Celso Daniel
Celso Augusto Daniel (Santo André, 16 de abril de 1951 — Juquitiba, 18 de janeiro de 2002) foi um professor, engenheiro e político brasileiro, filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT), exerceu o cargo de prefeito de Santo André por duas vezes: de 1989 a 1993 e de 1997 até 2002, quando foi assassinado.
Celso Daniel | |
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18.° e 20.° Prefeito de Santo André | |
Período | 1º de janeiro de 1997 até 18 de janeiro de 2002 (2 mandatos consecutivos) |
Vice-prefeito | João Avamileno |
Antecessor(a) | Newton Brandão |
Sucessor(a) | João Avamileno |
Período | 1º de janeiro de 1989 até 1º de janeiro de 1993 |
Vice-prefeito | José Cicote (1989-1991) Cargo Vago (1991-1993) |
Antecessor(a) | Newton Brandão |
Sucessor(a) | Newton Brandão |
Deputado Federal por São Paulo | |
Período | 1º de fevereiro de 1995 até 1º de janeiro de 1997 |
Legislatura | 50.ª (1995-1999) |
Sucessor(a) | Luís Eduardo Greenhalgh |
1.° e 5.° Presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC | |
Período | 1.° - 1991 até 1992 2.° - 1997 |
Vice-presidente | 1.° - Aparecido Benedito Franco (prefeito de Rio Grande da Serra) 2.° - Gilson Menezes (prefeito de Diadema) |
Antecessor(a) | 1.° - Cargo Criado 2.° - Valdírio Prisco |
Sucessor(a) | 1.° - Valdírio Prisco 2.° - Maurício Soares |
Dados pessoais | |
Nome completo | Celso Augusto Daniel |
Nascimento | 16 de abril de 1951 Santo André, SP |
Morte | 18 de janeiro de 2002 (50 anos) Juquitiba, SP |
Progenitores | Pai: Bruno José Daniel |
Alma mater | Universidade de São Paulo Instituto Mauá de Tecnologia Fundação Getúlio Vargas |
Cônjuge | Miriam Belchior (c. 1986; d. 1996) Ivone Santana (c. 1996; m. 2002) |
Filhos(as) | Liora Santana Daniel |
Partido | PT (1980-2002) |
Profissão | engenheiro, professor |
Origens e formação
editarNascido em Santo André, Celso Daniel era filho de Bruno José Daniel, ex-prefeito da sua cidade natal. Estudou filosofia na Universidade de São Paulo e bacharelou-se em engenharia pelo Instituto Mauá de Tecnologia, tendo concluído seu mestrado na Fundação Getúlio Vargas.[1]
Trabalhou no Departamento de Trânsito da Prefeitura Municipal entre 1974 e 1978.[2]
Carreira política
editarCelso Daniel iniciou-se na política em 1982, quando foi candidato à prefeito de Santo André, sendo derrotado por Newton da Costa Brandão, foi candidato novamente em 1988, quando obteve 173 962 votos e foi eleito pela primeira vez para Prefeito de Santo André, permanecendo no cargo até 1992.[1][3]
Nas Eleições de 1994 candidatou-se ao cargo de Deputado Federal pelo Estado de São Paulo e recebeu 96 957 votos, dos quais 71 534 votos só na cidade de Santo André.[3] Permaneceu na Câmara dos Deputados entre 1995 e 1996,[4] quando renunciou para candidatar-se a prefeitura de Santo André pela segunda vez e foi eleito em primeiro turno com 52% dos votos válidos.[1][3][5] Conseguiu ser reeleito nas eleições de 2000 e tinha sido escolhido, no final de 2001, coordenador do programa de governo do PT à Presidência.[6]
Idealizador do Consórcio Intermunicipal Grande ABC,[7] foi presidente da entidade regional por três mandatos: 1991, 1992 e 1995.[8]
Prefeitura de Santo André
editarDurante suas gestões a frente da prefeitura de Santo André, Celso Daniel foi precursor de iniciativas de grande relevância para a cidade, como o Programa de Modernização Administrativa de Santo André, o Programa Integrado de Inclusão Social, o projeto Grafitti Nossa Parte e a Câmara do Grande ABC, atual Consórcio do Grande ABC.[9] Além das inovações administrativas, foram entregues importantes equipamentos públicos como a requalificação do Parque Duque de Caxias, atualmente Parque Prefeito Celso Daniel, o Terminal Urbano e Rodoviário Prefeito Saladino[10], o Corredor Vila Luzita[11][12] dentre diversas instalações de saúde e educação.
Programa de Modernização Administrativa de Santo André
editarO Programa de Modernização Administrativa de Santo André procurou modificar estruturas e procedimentos do serviço público municipal, tornando-a mais ágil e eficiente, de forma a facilitar o acesso dos cidadãos a informações e a serviços oferecidos pela prefeitura. Esse programa incluiu:
- A implantação de postos de atendimento reunindo diversos serviços públicos em um único local, contando também com sistemas informatizados;
- Disponibilização de informações no site da prefeitura e prestação de serviços por meio da Internet;
- Implantação de um serviço que possibilita o acesso a informações e a solicitação de documentos por telefone;
- Formação e capacitação do funcionalismo.[9]
Assassinato
editarCelso Daniel foi sequestrado na noite do dia 18 de janeiro de 2002 após ter jantado em um restaurante na Alameda Santos, centro da cidade de São Paulo, com o empresário Sérgio Gomes da Silva. O prefeito estava em um Mitsubishi Pajero quando supostamente foi perseguido por três carros, um Santana, um Golf e um Tempra.[13][14]
O prefeito foi retirado do seu veículo na região dos Três Tombos, na Zona Sul de São Paulo, Gomes da Silva foi deixado no local. O corpo de Celso Daniel foi encontrado dois dias depois na Estrada das Cachoeiras, no Bairro do Carmo, na altura do quilômetro 328 da Rodovia Régis Bittencourt (BR-116), em Juquitiba.[14][15]
O inquérito da Polícia Civil concluiu que Celso Daniel foi sequestrado e morto por uma quadrilha que atuava na Favela Pantanal, na Zona Sul de capital. Segundo o inquérito, os criminosos teriam sequestrado Celso Daniel após perder de vista um empresário não identificado.[14][16] Ao saber que a vítima era o prefeito de Santo André, o líder da quadrilha, Ivan Rodrigues da Silva, conhecido como "Monstro", teria ordenado que ele fosse "dispensado", o que significaria que Celso Daniel deveria ser libertado, porém, José Édson da Silva, outro integrante da facção, teria entendido que ele deveria ser morto. Ele contratou um menor denominado "Lalo", que mais tarde assumiu ter atirado no prefeito na Estrada das Cachoeiras, onde, o corpo dele foi encontrado.[14][17]
Apesar disso, muitas pessoas, entre elas membros da família de Daniel, acreditam que o crime teve motivação política.[14][18] Há, inclusive, pelo menos 7 mortes relacionadas ao ex-prefeito. Entre elas, o garçom Antônio Palácio de Oliveira, que atendeu ao empresário Sérgio Sombra e o então vereador de Santo André Klinger Luiz de Oliveira Souza, do PT. A tese do Ministério Público é que Celso foi vítima de um crime de encomenda, desdobramento de um esquema instalado na própria prefeitura, coordenado por ele, destinado a desviar recursos para o Partido dos Trabalhadores. Membro do grupo, Sérgio Sombra, amigo pessoal do prefeito, é acusado de ser o mandante.[19]
Em 2019, em delação premiada vazada, o empresário e publicitário Marcos Valério acusou e então ex-presidente Lula de ser o mandante do crime.[20][21]
Homenagens póstumas
editarA Faculdade de Engenharia do Centro Universitário Fundação Santo André, o parque mais antigo da cidade (antigo Parque Duque de Caxias) e a Estação Santo André da CPTM levam seu nome.[22]
- ↑ a b c «Celso Daniel é prefeito de Santo André pela terceira vez». Folha de S.Paulo. 2 de outubro de 2000. Consultado em 13 de dezembro de 2022
- ↑ «Prefeitos de Santo André». santoandre.sp.gov.br. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ a b c «Cinco Desafios». Teoria e Debate. 25 de janeiro de 1997. Consultado em 12 de dezembro de 2022
- ↑ «Biografia do(a) Deputado(a) Federal CELSO DANIEL». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 18 de dezembro de 2020
- ↑ «Maioria dos parlamentares candidatos não consegue se eleger nos municípios». Folha de S.Paulo. 7 de outubro de 1996. Consultado em 12 de dezembro de 2022
- ↑ «Prefeito coordena programa de governo de Lula». Folha de S.Paulo. 20 de janeiro de 2002. Consultado em 12 de dezembro de 2022
- ↑ «Comemoração dos 25 anos vai homenagear ex-presidentes do Consórcio nesta noite». consorcioabc.sp.gov.br. Consultado em 12 de junho de 2020
- ↑ «Galeria de Presidentes - Consórcio Intermunicipal Grande ABC». consorcioabc.sp.gov.br. Consultado em 12 de junho de 2020
- ↑ a b Farah, Marta (Abril de 2002). «O LEGADO DE CELSO DANIEL PARA A GESTÃO PÚBLICA». Fundação Getúlio Vargas. O LEGADO DE CELSO DANIEL PARA A GESTÃO PÚBLICA. Consultado em 12 de julho de 2024
- ↑ «Santo André inaugura terminal - Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: setecidades». Jornal Diário do Grande ABC. 15 de novembro de 2000. Consultado em 12 de julho de 2024
- ↑ «Terminal da V.Luzita será entregue no dia 2 - Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: setecidades». Jornal Diário do Grande ABC. 23 de agosto de 2001. Consultado em 12 de julho de 2024
- ↑ «Terminal da Vila Luzita vai iniciar operações em abril - Diário do Grande ABC - Notícias e informações do Grande ABC: setecidades». Jornal Diário do Grande ABC. 5 de janeiro de 2001. Consultado em 12 de julho de 2024
- ↑ Silvio, Navarro. Celso Daniel : política, corrupção e morte no coração do PT. [S.l.: s.n.] ISBN 8501107727. OCLC 971955780
- ↑ a b c d e Jiménez, Carla (5 de abril de 2016). «"É fácil fazer teoria da conspiração, mas a morte de Celso Daniel não foi política"». EL PAÍS. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ «Júri popular condena 1º réu por morte de Celso Daniel a 18 anos de prisão». R7. Rede Record. Consultado em 18 de novembro de 2010
- ↑ «Caso Celso Daniel: crime chocou o país, e investigação assombrou o PT | ReVEJA». VEJA.com. Consultado em 20 de julho de 2021
- ↑ Marra, Lívia (1º de abril de 2002), «Veja em detalhes como foi o sequestro do prefeito Celso Daniel», Folha Online.
- ↑ «Para namorada de Daniel, há "conspiração"». Folha de S.Paulo. 21 de dezembro de 2003. Consultado em 1 de julho de 2021
- ↑ «CASO CELSO DANIEL 2 – Todos os mortos de uma história com muitos enigmas e nenhuma resposta | Reinaldo Azevedo». VEJA. Consultado em 23 de junho de 2023
- ↑ redacaoterra. «Lula mandou matar Celso Daniel, afirma Marcos Valério». Terra. Consultado em 20 de novembro de 2023
- ↑ «Marcos Valério cita Lula como um dos mandantes da morte de Celso Daniel». VEJA. Consultado em 20 de novembro de 2023
- ↑ Bonilha, Paola Zanei (20 de junho de 2012). «Fundação Santo André comemora meio século de ensino». Prefeitura da Santo André. Consultado em 4 de abril de 2015.
No fim dos anos 1990 iniciou-se a transformação das faculdades isoladas, Fafil e Faeco, em Centro Universitário. À mesma época, criou-se a terceira faculdade – a Faeng, Faculdade de Engenharia Celso Daniel.
Ligações externas
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