Jules Dupuit
Arsène Jules Emile Juvénal Dupuit (18 de maio de 1804, Fossano, Itália — 05 de setembro de 1866, Paris) é um engenheiro e economista francês.
Jules Dupuit | |
---|---|
Jules Dupuit
| |
Conhecido(a) por | excedente do consumidor, utilidade |
Nascimento | 18 de maio de 1804 Fossano, Itália |
Morte | 05 de setembro de 1866 (62 anos) Paris, França |
Nacionalidade | francês |
Campo(s) | Engenharia e Economia |
Biografia e ideias
editarApós concluir a sua formação na École Polytechnique em 1822, Dupuit entra como engenheiro no quadro técnico do Estado que trata das pontes e das estradas do seu país. Trabalha primeiro no sistema rodoviário francês e depois na construção do sistema de esgotos de Paris. Casa-se em 1829 e é nomeado engenheiro de primeira classe em 1836.
Foi também, como acontecia muitas vezes naquela época, um estudioso: fez experiências sobre as leis da fricção das rodas na calçada. Chega a uma força de atrito inversa da raiz quadrada do raio da roda, que contradiz os resultados de 1781 de Charles Coulomb, tendo uma polémica com o físico Arthur Morin sobre o assunto.
Escreveu sobre temas de economia política, uma ciência que se encontrava em formação na época, e escreveu em 1849 um artigo sobre portagens, no qual raciocinava sobre a teoria da utilidade. De acordo com William Stanley Jevons: «É ao engenheiro francês Dupuit, que provavelmente deve ser atribuída a primeira compreensão perfeita da teoria da utilidade. Na tentativa de equacionar uma medida precisa da utilidade das obras públicas, ele observou que a utilidade de uma mercadoria não só varia imenso de um indivíduo para outro, como também é muito diferente para a mesma pessoa de acordo com as circunstâncias».[1]
Na mesma linha de pensamento, efectua uma reflexão sobre a definição de uma taxa de imposto óptima e, como tal, aparece como um inspirador das reflexões posteriores de Arthur Laffer. Em artigo publicado nos Anais de Pontes e Calçadas, n° 116,[2] em 1844, existe a seguinte afirmação:
«Se aumentarmos gradualmente um imposto a partir de 0 até ao montante que equivale a um confisco, a sua receita começa por ser nula, em seguida cresce imperceptivelmente, atinge um máximo, e depois decresce sucessivamente até se anular».[3]
Dupuit é conhecido pelo conceito de excedente do consumidor. Como engenheiro e responsável de pontes e estradas em França, ele teve que fazer escolhas entre os muitos pedidos de construção de novas pontes ou estradas. Se uma portagem ajudar a financiar a exploração da ponte, o investimento é rentável. No entanto, Dupuit observa que os indivíduos estariam dispostos a pagar mais para atravessar a ponte. Para saber se a ponte deve ser construída é necessário conhecer o montante máximo que os indivíduos estariam dispostos a pagar. A diferença entre este montante e o valor pago (a portagem) é o excedente do consumidor.[4]
Pelas suas reflexões sobre a comparação entre os custos e proveitos das obras públicas a Dupuit é atribuído o conceito de análise custo-benefício.
Obras
editar- (1837) Essais et expériences sur le tirage des voitures et sur le frottement de seconde espèce.
- (1842) Considérations sur le frais d'entretien des routes.
- (1844) De la mesure de l’utilité des travaux publics.
- (1849) De l'influence des péages sur l'utilité des voies de communication.
- (1851) De l’impôt payé aux maîtres de poste par les entrepreneurs de voitures publiques.
- (1853) De l'utilité et de sa mesure: de l’utilité publique.
- (1853) Du monopole des chemins de fer.
- (1854) Traité théorique et pratique de la conduite et de le distribution des eaux.
- (1854) “Péage“ dans C. Coquelin et Guillaumin (ed.), Dictionnaire de l’économie politique, pp. 339-344.
- (1854) “Routes et Chemins” dans C. Coquelin et Guillaumin (ed.), Dictionnaire de l’économie politique, pp. 555-560.
- (1861) La Liberté Commerciale: son principe et ses conséquences.
- (1861) “Du principe de propriété – Le juste et L’utile”, Journal des économistes.
- A. Jules Etienne Juvenal Dupuit e Jules Dupuit (1863) "Études théoriques et pratiques sur la mouvement des eaux dans les canaux découverts et à travers les terrains perméables : avec des considérations relatives au régime des grandes eaux, au débouché à leur donner, et à la marche des alluvions dans les rivières à fond mobile". Dunod ([1].
- (1865) “Des causes qui influent sur la longueur de la vie moyenne des populations”, Journal des Economistes.
- (1870) Traité de l'équilibre des voûtes et de la construction des ponts en maçonnerie.
Artigos ligados
editarBibliografia
editar- René Roy, 1945, L'ingénieur et le savant, Jules Dupuit et son œuvre économique, École nationale des ponts et chaussées, p. 3-18
- Michel Bouvier (2007), Introduction au droit fiscal général et à la théorie de l'impôt.
- Robert Ekelund et Robert Hébert (1999), Secret Origins of Modern Microeconomics, livre sur Dupuit et les ingénieurs économistes français.
- J.-J. Simonin et François Vatin (sous la direction de.) (2002), L'oeuvre multiple de Jules Dupuit (1804-1866). Calcul d’ingénieur, analyse économique et pensée sociale, Angers: Presses universitaires d'Angers.
- Simonin Jean-Pascal, L'analyse des « chertés alimentaires » par Jules Dupuit (1859) et la théorie de la hiérarchie des besoins de René Roy (1943), Revue économique, n. 6, 2009, volume=60, p. 1455-1467, doi=10.3917, reco.606.1455
Nota
editar- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em francês cujo título é «Jules Dupuit».
Referências
editar- ↑ William Stanley Jevons, The Theory of Political Economy, Macmillan and Co., Londres, 1888, Prefácio à 2ª edição, parágrafo 19, http://www.econlib.org/library/YPDBooks/Jevons/jvnPE0.html#PS.19
- ↑ Jules Dupuit, De la mesure de l´utilité des travaux publiques, Annales des Ponts et Chaussées, n° 116, 1844, p. 332, http://gallicalabs.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k4084622/f335.item.r=1844%20Dupuit.zoom Arquivado em 14 de julho de 2015, no Wayback Machine.
- ↑ Jules Dupuit, artigo citado, p. 370, 2º parag., «Si l'on augmente graduellement un impôt depuis 0 jusqu'au chiffre qui équivaut à une prohibition, son produit commence par être nul, puis croît insensiblement, atteint un maximum, décroît ensuite successivement puis devient nul».
- ↑ Jules Dupuit, De l´influence des péages sur l´utilité des voies de communication, Annales des Ponts et Chaussées, n° 207, 1849, p. 170, http://gallicalabs.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k4084711/f173.item.r=Dupuit.zoom Arquivado em 14 de julho de 2015, no Wayback Machine.