Dagisteu (general)
Dagisteu (em latim: Dagistheus) foi um oficial bizantino do século VI, ativo durante o reinado do imperador Justiniano (r. 527–565). Como mestre dos soldados da Armênia, esteve ativo durante a Guerra Lázica (541–561) contra o Império Sassânida e conduziu uma série de iniciativas contra as tropas inimigas. Fez um cerco malsucedido contra Petra.
Dagisteu | |
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Nacionalidade | Império Bizantino |
Ocupação | General |
Religião | Cristianismo |
Vida
editarO nome de Dagisteu é de origem germânica e possivelmente pode ter parentesco com o ostrogodo homônimo que esteve ativo nos Bálcãs no século V. Aparece certamente pela primeira vez nas fontes em 547/8, quando foi nomeado mestre dos soldados da Armênia, época na qual ainda era jovem, embora talvez possa ser identificado com o tribuno homônimo de Gérasa ativo nos anos 530. Ainda em 548, após o rei laze Gubazes II (r. 541–555) solicitar ajuda militar bizantina contra o Império Sassânida do xá Cosroes I (r. 531–579), o imperador Justiniano (r. 527–565) enviou-o para Lázica como general de uma força de sete mil bizantinos e mil tzanos. Ao chegar, uniu forçar com Gubazes e sitiou a cidade fortificada de Petra, um empreendimento custoso.[1]
Durante o cerco, notícias do envio por Cosroes I duma força de socorro sob Mermeroes alcançaram os sitiantes. Gubazes redirecionou todas os efetivos lazes às zonas fronteiriças, enquanto solicitou que Dagisteu reunisse um destacamento para proteger o passo montanhoso que dirigia-se para sul do rio Fásis. Dagisteu atendeu ao pedido, porém enviou apenas 100 homens. No meio tempo, pressionou o cerco, conseguindo criar brechas nos muros.[2] Confiante da vitória, negligenciou a tomada da cidade e preferiu enviar a Justiniano uma mensagem relatando sua vitória eminente e solicitando presentes para ele e seu irmão de nome incerto que estava atuando sob seu comando.[3][4]
Como consequência, com a aproximação do exército de Mermeroes, que havia superado os soldados que guarneciam o passo de Fásis, abandonou o cerco e fugiu pelo Fásis sem dar ordens para seu exército. Os soldados bizantinos abandonaram seu acampamento com seus pertences e seguiram-no, enquanto os tzanos atacaram e repeliram os persas que se aproximaram de Petra e então eles próprios saquearam o acampamento bizantino antes de retornaram para casa via Rizeu e Trapezo. Em seguida, após os persas deixarem uma nova guarnição de três mil soldados em Petra[4] e retirarem-se com o restante, Dagisteu reuniu dois mil soldados e juntou forças com o laze Fúbelis e ambos realizaram um ataque noturno contra alguns persas do exército de Mermeroes que estavam pastoreando seus cavalos, matando muitos e espantando os cavalos.[2]
Na primavera de 549, Dagisteu foi convidado por Gubazes II para unirem forças contra um exército sassânida de cinco mil homens que havia sido deixado no país por Mermeroes sob Fabrizo e estava pilhando o campo. Aceitou e marchou com todo seu exército para leste ao longo da marge sul do Fásis; a força conjunta deles compreendia 14 mil soldados.[5] Conseguiram derrotar uma unidade avançada de guarda de mil soldados e então, ao alvorecer, atacaram de surpresa o acampamento inimigo, matando muitos dos sassânidas e capturando um dos comandantes e todos os bens do acampamento. Dagisteu e Gubazes perseguiram os fugitivos em direção à Ibéria, onde encontraram mais persas e conseguiram infligir-lhes mais baixas.[2] Estes revezes obrigaram os sassânidas a abandonar Lázica e os bizantinos e lazes aproveitaram-se disso para destruir as reservas acumuladas por eles que seriam enviadas para Petra, deixaram uma grande guarnição laze para proteger os passos montanhosos e retornaram com os prisioneiros e espólios.[6] Mais tarde no mesmo ano, quando Lázica foi invadida por um exército liderado pelo general Corianes, que estabeleceu seu acampamento próximo ao rio Hípis, Dagisteu e Gubazes marcharam juntos contra ele e estabeleceram seu campo no lado oposto do rio. Na batalha subsequente, enviaram primeiro a cavalaria sob João Guzes e Filegago e então marcharam logo atrás com a infantaria, conseguindo importante vitória.[7]
No meio tempo, os lazes acusaram formalmente Dagisteu de traição e conluio com os persas, sobretudo em decorrência do episódio de Petra.[8] Como resultado, Justiniano colocou-o em detenção em Constantinopla e enviou Bessas para substituí-lo. Apesar disso, em 551, foi enviado, talvez ainda como mestre dos soldados, numa expedição à Itália liderada pelo eunuco Narses. Esteve presente na Batalha da Tumba dos Galos (final de junho de 552), onde comandou o flanco bizantino direito. Em julho, desempenhou um importante papel na recaptura de Roma, quando, ao seguir as instruções de Narses, dirigiu-se com grande efetivo para uma área pouco defendida e escalou os muros, invadindo a cidade e suprimindo a maior parte da resistência. Aparentemente permaneceu na Itália até tão tarde quanto a década de 560, auxiliando Narses na restauração da autoridade bizantina na península.[7]
Ver também
editar
Precedido por Valeriano |
Mestre dos soldados da Armênia 548 — 549 |
Sucedido por Bessas |
- ↑ Martindale 1992, p. 380-381.
- ↑ a b c Martindale 1992, p. 381.
- ↑ Martindale 1992, p. 381; 1439.
- ↑ a b Greatrex 2002, p. 117.
- ↑ Greatrex 2002, p. 117-118.
- ↑ Martindale 1992, p. 381-382.
- ↑ a b Martindale 1992, p. 382.
- ↑ Greatrex 2002, p. 118.
Bibliografia
editar- Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9
- Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8