Espaço compacto
Em matemática, mais especificamente em topologia geral, o conceito de compacidade é uma extensão topológica das ideias de finitude e limitação. O início do estudo de espaços compactos se deu no final do século XIX, pelas mãos de Émile Borel e Henri Lebesgue e as observações acerca de intervalos fechados e limitados da reta real. Com o advento de novas classes de espaços topológicos (espaços de funções, espaços definidos em termos de vizinhanças e espaços métricos) a noção de compacidade modificou-se para acompanhar as generalizações; passando por sequencialmente compacto, enumeravelmente compacto (Riesz - 1908, Vietoris - 1912, Janiszewski - 1913, Kuratowski, Sierpiński e Saks - 1921) e finalmente chegando na definição empregada hoje (Alexandrof e Urysohn - 1923).
Definição e Equivalências
editarUm recobrimento para um conjunto é uma coleção de subconjuntos de tal que . Um subrecobrimento de é uma coleção que também é um recobrimento de , i.e. .
Diz-se que um espaço topológico é compacto se possuir a propriedade de Hausdorff e qualquer recobrimento por abertos de admitir um subrecobrimento finito. O leitor deve estar atento que a escola americana define espaço compacto como espaços em que todo recobrimento por abertos (do espaço em questão) admite subrecobrimento finito, o que é chamado de quase-compacto. A definição usando a Espaço Hausdorff é uma característica das escolas francesa, polonesa e russa.
Uma família de subconjuntos de um conjunto possui a propriedade da intersecção finita (abreviadamente, p.i.f.) se, para qualquer finita, verificar . É passivo de verificação que, um espaço topológico é (quase-)compacto se, e somente se, qualquer família de fechados de com a p.i.f. possuir intersecção não vazia.
Uma base para um espaço topológico é uma coleção de abertos de tal que, para qualquer aberto , existe tal que . Uma subbase para é uma coleção não-vazia de abertos desse espaço tal que
é uma base de . É um resultado devido a James Waddell Alexander II que um espaço topológico é (quase-)compacto se, e somente se, qualquer recobrimento de por abertos de uma subbase desse espaço admitir um subrecobrimento finito.
Se é um espaço topológico, diz-se que um ponto é um ponto de acumulação total de um subconjunto se, dada qualquer vizinhança de , . É um resultado devido a Vietoris, Kuratowski, Sierpinski, Alexandroff e Urysohn que as seguintes afirmações são equivalentes
- é compacto;
- Qualquer subconjunto infinito de possui um ponto de acumulação completo;
- Dada qualquer sequência transfinita -decrescente de fechados não-vazios de , a intersecção é não-vazia.
É um resultado devido a Kuratowski, Mrówka e Bourbaki que as seguintes afirmações, acerca do espaço , são equivalentes:
- X é (quase-)compacto;
- Para qualquer espaço a projeção é fechada;
- Para qualquer espaço normal a projeção é fechada.
Em termos de convergência em um espaço Hausdorff , é possível observar a equivalência das seguintes afirmações:
Exemplos
editar- Qualquer espaço finito é quase-compacto;
- Qualquer espaço carregando topologia cofinita é quase-compacto.
- A topologia de ordem direita e a topologia de ordem esquerda em um conjunto totalmente ordenado e limitado são (quase-)compactas.
- Qualquer conjunto fechado e limitado de um espaço euclididano ( ) é compacto.[1]
- Qualquer compacto da Reta de Sorgenfrey é enumerável.
Propriedades
editar- Qualquer fechado em espaço quase-compacto é quase-compacto;
- Qualquer compacto é um espaço normal;
- Todo subspaço compacto de um espaço Hausdorff é fechado;
- Uma imagem contínua de espaços compactos é compacto.
- Toda bijeção contínua de um espaço compacto em um espaço Hausdorff é um homeomorfismo;
- A união finita de espaços (quase-)compactos é (quase-)compacto.
- (Teorema de Tychonoff) O produto qualquer de espaços (quase-)compactos é (quase-)compacto.
- Toda função contínua de em definida num compacto é uniformemente contínua.[2]
Ver também
editarBibliografia
editar- Lima, Elon Lages (1981). Curso de análise, Volume 2. Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Rio de Janeiro: Instituto de Matemática Pura e Aplicada
- Ryszard Engelking, General Topology, Heldermann Verlag, Sigma Series in Pure Mathematics, December 1989, ISBN 3885380064.
- Bourbaki; Elements of Mathematics: General Topology, Addison–Wesley (1966).
- Kelley, John L. (1975). General Topology. [S.l.]: Springer-Verlag. ISBN 0-387-90125-6
- Munkres, James R. (2000), Topology, ISBN 9780131816299, Prentice Hall, Incorporated.
- Alexandrov, Pavel; Urysohn, Pavel (1929), «Mémoire sur les espaces topologiques compacts», Koninklijke Nederlandse Akademie van Wetenschappen te Amsterdam, Proceedings of the section of mathematical sciences, 14.
- Arkhangel'skii, A.V.; Fedorchuk, V.V. (1990), «The basic concepts and constructions of general topology», in: Arkhangel'skii, A.V.; Pontrjagin, L.S., General topology I, ISBN 978-0-387-18178-3, Encyclopedia of the Mathematical Sciences, 17, Springer.
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- Steen, Lynn Arthur; Seebach, J. Arthur Jr. (1995) [1978], Counterexamples in Topology, ISBN 978-0-486-68735-3 Dover reprint of 1978 ed. , Berlin, New York: Springer-Verlag, MR 507446
Ligações externas
editar- Countably compact, PlanetMath.org.
- Sundström, Manya Raman (2010). «A pedagogical history of compactness». arXiv:1006.4131v1 [math.HO]