Tzimtzum
No Misticismo judaico, Tzimtzum ou Zimzum (צמצום Hebraico: "contração" ou "constrição") refere-se à noção cabalística sobre a Criação, de acordo com a qual Deus "contraiu" sua infinitude com a intenção de permitir um "espaço conceitual" dentro do qual um mundo finito e aparentemente independente pudesse existir. Esta contração é conhecida como Tzimtzum.
Função
A função do Tzimtzum é a de permitir a existência independente do mundo finito em relação ao infinito, já que eles poderiam anular-se ou misturar-se caso este mundo finito fosse de novo mergulhado no mundo infinito, sua fonte e destino (chalal panui חלל פנוי, chalal חלל), causando uma aparente ausência de Deus no mundo criado.
Uma vez que o Tzimtzum corresponde ao "espaço" no qual o mundo existe, Deus é usualmente referido como o "Ha-Makom" (המקום lit. "o lugar", "o onipresente") na literatura rabínica. Do mesmo modo, olam - a palavra hebraica para "mundo" ou universo - deriva da raiz עלם , significando "continência". Esta etimologia complementa o sentido de Tzimtzum, segundo o qual o mundo traz em si a natureza espiritual a partir da qual se originou.
O paradoxo de Tzimtzum
Uma interpretação bastante difundida na Cabala explica que o conceito de Tzimtzum traz em si um paradoxo inerente, obrigando logicamente Deus à Transcendência e à Imanência.
Por um lado, se o "Infinito" não restringisse a si mesmo, nada poderia existir- tudo estaria sufocado pela totalidade de Deus. Daí que a existência requeira a transcendência divina, conforme visto. Por outro lado, Deus é mantenedor contínuo da existência do Universo, e portanto não está totalmente ausente deste. Assim sendo, a criação também requer a imanência, já que o ser de onde emana a essência, a possibilidade de ser de tudo o que é criado é Deus, e esta noção de procedência essencial conduz a uma continuidade paradoxal de todos os seres em relação ao Ser enquanto Ser (Deus). "A Glória de Deus preenche todo o mundo criado" (Is 6,3).