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Corpus Mysticum, Corpo Místico de Cristo ou mais genericamente Corpo de Cristo é a igreja fundada por Jesus Cristo. Este nome apareceu na Bíblia, sendo utilizado por São Paulo em I Coríntios 12:12-14, em que Paulo descreve a Igreja como o corpo de Jesus Cristo, sendo o próprio Cristo a Cabeça. Outras referências são encontradas em Romanos 12:5, Efésios 3:6 e 5:23, Colossenses 1:18 e 1:24.

A Eucaristia é denominado semelhantemente como o corpus verum ou corpus christi, ou ainda corpus naturale, conforme é descrito pelo próprio Cristo na Bíblia em Lucas 22,19-20.

Catolicismo

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A Igreja Católica afirma ser única e verdadeira Igreja de Cristo, "como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste (subsistit in)" nela.[1] Assim sendo, os fiéis através da em Cristo e do sacramento do Baptismo são partes da Igreja e membros deste Corpo único, místico, inquebrável e divino, cuja cabeça invisível e divina é o próprio Cristo e a cabeça visível ou terrena é o Papa. Este nome é assente também na crença de que os fiéis são unidos intimamente a Cristo, por meio do Espírito Santo, sobretudo na Eucaristia.[2][3]

Esta crença é uma das principais razões da resistência católica, quase sempre por parte dos católicos tradicionalistas, em aceitar outras Igrejas cristãs, pois argumentam que sendo a Igreja Católica o Corpo Místico de Cristo, reparti-lá, criando outra Igreja seria um acto tão abominável e herético quanto o de "amputar e desmembrar o Corpo de Cristo". O Reverendo norte-americano Paul Billheimer fala sobre esta questão:

“A desunião do Corpo de Cristo é o escândalo dos séculos. Creio que se trata do mais hediondo e destrutivo dos pecados das Igrejas [Protestantes]. A falha em reconhecermos (...) e preservarmos a unidade do Corpo de Cristo na Terra é equivalente a reabrimos as suas chagas na cruz. O pecado da desunião é um pecado contra o corpo e o sangue de Jesus fez em João 17. É também o maior obstáculo à salvação do mundo”.[4]

Mas, o Magistério da Igreja Católica ensina actualmente que os cristãos não católicos também são, apesar de um modo imperfeito, membros inseparáveis do Corpo de Cristo, por meio do Baptismo.[5] Ou seja, eles são considerados como elementos da única Igreja de Cristo,[6] que "subsiste (subsistit in) na Igreja Católica".[1] Por isso, estas comunidades cristãs dispõem de muitos, mas não da totalidade, dos elementos de santificação e de verdade necessárias à salvação,[7] sendo esta posição católica uma das bases do ecumenismo actual. Mas, "a fonte de todos esses elementos de santificação é, sempre, a Igreja Católica".[8]

Pio XII

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O Papa Pio XII, na sua encíclica Mystici Corporis Christi (1943),[9] reafirmou que a Igreja de Cristo, que é (ou está ou subsiste) na Igreja Católica, é um Corpo místico encabeçado por Cristo. O Papa explicita que a Igreja é chamada de Corpo, porque é uma entidade viva, formada por fiéis vivos, que são os seus membros; a Igreja é chamada de Corpo de Cristo, porque Cristo é a sua Cabeça e o seu Fundador; a Igreja é ainda chamada de Corpo místico, porque ela não é uma instituição puramente humana, material e terrena, mas também não é uma entidade puramente espiritual e divina. A Igreja é, pois, uma comunhão supra-nacional e unificadora de todo o género humano com Deus e em Deus.[10]

Esta encíclica de Pio XII, pelo seu tema tratado, teve grandes repercussões no seio da Igreja Católica, suscitando mesmo actualmente vários debates e discussões sobre o seu conteúdo. Como por exemplo, devido aos seus ensinamentos teológicos, os fiéis católicos, sejam eles clérigos, leigos ou consagrados, passaram pouco a pouco a gozar de uma igual dignidade entre si, apenas diferenciando-se nas suas funções. Esta encíclica, que se baseava na teologia de São Paulo, influenciou também fortemente o próprio Concílio Vaticano II (1962-1965), que usou e defendeu o seu conceito de Igreja (a Igreja como Corpo místico de Cristo) na sua constituição dogmática Lumen Gentium, que trata da natureza e da constituição da Igreja.

Ver também

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Referências
  1. a b Compêndio do Catecismo da Igreja Católica (CCIC), n. 162.
  2. Catecismo da Igreja Católica (CIC); n. 790, 792 e 795.
  3. CCIC; n. 156, 157, 274 e 282.
  4. Revista Veja, edição de 2 de abril de 1997. pág.:104.
  5. CCIC, n. 163.
  6. CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ (Cardeal Ratzinger), "Dominus Iesus" (2000); nota 56.
  7. CCIC, n. 163
  8. "Fora da Igreja não há salvação/afirma o Concílio Vaticano II" Arquivado outubro 25, 2009 no WebCite da "Doutrina Católica".
  9. Encíclica Mystici Corporis Christi, no site da Santa Sé.
  10. Acta Apostolicae Sedis, 193 (1943).