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Canção de Ninar (livro)

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Chanson Douce é um romance de Leïla Slimani, escritora e jornalista franco-marroquina. No Brasil, o livro foi publicado em 2018 pelo selo Tusquets da editora Planeta, com o título Canção de Ninar.[1] Em 2016, ganhou o Prêmio Goncourt.[2]

Chanson Douce
Canção Doce [PT]
Canção de Ninar [BR]
Autor(es) Leïla Slimani
Idioma francês
Gênero romance
Editora Gallimard
Lançamento 2016
Edição portuguesa
Tradução Tânia Ganho
Editora Alfaguara
Lançamento 2017
Páginas 216
ISBN 9789896652234
Edição brasileira
Tradução Sandra Mara Stroparo
Editora Tusquets
Lançamento 2018
Páginas 192
ISBN 9788542212037
Canção de Ninar

Enredo

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Myriam, mãe de duas crianças pequenas, decide voltar a trabalhar mesmo com a relutância do marido. Assim, o casal inicia uma seleção em busca da babá perfeita até encontrar Louise, uma mulher discreta e educada. Ela se dá bem com as crianças, mantém a casa sempre limpa e não reclama quando precisa ficar até tarde. Aos poucos, no entanto, a relação de dependência mútua entre a família e Louise dá origem a pequenas frustrações, até o dia em que ocorre a tragédia.[1]

De forma brutal, a trama do livro começa com o assassinato de duas crianças pela sua babá. Em seguida, narra a história de fundo dos pais, um casal parisiense liberal de classe média alta e da babá, uma mulher que está lutando econômica e psicologicamente.[3]

Com uma tensão crescente construída desde as primeiras linhas, o romance trata de questões que revelam a essência de nossos tempos, abordando as relações de poder, os preconceitos entre classes e culturas, o papel da mulher na sociedade e as cobranças envolvendo a maternidade.[1]

Em Chanson Douce, Slimani explora as diferenças sociais, culpas e relações de poder presentes na sociedade, sem julgamentos ou condescendências. Na história, a babá transita entre a loucura e o desejo ilusório de alcançar a perfeição para pertencer a uma família burguesa.[4] Louise possui as melhores referências dos pais das crianças de quem cuidou ao longo de sua vida, mas ela é solitária, pobre e triste. A babá quer pertencer a algum lugar, mas enlouquece e acaba perdendo o senso de realidade.[5]

O final trágico é o ponto de partida para a trama que sugere uma grande reflexão: “Por que pessoas aparentemente normais são capazes de fazer tais crueldades?”. Segundo a autora, a intenção de escrever sobre um crime tão cruel não é a busca por justificativas, mas jogar luz em problemas socioeconômicos que contribuem para essas atrocidades acontecerem. A pobreza extrema, por exemplo, é uma das questões levantadas no romance; a babá, Louise, é a assassina mas é também fruto de uma estrutura social opressora. Na opinião de Slimani, a miséria pode causar violência e levar muitas pessoas à loucura.[6]

O livro trata também sobre a culpa materna. Myriam quer estar presente no desenvolvimento dos filhos, ao mesmo tempo que quer quer retomar o sonho dos tempos de faculdade de Direito e se realizar profissionalmente. A pressão vem da sociedade, da família e das próprias mulheres.[5] "Percebi, na qualidade de mulher e na qualidade de mãe, que eu só poderia ser realmente emancipada e livre quando tivesse aceitado o fato der ser imperfeita." Para a escritora, a sociedade imputa muito mais culpa às mulheres que aos homens, especialmente no que diz respeito à maternidade.[4]

Outro tema observado no livro é a exposição do racismo e da divisão entre classes sociais numa hostil sociedade parisiense. Notam-se nas conversas entre as babás, nas conversas entre amigos, ou, nas decisões a tomar. Mas, uma hostilidade mais sutil do que ostensiva.[3]

Desenvolvimento

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Slimani resolveu escrever um livro sobre babás por achá-las personagens interessantes e pelo potencial de discutir a relação entre as diferentes classes sociais. Segundo a autora, as babás possuem uma intimidade e um conhecimento da família com quem trabalham. Alimentam e ensinam as crianças que não são delas. Os patrões dizem que são da família, elas moram em suas casas, mas, ainda assim, elas não pertencem àquela casa, àquela família.[5] A ideia de escrever o romance surgiu de várias entrevistas que ela realizou com candidatas à babá de seu filho, e foi então que ela percebeu a violência sofrida por aquelas mulheres.[7] O suspense é baseado livremente na história real de Yoselyn Ortega, uma babá de Nova York, que assassinou as duas crianças das quais cuidava e tentou suicídio em seguida, em 2012.[6][3] Para a autora, "A literatura não tem o papel de dar desculpas pra nada, nem pra ninguém, mas tentar entender que, inclusive, cada monstro tem as suas razões".[7]

Além desse caso, Slimani nomeou a babá Louise em referência a Louise Woodward, uma babá britânica de 19 anos que foi trabalhar nos Estados Unidos e acabou matando a criança que estava sob seus cuidados, em 1997.[8]

A descrição do crime é o ponto de partida da obra, e a autora decidiu desenvolver a trama desta forma para captar logo a atenção do leitor, e fazê-lo se questionar o que leva uma pessoa a matar uma criança. A partir do choque inicial, o leitor passa a querer compreender o crime e se torna um investigador. É uma investigação psicológica, mas também uma radiografia dos fatos aparentemente insignificantes do cotidiano. E com um efeito de real: tudo o que se passa na vida destas pessoas pode acontecer também na vida do leitor.[9]

Recepção

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O romance foi bem recebido pelos críticos franceses, se tornando o livro mais lido na França, no ano de seu lançamento.[10] Chanson Douce vendeu mais de 600.000 exemplares só na França, e chocou a sociedade pela temática.[11]

Em 2016, ganhou o Prêmio Goncourt,[2] tornando Slimani a mais jovem escritora e 12ª mulher a receber a homenagem, que premiou 102 homens desde sua criação, em 1903.[7]

Adaptações

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Uma adaptação cinematográfica foi lançada no ano de 2019. Com título homônimo, o filme foi dirigido por Lucie Borleteau e estrelado por Karin Viard.[12]

Referências
  1. a b c «Canção de ninar». Planeta de Livros Brasil. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 31 de julho de 2018 
  2. a b «ACADÉMIE GONCOURT» (em francês). Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 13 de dezembro de 2019 
  3. a b c Rufino, Mário (5 de julho de 2017). «'Canção Doce', de Leila Slimani: uma história de um infanticídio». Comunidade, Cultura e Arte. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 3 de dezembro de 2017 
  4. a b Lisboa, Vinicius (27 de julho de 2018). «Escritora francesa de origem marroquina diz que pertence à literatura». Agência Brasil. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 28 de julho de 2018 
  5. a b c Rodrigues, Maria Fernanda (6 de março de 2018). «Leïla Slimani fala sobre a trágica história de 'Canção de Ninar', seu best-seller premiado». O Estado de S. Paulo. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 12 de julho de 2018 
  6. a b Ralston, Ana Carolina (2 de junho de 2018). «Canção de Ninar: autora Leïla Slimani vem ao Brasil como uma das estrelas da Flip». Vogue. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 27 de julho de 2019 
  7. a b c «Best seller da Flip, Leila Slimani fala sobre livro "Canção de Ninar"». Marie Claire. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 23 de janeiro de 2019 
  8. Costa, Luísa (29 de julho de 2018). «Leïla Slimani: 'É preciso colocar mãe e pai em pé de igualdade'». Veja. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 4 de outubro de 2018 
  9. Silva, José Mário (17 de junho de 2017). «Leïla Slimani: "Tenho uma imaginação muito negra"». Expresso. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 13 de dezembro de 2019 
  10. El Masaiti, Amira (2 de fevereiro de 2017). «Leïla Slimani's Chanson Douce Is Most Read of 2016 in France» (em inglês). Morocco World News. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 13 de novembro de 2019 
  11. Collins, Lauren (25 de dezembro de 2017). «The Killer-Nanny Novel That Conquered France» (em inglês). The New Yorker. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 11 de dezembro de 2019 
  12. Mintzer, Jordan (29 de novembro de 2019). «'Perfect Nanny' ('Chanson douce'): Film Review» (em inglês). The Hollywood Reporter. Consultado em 13 de dezembro de 2019. Cópia arquivada em 11 de dezembro de 2019