Iasnaia Poliana
Iasnaia Poliana | |
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Tipo | Casa de campo, protected area of Russia, património histórico, museu |
Inauguração | 1921 (103 anos) |
Administração | |
Proprietário(a) | House of Kartsov, Volkonsky, Tolstoy |
Página oficial (Website) | |
Geografia | |
Coordenadas | |
Localização | Yasnaya Polyana - Rússia |
Patrimônio | patrimônio cultural nacional russo |
Iasnaia Poliana (em russo: Я́сная Поля́на, literalmente: "Clareira limpa") é a residência do escritor Leon Tolstói, onde nasceu, escreveu os livros clássicos Guerra e Paz e Ana Karenina e foi sepultado. Tolstói referia-se a Iasnaia Poliana como "reduto literário inacessível".[1] Fica localizada a 12 quilômetros sudoeste de Tula e 200 quilômetros de Moscou na Rússia.
Em junho de 1921, a antiga propriedade privada foi nacionalizada e se tornou um museu e memorial oficiais sob os cuidados de Alexandra Tolstói, filha do escritor. O diretor atual do museu é Vladimir Tolstói, outro dos descendentes de Tolstói. O museu contém objetos pessoais e mobília da família, bem como uma biblioteca de 22.000 volumes. A área do museu é composta pela mansão do escritor, a escola fundada para os filhos dos camponeses e um parque onde se encontra a sepultura de Tolstói.
Primeiros anos
[editar | editar código-fonte]A propriedade de Iasnaia Poliana era originalmente pertencente à família Kartsev. Ao fim do século XVIII foi adquirida pelo Príncipe Nikolai Volkonskiy, o avô de Leon Tolstói, que criou os jardins francês e o paisagístico inglês, bem como grandes alamedas contornadas por bétulas e carvalhos.[2]
A casa foi passada por Nikolai Volkonskiy para a filha, Maria Nikolayevna, mãe do escritor. O marido dela, Nikolai Ilyich Tolstoy, um veterano da guerra contra Napoleão em 1812, construiu uma casa de 32 quartos, ampliou os galpões dos trabalhadores e aumentou os jardins.
Leon Tolstói em Iasnaia Poliana
[editar | editar código-fonte]Leon Tolstói nasceu em 9 de setembro de 1828 numa casa (atualmente demolida) em Iasnaia Poliana. Seus pais morreram quando era muito jovem e ele cresceu sob os cuidados de parentes. Em 1856, após encerrar o serviço militar, ele se mudou para a casa, que tinha sido uma ala da mansão anterior. Trouxe sua esposa em 1862.
Quando Tolstói ali morou, Iasnaia Poliana media cerca de 16 km², sobre uma encosta ligeiramente inclinada com densa mata nativa (a Floresta da Antiga Ordem) na extremidade superior e quatro lagos de diferentes níveis de profundidade. Havia quatro galpões para os trabalhadores, com 350 pessoas morando e trabalhando na propriedade.[1]
Tolstói escreveu Guerra e Paz em Iasnaia Poliana entre 1862 e 1869, e Ana Karenina entre 1873 e 1877. Ele trabalhou em seu estúdio, escrevendo manuscritos com letras bem pequenas, com muitas notas adicionadas e apagadas, e os deu a esposa, que produzia cópias limpas à noite, as quais Tolstói reescrevia no dia seguinte. Cada capítulo teve cinco ou seis rascunhos, e a esposa copiou Guerra e Paz sete vezes antes da conclusão. Todos os manuscritos foram preservados pela esposa e agora estão no Museu Rumyantsev em Moscou.[3]
Todos os treze filhos de Tolstói, quatro falecidos ainda crianças, nasceram em Iasnaia Poliana. Os partos foram realizados no mesmo sofá de couro em que Tolstói nascera, e que foi preservado em seu estúdio, próximo da sua escrivaninha. Ambos os móveis ainda estão na casa.
Quando ele morou e trabalhou em Iasnaia Poliana, Tolstói acordava as 7h00, fazia exercícios físicos e caminhava pelos jardins, antes de começar a escrever. Na época das colheitas ele ajudava os camponeses, tanto pela atividade física como para obter mais realismo em seus escritos sobre aquelas atividades. Visitava a escola para os filhos dos camponeses que fundou, contando histórias para as crianças.[4]
Tolstói recepcionou em Yasnaya Poloyana todos os russos importantes na área cultural e artística de sua época, tais como Anton Chekhov, Turgenev, Maxim Gorky, Leonid Andreiev, os pintores Valentin Serov e Ilya Repin, além de vários outros.
Após a morte de Tolstói
[editar | editar código-fonte]Em 1911, a viúva de Tolstói, Sofia Alexandrovna apelou ao Czar Nicolau II para transformar Iasnaia Poliana em um museu do Estado. O monarca recusou mas garantiu uma pensão para que a família pudesse manter a casa e a propriedade, preservando-a até os dias atuais.
Em 1919 o governo soviético pôs oficialmente Iasnaia Poliana sob a proteção do Estado. Em junho de 1921 Iasnaia Poliana foi estatizada e se transformou num museu nacional, com 3 147 visitas em seu primeiro ano.[5]
Em outubro de 1941, com os alemães se aproximando de Moscou durante a Segunda Guerra Mundial, 110 caixas com peças do museu foram transferidas para Moscou e depois até Tomsk. A propriedade foi invadida pelos soldados inimigos e ocupada por 45 dias, tendo sido transformada num hospital militar. Soldados alemães que morreram ali foram enterrados próximos da sepultura de Tostói.[6] Um incêndio durante a ocupação danificou o andar de cima da casa. Após a Guerra a propriedade foi restaurada com a mesma aparência de quando Tolstói ali morara.[7]
Lar de Leon Tolstói
[editar | editar código-fonte]A casa de Leon Tolstói tinha sido originalmente uma ala da grande mansão, construída pelo pai do escritor e onde foi que nasceu. Tolstói foi forçado a vender a parte principal da velha casa, que foi desmantelada e mudada para outro lugar, passando a morar em duas alas remanescentes. Ele mudou para uma delas em 1856 e permaneceu por mais cinco anos. Trouxe a esposa para morar ali em 1862 e ampliou a casa para dar espaço para o crescimento da família. A residência preservada mantém a aparência que tinha quando Tolstói morreu em 1910.[8]
A Ala Kuzminskiy
[editar | editar código-fonte]A Ala Kuzminsky, como a casa de Leon Tolstói, era originalmente parte da Grande Casa construída pelo pai do escritor e que atualmente está demolida. Em 1859 Tolstói a transformou em uma escola para filhos dos camponeses, local em que ele prativa suas teorias educacionais. Após 1862 o prédio foi transformado no lar da filha mais jovem de sua esposa, Tatyana Andreyevna Kuzminskiy, e a família dela.
A casa Volkonskiy
[editar | editar código-fonte]A casa Volkonskiy, onde o avô de Tolstói morou, é a mais antiga construção da propriedade. Na época de Tolstói, foi o lar dos servos. Mais tarde a ala leste da casa ficou sendo o estúdio da filha de Tolstói, Tatyana, que era pintora.
Sepultura de Leon Tolstói
[editar | editar código-fonte]Bem antes de sua morte, Tolstói indicara o local onde ele queria ser enterrado: numa pequena clareira chamada "o lugar da varinha verde", perto de uma grande ravina na antiga floresta chamada de Floresta da Velha Ordem (Stariy Zakaz, transliterado para o inglês) devido às árvores de corte terem a derrubada proibidas desde a época de seu avô, e muitas das que existiam ali contarem com centenas de anos de idade. O nome de "lugar da varinha verde" foi dado pelo filho mais velho de Tolstói chamado Nicolau, que afirmara que a pessoa que encontrasse a varinha verde nunca morreria ou cairia doente. Ele e seu irmão frequentemente sentavam ali no escuro e conversavam.[9]
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Tolstói no jardim, em maio de 1908. Fotografia de Sergei Prokudin-Gorski, o primeiro retrato colorido tirado na Rússia
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A cama simples de Tolstói, na época em que ele abandonou a casa em 1910.
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Grande lagoa onde Tolstói se banhava no verão e patinava no inverno.
- ↑ a b Suzanne Massie, Land of the Firebird, p. 308
- ↑ Site oficial do Museu Iasnaia Poliana
- ↑ Suzanne Massie, p. 310
- ↑ Narrativas dos guias turísticos de Yasnaya Poloyana, verão de 2010.
- ↑ Site oficial de Iasnaia Poliana
- ↑ Esses restos mortais foram mudados para outro cemitério, após a Guerra, conforme contam os guias turísticos de Iasnaia Poliana.
- ↑ O Governo Soviético e os oficiais americanos nos Tribunais de Nurembergue acusaram os alemães de pilharem a casa: "Eles saquearam a propriedade e o museu de Leon Tolstói, "Iasnaia Poliana", e profanaram a cova do grande escritor", disse Robert H. Jackson durante o julgamento (ver O Caso Contra Crime de Guerra Nazistas: Aberto pelos Estados Unidos da América, A.A. Knopf, 1946, pag. 164). Anton Sterzl - Das Tolstoi-Haus, 1992, Langen Müller in der F.A. Herbig Verlagsbuchhandlung GmbH Munique, Alemanha
- ↑ Site oficial do Museu Iasnaia Poliana
- ↑ Site oficial de Iasnaia Poliana. Para a história da varinha mágica, veja Suzanne Massie (p. 308) e Zverev, Lev Tolstoy.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]Bibliografia
[editar | editar código-fonte]Suzanne Massie, Land of the Firebird, the Beauty of Old Russia, Simon and Schuster, Nova Iorque, 1980
- Aleksey Zveryev and Vladimir Tunimanov, Lev Tolstoy, Moldaya Gvardiya Publishers, Moscou, 2007, ISBN 978-5-235-03037-4