Tetracloreto de carbono
Tetracloreto de carbono Alerta sobre risco à saúde | |
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Nome IUPAC | Tetraclorometano |
Outros nomes | Benzifórmio, cloreto de carbono, tetracloreto de metano, perclorometano, tetra, benzinofórmio, tetrafórmio, tetrasol, Freon 10, Halon 104, UN 1846 |
Identificadores | |
Número CAS | |
PubChem | |
Número EINECS | |
KEGG | |
ChEBI | |
Número RTECS | FG4900000 |
SMILES |
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InChI | 1/CCl4/c2-1(3,4)5
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Propriedades | |
Fórmula molecular | CCl4 |
Massa molar | 153.82 g/mol |
Aparência | Líquido incolor |
Densidade | 1.5842 g/cm3, líquido 1.831 g.cm-3 at -186 °C (sólido) |
Ponto de fusão |
-22.92 °C (250 K) |
Ponto de ebulição |
76.72 °C (350 K) |
Solubilidade em água | 0.8 g/L at 25 °C |
log P | 2.64 |
Pressão de vapor | 11.94 kPa at 20 °C |
kH | 365 kJ.mol-1 at 24.8 °C |
Estrutura | |
Estrutura cristalina | Monoclínico |
Forma molecular | Tetraédrico |
Riscos associados | |
Classificação UE | Tóxico (T), Carc. Cat. 2B, Perigoso para o meio ambiente (N) |
Índice UE | 602-008-00-5 |
NFPA 704 | |
Frases R | R23/24/25, R40, R48/23, R59, R52/53 |
Frases S | S1/2, S23, S36/37, S45, S59
, S61 |
Ponto de fulgor | Não inflamável |
Compostos relacionados | |
Outros aniões/ânions | Tetrafluorometano Tetrabromometano Dissulfeto de carbono |
Outros catiões/cátions | Tetracloreto de silício Tricloreto de boro |
halometanos relacionados | Clorometano, Diclorometano, Clorofórmio (triclorometano), Triclorofluorometano |
Compostos relacionados | Percloroetileno Tricloreto de nitrogênio |
Página de dados suplementares | |
Estrutura e propriedades | n, εr, etc. |
Dados termodinâmicos | Phase behaviour Solid, liquid, gas |
Dados espectrais | UV, IV, RMN, EM |
Exceto onde denotado, os dados referem-se a materiais sob condições normais de temperatura e pressão Referências e avisos gerais sobre esta caixa. Alerta sobre risco à saúde. |
Tetracloreto de carbono, também conhecido por outras designações (ver tabela), é um composto orgânico com a fórmula química CCl4. É um reagente usado na química sintética e foi muito usado como agente extintor e como agente refrigerante. O tetracloreto de carbono é um líquido incolor com um cheiro adocicado e característico, que pode ser detectado a baixas concentrações.
As designações tetracloreto de carbono ou tetraclorometano são aceitas pela nomenclatura IUPAC. Popularmente é chamado de tetra.
História e Síntese
editarO tetracloreto de carbono foi sintetizado originalmente por reação do clorofórmio com o cloro pelo químico francês Henri Victor Regnault,[1] mas hoje em dia é sintetizado a partir do Metano:
A produção utiliza frequentemente sub-produtos de outras reações de cloração tais como os resultantes da síntese do Diclorometano e Clorofórmio.
A produção de tetracloreto de carbono tem vindo a decrescer desde 1980 devido a preocupações ambientais e diminuição da procura associada de CFC’s, que dele derivavam. Em 1992, a produção nos Estados Unidos, Europa e Japão foi estimada em 720 000 ton.[2]
O tetracloreto de carbono foi adicionado ao Protocolo de Montreal na emenda de Londres em 1990. A sua produção e comercialização está proibida nos países desenvolvidos desde 1996. Proibição essa que será extensível aos países sub-desenvolvidos em 2010. Produz séria contaminação e é portanto considerado prejudicial à saúde.
Em Cubatão, a fábrica da Rhodia que o produzia contaminou seus trabalhadores e teve que ser fechada. Alguns trabalhadores contaminados fundaram o que hoje é a Associação de Combate aos Poluentes Orgânicos Persistentes.
Propriedades
editarNa molécula de tetracloreto de carbono, quatro átomos de cloro estão posicionados simetricamente como “cantos” de uma configuração tetraédrica juntos a um átomo de carbono, no centro, através de uma simples ligação covalente. Devido à sua geometria simétrica a molécula não possui qualquer momento dipolar; isto é, o tetracloreto de carbono não é um composto polar. Como solvente é bastante adequado para dissolver compostos não polares, gorduras e óleos. O tetracloreto de carbono apresenta alguma volatilidade, liberta um vapor com um cheiro adocicado característico, similar ao tetracloroetileno, cheiro característico da limpeza a seco.
Utilizações
editar.
No início do século XX, o tetracloreto de carbono foi amplamente usado como solvente de limpeza a seco, como agente refrigerante e colocado dentro de lâmpadas de lava.[3] Antigamente foi também usado como agente extintor e pesticida.
Quando se tornou aparente que o tetracloreto de carbono provocava efeitos adversos na saúde humana, a sua utilização começou a decrescer, através da utilização de alternativas menos perigosas como o tetracloroetileno. A sua utilização como pesticida destinado a eliminar insectos no armazenamento de cereais continuou até ser banido em 1970 nos Estados Unidos.
Antes do Protocolo de Montreal, grandes quantidades de tetracloreto de carbono eram usadas para a produção de agentes refrigerantes freon, R-11 (triclorofluorometano) e R-12 and R-12 (diclorodifluorometano). Devido ao facto de estes agentes refrigerantes possuírem um elevado coeficiente de deplecção de ozono foram já eliminados.
O tetracloreto de carbono é ainda usado na fabricação de agentes refrigerantes menos perigosos e na detecção de neutrinos.
Devido ao facto de ser uma das mais potentes hepatotoxinas (tóxico para o fígado), é muito usado na investigação científica de agentes hepaprotectores.
Reatividade
editarO tetracloreto de carbono praticamente não apresenta flamabilidade a baixas temperaturas. Sob altas temperaturas pode formar o gás venenoso fosgénio.
Devido ao facto de não possuir ligações C-H, o tetracloreto de carbono não reage facilmente em reacções sem radicais. Por isso é um solvente bastante útil em Halogenações, tanto pelo halogénio elementar como com reagentes de halogenação como o N-bromosuccinimida.
Em Química Orgânica, o tetracloreto de carbono funciona como fonte de cloro na reacção de Appel.
Segurança
editarA exposição a concentrações elevadas de tetracloreto de carbono (incluindo os seus vapores) pode afectar o sistema nervoso central e causar degenerescência no fígado.[4] e rins[5] e pode resultar (após exposição prolongada) em coma e até morte.[6] A exposição crónica ao Tetracloreto de Carbono pode causar Hepatotoxicidade do Fígado[7][8] danos nos rins, podendo resultar em cancro.[9] Mais informação pode ser encontrada na Ficha de Dados de Segurança.
Em 2008, um estudo sobre produtos de limpeza comuns encontrou a presença de Tetracloreto de Carbono em “Concentrações muito elevadas” (Até 101 mg m−3) como resultado de os fabricantes misturarem tensioactivos, ou sabão com lixívia.[10]
O Tetracloreto de Carbono é um depletor da camada de Ozono[11] e um gás com efeito de estufa.[12] No entanto, desde 1992[13] a sua concentração atmosférica tem vindo a decair pela diminuição da sua utilização.
Simbolo de Risco
editarToxicocinética
editarÉ absorvido pelas vias pulmonar e cutânea. Sua taxa de biotransformação é baixa, sendo que 30 a 50% do ingerido ou inalado é eliminado sem alterações na expiração.
Ligações externas
editarreferências
editar- ↑ V. Regnault (1839). «Ueber die Chlorverbindungen des Kohlenstoffs, C2Cl2 und CCl2». Annalen der Pharmacie. 30 (3). 350 páginas. doi:10.1002/jlac.18390300310
- ↑ Manfred Rossberg, Wilhelm Lendle, Gerhard Pfleiderer, Adolf Tögel, Eberhard-Ludwig Dreher, Ernst Langer, Heinz Rassjjaerts, Peter Kleinschmidt, Heinz Strack, Richard Cook, Uwe Beck, Karl-August Lipper, Theodore R. Torkelson, Eckhard Löser, Klaus K. Beutel, “Chlorinated Hydrocarbons” in Ullmann’s Encyclopedia of Chemical Technology, 2007 John Wiley & Sons: New York.
- ↑ Doherty R. E. (2000). «A History of the Production and Use of Carbon Tetrachloride, Tetrachloroethylene, Trichloroethylene and 1,1,1-Trichloroethane in the United States: Part 1--Historical Background; Carbon Tetrachloride and Tetrachloroethylene». Environmental Forensics. 1 (1): 69–81. doi:10.1006/enfo.2000.0010
- ↑ WF Seifert, A Bosma, A Brouwer, HF Hendriks, PJ (1994). «Vitamin A deficiency potentiates carbon tetrachloride-induced liver fibrosis in rats». Hepatology. 19 (1): 193–201
- ↑ Liu KX, Kato Y, Yamazaki M, Higuchi O, Nakamura T, Sugiyama Y. (1993). «Decrease in the hepatic clearance of hepatocyte growth factor in carbon tetrachloride-intoxicated rats». Hepatology. 17 (4): 651–60. doi:10.1002/hep.1840170420
- ↑ Recknagel R.O., Glende E.A., Dolak J.A., Waller R.L. (1989). «Mechanism of Carbon-tetrachloride Toxicity». Pharmacology Therapeutics. 43 (43): 139–154. doi:10.1016/0163-7258(89)90050-8
- ↑ Recknagel RO (1967). «Carbon tetrachloride Hepatotoxicity». Pharmacological Reviews. 19 (2). 145 páginas
- ↑ Masuda Y (2006). «Learning toxicology from carbon tetrachloride-induced hepatotoxicity». Yakugaku Zasshi -Journal of the Pharmaceutical Society of Japan. 126 (10): 885–899. doi:10.1248/yakushi.126.885
- ↑ Rood AS, McGavran PD, Aavenson JW; et al. (2001). «Stochastic estimates of exposure and cancer risk from carbon tetrachloride released to the air from the Rocky Flats Plant». Risk Analysis. 21 (4): 675–695. doi:10.1111/0272-4332.214143
- ↑ Odabasi M (2008). «Halogenated Volatile Organic Compounds from the Use of Chlorine-Bleach-Containing Household Products». Environmental Science & Technology. 42 (5): 1445–1451. doi:10.1021/es702355u
- ↑ Fraser P. (1997). «Chemistry of stratospheric ozone and ozone depletion». Australian Meteorological Magazine. 46 (3): 185–193
- ↑ Evans WFJ, Puckrin E (1996). «A measurement of the greenhouse radiation associated with carbon tetrachloride (CCl4)». Geophysical Research Letters. 23 (14): 1769–1772. doi:10.1029/96GL01258
- ↑ Walker, S. J., R. F. Weiss & P. K. Salameh (2000). «Reconstructed histories of the annual mean atmospheric mole fractions for the halocarbons CFC-11, CFC-12, CFC-113 and carbon tetrachloride». Journal of Geophysical Research. 105: 14285–14296. doi:10.1029/1999JC900273