Vincenzo Gioberti
Vincenzo Gioberti (Turim, 5 de abril de 1801 — Paris, 26 de outubro de 1852) foi um filósofo e político italiano.
Vincenzo Gioberti | |
---|---|
Nascimento | Vincenzo Gioberti 5 de abril de 1801 Turim |
Morte | 26 de outubro de 1852 (51 anos) Paris |
Sepultamento | Cemitério Monumental de Turim |
Cidadania | Reino da Sardenha |
Alma mater | |
Ocupação | filósofo, professor, político, escritor, presbítero |
Religião | Igreja Católica |
Causa da morte | acidente vascular cerebral |
Biografia
editarEra filho de Giuseppe, de condição não abastada. Recebeu a primeira instrução escolar pelos padres do Oratório, e em seguida dedicou-se ao estudo e à vida religiosa. Em 9 de janeiro de 1823 graduou-se em teologia e dois anos após, em março, foi ordenado sacerdote. Em 1830 teve relações com a sociedade secreta de orientação liberal-moderada dos Cavaleiros da Liberdade, e em 1833 colaborou com a revista de Mazzini "A Jovem Itália", porém sem filiar-se a homônima associação. Suspeito pela polícia por causa da sua conduta política, foi preso em junho de 1833 e em setembro do mesmo ano foi exilado, primeiro em Paris e, desde 1834, em Bruxelas, onde dedicou-se ao ensino e aos estudos filosóficos e políticos. Retornou somente depois de quinze anos de exílio, foi acolhido com muito entusiasmo, e exultado pelo júbilo do espírito e fé na re-insurreição da Itália.
Na história do "Risorgimento Italiano" a obra política e filosófica de Gioberti teve uma grande eficácia. Quando jovem, muito provavelmente, pareceu ter pertencido à sociedade secreta chamada "Circoli" que, com A. Brofferio, Giacomo e Giovanni Durando, Michelangelo Castelli e muitos outros, visava realizar a liberdade e a independência italiana. A sociedade foi logo descoberta e dissolvida, mas Gioberti continuou a exercer sobre o jovem clero e os laicos, o seu poder de ação repleto de ideias antimonárquicas.
Nunca quis filiar-se a "Jovem Itália" de Mazzini porque sempre demonstrou um grande desgosto pela agressividade e violência da seita, além de condenar as ineficazes tentativas de insurreição. O seu ódio pela monarquia ou pela tirania, se fez sempre mais acirrado, mas com o passar do tempo, a convicção inflamada pela república, demonstrada várias vezes quando jovem, foi substituída pelo amor às reformas e pela ideia de uma monarquia representativa.
Em 1843 publicou a sua obra mais importante "Da Supremacia Moral e Civil dos Italianos" na qual, partindo da premissa que com os outros povos a fé religiosa foi elemento de fusão e não de obstáculo à unificação nacional (por exemplo na Grécia durante a luta contra os Turcos), ele perguntava-se porque não poderia acontecer a mesma coisa também na Itália, berço do catolicismo e portanto mestre de civilização no mundo. Além disso, preferia a instauração de uma confederação de todos os príncipes italianos sob a presidência do papado, e seu profundo pensamento era dirigido a uma Itália única e livre: o federalismo era um simples meio para chegar à plena unificação da Itália.
O pensamento de Gioberti se encontra aqui com aquele de Cavour: o Piemonte-Sardenha, com seu jovem rei, devia assumir a hegemonia da nação e dar a unidade e independência à Itália, prescindindo da confederação dos outros príncipes e da ajuda do papado.
O programa de Gioberti era aparentemente realizável porque inspirava-se fundamentalmente sobre ideias muito difundidas, quer na França quer na Itália, e que visava conciliar religião e pátria, catolicismo e liberalismo, mas com o mérito de associar o papado à causa do "Risorgimento Italiano". Estas suas ideias vieram a ser acolhidas favoravelmente por escritores famosos como Manzoni, Rosmini, Pellico e Tommaseo, e por uma grande corrente da opinião como a católica, que não queria sacrificar o ideal religioso pelo ideal patriótico e que visava renovar a Itália sem revoluções.
Ao programa de Gioberti aderiram também todos aqueles que não queriam lutar contra as dinastias reinantes nos vários Estados italianos e que esperavam poder realizar uma unidade de objetivos entre os jovens e as classes dirigentes. Lembrando o "guelfismo" da Idade Média, que encontrou no papado um apoio e uma guia na luta contra os imperadores alemães, Gioberti foi definido "neo-guelfo". Em seu pensamento tinha o suficiente para satisfazer os conservadores: nenhuma ruptura com o presente, preservação das dinastias, ausência de qualquer forma de insurreição popular, iniciativa dos príncipes e total respeito pela ordem constituída, pleno acordo com o papado, ou melhor subordinação do renascimento nacional à sua alta direção.
Apesar da grande difusão das suas teses entre a opinião pública, Gioberti não ficou isento de críticas. Na realidade a revolução sonhada pelos seguidores das suas ideias era um tanto utópica: tudo devia desenrolar-se sem dificuldade, sem uma contribuição de ação, nos melhores dos modos possíveis, com a bênção do Papa, com a condescendência benévola da Áustria, com o perfeito amor entre soberanos e súditos. Além do mais o "neo-guelfismo" foi decididamente combatido pelos Jesuítas e por outros escritores católicos como Capponi e Lambruschini, que pressentiam os perigos da confusão entre a ordem política e a ordem religiosa.