[go: up one dir, main page]

Albumina humana

proteína

A albumina sérica humana é uma proteína presente no plasma sanguíneo, desempenhando funções importantes, como o transporte de diversas moléculas — incluindo ácidos graxos, hormônios e vários outros tipo de moléculas — e a regulação da pressão oncótica (coloidosmótica), que é a pressão nos vasos sanguíneos.

human serum albumin
Identificadores
Nomes alternativos
IDs externosGeneCards: [1]
Wikidata
Ver/Editar Humano

Síntese

editar

A síntese de albumina ocorre no fígado, nos hepatócitos. A produção inicia com a transcrição do DNA em mRNA no núcleo, seguida pela tradução no retículo endoplasmático rugoso, formando um precursor chamado pré-pro-albumina. Este é processado no retículo e no Golgi, transformando-se em albumina madura, que é liberada diretamente no plasma hepático. A regulação envolve RNA ribossômico e fatores como hormônios, nutrição e pressão osmótica.[1][2] O gene ALB (213 no NCBI) é responsável pela codificação da albumina sérica humana, localizado no cromossomo 4 na posição 4q13.3.[2] A albumina sérica humana (Mr 64.500) é composta por 585 aminoácidos em uma única cadeia[3], com peso molecular de aproximadamente 69.000 g/mol[4] e uma produção diária entre 10 e 15 g.[3] Sua meia-vida sérica é de cerca de 21 dias.

Funções

editar

Por ser solúvel no plasma, a albumina transporta uma grande diversidade de moléculas como ácidos graxos, hormônios e bilirrubina.[3] Para isso, possui três domínios, que possuem subdomínios, permitindo o transporte simultâneo de múltiplas moléculas[5], por exemplo 30 moléculas de ácidos graxos podem se acoplar em apenas uma albumina.[4] O formato da proteína foi descrito como o de um coração por conta da divisão de seus domínios.[3] Ela faz principalmente ligações reversíveis não covalentes ao transportar moléculas, como medicamentos e ácidos graxos. Essas ligações incluem interações hidrofóbicas, ligações de hidrogênio e interações eletrostáticas.[6]

A albumina é responsável por 70-80% da regulação da pressão oncótica, enquanto 20% são de responsabilidade das globulinas, e quase 0% do fibrinogênio.[7][4]A albumina possui todo esse poder por representar 50% das proteínas do plasma sanguíneo. Juntas, a albumina e as outras proteínas conseguem, por meio da osmose, atrair o líquido que está fora dos vasos para dentro. O diâmetro molecular da albumina é de apenas cerca de 6 nanômetros, enquanto os poros da membrana glomerular têm cerca de 8 nanômetros (80 angstroms [Å]). No entanto, a albumina tem sua filtração restringida devido à sua carga negativa e à repulsão eletrostática exercida pelas cargas negativas dos proteoglicanos da parede capilar glomerular. A filtrabilidade da albumina nos capilares glomerulares é de 0,005, enquanto a da água e da glicose é 1. As fendas intercelulares normalmente têm um espaçamento uniforme, com uma largura de cerca de 6 a 7 nanômetros (60 a 70 angstroms [Å]), que é ligeiramente menor que o diâmetro de uma molécula de albumina. A permeabilidade relativa dos poros capilares do músculo esquelético para a albumina é de 0,01; para efeito comparativo, a da água é 1 e a da glicose, 0,6.[4]

Aplicações Médicas

editar

O nível sérico normal de albumina em humanos é de 3,5 a 5 g/dL [1, 2].[7] Por conta disso, e por sua capacidade de permanecer no sistema vascular, ela é usada para mensurar o volume de plasma. A albumina sérica marcada com iodo radioativo (¹²⁵I-albumina) ou com um corante que se liga avidamente às proteínas plasmáticas, como o corante azul de Evans (também denominado T-1824), é normalmente utilizada para esse fim.[4]

A hipoalbuminemia pode resultar de três mecanismos principais: redução na síntese hepática, aumento nas perdas ou diluição por retenção de líquidos. A redução na síntese é comum em condições como insuficiência hepática e inflamações crônicas, onde o fígado não consegue produzir albumina em quantidade suficiente. Já o aumento das perdas ocorre em síndromes como a nefrótica, onde proteínas, incluindo a albumina, são excretadas em excesso na urina, ou em enteropatias perdedoras de proteínas. A diluição, por sua vez, é frequente em estados de hiperidratação, como na cirrose com ascite ou na insuficiência cardíaca congestiva. O tratamento da hipoalbuminemia deve focar na correção da causa subjacente, uma vez que a administração de albumina só é indicada em situações específicas, como choque hipovolêmico ou complicações hepáticas graves. Por outro lado, a hiperalbuminemia, caracterizada por níveis elevados de albumina, é uma condição rara e geralmente secundária à desidratação, onde a concentração plasmática aumenta devido à contração do volume intravascular. No entanto, a hiperalbuminemia não tem relevância clínica significativa, sendo resolvida com a correção do estado de hidratação.[7]

A utilização clínica da albumina pode ser usada em diferentes contextos médicos, como ressuscitação em choque hipovolêmico e séptico, com uso como terapia de segunda linha após cristalóides. É amplamente indicada em doenças hepáticas, como síndrome hepatorrenal, peritonite bacteriana espontânea e após paracentese de grande volume. Também é empregada em queimaduras graves e síndrome de hiperestimulação ovariana para manter a pressão oncótica e reduzir a necessidade de fluidos. Na síndrome da angústia respiratória aguda (ARDS) e edema refratário, a albumina é coadministrada com diuréticos em casos de hipoalbuminemia severa. O uso é baseado em evidências classificadas pelo sistema GRADE, recomendando sua administração em situações específicas para otimizar desfechos clínicos, mas contraindica seu uso isolado em hipoalbuminemia ou como suplemento nutricional.[7]

Referências
  1. «ALB albumin [Homo sapiens (human)] - Gene - NCBI». www.ncbi.nlm.nih.gov (em inglês). Consultado em 19 de novembro de 2024 
  2. a b Rothschild, MARCUS A.; Oratz, MURRAY; Schreiber, SIDNEY S. (1 de janeiro de 1977). Rosenoer, VICTOR M.; Oratz, MURRAY; Rothschild, MARCUS A., eds. «ALBUMIN SYNTHESIS†». Pergamon: 227–253. ISBN 978-0-08-019603-9. Consultado em 19 de novembro de 2024 
  3. a b c d Princípios de bioquímica de Lehninger. V.1. [S.l.: s.n.] 
  4. a b c d e Guyton & Hall - Tratado de Fisiologia Médica. [S.l.: s.n.] 
  5. Carter, Daniel C.; He, Xiao-Min (20 de julho de 1990). «Structure of Human Serum Albumin». Science (em inglês) (4966): 302–303. ISSN 0036-8075. doi:10.1126/science.2374930. Consultado em 19 de novembro de 2024 
  6. Kragh-Hansen, Ulrich; Chuang, Victor Tuan Giam; Otagiri, Masaki (2002). «Practical Aspects of the Ligand-Binding and Enzymatic Properties of Human Serum Albumin». Biological and Pharmaceutical Bulletin (6): 695–704. doi:10.1248/bpb.25.695. Consultado em 19 de novembro de 2024 
  7. a b c d Abedi, Farshad; Zarei, Batool; Elyasi, Sepideh (agosto de 2024). «Albumin: a comprehensive review and practical guideline for clinical use». European Journal of Clinical Pharmacology (8): 1151–1169. ISSN 1432-1041. PMID 38607390 Verifique |pmid= (ajuda). doi:10.1007/s00228-024-03664-y. Consultado em 19 de novembro de 2024 
Ícone de esboço  Este artigo sobre Genética é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.