Boeing 707
O Boeing 707 é um avião comercial a jato quadrimotor de porte médio e fuselagem estreita desenvolvido e produzido pela Boeing entre os anos de 1958 e 1979. Possuía uma capacidade de 140 até 219 passageiros, com autonomia de 2 500 a 5 750 milhas náuticas (4 630 a 10 650 km).[1]
Boeing 707 | |
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Descrição | |
Tipo / Missão | Avião comercial |
País de origem | Estados Unidos |
Fabricante | Boeing |
Período de produção | 1958–1979 |
Quantidade produzida | 856 |
Custo unitário | US$ 4,3 milhões (1955) |
Primeiro voo em | 20 de dezembro de 1957 (66 anos) |
Introduzido em | 21 de outubro de 1958, com a Pan American World Airways |
Tripulação | 3 (piloto, copiloto e engenheiro de voo) |
Passageiros | 166 |
Especificações | |
Dimensões | |
Comprimento | 46,61 m (153 ft) |
Envergadura | 44,42 m (146 ft) |
Altura | 12,93 m (42,4 ft) |
Peso(s) | |
Peso vazio | 49 900 kg (110 000 lb) |
Peso máx. de decolagem | 151 320 kg (334 000 lb) |
Performance | |
Velocidade de cruzeiro | 972 km/h (525 kn) |
Alcance (MTOW) | 5 040 km (3 130 mi) |
Notas | |
Dados da Wikipédia anglófona - 707 |
O 707 foi o primeiro avião comercial a jato produzido em série pela Boeing. Embora não tenha sido o primeiro avião comercial a jato, o 707 foi um grande sucesso comercial e dominou o transporte aéreo de passageiros durante as décadas de 60 e o início da década de 70. Foi graças ao 707 que a Boeing se tornou a maior fabricante de aviões comerciais do mundo.
Desenvolvimento
editarModelo 367-80
editarDurante e após a Segunda Guerra Mundial, a Boeing era uma fabricante sem muita expressão, conhecida apenas pelas suas aeronaves militares. A empresa havia produzido bombardeiros inovadores para a época, como o B-17 Flying Fortress e o B-29 Superfortress, mas suas aeronaves civis não eram páreas às desenvolvidas pela Douglas Aircraft e outras competidoras.
Enquanto a Douglas e a Lockheed dominavam o mercado aéreo pós-guerra, a demanda por aviões da Boeing diminuía gradativamente, com o 377 Stratocruiser recebendo apenas 56 pedidos. Esse empreendimento resultou em um prejuízo de US$ 15 milhões.[2] Entre 1949 e 1950, a Boeing iniciou estudos para um novo modelo de avião comercial a jato, com a possibilidade de servir tanto de forma civil quanto militar.[3]
Sendo o primeiro de uma nova geração de jatos de passageiros americanos, a Boeing queria que o nome da aeronave enfatizasse a diferença de sua aeronave anterior movida a hélice, que carregava números da série 300.[4] Como as séries 400, 500 e 600 já eram usadas em outros projetos, o departamento de marketing escolheu “707” pois era mais atraente do que apenas “700”.[5]
Na época, quase toda a receita da Boeing vinha de contratos militares. Em um voo de demonstração sobre o Lago Washington, nos arredores de Seattle, em 7 de agosto de 1955, o piloto de testes Tex Johnston executou um tunô-barril no protótipo 367-80, impressionando os espectadores, entre eles empresários e donos de companhias aéreas.[6][7]
Produção
editarO primeiro voo do 707 ocorreu em 20 de dezembro de 1957, e a certificação da Administração Federal de Aviação (FAA) ocorreu em 18 de setembro de 1958.[8] Uma série de mudanças foram incorporadas aos modelos de produção. Um flap Krueger foi instalado ao longo do bordo de ataque entre os motores internos e externos nos primeiros modelos.[9][10] Isso foi em resposta aos acidentes do De Havilland Comet, que ocorreram após a rotação excessiva na decolagem.[11]
A produção do 707 terminou em 1978, embora as versões de uso militar tenham continuado em produção até 1991. A Boeing fabricou um total de 856 unidades do avião.[12]
Histórico operacional
editarNo Brasil
editarVarig
editarEm 1960, a Varig adquiriu os primeiros modelos, com o 707 sendo responsável pelo crescimento internacional da empresa, com vinte aeronaves operadas.[13] No entanto, seus índices de segurança eram ruins, já que sete aeronaves sofreram acidentes com perda total, cerca de 35% da frota. O modelo operou até o final da década de 1980, quando foi substituído pelo Douglas DC-10.[14][15]
Transbrasil
editarA partir de 1984, a Transbrasil operou 9 unidades do 707, utilizando-os até meados da década de 1990. As últimas aeronaves remanescentes foram transferidas para a ala cargueira da empresa.[16]
Força Aérea Brasileira
editarNa Força Aérea Brasileira (FAB), o 707 teve o prefixo alterado para KC-137, operando de 1986 até agosto de 2013. No total, 4 unidades foram utilizadas pela FAB, sendo responsáveis pelo transporte do Presidente da República. O modelo foi apelidado pela população como “sucatão”, uma vez que possuía mais de 50 anos de idade no fim de sua vida operacional.[17]
Empresas cargueiras
editarO avião também foi operado por diversas empresas cargueiras. A última empresa brasileira a operar o avião foi a BETA Cargo, até o ano de 2008. Parte da frota da BETA se encontra abandonada no Aeroporto Internacional de Manaus.[16][18]
Em Portugal
editarA maior frota de 707 em Portugal foi operada pela TAP Air Portugal. O primeiro voo comercial desta aeronave foi realizado em 22 de dezembro de 1965, partindo de Lisboa em direcção a Luanda.[19]
Atualmente
editarAtualmente, só existem quatro Boeing 707 que ainda voam no mundo. Três são operados pela empresa de reabastecimento aéreo Omega Air Refueling, tendo 3 aparelhos especialmente modificados para essa função. O quarto, que tem fins comerciais, voa pela Saha Air Lines, uma companhia aérea do Irã.
Características
editarO 707 é um quadrijato, possuindo dois motores sob cada asa. A primeira linha aérea a operá-lo foi a Pan Am, realizando a rota Nova Iorque - Paris, em 26 de outubro de 1958.
O alcance do Boeing 707 é de aproximadamente 5 700 mn (10 659 km), velocidade de cruzeiro de 815 km/h, e a capacidade de passageiros, de até 202 pessoas. O Boeing 737, o Boeing 727 e o Boeing 747 utilizaram muito da tecnologia do seu antecessor, e podem ser consideradas como descendentes diretos dele.
Variantes
editar- Boeing 367-80: Foi o primeiro modelo desenvolvido da série 707, voando pela primeira vez em 1954.
- Boeing 707-100: Foi a primeira versão, vendida para a Pan Am.
- Boeing 707-200: Com motores Pratt & Whitney.
- Boeing 707-300: é a versão de maior sucesso, com melhorias, novas asas e novos motores.
- Boeing 707-400/420/441: Versão alongada, com motores Rolls-Royce.
- Boeing 720: Versão menor, para pistas curtas.
Variantes experimentais
editar- Boeing 707RE: Foi um 707 modificado e remotorizado com os potentes motores Pratt & Whitney JT8D-219, os mesmos que equipam o Boeing 727.
- Boeing 707-700 CFM56 Test: Foi uma versão experimental utilizada pela Boeing, com motores turbofan CFM International CFM56, para testes em voo de um programa de remotorização de unidades do 707 já existentes, sendo a principal alternativa para reduzir consideravelmente os excessivos níveis de ruído provocados pelos antigos motores e dar uma sobrevida a aeronave. Apenas um protótipo foi construído.
Dados técnicos
editar707-100 | 707-300 | |
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Tripulação de cabine | 3 ou 4 | |
Passageiros | 110-179 | 147-219 |
Comprimento | 44,07 m | 46,61 m |
Envergadura | 39,90 m | 44,42 m |
Altura | 12,93 m | 12,93 m |
Peso máximo de decolagem (MTOW) | 116 570 kg | 151 320 kg |
Peso da aeronave vazia | 55 580 kg | 66 406 kg |
Pista mínima para decolagem | 3 330 m | 3 280 m |
Capacidade de combustível | 65 600 L | 90 300 L |
Pista mínima para pouso | 1 875 m | 1 813 m |
Alcance Operacional | 5 200 km | 6 920 km |
Alcance Máximo (MTOW) | 8 704 km | 10 650 km |
Velocidade de cruzeiro | 1 000 km/h | 972 km/h |
Largura da fuselagem | 3,76 m | |
Motores (4 x) | Pratt & Whitney JT3D-1 | Pratt & Whitney JT3D-3 ou JT3D-7 |
Operadores
editar- American Airlines
- Boeing
- Omega Air Refueling
- Pan Am
- USAF
- Ator estadunidense John Travolta
Ver também
editar- Desenvolvimento relacionado
- Aeronaves semelhantes
- ↑ «707 Aircraft Performance» (PDF). www.boeing.com. Consultado em 22 de setembro de 2012. Arquivado do original (PDF) em 26 de maio de 2012
- ↑ «TIME.com: Gamble in the Sky -- Jul 19, 1954 -- Page 1». web.archive.org. 22 de dezembro de 2006. Consultado em 14 de março de 2023
- ↑ Wilson 1998, p. 18
- ↑ Irving 1994, p. 171.
- ↑ Lombardi, Mike (Março de 2004). «Boeing Frontiers Online: Why 7's been a lucky number». www.boeing.com. Consultado em 13 de junho de 2021. Cópia arquivada em 16 de abril de 2021
- ↑ Ruffin, Steven A (2005). Aviation's Most Wanted: The Top 10 book of Winged Wonders, Lucky Landings and Other Aerial Oddities. Washington D.C.: Potomac Books. p. 320. ISBN 978-1574886740
- ↑ Johnston, A. M. (Dezembro de 2000). Tex Johnston: Jet-Age Test Pilot. [S.l.]: Smithsonian Books. p. 204. ISBN 978-1-56098-931-8
- ↑ Pither 1998, p. 21
- ↑ Bowers 1989, p. 434
- ↑ "Boeing 707." airlinercafe.com. Retrieved December 27, 2009.
- ↑ The Road To The 707, The Inside Story of Designing the 707, William H. Cook1991, ISBN 0 9629605 0 0, p.249
- ↑ Glancey, Jonathan (19 de outubro de 2014), «Boeing 707: The aircraft that changed the way we fly», BBC, consultado em 30 de novembro de 2021, cópia arquivada em 25 de novembro de 2021,
Boeing built 1,010 707s for commercial airlines between 1958 and 1978, and a further 800 for the military up until 1991
- ↑ «Um 707 guerrilheiro ex-Varig». Cavok. Consultado em 22 de setembro de 2016
- ↑ «Um 707 guerrilheiro ex-Varig». Cavok. Consultado em 22 de setembro de 2016
- ↑ «Ascensão e queda da Varig». Aero Magazine. Consultado em 21 de setembro de 2016
- ↑ a b «Os primeiros Boeings de cada tipo no Brasil : Aviões e Músicas». www.avioesemusicas.com. Consultado em 30 de julho de 2021
- ↑ Redação (17 de agosto de 2015). «Último KC-137, o famoso "sucatão", será leiloado pela FAB». Airway. Consultado em 14 de março de 2023
- ↑ Liasch, Jonas (27 de fevereiro de 2010). «Cultura Aeronáutica: A conturbada carreira dos Boeing 707 da Varig». Cultura Aeronáutica. Consultado em 30 de julho de 2021
- ↑ «Jornal TAP Online PRIMEIRO BOEING 707 CHEGOU À TAP HÁ 50 ANOS». jornal.tap.pt. Consultado em 15 de fevereiro de 2020
Ligações externas
editar- A família Boeing 707 na Boeing.com
- Guia detalhado sobre a família 707/720 na airlinercafe.com
- Página do Boeing 707 na Airliners.net
- Aviação Comercial - Boeing 707
- Um curioso 707 projetado com duplo-decker
- «Vídeo sobre a missão de reabastecimento de dentro de um B-707 TT Tanker da Força Aérea Italiana». [ligação inativa]
- Desastres envolvendo Being´s 707 AirDisaster.Com