Religiões abraâmicas
Religiões abraâmicas são as religiões monoteístas cuja origem comum é reconhecida em Abraão[1] ou o reconhecimento de uma tradição espiritual identificada com ele.[2][3][4] Essa é uma das três divisões principais em religião comparada, junto com as religiões indianas (Darma) e as religiões da Ásia Oriental.
As religiões abraâmicas se espalharam globalmente através do Cristianismo sendo adotado pelo Império Romano no século IV e o islamismo pelos impérios islâmicos do século VII. As principais religiões abraâmicas em ordem cronológica de fundação são o judaísmo (a base das outras duas religiões) no século VII a.C., cristianismo no século I e o islamismo no século VII.
Cristianismo, islamismo e judaísmo são as religiões abraâmicas com o maior número de adeptos. Religiões abraâmicas com menos adeptos incluem a Drusa (às vezes considerada uma parte do islamismo), a Bahá'í e a Rastafári.
No início do século XXI havia 3,8 bilhões de seguidores das três principais religiões abraâmicas e estima-se que 54% da população mundial se considere adepta de uma dessas religiões, cerca de 30% de outras religiões e 16% é não religiosa.[5][6]
Religiões
editarAs três principais religiões abraâmicas são, em ordem cronológica de fundação, o judaísmo, o cristianismo e o islamismo.
Judaísmo
editarO judaísmo considera-se como a religião dos descendentes de Jacó,[nota 1] um neto de Abraão. Ele tem uma visão estritamente unitária de Deus e o seu livro sagrado central para quase todos os ramos é a Bíblia Hebraica, como elucidado na lei oral. O judaísmo também tem um pequeno número de denominações, das quais as mais significativas são os ortodoxos, conservadores e reformistas.[7]
Cristianismo
editarO cristianismo começou como uma seita do judaísmo[nota 2] no século I e evoluiu para uma religião separada, a Igreja Cristã, com crenças e práticas distintas. Jesus é a figura central do cristianismo, considerado por quase todas as denominações como de origem divina, tipicamente como a personificação de um Deus Trino.[nota 3] A Bíblia Cristã é geralmente considerada a autoridade máxima, juntamente com a Sagrada Tradição em algumas denominações apostólicas, tais como o catolicismo romano, o protestantismo e a ortodoxia oriental, além de dezenas de denominações significativas e pequenas.[7]
Islamismo
editarO islamismo surgiu na Arábia[nota 4] no século VII, com uma visão estritamente unitária de Deus.[nota 5] Os muçulmanos (seguidores do islamismo) tipicamente apontam o Alcorão como a autoridade máxima de sua religião, como revelado e esclarecido através dos ensinamentos e práticas[nota 6] de um central, mas não divino, profeta, Maomé. A fé muçulmana abarcou elementos tanto do judaísmo quanto do cristianismo, mas nunca foi considerado uma ramificação de nenhum deles. O islamismo tem dois ramos principais (sunitas e xiitas), cada uma tendo várias denominações.[7]
Conceitos em comum
editarAs três principais religiões abraâmicas têm certas semelhanças. Todas são monoteístas e concebem Deus como uma figura de um criador transcendente e a fonte da lei moral,[8] e as características de suas narrativas sagradas partilham muitos dos mesmos valores, histórias e lugares, embora muitas vezes apresente-os com diferentes funções, perspectivas e significados. Elas também têm muitas diferenças internas com base em detalhes de doutrina e prática. Às vezes e em vários locais as diferentes religiões, e alguns dos ramos dentro da mesma religião básica, têm estado em um conflito amargo com o outro na medida de guerra e derramamento de sangue.[8]
Ver também
editar- ↑ Jacó também é chamado de Israel, um nome que a Bíblia afirma que foi dado por Deus.
- ↑ cf. Judaizantes, Judaísmo Messiânico.
- ↑ O Deus Trino é também chamado de "Santíssima Trindade"
- ↑ O islamismo surgiu especificamente nas cidade de Meca e Medina, na região de Hejaz na Arábia
- ↑ A visão monoteísta de Deus no islamismo é chamado de tawhid que é essencialmente o mesmo conceito de Deus no judaísmo
- ↑ Os ensinamentos e práticas de Maomé são conhecidas coletivamente como o suna, semelhante ao conceitos judaicos da lei oral e exegese ao talmud e ao midrash
- ↑ «Philosophy of Religion» (em inglês). Encyclopædia Britannica. 2010. Consultado em 29 de novembro de 2015
- ↑ Massignon 1949, pp. 20–23
- ↑ Smith 1998, p. 276
- ↑ Derrida 2002, p. 3
- ↑ Hunter, Preston. «Major Religions of the World Ranked by Number of Adherents»
- ↑ Worldwide Adherents of All Religions by Six Continental Areas, Mid-2002. Encyclopædia Britannica. [S.l.: s.n.] 2002. Consultado em 31 de maio de 2006
- ↑ a b c
- Chopra, Ramesh (2005). «Abrahamic». Encyclopaedic Dictionary of Religion. 1. [S.l.]: Gyan Publishing House. p. 5. ISBN 9788182052857
- «The San Diego Union - ———Tribune»
- «WPC library catalog». Arquivado em 1 de dezembro de 2010, no Wayback Machine.
- «"The Journey of Abraham" Event is Part of Library's Stories of Faith Program» (PDF)
- «When Principle and Authority Collide: Baha'i Responses to the Exclusion of Women from the Universal House of Justice». Arquivado em 26 de setembro de 2011, no Wayback Machine.
- «World Association of International Studies, Stanford University, moderated Listserv». [ligação inativa],
- «Lubar Institute for Religious Studies at U of Wisconsin». Arquivado em 8 de setembro de 2007, no Wayback Machine.,
- «Nonviolent Perspectives Within the Abrahamic Religions»
- «The Abrahamic religions: Celebrating diversity through dialogue». By Kermit B. Fernander, Guardian Religion Reporter
- «Warner Pacific College / Library / World Religions». Arquivado em 1 de dezembro de 2010, no Wayback Machine.
- «The Library of Congress > Authorities & Vocabularies > Abrahamic religions»
- ↑ a b «Religion: Three Religions — One God». Global Connections of the Middle East. WGBH Educational Foundation. 2002. Consultado em 20 de setembro de 2009
Bibliografia
editar- Brown, Edward Granville (1911). «Bábíism». In: Chisholm, Hugn. Encyclopædia Britannica. 3 11 ed. [S.l.]: Cambridge University Press
- Derrida, Jacques (2002). Anidjar, Gil, ed. Acts of Religion. New York & London: Routledge. ISBN 978-0-415-92401-6
- Drower, Ethel Stefana (1937). The Mandaeans of Iraq and Iran. Oxford: Clarendon Press. pp. 266–268
- Kreyenbroek, Philip G. (1995). Yezidism--its background, observances, and textual tradition (em inglês). [S.l.]: E. Mellen Press. ISBN 9780773490048
- Lupieri, Edmundo (2001). The Mandaeans: The Last Gnostics. Grand Rapids, MI & Cambridge, UK: Eerdmans. pp. 65–66, 116, 164. ISBN 978-0802833501
- Massignon, Louis (1949). «Les trois prières d'Abraham, père de tous les croyants». Dieu Vivant. 13: 20–23
- Nisan, Mordechai (2002). Minorities in the Middle East: a history of struggle and self-expression 2nd, illustrated ed. [S.l.]: McFarland. ISBN 978-0-7864-1375-1. Consultado em 4 de abril de 2012
- Smith, Jonathan Z. (1998). «Religion, Religions, Religious». In: Taylor, Mark C. Critical Terms for Religious Studies. [S.l.]: University of Chicago Press. pp. 269–284. ISBN 978-0-226-79156-2
- Smith, Peter (2008). An Introduction to the Baha'i Faith. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-86251-6