil anos), assim como um lampião, partes de um figo seco e uma faca de ferro.

Foto de um afresco é descoberto na Casa de Fedra com um vaso do lado.
(Parque Arqueológico de Pompéia/Reuters/Reprodução)

Outra característica que chama a atenção é a ausência de um átrio central, uma estrutura que era comum para a coleta de água da chuva. Assim, a casa lança luz sobre como as mudanças sociais influenciaram nas alterações dos estilos arquitetônicos no século I d.C.. 

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Em um estudo publicado no último dia 24, pesquisadores do Parque Arqueológico de Pompeia explicam que o átrio representava um local de honra nas casas italianas e que sua ausência, além de muito atípica, denota uma grande mudança de postura.

A espólia, a armadura e outros tesouros exibidos durante uma vitória eram pendurados no átrio e nunca mais deveriam ser removidos, nem mesmo se a casa fosse vendida, de modo que “as próprias casas celebrariam para sempre o triunfo”, diz o comunicado do Parque Arqueológico de Pompeia. “É como se a casa, por meio do átrio, fosse um membro vivo da família, com um determinado papel que ninguém mais poderia cumprir. Mas, em algum momento, o átrio desaparece; evidentemente, a sociedade mudou; não sente mais a necessidade dele.”

Segundo o Ministério da Cultura Italiano, a primeira escavação de Pompeia foi em 1785, e desde então arqueólogos se dedicam a encontrar e interpretar os vestígios da cidade. As construções ajudam a entender, por exemplo, o uso do cimento no Império Romano, algo essencial para compreender monumentos como o Coliseu e o Panteão. Os pesquisadores também já encontraram outras coisas, como uma tartaruga grávida dentro de uma casa e um cérebro que se transformou em vidro.

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Não é a primeira vez que uma casa com decorações elaboradas (algumas delas, eróticas) é encontrada na antiga Pompeia. A Casa dos Vettii, escavada por volta de 1895, pertenceu a dois ex-escravizados e hoje pode ser visitada. Ali, foram encontradas gravuras mais explícitas do que a da Casa de Fedra – acredita-se que tenha sido um pequeno bordel.

Fotografia da Casa dei Vetti.
(Silvia Vacca/Parco Acheologico di Pompei/Divulgação)

Um dos afrescos da Casa dos Vettii representa o deus da mitologia greco-romana Príapo, que foi alvo de uma vingança de Hera. A deusa dotou-o de uma aparência grotesca e de genitais enormes, que são representados em pelo menos duas grandes pinturas encontradas em Pompeia.

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Um afresco erótico representando Príapo, na casa dos Vettii, nas escavações arqueológicas de Pompéia.
(Marco Cantile/Getty Images)

“O falo, como frequentemente retratado em afrescos e mosaicos da época, era considerado a origem da vida e, para os antigos romanos, representava um símbolo apotropaico, ou seja, para afastar a má sorte e desejar fertilidade, saúde, bons negócios e riqueza.”, explica o site oficial do parque.

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