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 Nota: Para outros significados, veja Taba (desambiguação).

No contexto dos povos tupi-guarani, uma taba compreende um grupo local, comparável a cidades ou vilas, tipicamente compostas de 2 a 4 mil pessoas, mas podendo chegar a até 8 mil.[1] Os tupinambá não colonizados se juntavam em malocas, ou casas grandes, onde vivia uma "família grande" ou "clã", que podia variar de 50 a 850 indivíduos, de acordo com as condições demográficas da taba. Havia tipicamente entre 4 e 7 malocas, ainda que por vezes esse limite era ultrapassado.[1] Este sistema de organização social foi sendo gradualmente abandonado ao longo do contato com a sociedade colonial e colonizada e atualmente existe praticamente imutado em algumas tribos indígenas, enquanto em outras foi grandemente alterado e existe apenas de forma residual.

Ilustração europeia de uma taba.

Disposição física

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Representação de Theodore de Bry de uma execução de um inimigo na praça central de uma taba tupinambá.

A Taba é formada por malocas dispostas de forma ortogonal, formando uma grande praça central, na qual é utilizada para eventuais atividades diários, ritos, cerimônias e outras práticas culturais, incluindo o ritual antropofágico, nas tribos que o realizavam. As reuniões políticas dos velhos, thuyaue, o grupo social que dominava politicamente as tabas, costumavam acontecer na praça central, nas tabas onde não havia uma construção só para esse propósito.[1]

Podia também haver, além das malocas, edifícios anexos, usados para propósitos específicos ou para abrigar pequenas famílias, ainda que o habitual fosse residir na maloca. Além disso, era comum serem feitas fortificações, muros e barricadas em torno da taba, especialmente em zonas onde a população não se sentisse segura de invasões ou em períodos de guerra.[1]

A Maloca

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A maloca era o centro da vida do tupi-guarani, já que ali se encontrava a sua "família grande" ou "clã", que compunha o centro da vida social de um tupi-guarani, tratando-se de uma sociedade centrada nas relações de parentesco. Portanto, em cada maloca poderia haver entre 50 e 850 indivíduos, normalmente perto de 500. Cada família nuclear, formada de pai, esposa(s), filhos, filhas e genros, tinha um área exclusiva, que não tinha demarcação formal ou paredes para privacidade e onde cada um dormia em sua rede. [1]

O corredor central era o local onde se preparava os alimentos e toda a estrutura era formada por pilares que sustentam a cumeeira. No término do corredor havia acessos nas extremidades e um acesso no meio da moradia direcionado para o pátio.

O tipo de oca circular foi muito utilizada pelas tribos Jês e Xavantes.

Economia

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A taba compunha um grupo autônomo, que migrava periodicamente, no caso dos tupinambá a cada 3 ou 4 anos, tipicamente. A população da taba colhia todo o seu sustento da zona de mata em torno da taba, na caça e pesca, e das roças que plantavam e tinham a capacidade de fabricarem para si mesmos os itens de uso pessoal e coletivo, como redes, flechas, arcos e roupas, de maneira satisfatória. Portanto o comércio era bastante limitado, sendo apenas para intens mais supérfluos e de prestígio, como penas de aves raras e pedras de grande qualidade. Desse modo, a taba não dependia de outros grupos para sobreviver.[1]

O motivo da migração periódica era o desgaste do solo, devido à agricultura e, presumivelmente, a diminuição na população dos animais que lhes serviam de alimento. Devido ao desgaste natural das malocas, que eram construídos de materiais que se decompunham (palha, madeira etc), normalmente se aproveitava o momento de reconstruir as malocas para migrar.[1]

Organização política

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A estrutura política da taba não se sustentava por ideias formais como direitos humanos ou leis, mas sim pela tradição. A comunidade via a tradição como uma resposta às instabilidades e os conflitos da vida em sociedade. Afinal, se normalmente vivia-se bem, deveriam continuar a agir como sempre agiram. Com essa prespectiva, o processo decisório não era um de interesses ou de ideologias conflitantes, mas sim de seguir o caminho habitual, o caminho correto, o caminho seguro, o da tradição. Portanto, encontrando-se um conflito imediato ou iminente, via-se o que deveria ser feito de acordo com a tradição. Desse modo, o poder das decisões políticas estava na mão dos que mais conheciam os costumes e as tradições (ou seja, o que foi feito no passado) os velhos. Sendo uma sociedade patriarcal, a classe política ou os "cidadãos plenos" eram os velhos homens, conhecidos como thuyaue. Eram considerados velhos aqueles que tinham mais do que cerca de 40 anos.[1]

A organização política da taba era feita de forma informal, consensual e socialmente restrita. Informal porque não havia leis escritas, mandatos fixos ou eleições diretas, os líderes eram aqueles que, no momento de necessidade, conseguiam obter o maior respeito por parte da população. A política era socialmente restrita pois apenas os thuyaue, os velhos, participavam da decisões políticas ou públicas, como o que fazer com um estranho que chega na taba ou decisões militares. Finalmente, era consensual porque, entre os thuyaue, deveria haver um consenso para ser tomada uma atitude.[1]

Apesar da informalidade as posições de morubixaba, "principal", "cacique", de uma expedição guerreira, a de morubixaba de maloca, ou chefe de maloca, e a do pagy-uaçu, "grande feiticeiro", "pajé", tinham status formal. O morubixaba ou cacique de uma taba ou de uma tribo (confederação de tabas) era o líder militar da taba ou da tribo. Ainda que tivessem imenso prestígio, eles não tinham uma função análoga a um prefeito ou presidente, sendo apenas diretamente responsáveis por liderar os exércitos, sendo a sua influência política apenas como um thuyaue influente. O mesmo se aplicava ao pagy-uaçu, que era um título dado a um homem de conhecimentos mágicos excepcionais. Mais uma vez, a figura do pajé se distancia muito da do padre ou pastor em uma sociedade cristã típica, pois não haviam celebrações como a missa ou culto, e o pajé não era visto como o detentor de conhecimentos mágicos secretos, mas era apenas o melhor nos conhecimentos que já a maioria dos thuyaue já tinham.[1]

Referências
  1. a b c d e f g h i j FERNANDES, Florestan (1950). A Organização Social dos Tupinambá. São Paulo: Instituto Progresso Editorial. pp. 69–74