Tahtib
Tahtib ou tahteeb (em árabe egípcio: تحطيب - taḥṭīb) é uma luta tradicional praticada no Egito, principalmente no Alto Egito, em que são utilizados bastões ou paus[1].
Tahtib, jogo com bastões | |
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Património Cultural Imaterial da Humanidade | |
Prática do tahtib | |
País(es) | Egito |
Domínios | Artes cénicas Usos sociais, rituais e atos festivos |
Referência | en fr es |
Região | Estados Árabes |
Inscrição | 2016 (11.ª sessão) |
Lista | Lista Representativa |
O tahtib tradicional
editarHoje em dia, o tahtib tornou-se uma atividade lúdica, embora subsista ainda parte do simbolismo e dos valores do passado ligados à sua prática. Representado perante uma audiência, o tahtib consiste num breve confronto encenado sem violência entre dois adversários que empunham um pau e executam movimentos ao som de música tradicional. Este jogo exige um grande autocontrolo por parte dos lutadores, já que é proibido acertar no adversário. Esta arte tradicional é praticada por homens jovens e adultos pertencentes principalmente às comunidades do Alto Egito, em especial nas áreas rurais, onde os seus habitantes a exercitam diariamente e onde é considerada como um símbolo de virilidade.[2]
As regras do jogo são baseadas em valores como respeito mútuo, amizade, coragem, força, cavalheirismo e orgulho. O tahtib é praticado em contextos sociais públicos e privados. Às vezes, as competições são organizadas para atrair novos jogadores, com torneios a serem disputados entre diferentes províncias, e que podem durar até uma semana ou mesmo mais. Essa prática cultural tradicional é transmitida para qualquer pessoa que queira aprender através de familiares ou vizinhos. O domínio técnico adquirido inspira confiança naqueles que participam no tahtib e no facto de o representarem perante as suas comunidades, o que lhes confere um sentimento de orgulho. Este jogo também ajuda a fortalecer os laços familiares e a promover boas relações entre as comunidades.[2]
Os bailarinos usam calças brancas e galabiyes (uma galabiya é uma espécie de caftane longa ou egípcia no Egito, com uma manga longa e reta, usada em volta do pescoço), de cores bem opostas, uma peça na cabeça usada como um turbante, mas com as extremidades que caem até quase à cintura, e sandálias ou botas.[3]
O tahtib foi integrado pela UNESCO em 2016 na lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, com o título "tahtib, jogo com bastões"[2].
O tahtib moderno
editarAlém do tahtib tradicional egípcio, existe uma versão moderna, surgida em 2014 [4]. Assente em parte nos códigos do tahtib tradicional, o moderno diferencia-se por uma prática mista (homens e mulheres são admitidos nos mesmos combates, sem distinção de categorias). Alguns instrumentos musicais tradicionais são substiuídos por tambores, e os aspetos ligados à dança e À virilidade da sedução das mulheres são substituídos por valores mais marciais e coletivos[5]. É igualmente graças ao moderno tahtib que são introduzidas as tashkilas, formas codificadas de combate[6], como os "kata" no karaté ou os "taolu" no kung fu.
Bibliografia
editar- Poliakoff, Michael B. (1987). Combat Sports in the Ancient World: Competition, Violence, and Culture. Col: Sport and history series. New Haven: Yale University Press. 228 páginas. ISBN 0-300-03768-6
Ligações externas
editar- - Património imaterial no Egito (em castelhano)
Ver também
editar- ↑ Egyptos.net. «Le Tahtib, un art martial égyptien plurimillénaire vivant» (em francês). Consultado em 20 de março de 2019
- ↑ a b c UNESCO. «El tajtib, juego con bastones». Consultado em 20 de março de 2019
- ↑ Middle Eastern Dance, de Penni AlZayer, Elizabeth Hanley e Jacques D'Amboise. Infobase Publishing, 2010. ISBN 9781604134827 (em inglês)
- ↑ «Naissance de Modern Tahtib». www.tahtib.com (em francês). Consultado em 6 de março de 2017. Arquivado do original em 15 de julho de 2014
- ↑ Modern Tahtib (22 de setembro de 2016). «Quels sont les défis du Modern Tahtib - Interview de Boulad sur Radio Le Caire». Consultado em 6 de março de 2017
- ↑ «9ème kyu spécial: tahtib (avec D-Mystif)». 10 de março de 2017. Consultado em 15 de março de 2017