Nicette Bruno

Nicette Bruno
Nicette Bruno em maio de 2008
Nome completo	Nicete Xavier Miessa
Pseudônimo(s)	Nicette Bruno
Nascimento	7 de janeiro de 1933 Niterói, RJ, Brasil
Morte	20 de dezembro de 2020 (87 anos) Rio de Janeiro, RJ, Brasil
Causa da morte	COVID-19
Nacionalidade	brasileira
Estatura	1,52m
Progenitores	Mãe: Eleonor Bruno
Parentesco	Vanessa Goulart (neta)
Cônjuge	Paulo Goulart (c. 1954; v. 2014)
Filho(a)(s)	Bárbara Bruno (n. 1956) Beth Goulart (n. 1961) Paulo Goulart Filho (n. 1965)
Ocupação	atriz
Período de atividade	1945–2020
Religião	espiritismo

Nicete Xavier Miessa, mais conhecida como Nicette Bruno (Niterói, 7 de janeiro de 1933 — Rio de Janeiro, 20 de dezembro de 2020), foi uma atriz brasileira.^[1] Nicette realizou sua estreia profissional em 1945, na peça teatral Romeu e Julieta, baseada na obra literária homônima de William Shakespeare.

Filha da atriz Eleonor Bruno, Nicette foi casada com o ator Paulo Goulart, com quem ela teve três filhos, os atores Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho. Seus trabalhos na televisão incluem Rosa dos Ventos (1973), Éramos Seis (1977), Selva de Pedra (1986), Bebê a Bordo (1988), Rainha da Sucata (1990), Mulheres de Areia (1993), A Próxima Vítima (1995), Sítio do Picapau Amarelo (2001–04), Alma Gêmea (2005), Sete Pecados (2007), A Vida da Gente (2011), e outras obras televisivas, sendo pioneira da televisão brasileira e uma das referências na história da teledramaturgia do país.^[2]

Única filha de Sinésio Campos Xavier, de ascendência alemã e portuguesa,^[3] e da atriz Eleonor Bruno, filha de imigrantes sul-italianos,^[3] Nicette começou a carreira artística por influência da própria família, em que praticamente todos os parentes se dedicaram à arte. Quando Nicette tinha apenas quatro anos, declamava e cantava no programa infantil de Alberto Manes, na Rádio Guanabara. Aos cinco anos, começou a estudar piano, no Conservatório Nacional, e a se apresentar como pianista, no mesmo programa, e aos seis, ingressou no balé no Theatro Municipal do Rio de Janeiro.^[4]

Quando tinha onze anos, entrou para o grupo de teatro da Associação Cristã de Moços. Depois, passou pelo Teatro Universitário, de Jerusa Camões, e pelo Teatro do Estudante, dirigido por Pascoal Carlos Magno e Maria Jacintha. Aos catorze anos, já era profissional de teatro, contratada pela Companhia Dulcina-Odilon, da atriz Dulcina de Morais.^[4]

Em 1952, Nicette conheceu o ator Paulo Goulart, durante a peça Senhorita Minha Mãe, de Louis Verneuil, com quem se casa em 26 de fevereiro de 1954, uma sexta-feira véspera de Carnaval, na Igreja de Santa Cecília, em São Paulo. A cerimônia foi seguida de festa no Teatro Íntimo Nicette Bruno (TINB).^[5] Eles tiveram três filhos: Beth Goulart, Bárbara Bruno e Paulo Goulart Filho – que seguiram a carreira dos pais. Com 56 anos de casamento, tinham sete netos e dois bisnetos.^[6] Junto com o marido, a atriz conheceu o kardecismo há mais de quatro décadas, em virtude da morte de um parente seu. A doutrina, que eles transmitiram aos três filhos, os ajudou a superar a perda.^[7] Ficou viúva em 2014, quando Paulo Goulart faleceu em decorrência de câncer.^[8]

Em 1945, atuou como Julieta na peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare.^[4] Sua estreia oficial aconteceu em 1947, na peça A Filha de Iório, de Gabriel D’Annunzio. Sua atuação lhe valeu a medalha de ouro de Atriz Revelação pela ABCT (Associação Brasileira de Críticos Teatrais). Durante sua adolescência, participou de diversas peças de destaque, como Anjo Negro, de Nelson Rodrigues e O Fantasma de Canterville, baseado em Oscar Wilde.

Aos dezessete anos, fundou, em São Paulo, o Teatro de Alumínio, na Praça das Bandeiras, edifício sede do Teatro Íntimo Nicette Bruno (TINB), companhia criada em 1953. Paulo e Nicette inauguraram o TINB com a peça Ingênua Até Certo Ponto, de Hugh Herbert, com direção de Armando Couto. Em 1958, atuou na premiada criação de Aparecida, em Pedro Mico, de Antônio Callado. Durante as décadas de 1950 e 1960, integrou praticamente todas as principais companhias de teatro do país.^[2]

Em 1959, na TV Continental ganhou um papel da destaque, interpretando a personagem-título no seriado ao vivo Dona Jandira em Busca da Felicidade. Sua primeira telenovela foi Os Fantoches (1967), de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior. Nos anos 1960 nas extintas emissoras TV Excelsior e Rede Tupi, atuou em novelas de sucesso na época como A Muralha, O Meu Pé de Laranja Lima, Rosa dos Ventos, Papai Coração, Éramos Seis e Como Salvar Meu Casamento. Depois, ao transferir-se para a Rede Globo encarnou ainda personagens célebres em novelas como Sétimo Sentido, Louco Amor, Selva de Pedra, Bebê a Bordo, Rainha da Sucata, Mulheres de Areia, entre outros sucessos.^[9]

Em 1962, Nicette e seu marido, a convite de Cláudio Corrêa e Castro, moraram em Curitiba, trabalhando no Teatro Guaíra, lecionando artes cênicas para o projeto Curso Permanente de Teatro e fazendo parte do Teatro de Comédia do Paraná (TCP), em que produziram diversas montagens, como Um Elefante no Caos, de Millôr Fernandes, A Megera Domada, de Shakespeare e O Santo Milagroso, de Lauro César Muniz.^[10]

Sua primeira participação no cinema foi no filme Querida Susana (1947), sob a direção de Alberto Pieralisi. Participou também dos filmes Canto da Saudade (1952),^[11] Esquina da Ilusão (1953), A Marcha (1972),^[12] Vila Isabel (1998), Zoando na TV (1999), Seja o que Deus Quiser! (2002), A Guerra dos Rocha (2008), A Casa das Horas (2010) e Doidas e Santas (2016),^[13] porém sem nunca deixar o teatro.^[14]

Em 2001, após ter se afastado por um bom tempo da televisão, encarnou Dona Benta durante quatro anos na segunda versão para a TV do Sítio do Pica-Pau Amarelo, ganhando grande notoriedade com este papel.^[15] Em 2005, volta às telenovelas interpretando a divertida e rabugenta sogra Ofélia em Alma Gêmea. Em 2006, faz uma breve, porém significativa participação especial no primeiro capítulo de O Profeta como Tia Cleide. Em 2007, é a vez da humilde e bondosa Dona Juju em Sete Pecados.

Em 2010, dá vida à personagem Júlia Spina em Ti Ti Ti.^[16] No ano seguinte, interpreta Iná, em A Vida da Gente.^[17] Em 2012, interpreta a matriarca Dona Leonor em Salve Jorge.^[18] Em 2013, Nicette trabalhou na novela Joia Rara, interpretando a personagem Santinha.^[19] No mesmo ano, Nicette e a sua filha Beth Goulart foram as apresentadoras da cerimônia de premiação da 25ª edição do Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro.^[20] Em 2014, a atriz estreou a peça Perdas e Ganhos. O monólogo da escritora Lya Luft, com direção da filha da atriz, Beth Goulart, é uma homenagem ao marido, o ator Paulo Goulart.^[21] Em 2015, na novela I Love Paraisópolis, de Alcides Nogueira e Mário Teixeira, Nicette foi Izabelita, uma divertida viúva, acionista majoritária da Pilartex que sofria de Mal de Alzheimer.^[22]

Em julho de 2016, Nicette relembrou a personagem Dona Benta da série Sítio do Picapau Amarelo no programa Criança Esperança.^[23] Em agosto do mesmo ano, a atriz voltou aos palcos com a peça O Que Terá Acontecido a Baby Jane? ao lado de Eva Wilma. A história é sobre a relação tumultuada entre duas irmãs: Blanche e Jane Hudson.^[24] Em 2017, interpreta a bondosa e divertida Elza, tia do protagonista Júlio em Pega Pega, fazendo também uma dupla cômica com Cristina Pereira, sua irmã na trama.^[25]

Em 26 de novembro de 2020 foi internada na Casa de Saúde São José, em Humaitá, na Zona Sul do Rio de Janeiro com COVID-19. Morreu na manhã de 20 de dezembro de 2020 no Rio de Janeiro, aos 87 anos, de complicações da doença. A informação da morte foi confirmada pelo hospital Casa de Saúde São José, por volta de 13h20.

"A Casa de Saúde São José informa que a atriz Nicette Bruno, que estava internada no hospital desde 26 de novembro de 2020, faleceu hoje, às 11h40, devido a complicações decorrentes da COVID-19. O hospital se solidariza com a família neste momento", diz a nota de divulgação do hospital e propalada pelo portal G1.^[26]

O corpo de Nicette foi velado e cremado em uma cerimônia reservada a familiares e amigos no dia 21 de dezembro, e as cinzas levadas para o cemitério da Consolação, em São Paulo, onde está enterrado seu marido, o ator Paulo Goulart.^[27]

Em 2010, Nicette lançou o livro Grandes pratos e pequenas histórias de amor em parceria com o seu marido Paulo Goulart. Este livro de culinária traz receitas que o casal criou ou simplesmente testou em seus almoços de domingo, ao lado da família e dos amigos.^[39]

Referências

1. ↑ Conheça os nomes reais dos famosos Terra
2. ↑ ^{a b} NICETTE BRUNO MemóriaGlobo.
3. ↑ ^{a b} Taddone, Daniel (4 de abril de 2021). «Nicete Bruno». Insieme. Consultado em 26 de janeiro de 2023 
4. ↑ ^{a b c} «Biografia de Nicette Bruno». Netsaber 
5. ↑ Família de Paulo Goulart e Nicette Bruno domina palcos paulistanos Veja São Paulo. (Setembro, 2009).
6. ↑ "A brasa não apaga" IstoÉ Gente.
7. ↑ Eles são espíritas IstoÉ Gente.
8. ↑ Velório de Paulo Goulart será no Theatro Municipal, em São Paulo UOL entretenimento. (Março, 2014).
9. ↑ Bruno, Nicette (1933) Itaú Cultural.
10. ↑ Paulo Goulart e Nicette Bruno viveram em Curitiba na década de 60 - Casal trabalhou no Teatro de Comédia do Paraná Arquivado em 14 de março de 2014, no Wayback Machine. Site Bem Paraná
11. ↑ Canto da Saudade (A Lenda do Carreiro) UOL entretenimento.
12. ↑ Afonso Schmidt - Filme de A Marcha (1) Novo Milenio.
13. ↑ ‘Doidas e santas’: livro, peça e agora filme O Globo. (Setembro, 2016).
14. ↑ Participação de Nicette Bruno em curta-metragem tem mais impacto do que filme dedicado a Pelé O Globo. (Junho, 2011).
15. ↑ «Fotos das personagens vividas por Nicette Bruno». Conta Mais 
16. ↑ «Ti Ti Ti: Nicette Bruno está confirmada». Estrelando 
17. ↑ «A Vida da Gente: Nicette Bruno se destaca como a avó mais fofa da TV». Extra 
18. ↑ Nicete Bruno será a milionária muquirana em 'Salve Jorge' IG. (Setembro, 2012).
19. ↑ Joia Rara Gshow.
20. ↑ Prêmio 'Shell' de Teatro anuncia vencedores da 25ª edição do Rio de Janeiro Jornal do Brasil. (Março, 2013).
21. ↑ Espetáculo 'Perdas e Ganhos' traz Nicette Bruno a Campinas RAC. (Novembro, 2014).
22. ↑ No papel de personagem com mal de Alzheimer em ‘I love Paraisópolis’, Nicette Bruno diz como lida com suas lembranças Extra. (Julho, 2015).
23. ↑ EGO. «Atores relembram papéis históricos durante mesão do 'Criança Esperança'». Consultado em 4 de julho de 2016 
24. ↑ Eva Wilma e Nicette Bruno estrelam O Que Terá Acontecido a Baby Jane? Rede Globo. (Agosto, 2016).
25. ↑ Cristina Pereira e Nicette Bruno falam de tecnologia e esbanjam fofura gshow. (Julho, 2017).
26. ↑ «Nicette Bruno morre no Rio, vítima de Covid-19». Rio de Janeiro: G1. 20 de dezembro de 2020. Consultado em 20 de dezembro de 2020 
27. ↑ «Corpo de Nicette Bruno é cremado e cinzas serão levadas para jazigo em SP onde Paulo Goulart está enterrado». G1. 21 de dezembro de 2020. Consultado em 21 de dezembro de 2020 
28. ↑ Fruto da Terra: Nicette Bruno Guia de Niterói.
29. ↑ “Zefa entre os homens”: coronéis usam a fé para explorar o povo Funarte.
30. ↑ Paulo Goulart e Nicette Bruno apresentam "O Homem Inesperado" Gazeta do Povo. (Novembro, 2011).
31. ↑ «Conheça o apartamento de Izabelita, um dos cenários luxuosos da nova novela». GShow. 14 de abril de 2015 
32. ↑ «'Pega Ladrão': conheça o elenco da nova novela das 7». Gshow 
33. ↑ Redação (2 de outubro de 2018). «José de Abreu e Nicette Bruno são escalados para novela "Órfãos da Terra"». Notícias de TV. Consultado em 2 de outubro de 2018 
34. ↑ Carla Bittencourt (1 de março de 2019). «Nicette Bruno será judia possessiva e chantagista em 'Órfãos da Terra'». Extra. Consultado em 1 de março de 2019 
35. ↑ Flávio Ricco (12 de março de 2020). «Irene Ravache e Nicette Bruno farão participação especial em Éramos Seis». UOL. Consultado em 12 de março de 2020 
36. ↑ DANIEL FARAD (13 de março de 2020). «Globo quebra regra com homenagem a rivais históricos em reta final de Éramos Seis». Notícias da TV. Consultado em 13 de março de 2020 
37. ↑ «A Marcha». Cinemateca Brasileira. Consultado em 25 de fevereiro de 2017 
38. ↑ «Zimba». Globo Filmes. Consultado em 22 de dezembro de 2021 
39. ↑ Grandes pratos e pequenas histórias de amor Travessa.
40. ↑ Nicete Bruno Genética de artista IstoÉ Gente.
41. ↑ Nicette Bruno Itaú Cultural.
42. ↑ Ceará do Pânico comemora prêmio nos braços da namorada terra. (Abril, 2006).
43. ↑ Família Goulart é homenageada no Prêmio Shell ofuxico. (Abril, 2006).
44. ↑ Paulo Goulart e Nicette Bruno recebem prêmio
45. ↑ «DECRETO Nº 56.210». Portal da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. 17 de setembro de 2010. Consultado em 12 de março de 2018 
46. ↑ Nicette Bruno vive solitária em filme e é homenageada em festival terra. (Junho, 2011).
47. ↑ Nicette Bruno é homenageada em festival de cinema em Curitiba CARAS. (Novembro, 2015).
48. ↑ Guilherme Arantes e Nicette Bruno no Press Awards 2016 Acontece. (Abril, 2016).
49. ↑ Prêmio Cesgranrio de Teatro anuncia vencedores e homenageia Nicette Bruno O Globo. (Janeiro, 2017).
50. ↑ «Troféu Mário Lago: artistas se emocionam com homenagem». Gshow. Consultado em 11 de janeiro de 2019 

Bibliografia

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• Elaine Guerini (2004). Nicette Bruno e Paulo Goulart: tudo em familia 1ª ed. [S.l.]: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo. 256 páginas. 12.0.812.953 

Ligações externas

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